Disclaimer: Naruto pertence a Masashi Kishimoto.
O PESO DAS PALAVRAS
Abri os olhos para mais um dia de vida. Fadado a carregar o peso da escolha feita há anos atrás até que eu desse meu último suspiro. Aquela noite fatídica no qual tive que decidir entre o amor de minha família, e o destino de toda uma Vila; minha lealdade para com o Clã Uchiha ou Konoha. Já havia reconsiderado esse acontecimento infinitas vezes em minha mente, mas não importava, a resposta era sempre a mesma, eu jamais teria feito diferente.
Cada vez que eu olhava para minhas mãos, era como se visse o sangue de meus pais e cada membro que encontrei pelo caminho. Era como uma maldição, por ter ido contra minhas origens. Ainda me lembrava das palavras ditas por meu pai, minutos antes de levantar as mãos contra minha mãe e ele. "Entendo, então você ficou do lado deles. Nós entendemos Itachi, apenas me prometa isso, cuide do Sasuke". Eu prometi, e o alívio foi aparente, apesar de provavelmente saberem que eu não daria uma resposta diferente daquela.
E ele ainda completou. "Não tenha medo, este é o caminho que você escolheu. Nossa dor durará apenas um instante, ao contrário da sua. Mesmo que nossas filosofias sejam diferentes, tenho orgulho de você".
Não tenha medo. Orgulho. Aquelas sentenças dele me machucaram mais que qualquer coisa. Seria muito mais fácil saber que no final eles me odiaram, mas não, ainda assim eu recebi palavras de consolo e amor. Eles ainda eram os meus pais, e jamais se virariam contra mim, mesmo que isso significasse suas mortes. Quando penso melhor, acho naquela noite eu não tive que escolher entre o amor da minha família e o destino da Vila; Eu obtive os dois.
Quando pensei que havia passado pela pior parte, percebi que tinha me enganado completamente. Sasuke. Ele estava logo atrás de mim, tentando decifrar a cena que se mostrava a frente dele. Eu, e nossos pais ensanguentados no chão. Ele poderia estar no caminho de se tornar um Shinobi, mas apesar disso, ainda era apenas uma criança, e eu, seu irmão assassino. Mesmo diante do obvio ele se recusava a acreditar.
Tudo que pude fazer foi incitá-lo a me odiar. Odiar seu irmão, odiar aquilo que me tornei, e aguardar até que ele crescesse, me superasse, e com as próprias mãos, retirasse o peso que afligiria minha alma, concedendo então minha própria morte.
Apenas ele poderia fazer isso. E até que esse dia chegasse, eu esperaria pacientemente, sem jamais me permitir morrer pelas mãos de outro alguém.
