Surpresa nem chega a cobrir a reação de Sarah ao descobrir-se a única herdeira de uma tia-avó desconhecida. Não pensa duas vezes antes de aceitar os estranhos termos do testamento e partir para Moonlight Falls com sua melhor amiga, Erica. Deixando para trás Whitechapel e três rapazes desolados. Mas nem todas as loucuras de sua cidade natal poderiam prepara-las para o que estava por vir.


Moonlight Falls


Sarah não conseguiu conter o sorriso ao ver as crianças brincando na rua. Aquilo era algo que não acontecia mais em Whitechapel, se é que alguma vez havia acontecido, mas desde os intermináveis problemas com o Conselho dos Vampiros e todas as criaturas sobrenaturais existentes as ruas se mantinham vazias. Olhou para a amiga sentada no banco do carona e riu de sua expressão contrariada.

-Qual é, Erica. Veja pelo lado bom, se precisarmos de um dinheiro extra já sabemos que todos os nossos vizinhos tem crianças precisando de babás!

-Iai! Nem consigo me conter de tanta felicidade com essa notícia.

A loira respondeu com falso entusiasmo e sarcasmo verdadeiro. Sarah estacionou o carro em frente a uma caixa de correio com o número que procuravam e as duas olharam sem fala para a construção macabra que estendia sua sombra, como tentáculos, pela rua e as casas próximas.

-Oh meu Deus! Eu retiro tudo de ruim que disse sobre essa viagem maluca, essa casa compensa tudo!

-Você não disse nada de ruim sobre a viagem.

-Mas pensei!- Erica puxou a bolsa do banco de trás e saltou do carro.-Eu abro a porta, você traz as malas!

E desfilou até a casa sem dar tempo para uma resposta. Mas quando Sarah desabou junto com as dez malas na entrada, Erica ainda estava parada espiando a casa através das janelas.

-Que foi? A chave não abre?-perguntou com um pingo de esperança.

-O que? Uhm... não sei, nem tentei é que...

-Tem algum inseto peludo andando pela sala, não tem?- Sarah quase tropeçou nas malas tentando se aproximar e olhar pela janela.

-Acho que é melhor nós chamarmos uma empresa de dedetização ou sei lá, aqueles bombeiros gatos que nós vimos no centro da cidade.

-Bombeiros não cuidam dessas coisas. Me dá essa chave aqui.

Estendeu a mão e esperou a amiga devolver o chaveiro. Não conseguia acreditar que aquela era mesmo a casa certa e esperava que a chave não servisse, para poderem voltar ao escritório do advogado no centro da cidade e darem boas risadas sobre o mal entendido.

-De 0 a 10 quais a chances de estarmos no endereço errado?-perguntou em busca de apoio moral.

-Acho que as mesmas de a rua ter por coincidência esvaziado num piscar de olhos quando os moradores notaram onde nós estacionamos o carro.-Erica sorriu satisfeita e ao invés de entregar a chave passou na frente da amiga e abriu a porta sem dificuldades.

Sarah ficou na entrada olhando para a rua deserta.