Dias chuvosos são detestáveis. Da minha parte, pelo menos. E Nova York me provocava causando um tempo ruim sempre que eu saia. Isso piorava demais. E a minha falta de sorte também. O fato de estar voltando do trabalho e o pneu resolver furar numa tempestade era algo realmente esperado por mim. Nem Debussy poderia me acalmar agora. Eu estava dentro da porra da minha caminhonete esperando alguma ajuda vinda dos céus. E nada. Verifiquei o meu celular, e estava sem sinal. Para ajudar.
Quando eu era pequena minha falta de sorte se resumia em sempre cair, até mesmo no chão plano ou ter que cortar o cabelo porque ele estava cheio de chiclete colado pelos playboys do colégio que gostavam de rir de mim. O azar me acompanha até hoje, mesmo adulta. Mas o chão plano do colégio se transformou no piso de mármore do Cullen Foundation e os playboys metidos se transformaram em funcionárias do Cullen que me olhavam como se nunca fosse boa o suficiente. Era essa a razão que eu escolhi como justificativa para ainda permanecer neste trabalho. Edward Cullen também nunca estava satisfeito. Nunca. E simplesmente nada era o que ele tinha me dado nesses últimos três anos. Nada de férias boas, nada de sossego, nada de paz, dentro e fora daquele maldito prédio. Nada de aumentos. Eu só tinha a bendita velha caminhonete que era presente do meu tio que cuidou de mim depois que meus pais morreram.
Meu pensamento foi interrompido assim que ouvi um carro parar atrás do meu. Olhei pelo retrovisor e uma pessoa muito pequena, por sinal, veio bater em meu vidro. Era Deus que tinha enviado esse pequeno anjo para mim no meio da escuridão.
- Ei! Tem alguém ai? - perguntou o pequeno vulto batendo novamente no vidro do lado oposto em que eu estava.
Eu levantei o vidro um pouco, desconfiada, e vi uma garota, aparentando ter uns 20 anos de cabelos curtos e com as roupas caras molhadas.
- Oi, qual é o seu nome?! O meu é Alice. Você quer alguma ajuda? Você é Isabella Swan, certo? - ela disse tudo de uma vez. Como ela sabia meu nome? De alguma maneira, ela me era familiar. O cabelo, os olhos verdes...
- Ah, hmm, sim, sou Isabella Swan. Como você me conhece?
- Eu já te vi na empresa do meu irmão. A Cullen Foundation, claro. Você trabalha lá né? Vem, vamos para o meu carro! Eu te levo, e depois eu resolvo o problema do seu carro! - gritou por causa do barulho da chuva forte.
- Sério? Nossa, muito obr...
- Vamos, chega de papo, depois você me agradece. Precisamos sair dessa chuva - ela disse com um sorriso. - Venha, venha!
Eu peguei minha jaqueta, ainda desconfiada de que uma alma tão bondosa pudesse fazer isso para mim no meio da noite em uma quase tempestade. Quase tempestade, existe isso? E ainda a irmã do meu chefe que me odiava. Completamente opostos. Mas eu vi que Alice Cullen era uma boa pessoa.
Quando cheguei na porta do carro, hesitei. Alice perguntou o que estava acontecendo e expliquei que não poderia sujar de barro o estofado de couro do porsche amarelo canário que chegava a brilhar até naquela rua mal iluminada.
- Huum, isso é um problema mesmo... Olha, esqueça, entre, depois eu mando limpar! - Okay, acabei de descobrir que ela tem problemas, mas se estava me ajudando, não há pelo o que se preocupar.
Murmurei um "obrigada" surpresa com sua falta de importância pelo carro caro.
- Então, a quanto tempo você trabalha na Cullen Foundation Bella? Posso te chamar assim?
- Ah, claro, prefiro. Já faz dois anos...
- Ouvi falar do seu trabalho competente. Eu gosto de você. Além do mais, nunca ouvi meu irmão reclamar do seu desempenho.
Espera! O quê? Edward Cullen nunca reclamou de mim para a irmã confidente dele? Se não reclamou para ela, para quem iria reclamar? Os dois eram como unha e carne. Alice era a única pessoa que eu via recebendo algum carinho de Edward. Ela era a sua irmãzinha querida e caçula. Ele dava o mundo para ela. Depois de um tempo eu retornei de meus pensamentos e disse:
- Hum, isso é muito bom de se ouvir. Fico feliz que o Sr. Cullen esteja satisfeito com o meu trabalho. O meu emprego é muito bom. – e era, tirando algumas vadias venenosas que corriam pelo prédio ou os pervertidos estagiários como Mike Newton. Tirando também o comportamento do Cullen e a falta de aumento, eu recebia muito bem.
Depois disso, Alice ficou me perguntando coisas comuns, como se eu era de Nova York mesmo, e sobre a minha família. Fiquei um pouco receosa com ela sobre isso, mas ela era uma pessoa muito confortável de se conversar e eu contei o que podia. Alice perguntou onde eu morava e acabei nem percebendo quando seu carro parou na frente do meu prédio.
- Obrigada Srta. Cullen. Muito obrigada mesmo! Eu nem sei como agradecer... – falei envergonhada.
- Magina Bella! Gostei muito de falar com você! E me chame de Alice, por favor! O que você acha de tomarmos um café amanhã na empresa?
- Se o Sr. Cullen não se importar, eu ficaria muito feliz em ir. – sorri – foi muito bom conhecer você Alice.
- Edward não me nega nada – ela riu – também foi um prazer conversar, tenho a impressão de que seremos muito amigas.
Alice abriu um sorriso que poderia iluminar a grande avenida em plena chuva. Agradeci a Deus mentalmente e novamente a ela antes de balançar a mão enquanto ela contornava o carro para ir na direção oposta. Neste momento, havia apenas um pouco de chuvisco, e eu corri para o meu apartamento, acenando para o porteiro.
Abro a porta do meu bom apartamento e desabo imediatamente no grande sofá que levou as minhas economias a cinco meses atrás. Antes mesmo de poder pensar em que fazer para o jantar, o meu celular deu o típico toque de alerta. Peguei o aparelho e vi a mensagem da pessoa que me atormentava não só dentro, como fora do trabalho:
"Isabella Swan, preciso que passe em meu apartamento agora – tive a impressão de que o agora seria reforçado se ele estivesse falando – para pegar os relatórios e analisa-los para amanhã de manhã. "
A vontade que eu tive na hora era de pegar o aparelho e joga-lo pela janela, tirando a peça ideal de trabalho que me envolvia com o chefe arrogante. Naquela hora a chuva já tinha parado e eu tive que pegar um táxi para ir a parte mais luxuosa de Nova York pegar os arquivos de trabalho. Ao virar a esquina, me deparei com o prédio mais bonito e imaginei que o Cullen ficasse na cobertura.
Meu nome já estava na recepção e eu peguei o elevador, acertando a minha suposição. Cheguei na maravilhosa cobertura e toquei a campainha enquanto esperava sentada numa pequena sala. Estava esperando por algum funcionário vir me atender, mas nada mais, nada menos que Edward Sexy Cullen estava a porta, em um roupão branco macio e com os cabelos bagunçados pingando água. De repente, minha necessidade era segurar naquelas mechas ruivas enquanto levava minha boca de encontro a sua.
