Anthony Stark, Pepper Potts, Bruce Banner e os demais personagens que eventualmente aparecerão por aqui pertencem à Marvel, mais especificamente ao Sr. Stan Lee.

Pós Vingadores 1.

De resto é tudo meu, inclusive você.

Plágio é crime e eu tenho dois pitbulls.


De baixo das cobertas, Tony puxa seu braço dormente, acordando Pepper. Ela se sente muito abafada e tem a garganta seca. Pepper não saberia dizer se ela era do tipo que sente calor, ou se Tony era realmente friolento. Ela cutuca o ombro dele e pede para lhe alcançar um copo d'água.

– ... bilionário, playboy... tropo – ele resmunga em seu sono, virando-se de peito para cima. Virginia Pepper sorri e se levanta da cama pegando seu celular no criado mudo.

Ela veste a camisa dele e sai do quarto, descalça, em direção à cozinha, usando a luz do telefone para clarear o corredor. Aos poucos ela vê uma claridade adiante. A geladeira aberta e Banner em frente a porta.

Bruce tem uma jarra na mão e um copo meio cheio na outra, a meio caminho dos lábios. Ele bebe e ela diz olá, aproximando-se dele que ainda não percebera sua presença. Bruce, com seu pijama velho, mas muito confortável, lhe responde. A camisa de Tony mal lhe cobre as coxas e Banner rapidamente desvia o olhar, procurando sabe-se lá o quê dentro da geladeira.

Ela se aproxima e deixa o aparelho celular sobre a pia. Desconfortável com a situação, Bruce começa a dar explicações que ninguém lhe pediu.

– Acordei com sede – ele começa.

– Eu também. Posso? – pergunta apontando para o copo nas mão dele.

– Claro – diz Bruce. Ele serve-a e entrega-lhe o copo. Ela agradece e bebe muito rápido, devolvendo à ele. – Mais?

Ela assente com a cabeça. Ele coloca mais água para ela que bebe e lhe agradece mais uma vez.

– Boa noite, Bruce – ela diz e lhe entrega o copo.

– Boa noite – ele responde quando ela já está quase dobrando no corredor, saindo de sua vista.

Banner guarda a jarra na geladeira, passa uma água no copo usado e deixa-o sobre a pia, ao lado do telefone que chama sua atenção. Esqueceu, ele pensa.


Chutando um sapato pelo caminho escuro, Pepper volta para cama e se aproxima de Tony, envolvendo-o com as pernas por baixo das cobertas.

– Que pé gelado, mulher – ele resmunga. Tony aperta-a, acabando com a distância entre seus corpos e sentindo-a respirar perto de seu pescoço. Ela se acomoda entre os braços dele e fecha os olhos. – Onde esteve?

– Na cozinha – responde. – Estava com sede.

– Podias ter me acordado – começou, muito manso, olhando para ela. – Eu buscaria água para você.

Pepper sorriu lembrando-se dele a resmungar mais cedo. Ela lhe beijou os lábios muito devagar e abraçou-o para dormir.


É cedo e o dia recém começa a clarear quando Bruce entra na cozinha para comer seu desjejum. Ele põe uma cápsula de café na máquina e tenta esconder um bocejo com a mão esquerda.

Bruce ouve um zunido. Na verdade, uma vibração.

É o celular de Pepper que permaneceu a noite no mesmo lugar. Ela deve estar dormindo ainda, ele pensa.

– Jarvis – ele chama.

– Bom dia, Dr. Banner. Em que posso ajudá-lo? – o IA atende em segundos.

– Pode me dizer se Pepper já acordou?

– A Srta. Potts está dormindo. Devo despertá-la?

– Não – Bruce responde rápido. – Não é necessário Jarvis. Quando ela acordar, diga que seu celular está na cozinha. Há chamadas perdidas nele.

– Claro. Algo mais, Dr. Banner?

– Não. Obrigado, Jarvis.

– Não precisa me agradecer, doutor. Atendê-lo é meu dever – IA diz. Bruce pôde até imaginar que o programa sentiu-se lisonjeado, o que é uma ilusão das boas.

Em silêncio, Bruce mastiga uma torrada com manteiga e pela enorme janela da cozinha ele vê Manhattan acordar para um novo dia ensolarado no qual ele não pisaria fora da Torre Stark.

Alguns minutos depois, Bruce entra no laboratório vazio. Tony também deve estar dormindo, ele pensou. Bruce começa a organizar sua bancada, colocando os relatórios do dia anterior em uma pilha e descartando alguns fracassos antes de se preparar para coletar novas amostras do próprio sangue, enumerando-as minuciosamente para os testes que pretende fazer mais tarde.


Tony se espreguiça demoradamente quando acorda e percebe que eram apenas oito horas da manhã. Sem sono, ele toma um banho rápido e ao sair do banheiro, se surpreende com a voz de Jarvis.

– Bom dia, Srta. Potts. Seu celular está na cozinha. Há duas chamadas perdidas do agente Coulson e uma de sua mãe. O Dr. Banner pediu para que você fosse avisada, assim que acordasse.

– Obrigada, Jarvis – ela diz.

Ela olha para Tony que tem o peito desnudo e ainda úmido pelo banho. O brilho no olhar dele faz com que ela sorria enquanto respira o aroma de sabonete que vêm do banheiro.

– Encontros noturnos com o médico e o monstro, Srta. Potts? – ele brinca aproximando-se da cama.

– Ciúmes, Sr. Stark? – ela rebate no mesmo tom que ele, sentindo as bochechas quentes quando ele fica por cima dela, apoiando-se com os braços esticados ao lado de sua cabeça.

– Ficaria se não soubesse que Bruce tem medo de mulheres – conta com um sorriso nos lábios, beijando-a calorosamente e lhe tirando a camisa.


– Bom dia, sunshine – Tony diz ao entrar no laboratório. – Que parada você está usando aí?

– Bom dia – o outro responde ignorando o comentário de Tony. Bruce tira o torniquete do braço, fazendo com que seu sangue flua mais rápido, da veia para a seringa. – Não esperava que você fosse acordar tão cedo, Tony. Essa é a última de hoje – ele diz quando retira a agulha do braço e pressiona o algodão contra o pequeno filete de sangue que continua a sair.

Tony assente e eles começam a trabalhar no plano; desenvolver qualquer coisa que possa amenizar nem que seja uma pequena porcentagem da radiação gama no organismo de Bruce Banner. Em outras palavras, dar adeus ao Hulk.

Bruce começa a bateria de testes. Um soro por vez é adicionado a uma pequena amostra de tecido sanguíneo e analisado detalhadamente no microscópio. Enquanto isso, Tony refaz alguns cálculos, achando um caminho diferente a cada tentativa. Ao fim, pede para Jarvis revisar tudo novamente, à procura de um erro humano.

Nesse meio tempo, Tony começa a se sentir entediado.


Tony esperava um pouco entediado enquanto JARVIS revisava seus cálculos. Eis que, sorrateiramente, ele se aproxima do Dr. Banner que está concentrado, atento ao microscópio e ao conta-gotas que segura com a mão direita. Ele espera até que Bruce comece a pingar o líquido sobre o pequeno vidro diante do microscópio e dá-lhe um tapa seco na nuca.

– Enxerga, Jatobá! – disse Tony.

Bruce deixa todo o conteúdo do conta-gotas derramar-se sobre a amostra e pragueja, retirando as luvas. Ele gira na cadeira e, ficando de frente para o amigo, tira os óculos ao recomeçar a ladainha de sempre.

– Quando você vai desistir disso? – ele questiona. Tony olha-o atentamente, verificando que apesar de um pouco estressado, Bruce não começa a ficar grande nem verde. – Vou ter que extrair outra amostra para refazer esse teste, Tony. Você não pensa antes de fazer essas coisas? – ralhou Bruce.

Tony ergue as mãos em rendição, declarando que simplesmente não resiste ao impulso. Banner pressiona a ponte do nariz com as pontas dos dedos, esfregando a pele marcada pelos óculos e sorri sem graça.

Tony não se desculpa. Ele entrega outra amostra de sangue nas mãos de Banner e logo os dois já estão novamente focados nas tarefas; Banner nos testes, Tony nos cálculos. Formavam uma parceria ímpar. Eram ágeis e se entendiam muito bem naquele idioma de cientista louco.

Ambos estão tão concentrados que não vêem quando a porta do elevador abre e Pepper entra no laboratório. Ela olha a cena por um momento, pensando em espelhos; sentados, um de costa para o outro, diante de suas respectivas bancadas. Ela bate com os nós dos dedos na mesa, se aproximando.

– Bom dia, Bruce – disse sorridente. Ele responde e retoma sua atenção enquanto ela se aproxima de Tony que está à suas costas.

Ele não consegue deixar de ouvir a conversa deles e sente uma agulhada de constrangimento por não ser surdo. Tony é incorrigível e Pepper ralha com ele, mas não consegue deixar de sorrir ao se despedir do namorado. Ela se aproxima de Banner e deixa uma mão sobre seu ombro, chamando sua atenção.

– Não se esqueça do jantar, Bruce – ela recorda. – Você prometeu que iria se juntar a nós hoje à noite.

– Eu lembro – disse virando-se na direção dela.

– Ótimo. Tenham um bom dia – falou ao sair.

Tony faz um comentário sobre pernas e ela sai revirando os olhos. Bruce olha para as pernas dela. É quase involuntário, como se alguém bocejasse e ele não resistisse à vontade de bocejar também. Tony nota, é claro. Ele olha para o amigo chamando sua atenção e se surpreende. Algo brilhou na íris de Bruce.

Então uma ideia descabida passa por sua cabeça, deixando-o alarmado, mas acima disso; curioso. Tony resolve deixar o planejamento mirabolante para mais tarde. Agora ele tinha outras coisas para ocupar a mente.


– Café? – Tony pergunta um par de horas mais tarde, deixando uma caneca e um prato com dois sanduíches ao lado de Banner que nem tinha notado a ausência do amigo. – Tomei a liberdade, notei que você não almoçou de novo, cara.

Bruce, que estava curvado sobre a bancada, ajeita-se na cadeira e estica os braços para frente, espreguiçando-se.

– Obrigado – ele diz depois de alguns estalos nas costas e nos ombros. – Nem pensei em comida.

Tony puxa outra cadeira e se senta ao seu lado. Ele pega o último relatório de Banner, primitivamente escrito à mão. Bruce mastiga e observa Tony passar os olhos rapidamente sobre o papel, deixando-o de lado em seguida.

– Jarvis. Digitalize os relatórios do Dr. Banner e traduza-os, se possível – diz Tony.

– Sim, Sr. Stark – o IA responde.

– Sua letra faz jus ao "Doutor" antes do teu nome, Bruce – brincou Tony. – Terminamos por hoje? – ele pergunta ao amigo que apenas assente, a boca cheia não o permite falar. – Te vejo mais tarde então.


Tony estava em frente ao espelho abotoando a camisa quando ouviu Pepper abrir a porta do banheiro.

– Cancelem as buscas – Tony exclamou quando ela entrou no closet. Seu cheiro de pele limpa e hidratada instigou-o. – Que demora, mulher.

Ela sorriu em sua direção enquanto sentava-se para calçar os sapatos de salto. Tony rapidamente tomou aquela tarefa para si, ajoelhando-se a sua frente. Correu os dedos pela panturrilha de uma das pernas dela sentindo a maciez de sua pele branca. Alcançou a bainha do vestido, um pouco acima do joelho, e adentrou-a sorrateiramente.

– Tony – ela disse quando o sentiu apertar-lhe a coxa. – Vamos nos atrasar.

Ele assentiu insatisfeito, com beiço de criança birrenta. Refez o trajeto na outra perna dela e, ao fim, deu um beijo estalado no peito de seu pé, fazendo-a corar. Pepper pôs as mãos nos ombros dele e inclinou-se para lhe dar um beijo.

– Ainda dá tempo de ligar pra Romanoff – Tony disse quando seus lábios se separaram.

– Não, Tony. Lembra do fiasco da última vez? – argumentou. Tony concordou. – E Bruce poderia ficar desconfortável.

– Muitas coisas o deixam desconfortável – retrucou ao se levantar. Estendeu sua mão a ela, ajudando-a a levantar-se. – Até você – ele soltou.

– Como assim, Tony? – ela perguntou parando em pé a sua frente com uma cara de insultada.

– Você entendeu.

– Não acredito que você esteja insinuando...

– Não estou – cortou-a com calma. – Eu quis dizer as mulheres em geral. Elas o deixam desconfortável... foi apenas um comentário, de qualquer forma.

Pepper compreendeu o que Tony tentou expressar, mas não deu continuidade ao assunto. Ajeitou a gravata dele e saíram.


Bruce aguardava-os na sala. Ele usava uma calça jeans despojada, camisa branca e um terno cinza escuro, sem gravata. Com o celular nas mãos e os óculos no rosto, ele via a repercussão de seus atos, ou melhor, dos seus atos enquanto estava verde e grande. Já se passaram quatro meses desde a invasão de Nova Iorque e a população parecia se dividir entre medo e admiração quando o assunto era o Hulk.

– Dr. Banner – chamou-o Jarvis. – Tenho os resultados que o senhor me pediu, doutor. Em maioria, o hospedeiro não resistiu à reação química em seu DNA, o que aumentou drasticamente a mutação das amostras.

– Em maioria? – perguntou Bruce.

– Sim, doutor. Apenas o soro H9-14 foi compatível com o hospedeiro, não provocando nenhuma alteração em seu DNA.

– Isso é ótimo, Jarvis. Estamos chegando a algum lugar – exclama Bruce.

– Mais um detalhe, doutor. O composto agrediu consideravelmente as defesas imunológicas do tecido sanguíneo da amostra, deixando seu hospedeiro vulnerável a inúmeras doenças.

– Não se pode ganhar todas – Banner murmurou. – Faça um relatório das falhas e depois as descarte, Jarvis. Deixe o composto H9-14 sob observação e mantenha-me informado de qualquer mudança, por favor.

– Sim, Dr. Banner.

– Não, Jarvis – Tony diz ao chegar à sala. – Mantenha-o em observação e nos informe amanhã. Deixe a ciência no laboratório, Bruce. Vamos?


No térreo, Happy esperava-os para levá-los até o restaurante.

– Sr. Stark... Srta. Potts – cumprimenta com um meneio de cabeça. – Dr. Banner.

O último foi uma surpresa para Happy que, num ato de tietagem, estendeu a mão ao Dr. Banner. Raramente via-o sair da Torre e pouquíssimas vezes acompanhando o casal. Happy leva-os até a limusine parada em frente à Torre.

Banner hesita por um instante e segura o braço de Stark enquanto Pepper e Happy se afastam.

– Tony – ele o chama. Tony olha nos olhos castanhos de Bruce por um instante e sente o amigo incomodado. – Podemos ir num carro mais discreto?

– Você está falando sério, Bruce?

– Sim, Tony. Podemos?

Tony revira os olhos para Bruce e se afasta, chamando Happy por um momento. Happy assente e sai, deixando-os a esperar por alguns minutos na recepção da Torre. Um pouco depois Happy estaciona seu próprio carro em frente à Torre, um Nissan preto de quatro portas.

Tony abre a porta do carro para Pepper e segura-a pela mão, ajudando-a a entrar no carro. Bruce se dirige à porta do carona, mas ao tentar abri-la, nota que está travada.

– Não, senhor – diz Tony. – Você vem atrás com a gente – ele completa. Bruce olha para o banco traseiro do carro. – Vamos, Bruce. Há espaço.

Ele entra no carro, sentando-se ao lado de Pepper, enquanto Tony faz a volta por trás e senta-se no lado oposto. O perfume dela se sobressai aos demais, é a primeira coisa que passa pela cabeça de Bruce, obviamente. Tony toca o ombro de Happy dizendo a ele para partir e se acomoda, encostando suas costas no banco.

Tony põe o braço sobre as costas de Pepper, trazendo-a para perto.


Bruce é o primeiro a descer do carro e entrar no restaurante. O ambiente era tranquilo, poucas mesas estavam ocupadas e havia uma música muito calma ao fundo, apenas instrumental.

Tony entra em seguida e se dirige à recepcionista, pedindo uma mesa para três.

– Por aqui, Sr. Stark – ela pede.

Ela leva-os até uma mesa redonda, próxima à janela e deixa-lhes as sós com o cardápio.

Bruce se esquiva das proteínas, pedindo uma massa alho e óleo. Pepper decide acompanhá-lo e Tony acrescenta um peixe grelhado, pedindo também um vinho branco para os três. Eles conversam durante a curta espera.

– Mas ele é um Deus, não deixe isso de lado – disse Bruce, referindo-se ao deus do trovão.

– Deus fraco, de acordo com o seu amigo verde – Tony rebate.

– E Rogers? – Pepper solta. – Ele é um super soldado, talvez...

– O Steve é mortal, mulher – Tony corta-a quando a refeição deles chega. – Hulk é o vingador mais forte, obviamente, mas se vocês quiserem continuar nessa discussão depois do jantar, eu tenho vários argumentos – obrigado, querida -, tenho muitos argumentos sobre isso – finaliza Tony.

O clima era leve. Tony falava algumas bobagens, brincando com o amigo e flertava com Pepper que tinha o rosto quente pelo vinho. Bruce também se sentia um pouco alterado pelo álcool, ele não sabia lidar com a embriaguez, mesmo que leve. Bruce encontrava-se a sorrir demais e quando se dava conta disso, passava a mão pelo rosto, como se quisesse esconder-se de algo – talvez da própria timidez. Apenas Tony demonstrava não estar afetado pelo vinho. Ele desejava algo mais forte, na verdade, mas contentou-se a ver o amigo mais falante do que o usual.

Pepper, assim como Tony, gostava daquela versão despreocupada de Bruce Banner. Ele parecia verdadeiramente feliz na companhia do casal e fez questão de verbalizar isso algumas vezes durante o trajeto de volta para a Torre.

– Eu te amo, buddy – Bruce disse passando o seu braço sobre Tony, que decidiu sentar-se no meio desta vez. Tony ficou constrangido por um instante quando Bruce teve a ideia de beijar a bochecha dele. – Te amo de verdade, cara.

– Okay, verdão... Você está cheio de amor pra dar, mas vai com calma. Eu sou comprometido – disse Tony.

– Não, cara. Eu te amo como irmão, não como viado – Bruce disse afastando-se rapidamente de Tony.

– Você não come viados, Bruce? – Tony brincou com a frase dita pelo amigo. – Você deixa eles te comerem, então?

– Que isso, Tony – saltou Pepper. – Você está deixando-o constrangido. Até Happy...

– Com toda a educação, Srta. Potts – começou o motorista. – Não estou constrangido. Na verdade, estou gravando esses dois desde que entraram no carro.

– Happy, você está demitido – disse Tony, conseguindo apenas risadas de volta.


Um par de horas mais tarde, na Torre Stark, Pepper havia abandonado seus saltos em algum lugar da sala e estava sentada no sofá com uma taça de vinho tinto nas mãos e um sorriso no rosto. Seu vestido vermelho tinha um tom muito próximo ao do vinho que trazia cor à suas bochechas. Ela observava a leve disputa entre Tony e Bruce. Ciência e testosterona, ela pensou sorrindo.

Eles tinham se livrado dos casacos e Bruce acabara de perder uma queda de braço para Tony.

– Agora fique verde, eu vou pegar a armadura – Tony brincou enquanto Bruce fazia uma careta, fingindo estar furioso e soltando uma risada gostosa logo em seguida.

Mas Tony não realizou o que havia dito. Ao invés, ele sentou-se ao lado de Pepper, pegando a taça sobre a mesa de centro em frente ao sofá. Bruce sentou-se na poltrona ao lado deles, não por falta de espaço no sofá, mas sim para poder apoiar os pés cruzados sobre a mesa baixa. Já eram duas da noite quando Tony parou de brincadeiras e fez a conversa tomar o rumo que ele queria, deixando Pepper e Bruce embaralhados.

– Não é a raiva em si, Tony – Bruce começa a explicar novamente ao amigo o que desencadeia sua outra personalidade. – É a adrenalina, em geral. Emoções fortes, situações de risco... Coisas que antigamente afetariam minha pressão sanguínea apenas.

– Uma relação sexual? – Tony pergunta, mesmo já ciente da resposta.

– Fora de cogitação – ele responde.

– Então você nunca... – começa Pepper, vencendo o constrangimento inicial e se pronunciando. – Você é virgem?

– Não. Eu era noivo, Tony sabe disso, mas depois do Hulk as coisas mudaram – Bruce responde com naturalidade. Ele já havia tido essa conversa com Tony, o que lhe deu um pouco mais de segurança para tratar do assunto. – Na verdade eu nunca me aproximei de ninguém desde então – revela num tom baixo.

Ele sente o peso das palavras que acabara de falar. Nunca deixou que as pessoas se aproximassem, na verdade. Tony e Pepper eram uma exceção e ele não se arrependera de ter baixado seu escudo, deixado com que o laço profissional se tornasse uma amizade forte durante os quatro meses que estava hospedado na Torre Stark.

Um pouco envergonhado, Bruce se despede do casal e se retira, deixando-os a sós.