Se é sonho, não quero que me acordem

Se é sonho, não quero que me acordem!

Para Gabriela S., que vive presa entre

sonhos e vampiros bonitos.

O sono finalmente me alcançou lá pelas três... da manhã. Eu não quis que ele viesse. Ainda não terminara o livro e agora, ele dormia ao meu lado, esperando que, pela manhã, eu folheasse novamente suas páginas.

Mas quando acordei, ele não estava mais entre meus braços. O que se encontrava ali era muito melhor que qualquer livro.

Era ele e somente ele. A pessoa na qual eu sonhava, a pessoa que me fazia recorrer desesperadamente às páginas daquele livro enfeitiçado, a pessoa na qual eu queria estar.

Edward Cullen.

No lugar de meu livro havia um travesseiro e ele me abraçava ternamente. Dormíamos como se eu estivesse sentada nele, só que deitada. A coisa que eu mais sentia era o ar saindo de seu nariz, que estava enterrado nos cachos negros de meu cabelo.

-Bom dia, Bela Adormecida –disse ele, beijando suavemente minha nuca.

-Como sabe que...? –minha pergunta foi respondida antes que eu pudesse terminar de enunciá-la.

-Estamos tão conectados um ao outro... que posso saber tudo o que precisar –respondeu ele, aninhando-me ainda mais em seu abraço.

Aquilo estava tão perfeito, tão romântico, tão... quentinho.

Mas lembrei-me de um empecilho que atrapalhou meu tão amado e querido sonho.

-E a Bella Swan? –perguntei, levantando depressa e colocando-me ao lado da cama- Ela vai me matar! Ou pior, vai te matar...

Ele olhou-me com aquela linda cara confusa.

-Que Bella Swan? Está falando daquela de Forks? –perguntou ele, começando a compreender.

-Essa mesma! –olhei em volta, procurando uma maneira de sair dali- Tenho que ir embora!

Dei dois passos na direção da porta, mas logo recuei esse avanço e postei-me diante a cama de novo.

-Mas eu não quero ir... –disse, baixinho, mais pra mim do que pra ele.

Ele mostrou os belos dentes brancos em um sorriso sarcástico.

-Você é tão apressada –ele fechou os olhos durante um segundo para deixá-los ainda mais claros- Por que não esperou terminar?

Fiquei muda. Quem sabe eu ainda tivesse uma esperança...

Ele rolou na cama, parando logo abaixo de mim e colocou as mãos na nuca.

-Isabella Swan já acordou do sonho. Esse aqui é só seu.

-Quer dizer que isso não passa de um sonho? Vai acabar? –questionei-o, sentindo alegria e tristeza mesclando-se em uma mistura estranha.

Ele fechou os olhos novamente e sorriu daquele jeito de novo.

-Como eu disse, você é muito apressada –comentou ele- e como eu disse também, isso é um sonho sim.

Numa jogada rápida de pernas, ele sentou-se na cama, colocando-me entre suas coxas. Posicionou o dedo médio e o indicador embaixo de meu queixo, em um gesto simples e significativo.

-Agora, quanto ao acabar... –ele colocou seu outro dedo indicador sobre meus lábios- só se você quiser.

"Não, eu não quero", pensei, enquanto ele puxava-me lentamente pelo queixo, aproximando sua boca da minha.

A única coisa que senti foi uma sensação de anestesia pelo meu corpo. Era como se eu estivesse no céu, voando perdida entre nuvens...

Quando abri meus olhos novamente, vi Edward me puxando pela cintura. Senti meu corpo caindo vagarosa e levemente sobre o corpo dele e, envolta de novo em um abraço, acabei adormecendo com a minha cabeça repousando suavemente em seu peito.

Mas logo acordei de novo na minha cama, abraçada ao meu livro.

-Peraí! Se é sonho, não quero que me acordem! –gritei, sem me importar se alguém ouviria.

E, num piscar de olhos, eu estava de novo em cima de Edward.

Finalmente, eu estava presa em meu sonho.

Por Olívia Mattiazzo