Disclaimer: Sherlock Holmes não me pertence, e essa é uma história sem fins lucrativos.

Aqui está a terceira parte da saga iniciada com "I Grieve". Dessa vez, a história terá mais de um capítulo. Espero que gostem!


Estava sentado junto com John em sua sala, folheando a pasta que Lestrade entregou para ele naquela manhã.

Era a primeira vez que Sherlock via o arquivo do caso Moriarty. A informação escrita no papel parecia tão fria e impessoal que não conseguia a associar com toda a sua dor. Se Lestrade soubesse o que ele queria fazer com tal arquivo, não o teria entregado.

O desejo por vingança cresceu tanto dentro de Sherlock que não poderia mais esperar. Precisava encontrar todos os envolvidos com Moriarty e acabar com todos eles. É claro que não poderia simplesmente sair matando todos eles, precisava de um plano para não ser pego, ao menos até terminar sua vingança.

- Alguma pista sobre nosso atirador? – perguntou John.

Se alguma parte da mente de Sherlock ainda se preocupava com o fato de que conversava diariamente com uma alucinação, não era muito significativa. Tratava o John que via como se fosse seu amigo e nada tivesse mudado.

- Como sempre, a polícia foi inútil na investigação. Londres está perdida nas mãos deste bando de idiotas. Vamos ter de trabalhar sozinhos nesse caso. – respondeu Sherlock atirando o arquivo para John.

- Lestrade sabe o que você está planejando? Não podemos deixar que ele atrapalhe. E Donavan pode ser um problema.

Enquanto conversavam, Sherlock procurava por mais informações sobre o caso no notebook de John. Era mais provável que encontrasse uma lista dos associados de Moriarty na internet do que algo útil naquele arquivo.

- Lestrade pode desconfiar, mas não vai agir sem ter certeza. E ninguém vai acreditar nas suspeitas de Donavan porque ela sempre me perseguiu.

Nesses momentos, Sherlock sentia sua melancolia aumentar. Estavam planejando assassinatos, e o verdadeiro John jamais concordaria com isso. Ele era correto demais para desejar vingança, e essa era apenas uma das pequenas diferenças que provavam que aquele não era o verdadeiro John. Apagou tais pensamentos de sua mente tão logo os concebeu. Aquele sentado em sua frente era o verdadeiro John, ou ao menos era o único que existia.

- Com quem vamos começar? Aquela moça do museu está aguardando julgamento em liberdade, poderíamos aproveitar antes que ela seja presa. Ou então ir atrás do dono da falsa locadora de carros. Duvido que tenham alguma pista, mas já é um começo. Afinal, ambos trabalharam com Moriarty.

Ambos sabiam que Moriarty não era descuidado ao ponto de permitir que qualquer um obtivesse informações relevantes, mas Sherlock queria acabar com qualquer um que tivesse trabalhado com seu inimigo. Todos que o ajudaram deveriam pagar por seus crimes.

Sherlock pulou do sofá e correu até a cozinha, abandonando o notebook com uma página sobre sedativos aberta. Não poderia comprar nenhuma dessas substâncias, seria suspeito demais. Teria de fabricá-las.

- Moriarty pegou uma criança como refém no caso do museu, quem estava envolvido nele deve morrer primeiro. – falou enquanto preparava um sedativo. – Podemos matá-la dentro da própria casa e depois atirá-la no Tâmisa, como aconteceu com o guarda.

- Não vai dar certo. – disse John indo até a cozinha. – O corpo vai flutuar, e não queremos ser descobertos. Talvez fosse melhor cortá-la em pedaços e atirar cada um deles dentro de um saco cheio de pedras.

- Desmembrar um corpo faz muita sujeira. Poderíamos levá-la para algum lugar isolado e queimar o corpo com fogo de óxido de magnésio, os restos ficariam tão destruídos que seria praticamente impossível os identificar.

Sabia que o que estava fazendo era doentio, mas era melhor do que passar o dia inteiro com uma solução que já contava com bem mais do que sete por cento de cocaína. Estava apenas trocando o modo de se autodestruir. Na verdade, ainda não era capaz de suportar a perda do amigo. Esse era apenas seu modo de tentar apagar o que aconteceu: apagando todos os envolvidos. Sabia também que era errado matar uma mulher cujo único crime havia sido ordenar a falsificação de um quadro. Só que nada disso importava.

- Pode funcionar, mas comprar óxido de magnésio vai parecer ainda mais suspeito do que os sedativos.

- Não, já tenho o suficiente para uns dois ou três corpos. Comprei há tanto tempo que ninguém vai desconfiar. – disse enquanto preparava uma seringa com o sedativo que havia acabado de fabricar.

Sherlock se levantou e colocou seu casaco e seu cachecol. O óxido de magnésio estava guardado em um depósito que, se fosse bem preparado, poderia ser perfeito para um assassinato. Podia não ser um plano perfeito, mas era o melhor que iria conseguir. Não suportava mais aguardar por sua vingança, precisava agir essa noite. Há exatos quatro meses, sua vida fora destruída. E agora faria com que todos os envolvidos pagassem.

Precisaria de mais do que um par de dias para se preparar. Em breve poderia começar o que já desejava ter feito há meses. A demora prejudicava suas chances de descobrir a verdade, mas era o grande Sherlock Holmes, aquele que poderia desvendar qualquer mistério. E não desapontaria seu melhor amigo novamente.


Devo postar o segundo capítulo ainda essa semana, ou no máximo na próxima. Espero que estejam gostando.