Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem, esta fanfiction é totalmente sem fins lucrativos.

Categoria: Drama/Romance.

Censura: M

Sinopse: Os sobreviventes do vôo 815 foram resgatados e receberam indenizações da empresa aérea para seguirem com suas vidas, mas será que poderão esquecer o que viveram na ilha e realmente seguir em frente?

Spoilers: Tudo o que já aconteceu na 1°, 2° e 3° temporadas, respectivamente com exceção das mortes dos losties, ninguém morreu.

Marcas de um passado

Capítulo 1- Cinco anos após o resgate

Los Angeles, Califórnia

20 de janeiro de 2009

A música ritmada tocava alta dentro do automóvel, quase explodindo os auto-falantes instalados na tampa do porta-malas. Mas ele não se importava, seus tímpanos pareciam ter se acostumado ao barulho ensurdecedor, tanto que se o som fosse desligado bruscamente era bem provável que o vácuo restante causasse danos graves aos seus ouvidos.

Dirigia em alta velocidade pela ponte mais famosa da cidade dos anjos. Seu coração batendo tão forte quanto o vento que soprava em seu rosto, penetrando através dos vidros peliculados escancarados do possante veículo. Pisou ainda mais fundo no acelerador e as engrenagens do carro rangeram pedindo socorro, algumas peças voaram livres despedaçando-se pelo caminho. Mas ele não queria parar, não ainda.

Finalmente saiu da ponte e chegou a uma curva íngreme. Um sinalizador delimitava a linha de chegada. Sim, era disso que ele precisava, do sabor da vitória e da adrenalina. Só freou o carro quando já tinha passado pelo menos uns três metros da linha de chegada.

O carro parou, soltando fumaça preta e intoxicante. Ao longe, o zumbido de outros carros em alta velocidade fez-se audível. Ele então abriu a porta do veículo que quase se desmantelou toda no chão e saiu do carro cheio de moral. Muitos carros pararam ao redor dele e um grupo enorme de pessoas se aproximou fazendo esparro. Algumas mulheres gritavam em uníssono: - Jack! Jack!

Um homem muito forte, tatuado e de cabeça quase raspada se aproximou dele.

- Dessa vez foi quase doutor!

Jack Shephard deu um sorriso genuíno.

- E eu estou só começando!

O homem estendeu a Jack um maço de dinheiro que o médico rejeitou educadamente.

- Larry, você sabe que não faço isso pelo dinheiro, guarde pra você!

Uma mulher loira de seios fartos e vestida de modo insinuante se acercou dele e beijou seus lábios. Jack cochichou no ouvido dela:

- Como eu te prometi, hoje é a sua vez, baby!

O celular dele vibrou no bolso da calça jeans. Jack se afastou momentaneamente para atendê-lo, franziu o cenho ao reconhecer o número no visor.

- Alô?

- Jack, onde você está?- indagou uma voz feminina muito zangada.

- Eu...- ele começou a dizer receoso, mas a mulher ao telefone o interrompeu.

- Já até imagino! Por que Jack? Jamais consegui entender isso. Olha só, eu acabo de chegar e você não está em casa, que grande novidade!

- Querida, me desculpe...

- Não me chame de querida porque soa hipócrita. Você jamais foi de me chamar assim!

Ele sabia o quanto ela estava zangada, mas tentou manter o diálogo mesmo assim.

- E o bebê?

- Ele está ótimo, mas Jack, ele já não é mais um bebê, você deveria saber. Mas é claro que não sabe, não tem responsabilidade com mais nada na sua vida.

- Eu queria estar morto!- ele quase gritou no telefone, desligando o aparelho. Passou as mãos pela cabeça, nervoso.

A mulher loira voltou a se aproximar dele.

- Você está bem?

- Eu estou.- ele respondeu ríspido empurrando a mão dela que insistia em afagar-lhe a orelha. Não estava com o menor clima para romance, o telefonema que recebera o tinha irritado bastante.

- Pessoal!- gritou um homem alto, magro usando uma touquinha de lã na cabeça em meio à multidão. – Acabei de ouvir no rádio, a polícia tá vindo pra cá!

Todo mundo correu em direção aos seus carros, inclusive Jack. A algumas quadras dali, a policial Ana-Lucia Cortez bufava de raiva segurando o rádio do carro perto da boca. Seu parceiro, J. Fernandez dirigia em alta velocidade ao seu lado, já havia ligado a sirene.

- DJ24, aqui é KM66, recebemos uma chamada positiva de que está havendo um "pega" na ponte sul!

- Negativo KM66, se estava havendo um "pega", já terminou, tem três viaturas lá confirmando que já não há mais nenhum carro!

- Malditos!- ela gritou pondo o rádio no lugar.

- Cuidado Cortez, senão vai acabar cuspindo o pulmão.

- Não tô nem aí Fernandez, se isso me ajudasse a pegar esses salafrários que querem transformar as ruas de Los Angeles em uma pista de corrida eu não me importaria em ficar sem um dos pulmões.

Fernandez balançou a cabeça negativamente:

- È melhor encerrarmos por hoje, acho que você já trabalhou demais!

E dizendo isso, ele desligou a sirene e seguiu de volta para a delegacia.

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Bexar County, Texas

- Anda, vem, vem, vem! A chuva já vai cair!- gritou Katherine Ford para o marido que vinha logo atrás, assim como ela, ele estava carregado de compras.

Ambos tinham tido a infeliz idéia de ir ao supermercado a pé, já que o único carro que possuíam estava com problemas no radiador. Não costumava chover muito em Bexar County, mas justamente naquela noite uma tempestade daquelas estava prestes a cair e o casal estava tentando chegar em casa antes que a chuva arriasse.

- James!- chamou Kate, impaciente já subindo o gramado da frente da casa deles.

- Eu estou indo, sardenta!- reclamou ele quase derrubando as compras no chão.

A chuva começou a cair sem piedade junto com um forte vento. O vestido leve de Kate quase foi na cabeça. James começou a rir.

- Oh James, pare com isso!- ela ralhou. – Trate logo de abrir a casa, estamos ficando ensopados.

- Mas a chave está com você!- disse ele.

- Como está comigo?- Kate retorquiu. – Está com você, tenho certeza que te entreguei quando saímos.

- Sun of a bitch!- James xingou. – Eu não acredito que nos trancamos pro lado de fora.

Kate revirou os olhos.

- Tinha que ser você pra fazer uma besteira dessas!

- Eu? E por que está tão segura de que fui eu?

A chuva começou a aumentar cada vez mais deixando-os encharcados. Impaciente, Kate rodeou a casa e quebrou a janela com o próprio punho. James ficou olhando para ela com os olhos arregalados, enquanto ela destrancava a janela, atirava as compras pra dentro e passava as pernas pelo batente.

- Temos que melhorar a segurança da nossa casa!- observou ele quando ela já estava lá dentro.

Kate foi até a sala e destrancou a porta, James entrou com o resto das compras. Seus cabelos loiros molhados encharcavam-lhe a camisa e os sapatos faziam barulho a cada passo que ele dava. Ao vê-lo nessa situação, Kate desatou a rir. James fez cara de zangado.

- Ah nossa, isso é muito engraçado! Muito engraçado mesmo! Mas eu vou te pegar!

- Não James, não!- ela começou a correr pela casa com ele atrás dela.

Perseguiu-a até o sofá da sala. Ainda rindo, ela disse:

- Fica longe de mim!

- Não, não! Foi você quem começou, sardenta!- disse ele despindo a camisa.

Ela ergueu a sobrancelha, maliciosa: - O que você vai fazer comigo?

- O que você acha?

Ele pulou em cima dela e a agarrou jogando-a no sofá. Ela morria de rir e os dois começaram a se beijar intensamente. De repente, o telefone tocou.

- Salva pelo telefone!- ele gracejou.

- Sai de cima de mim, James, eu vou atender!- ela protestou, empurrando-o delicadamente.

- Não, eu vou atender!- rebateu ele saindo de cima dela e correndo para atender. – Alô? Sim, ela está. Quem deseja falar com ela? Sim, entendo. Eu vou passar pra ela.

- O que foi?- ela indagou, temerosa.

- È de hospital St. Sebastian em LA, parece que aconteceu algo com sua mãe.

Continua...