Tal mãe, tal filho: A paixão de Lord Voldemort
Capítulo I - A Massagista
" Eu sempre disse que pessoas sem poderes não prestavam. Por causa dela estou aqui, por culpa de sua infinita bondade, por seu amor a vida alheia. Por amor a ela me entreguei e por amor a ela morrerei louco nessa maldita prisão. Amaldiçôo o dia em que Lucios me levou até lá."
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Lucios
se encontrava sentado em uma sala, em frente ao seu mestre. Não
levava notícias agradáveis e previa uma represália ao mensageiro.
Ao invés de receber a temida Cruciatus, observou o rosto cansado de
Lord Voldemort e o corpo tenso espichar-se em uma demorada tentativa
de espreguiçar-se. Ouviu alguns ossos estalarem no silêncio mórbido
da sala. Nada disse, pois sabia que seu interlocutor estava demasiado
"bondoso" naquele dia.
-
É impossível relaxar sabendo que os meus serviços mais importantes
são destinados a incompetentes como você. –Disse, depois de um
tempo, o Lord das Trevas. – Mas, se eu for considerar as minhas
opções... - Não era necessário que ele completasse a frase para
que Lucios entendesse o que o outro queria dizer. E exatamente por
ser um bom entendedor, aproveitou sua deixa.
-
Eu posso, e vou, me esforçar mais, Milord. - E completou,
mentalmente, com o orgulho ferido "Nunca mais ouvirei essas queixas
destinadas a mim".
-
Realmente espero que essa melhora seja em breve, ou terei que tomar
atitudes drásticas. – Respondeu-lhe, movendo ameaçadoramente a
varinha entre os dedos, Voldemort. Com um gesto de desprezo feito com
a outra mão, dispensou Malfoy. Este se abaixou, beijou a barra das
vestes de seu mestre e saiu, sem nunca lhe dar as costas.
Saiu
caminhando pelas ruas de Londres, resmungando consigo mesmo sobre
tudo o que Voldemort lhe havia dito, xingando a si mesmo, à sua
incapacidade de satisfazê-lo, até que chegou ao seu destino. Era um
prédio velho, de vários andares, que pedia uma pintura urgente. O
bairro em que estava situado era conhecido como "A Parte Feia de
Londres". A maioria dos inquilinos do prédio em questão eram
prostitutas e bandidos. Poucas pessoas sabiam da existência de uma
massagista que ali vivia. Era muito boa em seu trabalho e ninguém
saia dali insatisfeito, com exceção, talvez, de alguns homens que
acreditavam que ela era algo mais que uma inocente massagista. Bom, o
fato é que Lucios, e toda a sua família, a conhecia. Ele subiu as
escadas até o apartamento dela, esquivando-se das mulheres que ali
estavam. Não era esse tipo de serviço que ele queria. Não era
dessa forma que ele queria relaxar.
Bateu
na porta e esperou. Ouviu os latidos do outro lado da porta e logo
uma voz lhe gritou para que esperasse. Cerca de cinco minutos depois,
a porta abriu e Laika, a cadela-guia de Alissa, pulou ao seu
encontro.
-
Laika, acalme-se – A cadela desceu do seu apoio e Lucios fez festa
em sua cabeça.
-
Olá, Alissa! – O bruxo cumprimentou a jovem trouxa que estava a
sua frente. Era alta, cabelos castanhos claros, corpo harmonioso,
aproximadamente 22 anos, extremamente bonita. Claro que ela não
tinha consciência disso, pois seus olhos azuis nada viam desde que
ela era muito pequena.
-
Lucios! Que surpresa agradável. Entre, logo termina minha hora e
poderei falar consigo.
Ele
entrou no apartamento e acomodou-se em uma poltrona confortável que
ali havia. Laika continuou ao seu lado, feliz com seu velho amigo.
Alissa voltou a atender e, de fato, 15 minutos depois ela já falava
com seu mais antigo cliente.
-
Posso ajudá-lo em algo?
-
Preciso de uma massagem.
-
Se não estiveres ocupado agora, acredito que esta hora eu teria
livre. Podes olhar na minha agenda? - Perguntou-lhe, estendendo o
braço e pegando a tal agenda. Lucios verificou que o próximo
horário estava realmente livre. Fechando a agenda, satisfeito:
-
Posso passar para sua sala?
Quando
chegou a casa, sentindo-se dez anos mais jovem graças à massagem,
encontrou sua mulher preocupada.
-
E então? Como foi? Demorastes muito.
-
Estressante. Mas não tão grave. Tive que passar na Alissa depois.
Por isso a demora.
-
E como ela está?
-
Como sempre. Gostaria de saber como ela pode ser tão feliz nas
condições dela.
-
Gostaria de saber como a família dela a deixa morar só!
-
Esses sangues-ruins são realmente muito estranhos.
Alissa era uma garota normal, apesar de todos ao seu redor pensarem ao contrário. Ela apenas não enxergava como os outros. Ela lembrava de algumas coisas que ela vira quando era criança, imaginava aquelas que não havia conhecido ou não se lembrava. Sua cadela e sua bengala eram seus olhos. Apenas isso. E isso era seu diferencial, o que as outras massagistas não viam, ela conseguia sentir facilmente com suas mãos. Esse era o segredo de seu sucesso. Ela gostava de sua vida, de sua casa, apesar de tudo. Tinha amigas, se dava bem com suas vizinhas, todos gostavam dela e ela gostava de todos. Tinha uma boa poupança, tanto no banco trouxa quanto no banco bruxo. Saia todos os fins de semana para dançar e ir a festas. Cantava muito bem e, sabendo disso, fazia alguns bicos em casas noturnas de amigos seus. Mas desejava voltar a ver o mundo, as cores a vida. Algo que nem bruxos nem trouxas conseguiram. Muitos jovens desejavam-na, mas ela não queria ninguém. Não queria compartilhar essa pequena amargura com outra pessoa. Nunca teve ninguém, nunca ninguém a teve. E ela estava feliz assim.
Ele estava nervoso. Ninguém era capaz de satisfazê-lo? Ninguém era capaz de realizar suas tarefas corretamente. Onde estavam seus Comensais da Morte eficazes? Restava apenas Belatrix como alguém totalmente confiável? Teria que conquistar novos seguidores imediatamente. Imergiu todo o corpo na água morna da banheira, mas nem assim conseguiu relaxar. Seus músculos estavam tensos, doloridos. Emergiu e pegou os frascos de sais de banho que ali estavam. Virou uns dois ou três vidros na água e logo se formou a espuma. Fechou os olhos e ali ficou.
Lucios
acordou no meio da noite. Narcisa dormia ao seu lado. O Lord das
Trevas andava nervoso, tenso. E o que era melhor que uma boa massagem
contra a tensão e o nervosismo? Se ele ficasse satisfeito, talvez
Malfoy fosse perdoado. Mas como levar o Lord das Trevas até aquele
bairro trouxa? E, principalmente, convencê-lo a ser tocado por uma
trouxa, cujo único bruxo da família era um medíocre? Seria uma
tarefa digna de Hércules, mas valia o risco.
Ele
correu até a escrivaninha e começou a escrever as idéias que se
passavam em sua mente. Primeiro, teria que acabar com a aparência
monstruosa e repugnante de seu mestre. Mas como? Talvez uma poção
rejuvenescedora resolvesse. Sempre disseram que quando jovem seu
mestre era muito bonito. Tentaria essa idéia. Passou o resto da
noite escrevendo e riscando o pergaminho. Quando o sol o encontrou,
já tinha todo o plano feito.
Ele
ainda não acreditava que conseguira. Não conseguia entender como
seu mestre aceitara tão bem a idéia e caminhava tranqüilamente, na
aparência de um jovem de 25 anos, ao seu lado. Parecia até mesmo se
divertir com todo o assédio que estava sofrendo.
-
Devo beber esta poção mais vezes – Disse, num estranho momento de
bom humor, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, na aparência de Tom
Riddle.
Lucios
sorriu. Era bom ver seu mestre feliz. Esse pensamento foi
interrompido quando chegaram à frente do prédio. Subiram os três
lances de escada em silêncio e pararam em frente da porta de Alissa.
Lucios bateu na porta que ele conhecia tão bem e esperou. Ouviu o
costumeiro barulhos que Laika fazia quando chegava alguém. A porta
se abriu e Alissa saiu, deslumbrante, em um vestido roxo com detalhes
brancos, os cabelos cacheados caiam até a metade das costas e usava
um pingente com pérolas que apoiava-se perfeitamente em seu colo.
Parecia uma deusa, e os dois perderam o fôlego quando a viram.
–
Nossa, vocês já estavam atrasadas. Laika, para dentro!- A cadela
obedeceu prontamente e Alissa fechou a porta. – Vamos?
Era
lógico que ela pensava que eram suas amigas, e não Lucios Malfoy e
Lord Voldemort. Havia uma falha no plano de Lucios: era sexta-feira e
já passava da hora do chá quando ele finalmente encontrou seu
mestre. Deviam ser umas seis e meia, no mínimo. E Alissa adorava
sair com suas amigas. De fato, ela já as estava esperando fazia 10
minutos. Mas Lucios esqueceu que pessoas normais saem sexta feira à
noite e, mesmo que lembrasse, era capaz de pensar que ela não saia
por causa de "sua condição".
Enquanto
trancava sua porta, Alissa aspirou o ar ao seu redor e sentiu o
cheiro de loção pós-barba. Virou-se devagar em direção aos dois
homens ainda pasmos com sua beleza e com sua atitude:
-
Desculpem-me, creio que houve um engano. Vocês não são minhas
amigas. – Começou a destrancar sua porta
-Alissa,
eu quero que conheças um amigo meu, - nesse momento Lucios olhou
para seu mestre a espera de um sinal para prosseguir. Voldemort fez
um sinal afirmativo com a cabeça, encorajando o comensal, que
continuou – Tom Riddle.
