Se as famílias sangue puras da Inglaterra pudessem eleger alguém que lhes amargava a existência, todas sem dúvida escolheriam Hermione Granger. A jovem era sem dúvida muito obstinada e inteligente. Havia voltado a Hogwarts depois da reconstrução e logo em seguida começado sua maior empreitada: a reforma das leis do mundo mágico. E claro que as leis que queria mudar eram as que tinham conexão direta com o que ela acreditava terem suscitado as duas grandes guerras do mundo mágico e o preconceito contra os mestiços ou nascidos trouxas.
Augustus Greengrass nunca foi partidário de Voldemort, mas considerava que as investidas da jovem começavam a ameaçar as tradições das famílias. Só conhecia uma pessoa com astúcia suficiente para pará-la, mas que depois da guerra havia terminado como um pária. Lucius Malfoy era sem dúvida o comensal da morte mais escorregadio do mundo mágico, se safara pela segunda vez de Azkaban, mas nem sua lábia ou seu ouro foram capazes de impedir que toda a opinião pública ficasse contra ele e sua família, os Malfoy eram agora reféns de sua própria mansão. Era isso ou correr o risco de serem atacados como ocorreu com Narcissa enquanto seu marido e filho estavam presos aguardando julgamento. Foi divagando sobre a sorte dos donos da elegante saleta onde agora esperava que o encontrou Lucius Malfoy, patriarca da família mais rica e uma das mais antigas da Inglaterra.
- Augustus, que surpresa agradável. A que devo tão honrada visita?
Uma das coisas mais fascinantes no homem diante de si era justamente as várias nuances que conseguia dar a suas frases. Sabia que por trás desse tom suave como veludo e da cortesia havia um par de insultos ao fato de não ter visitado ou procurado a família desde que ele e Draco foram julgados mais de um ano e meio atrás.
- Ora meu caro, senti falta de deleitar minha visão com sua estonteante beleza.
Lucius arqueou uma de suas sobrancelhas e com seu porte aristocrático fez sinal para que o outro se sentasse e fez o mesmo, pondo-se a girar seu bastão.
- Então, devo acreditar que veio apenas admirar minha bela e exuberante figura?
- E aprender algo de modéstia claro.
O loiro adquiriu um brilho divertido nos olhos cinzentos que há muito tempo não tinha, se tinha algo que um Malfoy não poderia ser era modesto. Estalou os dedos e um elfo apareceu prontamente.
- Traga chá. – Ordenou secamente. – Se ainda me lembro bem, você raramente bebe não é?
- Sempre um anfitrião perfeito. Mas já que estamos um tanto velhos... – Sorriu quando viu o franzir do rosto de Lucius e corrigiu-se. – Que seja, somos mais experientes, creio que podemos passar direto ao assunto que me trouxe aqui.
- Admirar minha beleza? – Disse Lucius com ironia.
- Isso também, mas preciso de uma coisa que só você tem. – Disse Augustus perigosamente próximo ao ouvido do outro. – Sua mente, claro.
Há muito tempo que Lucius não jogava de seduzir ou ser seduzido, era muito bom nisso. E reconhecia o olhar de desejo no homem de frente a ele, mas da última vez que jogou com outro Slytherin havia perdido, claro que essa serpente em frente a ele era bem menos venenosa de que as que costumava manejar.
- E para que exatamente precisa da minha brilhante mente?
- Nada muito difícil, só dar um jeito em Hermione Granger.
Todo o clima de sedução esfumou-se para Lucius quando ouviu isso. Sua expressão predatória passou a ser de ira e disse numa voz ríspida:
- Fora!
A reação irritada do loiro surpreendeu o outro que se colocou de pé.
- Qual o problema Lucius? Assustado com a perspectiva de enfrentar a garotinha?
Claro que ele sabia que provocar um Malfoy em casa era perigoso, tanto que a varinha de Lucius voou para seu pescoço, ao mesmo tempo em que o elfo aparecia com a bandeja de chá.
- Creio que não precisamos mais de chá Tip, este senhor está de saída. Confundiu minha casa com algum tipo de antro vulgar onde poderia encontrar alguém para seus trabalhos sujos.
Sem perder o sorriso Augustus inclinou-se para o loiro ignorando a pressão da madeira em seu pescoço.
- Eu nunca o classificaria como vulgar meu caro, desconfiado com certeza. Eu não pretendo atacar a garota, só impedi-la de aprovar um par de leis.
Lucius estreitou os olhos analisando o homem cujo hálito misturava-se com o seu.
- Interrompo papai? – A voz suave de Draco chegou aos ouvidos dos homens que se separaram apressados.
- Nada de especial jovem Draco, cada vez que o vejo está mais belo.
Draco corou e se xingou mentalmente por isso. Os Malfoy não coravam, flertavam de volta a quem os elogiava, mas ele nunca conseguia fazer isso. Augustus sorriu do embaraço do rapaz que pigarreou recobrando a compostura.
- Obrigada sr. Greengrass. Espero que Daphne e Astoria estejam bem.
- Ah sim, Astoria termina Hogwarts esse ano, tenho certeza que ela e a irmã ficarão encantadas de receber uma visita sua.
- Claro... – Desconversou Draco. – Bem, eu vinha convidá-lo para voar, mas já que tem visitas vou sozinho.
Lucius assentiu e viu como seu herdeiro se inclinava para se despedir da visita, Augustus acompanhou a saída do jovem com um olhar avaliador.
- Nem pense nisso Augustus, o ministério pode vigiar meus feitiços, mas se tocar no meu filho sou capaz de te arrancar as bolas à maneira trouxa.
A ameaça de Lucius era fria e verdadeira o suficiente para fazer o homem estremecer.
- Não gosto de rapazes com idade para serem meus filhos, só estava admirando. Ele está muito bonito, reconheça.
- É meu filho, o que esperava?
Augustus revirou os olhos.
- Sua modéstia me assombra Lucius. Agora, que tal me dar um par de conselhos sobre como impedir que Granger consiga tornar lei que nossas crianças sejam educadas em pré-escolas e com regulares visitas ao mundo trouxa?
Lucius arregalou os olhos.
- Pré-escolas?
- Sim, ela alega que é errado o Ministério deixar a primeira educação das crianças mágicas a cargo somente da família e está pleiteando a criação de um sistema de ensino igual ao dos trouxas. – Explicou enquanto aceitava a xícara de chá que Lucius lhe estendia.
- As primeiras lições de um mago devem ser dadas pelos pais, a magia dos nossos filhos está ligada a nossa.
- Eu sei, você sabe, como convenço o Wizengamot de que a heroína apoiada abertamente pelo ministro e pelo nosso caro herói está errada?
Lucius revirou os olhos ante a menção dos ganhadores da guerra.
- Para começo de conversa, não pode ser associado ao comensal odiado pela sociedade.
- Você é esperto demais para achar que vou me opor publicamente a Harry Potter y Hermione Granger. Quero que me ajude a contornar a situação, você sempre foi bom em achar o peão correto para manejar.
- Preciso de um par de dias para pensar.
- E que tal um jantar enquanto isso?
A insinuação era explícita dessa vez, o homem queria seduzi-lo.
- Cuidado com o que pede Augustus. Posso ser muito exigente e difícil de satisfazer, tenho um paladar refinado.
E o homem de olhos e cabelos castanhos sabia que não estavam falando de comida, mas se Lucius queria jogar, ele deixaria.
- Então devo me esforçar para satisfazer meu convidado não é? Posso reservar uma mesa num restaurante novo e surpreendê-lo.
Lucius ficou surpreso apesar de não demonstrar.
- Quer sair em público comigo? Isso poderia ser prejudicial a sua imagem de Slytherin de bom coração. – Zombou o loiro.
- Ora sejamos práticos, o mundo tem que voltar a vê-lo Lucius ou nunca mais poderá sair dessa mansão. E pense no seu filho, quer que ele fique preso aqui para sempre?
Dito isso Augustus sorriu e se dirigiu para a lareira por onde voltou a sua própria casa.
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Desde que tinha onze anos e pelos anos de sua adolescência, se alguém dissesse a Harry Potter que ele terminaria a guerra contra Voldemort como vencedor e ainda por cima com um grande respeito e afeto por Severus Snape ele teria rido. Mas a verdade era que ele havia vencido e foi uma surpresa quando descobriu que Hermione tinha conseguido salvar o sombrio professor de poções levando-o até um especialista em St. Mungo. Depois da loucura da batalha ele viu as recordações do professor e sentiu-se pequeno e infantil comparado ao fardo que o outro havia carregado, por isso, o grande herói do mundo mágico fez todo o possível para que o outro fosse reconhecido e recompensado por seus serviços na guerra.
Harry não compreendeu porque o homem optou pela reclusão depois que saiu do hospital. Havia ouvido da própria McGonagall que ele fora explicitamente contra voltar a lecionar em Hogwarts seja como professor de poções ou de DCAO, Harry teve vontade de estreitar relações com o obscuro homem e começou a enviar-lhe cartas, que eram respondidas com o sarcasmo e o escárnio próprios de Snape. Quando reclamou disso com Andrômeda numa das visitas a seu afilhado ela sorriu, e disse que ele não sabia apreciar a conversa com um Slytherin. Intrigado Harry releu as cartas e encontrou alguma consideração para com ele por parte do professor, como quando escrevia sobre como esperava que sua inabilidade para pensar com lógica acabasse por contagiar o Departamento de Aurores e que logo teriam sua segurança nas mãos de um bando de idiotas com complexo de herói. Na mente retorcida de Snape isso era um modo de dizer que ele devia mudar as diretrizes do Departamento, ou foi isso que Harry conseguiu entender. Seu treinamento havia sido muito duro e no tempo em que esteve sob a tutela dos mais duros e experientes aurores mal pôde ver os amigos quanto menos o antigo professor. Por isso quando finalmente conseguiu sua insígnia e seu uniforme de auror resolveu visitar Snape, assim, sem avisar apareceu-se em Spinner's End. Claro que as proteções da casa o deixaram na calçada.
- Que desconfiado. – Resmungou Harry indo até a porta onde tocou a campainha.
Severus sabia que era Potter chamando, havia sentindo suas proteções impedindo-o de aparecer diretamente na casa. Imaginou que levaria menos de dois minutos para o escandaloso Gryffindor começasse a gritar em sua porta, foram necessários só 47 segundos. Com sua melhor cara azeda abriu a porta para o rapaz de cabelos negros bagunçados.
- Ah finalmente! Pensei que ia me deixar plantado ali fora.
- Oh! Como pude ser tão rude? Deixar o salvador do mundo mágico esperando quando foi tão educado em avisar da sua augusta visita.
Harry teve a decência de corar.
- Desculpe, mas queria fazer uma surpresa! Sou um auror agora. – Disse alegremente mostrando sua insígnia.
- Nossa segurança nas mãos do garoto dourado e cabeça vazia... acho que é hora de me mudar.
- Eu não caio mais nas suas rabugices. Sei que está orgulhoso de mim.
Snape bufou fazendo uma careta e com um movimento de varinha fez aparecer uma bandeja com chá.
- Suponho que além de ter minha casa invadida tenho que suportar sua presença para o chá.
- Acertou! Mal posso acreditar que sobrevivi àqueles sádicos. Sinto informar que você já não é meu professor mais malvado, Kingsley escolheu os piores para mim.
- Tenho certeza que mereceu cada minuto.
Harry sorriu de lado, havia algumas partes de seu treinamento que preferia não falar com ninguém.
- Mas então professor...
- Snape, agora já pode me chamar assim. – Cortou o outro.
Harry estranhou a incomodidade do outro.
- Tudo bem. O que andou fazendo além de me mandar cartas malcriadas? Pensei que iria voltar a Hogwarts.
Snape negou com a cabeça e pareceu ficar introspectivo. Harry havia aprendido com Andrômeda a respeitar esses momentos de silêncio, com ela tinha entendido que não é preciso estar falando para passar um bom tempo juntos. Estavam num silêncio cômodo tomando chá quando Harry sentiu sua pulseira esquentar, quando olhou-a viu uma mensagem para ir até o Departamento.
- Tenho que ir, acho que vou ter minha primeira missão.
- Agora já pode deixar sair todo o seu complexo de herói e ser ainda mais adorado, deve estar feliz.
- Muito! Nos vemos Snape, procure não tomar tanto sol, quase não te reconheci com esse bronzeado. – Ironizou Harry desaparecendo.
Snape escondeu seu sorriso atrás da xícara de chá, sua tutela sobre o garoto dourado dava alguns frutos afinal.
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Draco não estava certo se gostava muito da aproximação do pai com o sr. Greengrass, sabia que após a morte da mãe ele havia estado sozinho e trancado na mansão, mas ainda tinha fresco na mente o que acontecera com o último amante do pai. Reconhecia que Lucius Malfoy não era homem que aguentasse ficar fora de ação muito tempo, a guerra ainda era uma ferida aberta na sociedade mágica e ele achou por bem que os dois ficassem recolhidos à segurança de Malfoy Manor, mas ao que parece o resguardo ia acabar.
- Tem certeza de que não quer vir conosco? – Perguntou Lucius enquanto conferia sua imagem no enorme espelho de seu quarto.
- Acho que seria demais para o meu pobre cérebro ver como vocês dois passam a noite trocando comentários maliciosos e olhares lascivos.
Lucius deu um sorriso carinhoso que só deixava aparecer em casa.
- Vamos conversar sobre política.
- Se bem me lembro você dizia que um bom acordo é celebrado na cama.
Uma fugaz amargura passou pelos olhos do loiro maior e Draco desejou ter mordido a língua. A aparição de um dos elfos tirou-os do silêncio incômodo.
- Amo Lucius senhor, Tip já recebeu e levou o amo Greengrass à sala senhor.
- Adiantado, esse ai está louco para pular na sua cama papai.
- Não seja vulgar Draco.
O jovem revirou os olhos.
- Esse nobre mago chegou adiantado, o que nos faz perceber como está ansioso para desfrutar da sua companhia e da sua famosa habilidade de produzir orgasmos.
Claro que Draco era esperto o bastante para sair correndo antes de terminar a frase, Lucius ficou sem saber se ria ou se ia atrás do filho para dar-lhe um sermão. Optou por rir e foi se encontrar com seu acompanhante da noite.
- Me pergunto como você faz para estar sempre tão impressionante Lucius.
A resposta é simples claro, Lucius gosta de impressionar. Havia trocado as elegantes túnicas negras por uma verde musgo e uma camisa branca da mais fina cambraia. Seu inseparável bastão estava ali conferindo-lhe um ar imponente e seus sedosos e brilhantes tinha a parte de cima atada por um cordão verde do mesmo tecido da túnica e as mechas soltas caiam até quase a metade de suas costas.
- Sou assim naturalmente meu caro.
- Claro. E o jovem Draco?
- Se escondendo por sua vida claro.
O brilho nos olhos do loiro lhe deram esperanças de celebrarem sua aliança na cama. Sem mais demora conduziu-o até a lareira e disse o nome do restaurante em que havia reservado uma mesa. Assim que chegaram Lucius reconheceu o lugar como um dos que Narcissa gostava muito. Ainda tiravam cinzas das vestes quando a recepcionista se aproximou.
- Sr. Malfoy uma honra voltar a servi-lo. Seja bem-vindo.
- Com tão agradável recepção me sinto mais que bem-vindo. – Disse ele soltando um de seus sorrisos mais sedutores que fizeram a mulher miúda corar e pigarrear.
- Sr. Greengrass, sinta-se igualmente bem-vindo, presumo que sua reserva é para os dois?
Ante o assentimento do homem ela se virou fazendo um gesto para que a seguissem.
- Que feio sr. Malfoy, flertando com a pobre mulher quando sabe que hoje só deveria seduzir a mim. – Disse Augustus muito próximo do ouvido do outro.
- Seria um crime da minha parte privar a humanidade do meu charme.
Na opinião do outro crime era ter tanto charme, mas preferiu não dizer. Sentaram-se para jantar numa mesa que para a surpresa de Lucius ficava numa zona visível do restaurante na área VIP, que estava num piso elevado.
- Ora, não pensou que eu fosse jantar com um dos homens mais desejados da Inglaterra mágica e esconder não é?
- No momento atual, não sei se me sinto lisonjeado por isso ou se começo a duvidar da sua preocupação com a imagem da sua família.
Augustus suspirou.
- Se quer passar aos assuntos molestos de logo de cara, sim, eu nunca fui partidário do Lorde, mas também não ajudei ativamente a Ordem, sou neutro. O que me faz ter boa imagem é o fato de que quando me prestei a ajudar nosso bando de salvadores foi que dei a eles algo que não tinham: um planejamento tão bom quanto o do Lord. Não acreditaria nas asneiras que eles faziam.
- Nada mais me surpreende.
- Bem, o fato é que não sou um político, mas sou do Wizengamot e não estou exatamente satisfeito com o rumo das coisas. Somos uma parcela pequena Lucius, mas sei que com o homem certo podemos recuperar boa parte dos membros. Sabe como funciona, eles se rendem ao que jogar melhor, mas não sou bom nisso e do lado inimigo temos Shacklebolt e Granger. Sou obrigado a reconhecer a eloquência da garota.
- A eloquência da garota não ganha de experiência. Minha condenação foi leve, não fui a Azkaban, mas ninguém com a marca negra pode participar do Wizengamot ou ter cargo no Ministério. Isso limita nossas opções, não posso redarguir eu mesmo a Granger. Precisamos de alguém mais velho, da nossa geração para trás, seria bom se tivesse participado da guerra do lado da Ordem ou do Ministério.
- Por que acho que está só se exibindo e que já sabe exatamente quem quer chamar?
Lucius sorriu também, mas foram interrompidos pelo garçom que anotou seus pedidos e fez aparecer imediatamente o vinho que pediram.
- E então Lucius? A quem devo procurar?
- Lembra-se de Lara McNair?
- Por Merlin! Não pode estar falando sério. – Augustus arregalou os olhos.
Lucius sorriu com superioridade.
- Ela é uma sangue-pura orgulhosa de sua linhagem e de suas tradições.
- Sim, como não. Nada mais tradicional que desistir de uma cerimônia de enlace depois que o oficiador começou o conjuro e optar por se tornar rompedora de maldições e...
- Se juntar ao Ministério na primeira e na segunda guerra contra Vol... Voldemort. – Lucius ainda tinha problemas em dizer o nome, mas se esforçava para dizê-lo.
- A mulher é louca.
- É perfeita, é uma dama sangue-pura que lutou contra a família. E vai ser fácil tê-la ao seu lado contra Granger.
- Por quê? Da última vez que conferi, ela ainda era uma das subordinadas do Shacklebolt.
Lucius revirou os olhos.
- Você não tem mesmo talento para isso, eu soube que ela está pronta para amaldiçoar o Ministro e Granger, na guerra, seu irmão Walden e os dois sobrinhos morreram. Deve se lembrar de que Walden II teve um casal de filhos, como eram todos comensais os dois garotos caíram naquela lei de Granger, de mandar os menores filhos ou familiares diretos de comensais para uma escola especial e que os obriga a entrar num programa de reinserção. Claro que ela não ficou nada feliz com isso, nem com a recusa do gabinete do Ministro de abrir uma exceção e deixa-la cuidar dos sobrinhos-netos.
Augustus fez uma careta.
- Maldito programa. Foi uma das reformas que ela conseguiu primeiro, ainda nem tinha voltado a Hogwarts para o último ano. A sessão do Wizengamot foi memorável, quase partirmos para os feitiços, mas quando o próprio Harry Potter falou a favor o tribunal caiu de joelhos claro. Isso mais a retificação do ministro e estava acabado, tivemos que engolir.
- E o mundo mágico está nas mãos de alguns pirralhos sem cérebro. – Resmungou Lucius.
- Entende agora por que preciso da sua ajuda? Ilumine-me ó sábio. – Ironizou o homem de cabelos castanhos.
Lucius sorriu.
- Gosto de como você suplica, podemos tentar isso logo mais. – Provocou. – Agora, nossa comida está vindo, me entretenha.
A diferença entre os dois era que enquanto Augustus pedia, Lucius ordenava, como um verdadeiro rei. Como esse tipo de homem pôde se ajoelhar diante de Voldemort era um mistério, o loiro era muito altivo e parecia ter um orgulho inquebrável.
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Draco estava acostumado a ficar com o pai já que depois do julgamento evitava sair por causa da hostilidade da população. Não tinha pensado no quão solitária podia ser a mansão vazia, de mau humor decidiu que iria dormir e que no outro dia Lucius teria uma boa dose de chantagem emocional. Já estava com o pé no primeiro degrau da escada quando a lareira se acendeu.
- Malfoy? Está ai? – A voz feminina encheu a casa e ele reconheceu-a.
- Não, minha mansão agora é um albergue, claro que estou aqui Greengrass. Quem esperava?
- Nossos pais se agarrando?
Draco fez um som de arcada e Daphne riu.
- Acho injusto que os dois velhinhos saiam para transar e nós dois fiquemos em casa, por isso resolvi te chamar pra sair.
- Ah, entendi. Também quer seu pedacinho de Malfoy certo? – Draco zombou. – Somos assim mesmo, viciantes.
- Tinha me esquecido do tamanho do seu ego. Que tal liberar a lareira? Odeio ficar agachada para conversar.
Com um movimento de varinha Draco permitiu que a outra entrasse na saleta. Daphne como o pai tinha cabelos castanhos, tinha-os curtos em estilo Chanel era muito bonita a maneira com que os fios formavam cachos ao redor do rosto dela. Estava arrumada para sair, para assombro de Draco usava uma calça de couro colada ao corpo e uma blusa de decote escandaloso.
- Não precisa babar querido.
- Está confundida, estou é tentando saber onde foi parar o resto da sua roupa.
Ela deu uma risadinha e deu de ombros.
- Segundo Pansy, a única vantagem de ser uma tábua é não precisar de sutiã.
- Ainda fala com ela? – Ele perguntou sério.
- Não, ela sumiu depois da guerra. Gosto de pensar que saiu do país.
- Que Hufflepuff da sua parte. – Disse ele sombrio.
- Não vim aqui para chorarmos por companheiros perdidos. Quero sair e como não sabemos pra que casa os nossos pais vão depois do encontro pensei em te levar comigo.
- A falta de cuidado é genética nos Greengrass, não sabe que é perigoso sair comigo?
- Não seja exagerado Malfoy. Vamos a uma boate, ninguém vai parar de dançar porque você está lá, o lugar é do Theo, tem mais slytherins que qualquer outro. Acredite, você não é o único a ser perseguido.
Draco estava bastante tentado, há meses que não saia de casa e ir a um lugar onde poderia reencontrar seus antigos companheiros...
- Vamos logo Malfoy, está louco para se exibir que eu sei.
- É uma caridade para com o mundo deixar minha figura iluminar suas tristes vidas.
Daphne revirou os olhos.
- Não demore duas horas para se arrumar, seja rápido.
- A perfeição não é rápida.
- Pense nos nossos pais se agarrando, se demorar muito quando chegar na sala pode se deparar com eles tirando a roupa.
- Argh! – Draco saiu correndo e deixou-a rindo.
Incrivelmente ele ficou pronto em apenas quarenta minutos, um recorde. Nunca confessaria também, mas a pressa tinha sido para sair de casa e se divertir um pouco. Usava uma blusa de tecido leve branca que deixava entrever seus mamilos e os contornos de seu corpo, a calça não era tão apertada quanto a da amiga, mas marcava muito bem sua cintura e sua bem formada bunda. Desde que saía de Azkaban tinha deixado o cabelo crescer e agora ele estava solto, caindo em cascata pelas costas.
- Você está absurdamente desejável. – Daphne elogiou.
- Sim, eu sei. Vamos logo? Pensei que estava com pressa.
- Vou adorar ver você na boate. Geralmente é o Blaise que tem todas as atenções.
- Zabini? Ele nem é tão bonito assim.
- Claro Malfoy, claro...
- Se vamos sair juntos pode me chamar de Draco.
- Ok, mas vamos logo, pretendo me divertir antes que meu pai venha com um sermão sobre como devo me comportar.
Draco obrigou-se a não pensar no que seu próprio pai diria de sua saída improvisada. Empurrou o pensamento para o fundo da mente e resolveu se divertir. Ele e Daphne saíram pela lareira de um espaço escurecido. Podia sentir a vibração da música através das paredes.
- Barulhento não acha?
- Deixa de ser chato, viemos dançar.
Draco deu de ombros e a seguiu, quando saíram da saleta percebeu porque ela havia dito que ninguém repararia nele, o lugar parecia um formigueiro, as pessoas dançavam ao som de uma música que ele não reconhecia, mas que admitia ser empolgante. Daphne o puxou pela mão através da multidão até que ele percebeu que ela o arrastava escada acima para o segundo nível do lugar, ali a música era mais baixa e havia um bar muito chamativo e rostos que ele conhecia.
- Ora, ora... Draco Malfoy em meu humilde estabelecimento. – Provocou Theo ao vê-lo.
O loiro revirou os olhos e estendeu a mão para o ex-companheiro que saudou-o com um sorriso.
- Sempre pensei em você como um estudioso, não como empresário.
- O Ministério não dá muitas opções para os nossos, tenho certeza que sabe disso.
- Sim. – Disse sério, mas logo sorriu ao olhar o bonito moreno sentado ao lado de Theo na mesa redonda. – Soube que andava por aqui Blaise.
- E ficou com saudade?
- Na verdade sim, pensei que pudéssemos dançar. – Disse Draco simplesmente.
Blaise e Draco haviam terminado o sexto ano brigados, mas o moreno pensou que esse convite seria o mais próximo de uma desculpa que ouviria do outro, assim que optou por dar de ombros.
- Duvido que você possa me acompanhar Draco. – Disse maliciosamente.
- Isso é um desafio?
Theo e Daphne sorriram ao ver os dois saindo para a pista, ela se recostou na amurada que dava uma visão panorâmica do público e recebeu com um sorriso o copo com uma bebida verde que Theo lhe oferecia.
- Não sabia que você e Malfoy estavam mantendo contato.
- Não sabia que tinha que te dar tantas satisfações. – Espetou ela. – Só resolvi resgatar ele desse exílio ridículo.
Theo franziu o cenho enquanto abraçava a namorada por trás e apoiava seu queixo no ombro delicado.
- Não sei se é ridículo Daphne, nós que estivemos mais afastados da guerra somos alvo da má vontade e da raiva das pessoas, imagine ele.
- Sabe perfeitamente qual é a minha opinião, que se nos escondermos vai ser pior.
- Você fica sexy quando discursa, sabia? – Provocou ele beijando-lhe a nuca.
- Sei sim, mas querido, sexy define aqueles dois?
Como era de se esperar Draco e Blaise chamavam muito a atenção. O contraste entre a beleza dos dois era gritante, Blaise era uma beleza de pele de ébano e músculos marcados a mostra com sua camiseta sem mangas. Draco era um provocante loiro de pele pálida e que dançava provocando todos a seu redor. Até mesmo Blaise parou para assisti-lo movendo os quadris sedutoramente, mas ele também era uma serpente e se recuperou rapidamente. Alcançou o loiro e colocou-se atrás dele adorando os olhares de volúpia que recebiam, sem o menor pudor deixou suas mãos deslizarem pelos braços de Draco até segurar seus quadris movendo-os no mesmo ritmo da música. Os gritos aumentaram quando ele deslizou a mão para dentro da camisa do menor e subiu-a um pouco revelando um pouco de pele pálida. Os dois sorriram um para o outro, mas os sorrisos morreram quando uma explosão assustou a todos. Draco esteve com sua varinha em punho prontamente, mas outra explosão acima deles foi muito rápida para qualquer reação e depois de um tempo tudo ficou escuro.
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Harry não sabia que ser novato era sinônimo de ser explorado. Havia sido chamado para cobrir o plantão de um colega resfriado, estava olhando um pomo de ouro voando pelo escritório quando um alarme estridente começou a tocar na Central. Levantou-se prontamente e encontrou-se com mais três aurores no saguão de aparição onde aguardariam instruções. Leslie Malbor era a auror responsável por receber chamadas de emergência e organizar o atendimento.
- Houve um ataque a uma boate com bombas trouxas. Vocês tem que ir até ajudar no transporte dos feridos e acalmar os ânimos. O lugar pertence a Theodore Nott e não sabemos de que tipo de ataque se trata.
Sem mais perguntas os quatro apareceram segundo as instruções dela e Harry viu as unidades de St. Mungo recolhendo feridos. Harry e seus companheiros entraram rapidamente nos escombros ajudando os estavam feridos e levando-os para as unidades de medimagia. Harry Podia sentir resquícios de magia anti-aparição no local e estranhou o uso desse feitiço complexo. Entre a fumaça e o caos um destelo de dourado chamou sua atenção, eram cabelos platinados, esperando estar enganado ele foi se aproximando do corpo estendido no chão e percebeu que uma outra figura se aproximava pelo outro lado, seus instintos o fizeram segurar firme em sua varinha. Era óbvio que o homem não estava ali na hora da explosão devido a sua roupa sem nenhum vestígio de poeira. Ele estava de capuz e Harry só podia ver o cabelo emaranhado que escapava, se viu obrigado a agir quando Draco abriu os olhos e olhou para o homem sua expressão era de puro terror e quando o outro sacou a varinha e apontou Harry deixou-se ver.
- Expelliarmus!
A varinha do outro voou e Harry a pegou, mas também se impressionou ao ver ninguém menos que Greyback, os anos de guerra o fizeram agir prontamente e atacar o outro. Os reflexos do homem lobo o fizeram se esquivar e usar sua força sobre-humana para atirar um grande bloco de concreto na direção de Harry, este sem titubear se livrou com um potente evanesco já tendo chamado reforços pela pulseira especial dos aurores. Não esperando que a nuvem de pó se dissipasse Harry voltou a atacar o lobisomem, mas se surpreendeu quando ele foi novamente atrás de Malfoy, que continuava sem poder se mover. Um de seus companheiros já tinham chegado e os dois rodeavam o homem, que mais parecia uma besta enfurecida que grunhia e mostrava os afiados dentes, junto com seu parceiro Harry conseguiu atar Greyback, e se aproximou para desmaiá-lo. Diante de seus olhos tinha um dos comensais que mais odiava, era tentador matá-lo, mas preferia que ele sofresse na prisão. Por mais que o achasse repulsivo, percebeu que algo não andava bem quando na testa do outro começou a brilhar um símbolo estranho e ele desapareceu bem diante dos olhos estupefatos de Harry e de seu companheiro John.
- Puta que pariu! Cavan vai enfartar quando souber. – Gemeu o outro.
- Maldição! – Harry praguejou baixinho. – Peça reforços e chame a unidade de rastreamento.
- Quem morreu e te nomeou o chefe? – John perguntou espezinhado.
- Ah não sabia? Foi o Voldemort, agora mexa esse rabo e faça o que eu mandei. – Harry gritou.
Depois de saber que teria suas ordens cumpridas o moreno foi até Draco que se apoiava nos cotovelos tentando ver melhor sua perna presa debaixo de uma viga.
- Ei Malfoy, será que agora sempre vou ter que te salvar o traseiro?
Draco fulminou-o com o olhar, mas Harry não ligou. Ajoelhou-se e analisou que a perna estava esmagada e que não podia mover o loiro sem a presença de um medimago ou corria o risco de causar uma hemorragia que mataria o outro.
- É, você está bem ferrado.
A resposta de Draco foi gemer, afinal, ele sentia a dor e os tremores, podia deixar a briga com Potter para depois. Deixou a cabeça cair sentindo gotas de suor na face.
- Não é muito Gryffindor da sua parte ficar feliz por isso.
O loiro sentiu um pano limpando seu rosto e quando abriu os olhos se deparou com as duas esmeraldas que Harry tinha por olhos mirando-lhe fixamente.
- Fecha a boca loirinho.
Draco ia retrucar quando chegou um medimago e sem prévio aviso desapareceu com a viga fazendo-o chiar de dor e agarrar algo para apertar, que por casualidade era a coxa de Harry, detalhe do qual ele não se precatou naquele momento.
