Disclaimer: só para constar, Saint Seiya e seus personagens é propriedade de Kurumada, Toei, e afins. Isso é só uma tentativa de fazer uma fic...
Prólogo – Onde eventos mais antigos são mencionados
Aquela era uma época de grande medo e apreensão para o povo druida. Havia uma sombra sinistra que se espalhava pela floresta e, freqüentemente, alguma criança ou jovem da aldeia desaparecia por alguns dias para depois ser encontrado morto. Para evitar alguma possível tragédia as pessoas já nem deixavam suas casas.
Os três maiores sábios da aldeia não falavam nada, mas sabiam exatamente qual era a causa do mal que se espalhava por aquela região. E sabiam que não poderiam extingui-lo sozinhos, somente poderiam retardar suas ações. Então resolveram ir até a floresta e unir forças ao rei dos elfos, um mago de grande poder e, assim, fazer tudo o que lhes fosse possível para impedir o espírito mal pelo menos por um tempo.
Antes de partir, Yarilo, um dos três druidas chamou sua esposa e lhe disse:
- É provável que eu não retorne desta jornada Ausriné, então eu lhe encarregarei de educar o pequeno Shaka, e peço que, quando a minha morte for uma certeza, lhe entregue este livro o medalhão da família e esse claddagh. Esse legado que estou deixando com certeza será útil no futuro de nosso filho. O livro e o medalhão irão ajuda-lo a enfrentar os problemas que virão, mas o claddagh não é para ele, mas para proteger a pessoa que ele escolher. Quando ele nasceu eu vi que nosso Shaka estava destinado a cumprir grandes feitos, mas o caminho será doloroso para ele e não deves impedi-lo.
-Eu entendo quais são as regras nestes assuntos - disse a mulher pesarosa - no entanto não consigo deixar de pensar que este seja um fardo muito pesado para uma criança...
- Ele não será uma criança para sempre, e é seu dever fazer com que ele se torne um homem capaz de cumprir esta tarefa. Eu tenho fé que ele se sairá bem. Confio muito em meu filho e em você também, você conseguirá prepara-lo para enfrentar qualquer desafio que surja.
Então Yarilo deu um beijo em sua esposa, afagou os cabelos da criança loira que dormia e disse bem baixinho:
- Adeus, meu filho. Você vai ser um homem de grande honra e eu sei que vai defender nosso povo. Cuide da sua mãe por mim.
Yarilo partiu junto com os outros dois magos. Aquela fora a ultima vez que sua esposa o vira com vida.
Conforme os dias passavam e não haviam notícias dos três druidas, alguns homens valentes do povoado decidiram partir para a floresta em busca dos sacerdotes. Partiram pela manhã e retornaram ao anoitecer, trazendo três corpos. O pequeno Shaka, com seus olhinhos azuis cheios de lágrimas acompanhava aquele cortejo, sentindo uma dor até então desconhecida, vendo seu pai ser carregado pelos homens do povoado, um corpo sem vida, não mais um homem forte, sábio e gentil. As pessoas da aldeia desesperadas de tanta dor. Sua mãe suportava tudo de maneira estóica. Ela tomou o filho pela mão e o levou para casa, onde lhe disse:
- A partir de agora somos nós dois, mas você terá que se esforçar sempre para ser um druida digno e sábio, para poder substituir seu pai quando chegar a hora.
Então Ausriné, como o marido pedira antes de partir, entregou para o filho uma caixa com um livro e dois amuletos e continuou, chorando:
- Você ainda é uma criança, e por enquanto essas coisas que seu pai lhe deixou não tem utilidade, mas quando se tornar adulto elas lhe serão extremamente valiosas. Guarde-as muito bem. Mas eu quero, acima de tudo, que você me prometa que vai ser sempre muito cuidadoso. O caminho pode ser doloroso, mas não se esqueça de que também existirão alegrias imensas em seu destino.
O menino abraçou a mãe. Não gostava de vê-la triste e sabia que teria que protege-la agora que não tinha mais o pai.
- Mãe, eu vou cuidar da senhora. Eu vou fazer direitinho o que o pai queria e eu vou ter cuidado. Mas não chora assim que eu não gosto.
Ausriné pegou o filho no colo, o apertou contra si e em seguida lhe deu um beijo na testa.
-Eu sei filho. Eu já me orgulho demais de você.
Na terra dos elfos também havia grande consternação. O pequeno Mu soube através do falatório dos criados que seu pai, o rei, morrera ao unir seus poderes ao dos três sacerdotes-druidas para selar a alma do mago-demônio. Elfos e druidas nunca mantiveram relações estreitas de amizade por discordarem das crenças e filosofias uns dos outros. Mas seus líderes acabaram por unir forças para tentar deter o demônio que ameaçava os dois povos.
O pequeno príncipe elfo passava seus dias sem sorrir e falando muito pouco. Ele sentia que não tinha motivos para fazer tais coisas e já não sentia alegria brincando com as outras crianças. Na verdade, Um era uma criança com alguns dons especiais e ele podia sentir algo sinistro, como uma sombra que estivesse espreitando, vigiando a tudo e a todos. Mas o menino não conseguia elaborar estes pensamentos com exatidão, somente sentia angústia e uma tristeza que parecia infinita. Seu irmão, Shion, que agora era o rei dos elfos, se preocupava muito e tentava descobrir porque Mu se tornara uma criança tão quieta e melancólica, pois seria de se esperar que, após algum tempo, o principezinho voltasse a se alegrar e a brincar como sempre fizera. Seu irmão mais velho e os criados tentavam de tudo para alegra-lo, mas não obtinham resultado. E alguns anos ainda iriam se passar antes que o príncipe voltasse a sorrir.
Capítulo 1 – Shaka contempla seu destino
Nove anos haviam se passado desde a morte dos três druidas. Shaka agora era um jovem prestes a completar 16 anos, idade que seu povo considerava a maioridade. Havia se tornado um rapaz muito bonito e ajuizado e sempre se esforçara muito para ser digno de substituir o pai como um dos três mestres-druidas da tribo. Não eram poucas as garotas do povoado que suspiravam por ele, mas o loiro não conseguia retribuir a afeição de nenhuma delas. Suas únicas preocupações eram cuidar da mãe e dedicar-se aos estudos das magias e tradições de seu clã. O garoto sabia que havia herdado uma espécie de tarefa, com a qual se relacionavam a morte do pai e ao povo dos elfos, que viviam no extremo sul.
Shaka sempre possuiu uma imensa curiosidade em relação aos elfos, desejava intensamente ver como era aquele povo misterioso a respeito do qual os druidas falavam tantas coisas estranhas. Diziam que os elfos não tinham deuses e que não se importavam em transformar as coisas se aquilo atendesse aos seus propósitos. Mas a mãe de Shaka sempre lhe disse que esse tipo de falatório era devido à ignorância das pessoas e que os elfos somente praticavam um tipo de magia e obedeciam princípios diferentes daqueles seguidos pelos druidas. Por isso o rapaz desejava ver como era aquele povo com seus próprios olhos, para tirar suas próprias conclusões sobre o assunto.
Na noite do aniversário de Shaka ocorreria uma espécie de ritual, realizado quando os jovens da aldeia se tornavam adultos, onde os sacerdotes invocariam espíritos que fariam com que o garoto contemplasse as vastas possibilidades do seu futuro durante o sono. A alma saía do corpo e pairava sobre o mundo, e essa seria uma chance para Shaka encontrar algo para se guiar, para poder, assim, descobrir qual era exatamente a missão que o pai lhe deixara.
Dohko, um dos sacerdote da aldeia disse a Shaka antes do garoto dormir:
- Lembre-se de que aquilo que verá esta noite será importante para sua vida, mas não deve basear suas escolhas somente nestas visões. Você deve entender sempre que o destino pode ser traiçoeiro e não há como fugir dele. Se houverem visões de tristeza não deve se desesperar mas tentar sempre compreender as razões daquilo.
-Eu vou me lembrar disso, senhor - respondeu Shaka, que já não se agüentava de vontade de dormir e ter as visões.
- Eu sei que você é um garoto sensato e que vai agir bem sempre. Então, até que o sol nasça, minha criança, terás as visões de seu futuro, os que serão e os que nunca irão ocorrer. Espero que passe bem a noite. - Disse o druida mais velho e se retirou, deixando o rapaz sozinho no templo que ficava ao centro da aldeia.
Shaka se deitou embaixo da clarabóia e ficou olhando as estrelas até adormecer. Ouvia distante os murmúrios dos cânticos que as pessoas entoavam do lado de fora do templo. Quando deu por si, sentia-se flutuando e imagens estranhas dançavam diante de seus olhos azuis. Viu morte e imensas tristezas,alegrias e todo tipo de coisa que sua mente pudesse conceber. Era uma experiência indescritível, imagens do passado e do futuro passavam diante de si ao mesmo tempo em que via as coisas acontecerem ao seu redor. Seu espírito planava muito alto e, de repente, o garoto via embaixo de si uma terra que lhe era totalmente estranha, com construções imponentes e belas.
Curioso, o garoto deixou-se vagar pela cidade estranha até que encontrou um castelo lindíssimo, todo de mármore e prata. Entrou e viu uma grande movimentação, pessoas estranhas e atarefadas corriam de um lado para o outro. "Então aquela era a cidade dos elfos!" pensou. Finalmente saciaria sua curiosidade a respeito daquele lugar. Percorreu diversos cômodos daquela torre, observando tudo com entusiasmo e admiração.O garoto achou que os elfos eram um povo realmente fascinante, tudo ali era tão luxuoso, requintado. Era muito diferente do povoado em que vivia, pois os druidas acreditavam que deveriam viver com simplicidade para estar sempre perto dos deuses da natureza.Shaka continuou sua "excursão" pelo castelo élfico, até que chegou a um quarto e estancou.
Havia uma pessoa dormindo ali, a criatura mais bela que Shaka já havia visto em sua vida. Era um garoto, provavelmente da sua idade, com longos cabelos cor de lavanda, uma pele tão pálida quanto neve, feição suave e serena. Shaka ficou maravilhado, sentiu como se algo apertasse dentro de si, queria ficar ao lado daquela criatura tão linda para sempre. Lembrou-se com pesar de que, em breve, o sol nasceria e teria de voltar para o seu corpo. Sem conseguir se conter e sem se dar conta de que estava ali somente em espírito, começou a se aproximar lentamente do menino adormecido, como se fosse toca-lo. Então o jovem elfo acordou, e com uma expressão curiosa, olhou diretamente para S, como se pudesse vê-lo.
Shaka, como que hipnotizado por aqueles olhos verdes que o encaravam começou a se aproximar do outro garoto. O elfo sorriu e perguntou algo que o jovem druida não ouviu, pois nesse momento, aconteceu a ultima coisa que Shaka desejaria naquele momento. O sol nasceu e o encanto que permitia à sua alma ficar fora do corpo terminou...
