Capitulo 1: 7x17 – All things.
Scully adormeceu enquanto Mulder falava. Ele não sabia dizer a quanto tempo ela já estava dormindo, o que o fez sorrir. Ela estava realmente muito cansada, então não quis acorda-la. Mulder a cobriu com um cobertor que havia no sofá e analisou a expressão tranquila dela enquanto dormia. Retirou suavemente uma mecha que caia nos seus olhos e a colocou atrás da orelha. Por um momento teve o ímpeto de beijar os lábios dela novamente, mas não seria apropriado, porém sorriu com a possibilidade. Levantou vagarosamente para não atrapalhar seu sono e recolheu as xícaras de chá. Ele mesmo já estava bem cansado, mas mesmo assim lavou as xícaras antes de ir se deitar.
Deu mais uma olhada em Scully antes de ir para o quarto, mas ela continuava dormindo profundamente. Apagou as luzes e foi em direção ao quarto. Retirou as roupas rapidamente, enfiando-se embaixo das cobertas usando apenas uma boxer. Mas então voltou a pensar em Scully. Ela acordaria toda dolorida se a deixasse dormir à noite toda naquela posição, então contrariando a preguiça levantou-se novamente e vestiu um robe para ir vê-la. Como ele imaginava, ela ainda dormia profundamente, mas precisava deixa-la mais confortável. Delicadamente Mulder tirou os pés dela de cima da mesa e girou-a para deita-la no sofá. Ela não pareceu incomodar-se com a atitude, aliás, acreditava que ela nem sequer tinha se acordado, até que enquanto acariciava o rosto dela, sentiu a mão dela cobrir a sua e os olhos se abrirem vagamente como uma gata preguiçosa.
- Mulder... Ela resmungou tão baixo que ele mal ouviu na escuridão.
- Desculpe, não queria acordá-la. -Ele se desculpou, ajoelhado ao lado dela. – Só queria deixa-la mais confortável.
- Obrigada, mas... – Ele a interrompeu, tapando os lábios dela.
- Shh volte a dormir. Sei que está cansada.
- Na verdade eu estou pensando naquilo que você estava falando antes de eu pegar no sono...
- O que?
- Sobre todas as nossas escolhas nos terem trazido até aqui... Eu acho que é isso mesmo. – O que você quer dizer, Scully? – Ela sentou-se para ficar no mesmo nível dos olhos dele.
- Eu acho que você sabe. – Scully tocou o rosto dele com as duas mãos e o encarou profundamente.
Nossas escolhas nos trouxeram um ao outro. Era isso que ela queria dizer e ele sabia disso. Ele havia percebido o quanto a desejava quando pensou que a perderia naquele navio no Triângulo das Bermudas. Mas ele temia uma aproximação maior e correr o risco de estragar a amizade e o trabalho deles juntos. Porém aquele olhar dela não o ajudava em nada.
Naturalmente os olhos dele escorregaram até os lábios dela, que pareciam tão convidativos e tocou-os, com os dedos. O coração dela estava disparado e ela suava frio e o calor irradiava por todo seu corpo em antecipação. Eles já tinham ensaiado aquilo várias vezes e foram interrompidos e temendo que isso acontecesse novamente, ela tomou a iniciativa de terminar com a distância que separava os lábios dele dos dela. Ela já havia enfrentado a morte o suficiente para ignorar esta possibilidade que enchia seus pensamentos já havia algum tempo. O beijo começou tímido porém ao ver que era correspondido, se tornou mais intenso e profundo. Mulder infiltrou a língua dentro da boca dela e agarrou-a pela nuca, segurando os cabelos dela entre os dedos. Scully deu uma mordida suave nos lábios dele e ele sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem. Ela deu um sorriso satisfeito e os dois trocaram um olhar cúmplice por um minuto. Os beijos voltaram a se intensificar e Mulder fez menção de retirar o blazer dela, e não foi impedido. Ele se levantou e estendeu a mão para ela. Scully segurou a mão dele com firmeza e ele a carregou até o quarto. Não houve palavras, não havia porquê. Eles eram amigos e parceiros há sete anos e sempre houve aquela fagulha, aquela atração sexual intensa. Depois de ter passado por tanta coisa nos últimos tempos ela não queria mais perder nenhuma oportunidade. Mulder não podia negar que já havia pensado naquilo várias vezes, mas temia estragar a amizade deles, que era mais importante que tudo. Mas ela havia tomado a iniciativa e portanto eles lidariam com isso juntos.
Ele a deitou na cama e retirou a saia dela, delicadamente, suas mãos frias e trêmulas foram percebidas por Scully que deu um leve sorriso.
- Esta é a sua primeira vez, Mulder? Ela brincou, para quebrar um pouco a tensão.
- São sete anos. Não quero decepciona-la.
"Isso seria impossível", Scully pensou. Ele deixou a saia cair no chão e começou a retirar a meia fina delicadamente, acariciando suavemente cada centímetro de pele que descobria. As mãos estavam frias, mas os lábios estavam quentes enquanto a língua subia lambendo-a pelas pernas até alcançar o vão entre as pernas dela. Continuou lambendo-a por cima da calcinha, fazendo-a soltar gemidos involuntários e então prosseguiu até o umbigo dela. A pele dela era alva, macia e perfumada como ele imaginava que seria. Ele circundou o umbigo dela com a língua enquanto as mãos dela agarravam seus cabelos e de seus lábios saíam sons roucos que ele desconhecia, e estavam o excitando ainda mais. Ele sempre achou que o timbre da voz dela era sexy, mas gemendo conseguia ser ainda mais.
- Está tão quente aqui... Ela murmurou, tomando a iniciativa de tirar a blusa. Satisfeito e surpreso com a atitude dela, Mulder concordou e soltou o cordão que prendia seu robe. Scully deixou-o cair pelos ombros dele e abraçou-o, acariciando seus braços. Ah o calor de outro corpo sobre o dela, era algo que ela não sentia já havia algum tempo e por um momento ela simplesmente aproveitou aquela sensação. Mulder tomou cuidado para não deixar todo o peso cair sobre ela, pois ela era tão pequena que ele temia esmaga-la. Por um momento apenas fitou-a, acariciando seus cabelos de cujas raízes algumas gotas de suor já caiam pela testa. A respiração de ambos estava falhada e ele sabia que ela estava tão nervosa como ele, afinal, eles esperaram tanto por aquilo que tinham que fazer de uma forma que fosse inesquecível no bom sentido.
Ele voltou a beijar os lábios dela de forma voraz, mas não limitou-se a eles, seus beijos se espalharam pelo pescoço dela, pelos ombros, descendo pela clavícula até chegar na divisa entre os seios dela, ainda cobertos pelo sutiã. Afastando o sutiã, ele deu uma suave mordida num de seus mamilos, fazendo-a contrair-se involuntariamente. Scully arranhava as costas dele, descendo as mãos até alcançar a cueca boxer, então adentrou-a, apertando suas nádegas. Ele tinha uma bunda firme e bem desenhada, algo que ela nunca percebera antes, coberta pelas calças jeans. Nem mesmo quando o ajudou a se vestir, quando estivera em estado de choque e não era uma surpresa desagradável.
- Scully... Ele resmungou sorridente e ela o fez girar na cama, ficando por cima dele e sentindo a ereção eminente entre suas coxas. – Hum, não posso negar que esta era uma fantasia minha.
- Mulder, cale a boca. Ela jogou os pulsos dele para cima, segurando-os enquanto beijava os lábios dele, descendo pelo peito com mordidas suaves que eram doloridas e excitantes ao mesmo tempo. O quadril balançando contra a virilha dele o enlouquecia então ele soltou-se da mão dela e arrastou-a sentando-se e beijando-a demoradamente enquanto abria o fecho de seu sutiã. Tocou seus seios com reverência e provou seu sabor vagarosamente, fazendo-a arquear as costas para trás, desejando a abraça-la em seguida, tocando-lhe suavemente as costas e beijando-lhe a nuca. Perguntou-se novamente porque não fizeram aquilo antes. Era tão bom estar ali com ela, era excitante e relaxante ao mesmo tempo, pois Scully tinha todas as qualidades que ele podia admirar numa mulher. Scully sentia o mesmo, aconchegada em seus braços, beijava delicadamente seus ombros, apertando-o contra o corpo dela. Era tão bom sentir apenas a pele dos dois uma contra a outra, sem obstáculos, ao menos da cintura pra cima. Instintivamente ambos seguraram o rosto um do outro e voltaram a beijar-se demoradamente, tentando repor todo o tempo perdido até então. Línguas se encontravam e brigavam por espaço nas bocas incansáveis. Porque eles demoraram tanto para fazer aquilo? Scully pensava. Mulder lambeu o pescoço dela, traçando uma linha até seu queixo, fazendo-a esquecer seus pensamentos.
O corpo dela doía ansiando por senti-lo dentro dela, era a maior urgência de sua vida naquele momento. Ela afastou-se dele por um minuto para liberá-lo da boxer apertada sem deixar de encarar os olhos dele. Ele abriu um sorriso sedutor quando ela começou a massageá-lo.
- Sabe eu fiz esse pedido de aniversário alguns anos atrás. – Ele sussurrou no ouvido dela, dando-lhe uma suave mordida no lóbulo da orelha.
- Eu pretendo fazer mais que isso. Ela disse com um olhar lascivo que ele nunca havia visto antes. E ele estava gostando desse lado dela. Scully afastou a calcinha pela lateral e encaixou-se nele, deslizando perfeitamente. Os dois trocaram um gemido de prazer. Mulder agarrou a cintura dela e deixou que ela tomasse as rédeas da situação. Ela estava tão quente e úmida que certamente não demoraria a atingir o orgasmo daquela maneira. Ele sabia que a amava já havia algum tempo, mas sempre temeu levar o relacionamento deles para outro nível e correr o risco de perder sua melhor amiga. Mas depois deste momento seria impossível atrás. Ele já havia negado seu desejo tempo demais, e agora tendo experimentado como poderia ser, não poderia mais negar que era isso que ele almejava.
Scully demorou a perceber que durante todos esses anos não tivera nenhum relacionamento profundo com alguém porque ela já tinha um: Mulder. Eles haviam sido um casal sem sexo desde o primeiro momento e estava na hora de corrigir a parte sexual. Por algum tempo ela pensou que se escondia atrás de seu relacionamento com Mulder porque era seguro, porque eles não precisavam lidar com as complicações que um relacionamento amoroso envolvia, mas ela não podia mais negar que o que sentia por ele passava da amizade. Ele apertava os dentes contra os lábios como se estivesse tentando sufocar uma ejaculação eminente, o que a deixava ainda mais excitada. Ela era pequena, mas forte, ele estava quase perdendo o ar, de tanta força que aquelas coxas tinham para prender sua cintura, era como se ele nunca estivesse dentro dela o suficiente. De repente ela estremeceu e soltou um gemido longo e macio, deixando a força se esvair de seu corpo e deitando a cabeça em seus ombros com a respiração ofegante. Ele queria olhar para o rosto dela, adorava a expressão das mulheres pós-orgasmo e como ele esperava, a dela não deixava a desejar. Ele puxou-a pelo queixo e viu as bochechas rosadas e os lábios entreabertos inchados e convidativos pedindo por mais. Ele acariciou os cabelos dela, jogando-os para trás, pois estavam úmidos e espalhados pela testa dela. E ela sorria satisfeita, não somente pelo orgasmo intenso, mas pelo que ele representava. Ela se sentia livre finalmente, livre para deixar sua libido agir da forma como queria quando estivesse perto dele. De repente o sorriso se transformou numa gargalhada, deixando-o confuso.
- O que é tão engraçado, Scully? Ele perguntou com um olhar que demonstrava um misto de confusão e diversão.
- Venha e você vai descobrir. Ela disse, voltando a rebolar sobre ele. Scully pôs os braços em torno do pescoço dele e deixou-o comandar dessa vez, e ele aproveitou a situação para ergue-la e abaixá-la como se não pesasse nada, aumentando a intensidade e a força da penetração até que ela sentiu a renda de sua calcinha se rasgar. De certa forma foi um alívio, pois agora estavam livres finalmente. O tempo todo ela não tirou os olhos do rosto de Mulder, analisando a intensidade do orgasmo que tivera, por suas expressões faciais. Ela podia sentir o líquido quente jorrando dentro dela de forma demorada até que os espasmos dele diminuíram e ele recostou a cabeça na cabeceira da cama, respirando com dificuldade. Aos poucos, enquanto se acalmava, um sorriso se abriu nos lábios dele e ele entendeu a gargalhada dela. Aquilo era bom demais para ter sido evitado por tanto tempo. Ele começou a rir também e os dois riram juntos mais um pouco até que seus corpos se acalmassem. Scully então saiu de cima dele e deitou-se ao lado dele cobrindo-se até o pescoço.
- Está ficando frio. Ela resmungou trêmula. Ele deitou-se de lado, encaixando-se no corpo dela e cobrindo-se também.
- Melhorou?
- Uhum. Ela resmungou afirmativamente. – Boa noite, Mulder.
- Boa noite Scully.
Eles dormiram juntos, mas acordaram separados. Scully levantou cedo e tentou não fazer muito barulho. Ela precisava ir para casa, tomar um banho e trocar de roupa antes de ir para o trabalho. Durante todo o trajeto ela pensou em como eles agiriam no trabalho, agiriam como se nada tivesse acontecido? Esconderiam? Ela realmente não havia pensado nisso na noite anterior, porém tornar aquilo uma coisa de uma noite só não estava em seus planos. Será que estava nos dele? Ela esperava que não. Não, não estava, mas ao acordar sozinho na cama, sem nenhum vestígio de Scully, além da calcinha rasgada dela jogada em algum canto, era desolador. Procurou por um bilhete, mas ela não havia deixado um. E então ele viu a hora e entendeu: ela saíra cedo para ter tempo de aparecer apresentável no trabalho. Eles não tiveram tempo de falar sobre o trabalho. Como agiriam? Como sempre? Com mais intimidade? O FBI não era um lugar dado a intimidades e era certo que não gostariam de saber do envolvimento deles, então provavelmente o ideal ao menos em público seria fingir que nada havia acontecido. Será que ela pensava o mesmo?
