Off: Olá ! Pessoal, esta é apenas minha terceira fic. Agradeço a todos que quiserem ler e comentar. Escrever é muito importante para mim e são os comentários que nos fazem crescer, assim eu peço que por favor, comentem.

Optei em fazer um UA pela primeira vez. Imaginei a infância dos dourados o que certamente não é um tema muito original, mas espero que a minha abordagem seja. Já li algumas fics sobre este tema, especialmente a série "Douradinhos..." da Shakinha mas espero não estar pegando inconscientemente a idéia de ninguém; esta não é minha intenção. Qualquer coisa, por favor, entrem em contato comigo: Diálogo e respeito são sempre bem-vindos, terei prazer em responder.

Disclaimer: Saint Seiya pertence à Masami Kuramada que é infinitamente mais talentoso e criativo. Todos os direitos pertencem a ele e empresas associadas. Esta é apenas uma fanfic para diversão, de fã para fã.

Lar

Capítulo 1

Lembranças

Contemplava a noite da pequena janela do apartamento ainda menor. Abriu uma fresta, deixando que o vento entrasse. Inalou o ar gelado e pensou que parte daquele frio e da escuridão também tomava conta de seu ser. Era jovem, mas tão diferente dos outros de sua idade. Um sentimento familiar tomava conta de si, era tão forte que chegava a doer: solidão, sua companheira desde a infância.

Pensou que sua vida iria se modificar no dia que chegou naquele lugar. Realmente mudou, no entanto, as coisas não foram como ele imaginou. Começou a recordar-se do local que costumava chamar de lar.

---------------------------------------------------------------------------------------------

14 anos atrás...

Mu estava assustado, nunca vira um lugar tão grande, com tantas crianças. Shion parecia sentir o medo do menino, pegou sua mão e o conduziu para dentro de um dos Chalés. Shaka também se deixou guiar e por um momento o ariano pensou que o indiano tinha tanto medo quanto ele, mas logo o loirinho voltou à sua postura firme. Vestia um sari vermelho escuro e os cabelos durados passavam da cintura. O terceiro olho completava o visual exótico. Aos olhos de Mu ele parecia um pequeno rei de algum conto do qual ele não se recordava direito.

O Chalé era na verdade um grande dormitório, com um pequeno sótão que ocupava apenas uma parte da área superior. Lá havia dois beliches, um guarda-roupa e um banheiro. Na parte térrea havia quatro beliches, um armário maior, uma grande mesa com doze cadeiras e um banheiro grande. A cada lado dos beliches havia dois criados- mudos, um para cada criança com uma gaveta e uma luminária.

Ao entrarem, todos olharam para Shion e os recém chegados. Ele agachou-se, ficando na altura dos garotos e disse carinhosamente:

- Este é o lar de vocês agora. Irão ocupar este beliche, está bem? – Os garotos assentiram. Shion continuou apontando para as outras crianças:

- Garotos, estes são Shaka e Mu – Disse Shion em inglês. Os meninos voltaram sua atenção para eles. Shion prosseguiu, na língua dos recém chegados: - Estes são seus companheiros de quarto. Os gêmeos são Saga e Kanon – Os garotos de cabelos castanhos e olhos azuis sorriram. Pareciam ser os mais velhos. – Aquele é Aiolos e seu irmão Aiolia. – O garoto mais velho sorriu amável. Tinha os cabelos castanhos claros e os olhos verdes. Em seu colo o irmão mais novo, com os cabelos um pouco mais claros e os olhos azuis esverdeados acenou para eles sonolento.

Shion riu e continuou: - Este é Shura - Disse mostrando um menino com cabelos pretos curtos e olhos castanhos esverdeados. – O mais velho prosseguiu, apontando cada criança:

- Aquele é Aldebaram (um garoto grande, moreno, de olhos castanhos e cabelos louros escuros que abriu um grande sorriso ao ouvir seu nome). Aquele é Máscara (Mas o garoto não reagiu e continuou lendo um gibi). Aquele é Afrodite (O garoto sorriu, era encantador com os cabelos loiros compridos e olhos azuis claros). E aqueles são Milo e Camus (Os dois garotos jogavam damas. O primeiro tinha a pele morena, loiro, com os cabelos compridos encaracolados, Sorriu amigável. O outro tinha a pele muito clara, cabelos, lisos, ruivos, um pouco abaixo do ombro e olhos azuis escuros. Ele apenas acenou com a cabeça, quando ouviu seu nome).

Shion voltou-se para Mu e Shaka:

- Nosso lema aqui é que um ajude o outro, então não tenham vergonha de perguntar o que quiserem. Kanon, Saga, Aiolos e Shura são os mais velhos, irão cuidar de vocês. Espero que se sintam em casa aqui. Agora vou deixá-los. Vocês devem estar cansados da longa viagem. Boa Noite! Até amanhã! – Amigavelmente Shion afagou os cabelos dos meninos, gesto não muito apreciado pelo indiano e deixou o quarto.

Assim que o mais velho saiu, Milo largou o jogo de damas e foi em direção aos garotos sorridente:

- Olá! Sejam bem-vindos! Espero que vocês gostem daqui! – Estendeu a mão para cumprimentar os garotos que retribuíram o gesto, embora Mu não entendesse uma palavra do que o garoto dizia em inglês.

- Obrigado. – Murmurou Shaka, também em inglês para a surpresa de Mu.

- O gato comeu a língua do seu amigo? – Perguntou Afrodite, aproximando-se, referindo-se a Mu.

- Ele provavelmente não entende o idioma que estamos falando – Explicou Shaka calmamente. Voltando-se para Mu falou na sua língua: - Estes meninos estão lhe dando as boas vindas.

Mu arregalou os olhos, desde que se conheceram foi a primeira vez que o indiano, geralmente muito calado, falou com ele. Depois se virou para Milo e Afrodite, uniu as mãos e fez uma reverência budista. O escorpiano retribuiu o gesto e falou sorridente:

- Shaka, este é seu nome, né? Diga para seu amigo não se preocupar. Aqui somos todos estrangeiros e aprendemos inglês. Não é difícil, logo ele vai aprender também.

- É claro Milo, se até você conseguiu aprender, qualquer um consegue. – Caçoou Máscara.

- Cala a boca, seu idiota. – Replicou Milo.

- Quem você pensa que é para falar assim comigo, pirralho? Vem aqui calar a minha boca, vem! Eu duvido que você tenha coragem.

- Pois eu vou mesmo!- Sem pensar duas vezes, Milo disparou em direção à Máscara, para o espanto de Mu e Shaka que se esforçava para traduzir tudo ao tibetano. Mesmo sendo menor, Milo parecia não ter medo do garoto mais velho.

- Non Milo. – Disse Camus indo até o menino e segurando sua camiseta impedindo que ele fosse adiante.

- Não sabe se defender sozinho, é Milinho? Precisa sempre que seu amiguinho mais velho te defenda? Oh, que bonitinho... – Máscara começou a gargalhar.

- Me solta Camus! Vou mostrar para este imbecil que eu não preciso que ninguém me proteja! - Esbravejou Milo.

- Já chega! – Interrompeu Aiolos, num tom sereno, porém firme. Colocou o irmão adormecido na cama e se aproximou dos garotos. – Não devemos brigar, quantas vezes é preciso que eu repita isto? Vamos dormir em paz. Amanhã é outro dia. Boa Noite.

Ao ouvir Aiolos, Máscara silenciou. O sagitariano cobriu o irmão e foi para o sótão, onde dormia junto com os garotos mais velhos. Ele dividia um beliche com Shura, enquanto os gêmeos ocupavam o outro. As luzes do Chalé foram apagadas, apenas as luminárias ao lado de cada beliche permaneciam ligadas. Milo retornou ao jogo de damas com Camus, que ganhou mais uma partida. O escorpiano ficou momentaneamente emburrado pela nova derrota, mas logo voltou ao seu bom humor habitual. Ele e Camus deram boa noite aos outros meninos, com exceção de Máscara, desligaram suas luminárias e foram se deitar.

No próximo beliche, Aldebaran e Aiolia dormiam tranquilamente. Suas luzes já estavam apagadas. O outro beliche era o de Shaka e Mu, que permaneciam em pé. No último beliche Máscara voltou ao seu gibi e Afrodite, ao terminar de escovar os longos cabelos falou boa noite aos novatos e foi dormir. Shaka cumprimentou Mu rapidamente e quando ia se deitar Máscara falou novamente:

- Boa noite. Durmam bem novatos. Era só o que faltava, mais dois pirralhos esquisitos. O menor parece um E.T. com esses dois pontos na testa e o outro parece uma bonequinha loira. Aí, loirinha? Não vai falar nada? Sei que entende perfeitamente o que digo.

Shaka apenas lançou-lhe um olhar tão frio que fez o canceriano calar-se definitivamente por aquela noite. O indiano arrependia-se de ter saído de seu país. No mosteiro em que viva as pessoas tratavam-se com muito respeito. Ele pensou que iria aprender muitas coisas naquele país novo, com pessoas de tantas culturas diferentes, mas sentia falta dos monges e não conseguia ver nada de proveitoso ao conviver com aquelas crianças estranhas que trocavam ofensas gratuitamente. Aquilo o irritava.

Mu, alheio ao que era dito, perguntou inocentemente:

- Shaka, ele estava falando com você, não estava? Por que ele apontou para mim? O que ele falou? Você não vai responder?

- Há pessoas que não merecem que lhe dirijam a palavra. – Respondeu Shaka friamente.

- Mas Shaka, o que foi que ele falou? – Insistiu o ariano que não conseguia conter sua curiosidade, o que deixava o loirinho mais nervoso. Dirigiu-se a Mu do mesmo modo que um professor repreende um aluo indisciplinado, com o dedo em riste:

- Escute bem. Eu não sou tradutor, muito menos seu intérprete. Você aceitou sair de seu país e vir para cá, não foi? Ninguém o obrigou, não é? – Shaka continuou, diante dos tímidos acenos positivos que um assustado Mu fazia com a cabeça. – Pois então assuma sua atitude e tente se adaptar. Se teve coragem suficiente para sair de sua casa também deve ter para aprender a falar com estas crianças, embora eu duvide que a comunicação com eles valha alguma coisa.

O outro menino arregalou os olhos verdes, espantado. Shaka finalizou com o mesmo tom autoritário:

- Não me olhe assim! Não se pode depender dos outros. É por si só que deve encontrar o seu caminho. Boa noite. – Apagou a luz e dirigiu-se para a parte inferior do beliche, indo dormir.

Mu ainda ficou alguns momentos estático no escuro tentando absorver tudo que lhe foi dito. Tateou no escuro, achando com dificuldade a escadinha do beliche, subindo para a sua cama.

Começou a refletir sobre o garoto indiano. Seu modo de falar, sua postura, até mesmo sua aparência eram imponentes. Ele não parecia um simples garoto de sete anos como ele. Para Mu, ele era uma miniatura de algum rei, alguém que devia ser muito importante em seu país. Mas do que adiantava ser rei e importante se não estava disposto a ajudá-lo, nem ao menos no que se referia a entender aquela língua estranha? Lembrou das palavras do indiano. Se tinha vindo para o orfanato de livre e espontânea vontade? Não sabia se aquilo tinha sido realmente uma escolha. Como a maioria das crianças naquele lugar ele não tinha ninguém, nenhuma família a zelar por ele ou outro lugar aonde ir.

"É por si só que cada um deve encontrar seu caminho." Sim, ele sabia disso, mas antes nunca tivera contato com outras crianças e agora que estava entre elas pensava que podia ter algum amigo. "Será que, mesmo entre tantas pessoas, continuarei sozinho?" O menino encolheu-se na cama e abraçou o travesseiro. Com medo do que parecia ser um futuro incerto e sombrio chorou baixinho até adormecer.

-