Há muito tempo, nasceu na casa Black uma menina muito pálida e de cabelos pretos

Há muito tempo, nasceu na casa Black uma menina muito pálida e de cabelos pretos. Todos a acharam bonita e com todo o aspecto de uma seguidora das Artes Duvidosas, ou seja, uma Black de verdade.

Os anos foram passando e ela foi crescendo. Tornou-se numa rapariga esbelta, de farta cabeleira aos caracóis, negra; olhos verde-escuros, grandes.

Quando foi para Hogwarts, entrou directamente para Slytherin, o Chapéu Seleccionador nem pestanejou. Arranjou alguns amiguinhos Slytherin e nunca se juntou a alunos de outras casas.

Boa aluna a todas as disciplinas, tirou grandes notas e aprendeu tudo o que tinha de aprender. Era bem comportada, mas algo já dizia que era uma Black de verdade. Os seus olhos eram austeros, as sobrancelhas arqueadas, o andar decidido, empertigada, arrogante.

Um dia ouviu uma conversa sobre Voldemort, uma entre tantas outras que sempre tinha ouvido, mas aquela soou-lhe diferente. Talvez por ser mais crescida, talvez porque tinha de ser naquele dia, daquela forma: vestida com um vestido preto, numa festa de Natal, com um copo de sumo de abóbora na mão. O seu coração disparou e lá dentro bateu uma coisa chamada Amor.

Ficou com aquele desejo no seu interior: conhecer Voldemort e torna-se numa das suas seguidoras. Ela tinha de ir até à casa dele! Perguntou à irmã, Narcissa.

− Onde é que fica a casa de Voldemort?

− Ainda és muito nova para isso.

‒ Não interessa.

‒ Mas eu não sei…

‒ O teu namorado sabe, ele é um deles!

‒ És muito nova para seres…

‒ Eu acho que nós as duas estamos na idade certa para essas coisas.

‒ Nós? Eu também?

‒ Sim, nós somos Black, temos de honrar o nosso nome. E o teu namorado vai-te apoiar.

‒ Mas…

‒ Leva-me até lá!

E foi assim que, numa noite, ambas se dirigiram para a casa de Lord Voldemort.

Hogwarts já tinha acabado, ambas já tinham terminado o curso. Sim, porque depois de terem falado com Lucius, ele achou melhor elas esperarem pelo final do curso.

‒ É aqui.

‒ Vais ver que não te vais arrepender, Narcissa.

‒ A Andromeda não nos apoia.

‒ Estou me nas tintas para ela! O resto da família apoia! ‒ e dito isto bateu com a varinha na porta.

Passados uns minutos apareceu um homem coberto com uma capa negra que lhes perguntou o que desejavam.

‒ Temos uma reunião com Lord Voldemort.

‒ Quem marcou?

‒ Lucius Malfoy.

‒ Quem faço anunciar?

‒ Somos filhas da família Black.

O homem fez um gesto com a varinha e elas perceberam que ele estava a ver se mentiam. Passado um pouco mandou-as entrar.

Ao entrarem, as suas capas abriram-se e os seus capuzes caíram. Entreolharam-se. O homem fez um gesto e elas foram atrás dele. Deixou-as em frente a uma porta e foi-se embora. A porta abriu-se e elas entraram.

‒ Então são vocês que disseram ao Malfoy para eu me dignar a recebê-las. Digam-me então, que querem de mim?

A rapariga de cabelo negro aproximou-se dele e, nos seus olhos, brilhou uma esmeralda:

‒ Queremos ser Devoradoras da Morte.

‒ És tu então, Bellatrix Black.

‒ Sim, sou eu.

‒ Dá-me o teu braço, sinto em ti uma força especial.

E assim começou a história entre Bellatrix e Voldemort. Mal sabia ele que era capaz de amar.