N/A: Primeiro que HP não me pertence e segundo que as palavras em letras minúsculas e as sílabas divididas são de propósito.
Sí-la-bas
(Ele anda pela rua sem entender porque as outras crianças correm e riem umas para as outras. Ele não sabe que aquilo significa felicidade.)
- ele nem ao menos sabe o que quer dizer felicidade. fe-li-ci-da-de;
(E nem sabia que se sentia mal com isso. Não sabia nem se lhe era permitido sentir alguma coisa que não fosse solidão.)
(E em sua caminhada longa ele tropeça e vai de encontro ao chão. O asfalto em sua pele, e a dor tingida de vermelho.)
- dor era um sentimento constante para ele. tudo que lhe era permitido sentir e tudo que ele conhecia. dor;
(Ele mancou até em casa, a dor fisgando cada pedaço de seu corpo e ele pensou que só tinha sete anos. Crianças de sete anos são cuidadas pelas mães. Ganham doces e beijos e ele só via um imenso buraco entre ele e Eileen)
- mãe e todo sentimento maternal que ela (deveria) trazer. mãe, perdida em um lugar onde ele não poderia encontrá-la. Ela não queria ser encontrada. mãe;
(E ele subiu na cadeira, o sangue gotejando no assoalho velho da casa e ele agradeceu, em silêncio – sempre o silêncio – por ela não estar em casa.)
(Os curativos escorregam de suas mãos e seus pés quase tombam da cadeira, o barulho é ensurdecedor e dói. Dói porque ele estava sozinho e não havia ninguém para segurá-lo.)
- nesse caso até o silêncio seria ensurdecedor. si-lên-ci-o;
(E ele lava enquanto sente o machucado latejar. Sua cabeça também dói e seus olhos ardem. Ardem porque ele quer chorar.)
(E sua mãe irrompe pela porta da sala, seu pai gritando logo atrás dela. Eles discutem e você chora como uma pequena criança indefesa)
- uma lágrima por vez por cada tristeza que ele sente. e, na verdade, ele pode chorar a vida inteira que as dores nunca vão escorrer de si. e sua mãe nunca estará com ele. cho-ro;
(Ele era só uma criança que chorava no canto enquanto os pais discutiam. As mãos sobre o rosto, encharcadas de lágrimas de uma dor que só ele sentia e que ninguém seria capaz de curar.)
(Eileen não o olha, não o nota e não o ajuda. Ela tampouco vê o sangue da dor que ela mesma causou. Ela não chora mas tampouco sorri)
(Talvez ela fosse mais feliz se conseguisse o ver ali.)
- ela não quer vê-lo ali. na verdade, não que enxergá-lo. talvez ela simplesmente não consiga. en-xer-gar;
(E eles continuam gritando. Gritam mais quando o vêem encolhido no canto. Ela fica histérica e pergunta o que ele está fazendo ali)
(Não é óbvio, ele diz em palavras mudas. Estou chorando)
- e ela assente, acha plausível e até aceitável. ela vai embora como sempre. em-bo-ra;
(Na verdade ela ainda está ali. Ele também continua encolhido ao canto, as lágrimas pingando duramente no assoalho. E os gritos ficam para trás, assim como a mãe que Eileen nunca foi.)
(E tudo que resta são as lágrimas e a dor. E ele sozinho)
(Só uma criança de sete anos que chora diante uma discussão dos pais. Ele não liga, na verdade. Ele só queria...)
- ela não o abraça nem sorri. nunca diz que o ama e nunca o chama de filho. amor materno;
(As coisas que ele queria e as coisas que ela poderia ser.)
(Eram, e sempre seriam, as mesmas coisas impossíveis. Porque ela não quer e porque ele chora.)
N/A: Feita para o 45º Challenge Relâmpago do 6V, com o tema mãe. Porque eu acredito num Snape com sentimentos, com dores e com lágrimas. Di, obrigada pela betagem, e Giu, obrigada pela super opinião (L)
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