Mais uma vez o cabelo a estivera incomodado e ela tentava frustradamente retira-lo do rosto. O toque angelical que se seguia de uma risada fraca pelo desconforto de não ter conseguido tirar a mecha de cabelo do rosto era quase surreal. E depois a concentração no que quer que estivesse fazendo. Albus divagava muito quando tinha momentos assim com Rose. Ele não entendi por que. As vezes, enquanto Rose procurava a resposta de alguma lição, ele tentava entender o por que de gostar tanto de estar na companhia da prima. Talvez fosse por isso, por que eram primos, mas quando essa idéia atormentava sua mente, ele sempre sentia que um vazio o invadia. A palavra primos tão sem sentido perto dos momentos em que vivia com Rose. O perfume dos cabelos de Rose perto dele fez com que ele voltasse para a realidade.

- Você já achou alguma coisa, Alb? – Ela perguntou, enquanto os cabelos não paravam de balançar sobre o livro que estava lendo. – Eu não suporto esse cabelo. Talvez eu corte. – A voz dela saiu irritada, seguida de mais uma tentativa falha de tirar o cabelo do rosto.

- Não corte, Rose. Eu gosto dele assim. – Não planejou dizer nada disso, mas simplesmente saiu. A idéia de Rose cortar aquele cabelo era inacreditável. O cabelo era basicamente sua marca registrada. O cabelo ruivo e com cachos delicadamente cuidados nas pontas. Ela sorriu, carinhosa, enquanto passava algumas anotações de uns livros para o caderno.

- Obrigada, Alb. Mas isso não vem ao caso. – Ela parou de escrever, colocando a caneta de lado. – Você já decidiu o que fará nas férias? Quero dizer, papai está feito louco querendo ir para a casa da tia Ginny. E eu não agüentaria o Hugo e seus irmãos juntos. Sem contar que Lily vai estar ocupada com Victorie, provavelmente. – Albus deixou se levar pelo modo como ela estava gesticulando e explicando a situação, incrível como ela era a mãe dela em todos os aspectos. Era inteligente, bonita, e irrevogavelmente uma sabe-tudo. No melhor dos sentidos. – E elas conversaram sobre coisas que eu realmente não estou afim de ouvir. – Reclamou, sentando-se na poltrona ao lado de Albus.

- Tudo bem, ficarei as férias em casa. – Um sorriso acolhedor estendeu-se no rosto dele, enquanto ele passava os braços pelos ombros dela e a puxava para perto, protetoramente. – Não deixarei minha prima favorita ser vítima das brincadeiras idiotas dos meus irmãos, acredite. – Ela sorriu, encostando a pequena cabeça no ombro dele. – E nem das conversas fúteis da Vic e da Lils. – Uma risada escapou, enquanto ele apoiava o pescoço carinhosamente sobre a cabeça dela.

Seriam as melhores férias. Como todas as outras foram. E Rose não estivera errada quando disse que Victorie e Lily passariam as férias inteira falando sobre garotos, Teddy, garotos, maquiagens, Teddy e garotos. Rose definitivamente não era dessas garotas. O pensamento de Rose era totalmente limpo, por falta de palavra melhor. Não havia muito com quem conversar, a não ser com Albus, ou sua mãe. Mas ainda assim, seu pensamento ocupava-se com outras coisas, pra ela, talvez mais importantes que um amor de verão. Ou um amor. Encontrava-se ocupada demais com qualquer coisa na escola para notar em garotos. E um garoto em questão estivera sempre com ela e mesmo assim, nunca o notará como mais do que um primo. Rose era perfeitamente pura para pensar em coisas como essas. Albus se repreendia toda vez que pensamentos inapropriados para a relação primo-irmão dos dois apareciam em sua mente. Era errado pensar nisso, mas não negava que vez ou outra, os pensamentos simplesmente fluíam dentro de sua cabeça, aconteciam com toda naturalidade e sem remorso nenhum. Mas depois, vinha a realidade, que de repente tomava conta do que estivera acontecendo dentro de sua cabeça e ele sempre se repreendia. Não podia pensar em Rose assim. O fato de estar pecando e estar ciente disso o deixava doido. Ninguém jamais poderia saber o que acontecia na mente de Albus.