Bem, pessoas, voltei! Mas não com "O Cara Certo!"... Não me matem x.x

Enfim, eu tinha essa adaptação de "O Valor do Sonho" - Da Michelle Reid - no meu computador e resolvi postar para vocês! Como ela já está quase pronta, não vai demorar tanto quanto minhas outras histórias e prometo que vocês vão adorar! :3

Será uma história SasuHina, como sempre rsrs. Terá SasuTen, NejiTen e, se me lembro bem, nada mais de "importante" rsrs. É uma das minhas histórias de menininhas favoritas e eu gosto muitooo dela! Espero mesmo que divirtam-se e deixem suas opiniões para mim! :3

Obrigada pela atenção e boa leitura!


Os preparativos para a festa de casamento caminhavam a todo vapor e Hina estava completamente desanimada para participar dos festejos. Uma noite no La Scala, santo Deus. Ela pensou, sem empolgação. Ali estava ela, cercada pelo luxo da suíte chique do hotel em Milão, pronta para vestir um vestido de grife caro que certamente custara mais do que ela podia imaginar, para poder apresentar-se adequadamente na noite de gala, enquanto que, na Inglaterra, os negócios da família estavam prestes a naufragar, levando tudo o que eles possuíam. Hina não queria ter ido ao casamento da melhor amiga, mas seu pai insistira. O irmão, Neji, havia se mostrado bastante irritado diante da hesitação.

— Não seja tola — dissera ele. — Quer que papai se sinta ainda pior com essa confusão? Vá ao casamento da Tenten como havia planejado e, quando chegar lá, diga que desejo a ela todas as malditas coisas boas da vida de milionária que ela conseguiu.

O comentário havia sido tão maldoso que Hina não gostava de lembrar. Neji nunca perdoaria sua melhor amiga por ter se apaixonado por outro homem.

Tenten e seus pais a pressionaram tanto para viajar a Milão, que no final havia sido mais fácil concordar e fazer o que todos queriam, quando o que ela queria era ficar ao lado do pai, dando-lhe apoio. Mas precisava entrar naquele vestido, Hina disse a si mesma, assoprando para longe uma mecha teimosa que lhe caiu sobre o rosto enquanto ela ajeitava as alças e se virava para o espelho para analisar o resultado.

Ao ver seu reflexo, Hina ficou horrorizada. O vestido era apertado demais em todos os lugares onde não deveria ser, e o tom prateado ficava péssimo em contraste com sua pele clara! E mais uma vez, em seus 22 anos de vida, desejou ardentemente ser uma morena de corpo delicado, como Tenten.

Mas era totalmente diferente. Hina era morena, dona de uma cabeleira de fios lisos e indomados que se recusavam a ficar presos por mais que se esforçasse a arrumá-los. Além disso, sua pele era tão clara que o vestido prateado fazia com que parecesse um fantasma!

Quando Tenten comprou o vestido alguns meses antes para usá-lo na festa de noivado, ficara linda nele... maravilhosa. Mas no dia anterior ela o havia entregado a Hina, dizendo:

— Não sei por que o comprei. Detesto essa cor. O comprimento não é bom e meus seios não o enchem.

Bem, esse problema ela não teria, pensou Hina, mordendo o lábio inferior com os pequeninos dentes brancos enquanto ajeitava a parte de cima ao redor dos seios fartos. Estava agradecida por ter um corpo mais cheio que ajudava a manter o vestido no lugar.

O restante não estava tão ruim quanto pensara, observou, analisando seu reflexo pela segunda vez. Disse a si mesma: seja franca, Hina, esse vestido foi emprestado, você deve...

Uma repentina batida na porta da suíte a tirou de seus devaneios.

— Está pronta, Hinata? — a mãe de Tenten chamou. — Não podemos nos atrasar para chegar ao La Scala.

Certamente não, pensou Hina com ironia.

— Só mais um minuto! — respondeu.

O La Scala não espera por ninguém, nem mesmo pelos homens da alta sociedade italiana com quem ela se misturaria em instantes, pensou enquanto calçava os delicados sapatos prateados de salto alto. Em seguida, virou-se para passar uma camada de brilho nos lábios. Havia se recusado veementemente a usar o vermelho sedutor que Tenten lhe oferecera com o vestido.

Analisando o reflexo no espelho uma vez mais, de repente achou graça por se ver ali em pé, usando um vestido emprestado que mal lhe servia. Riu pela primeira vez em semanas. Tudo que precisava naquele momento era que sua melhor amiga lhe desse aquele fabuloso anel de diamantes que recebera de presente de noivado e tudo ficaria perfeito. Todas as contas da família poderiam ser pagas com a venda da jóia. No entanto, Tenten não era assim tão generosa... mas Hina não se ressentia por isso. Tenten Mitsashi era sua amiga mais íntima desde que estudavam no mesmo rígido colégio inglês, onde se sentiam como duas alienígenas caídas do espaço. Tenten fora parar naquela escola transferida de Sydney, onde levava uma vida tranqüila com seus pais italianos. Eles eram pessoas normais, mas haviam se tornado super ricos da noite para o dia, quando um tio na Inglaterra morrera repentinamente, tornando o pai de Tenten o principal acionista da Mitsashi Inc., com sede em Londres.

Quanto a Hina... Bem, ela havia sido matriculada na mesma escola depois que sua mãe protagonizara um escândalo horrível ao ter um caso com um político casado da região. Fora tão atacada e perseguida na antiga escola que seu pai decidira tirá-la de lá e colocá-la em outra, bem mais distante.

As provocações haviam tido fim? Não. Hina disse isso ao pai? Não, não dissera, porque ele já sofrera demais com o escândalo e com o fato de a esposa ter abandonado a família, levando com ela todas as economias deles. Assim, Tenten se tornara sua melhor amiga e confidente. Elas cuidavam uma da outra. Tenten era a menina esperta de olhos e cabelos escuros com uma boa base na alta sociedade australiana, e Hina era a garota bem mais tímida cuja vivacidade natural havia sido destruída pelas pessoas que a perseguiram na escola e por uma mãe que nunca quisera retomar o contato depois de tê-la abandonado.

Desde os 12 anos até aquele momento, aos 22, raramente uma fizera alguma coisa sem que a outra soubesse. Agora, sua amiga estava prestes a entrar para uma das famílias mais ricas da Itália e, apesar de não querer estar ali, Lizzy dispunha-se a esquecer suas preocupações e a fazer o que fosse preciso para que o dia do casamento de Tenten, na semana seguinte, fosse absolutamente perfeito. A família da amiga havia arcado com os custos da viagem para que Hina pudesse estar presente. Haviam providenciado tudo: acomodação, alimentação e roupas adequadas para todas as glamourosas ocasiões — mesmo que estas fossem peças que já haviam pertencido a Bianca.

E Hina sentia gratidão. Sim, pois não teria dinheiro para comprar tudo aquilo, mesmo que seu pai dissesse o contrário. E ali estava ela, na primeira de duas semanas sabáticas, longe dos problemas familiares, participando dos festejos para o casamento espetacular de Tenten com um rapaz extremamente rico e sofisticado.

Sasuke Uchiha De Santis, o diretor de 34 anos do grande império bancário De Santis, Sasu para os amigos mais íntimos.

Um arrepio de tensão percorreu repentinamente o peito de Hina e, em um ato de autodefesa, ela pegou um lençol prateado de seda com detalhes em crochê da cama e levou-o ao rosto rapidamente, desejando não sentir aquele mesmo arrepio todas as vezes em que pensasse naquele homem.

Ele era estranho, uma mistura realmente intimidadora de sofisticação discreta e um corpo esguio, moreno e sensual. Tenten se derretia ao lado dele, e ele parecia gostar, mas sua amiga tinha ascendência italiana, e os italianos eram daquela forma, receptivos e calorosos e mais sensíveis que os ingleses. Do que ela, pensou Hina, fazendo uma fria comparação. Ela nunca tinha se derretido por um homem e não se imaginava fazendo isso, o que a deixava ainda mais confusa em relação aos arrepios que sentia ao pensar em Sasu De Santis. Ele não fazia seu tipo. Era demais em todos os aspectos. Grande e alto demais, esguio e moreno demais, sensual e bonito demais... Tranquilo demais e terrivelmente enigmático, pensou enquanto abotoava a pequena bolsa prateada e seguia em direção à porta.

Os dois só se haviam encontrado uma única vez antes da viagem de Hina a Milão. O encontro ocorrera em Londres, meses antes, no jantar realizado pelos pais de Tenten para apresentar o futuro genro aos amigos ingleses. Sasu deixara Hina tão chocada que ela não conseguia desviar os olhos dele, pois era muito diferente do tipo de homem que sua amiga costumava gostar.

— O que você achou? — Tenten perguntou a ela.

— Intimidador — respondeu Hina, pois naquela noite o primeiro arrepio de tensão havia percorrido seu corpo. — Ele me assusta muito.

Tenten rira, mas andava rindo de tudo. Feliz, apaixonada novamente, rindo de tudo.

— Você vai se acostumar com ele, Hina — prometera. — Ele se torna bem mais comum quando você passa a conhecê-lo melhor.

Hina duvidara.

A segunda vez em que se encontraram havia sido uma semana antes, lembrou ao apertar o botão do elevador. Ele chegara ao hotel procurando por Tenten quando encontrou Hina na recepção, recém-chegada a Milão. Ele se aproximou dela, claro, era o tipo de pessoa que tinha modos impecáveis como esse, pensou. De qualquer modo, sentiu novamente mais um arrepio.

Ele ficara contrariado ao saber que Tenten não tinha ido ao aeroporto para receber a amiga. Ela viu o descontentamento tomar o rosto moreno de traços bonitos por um momento, antes de ele disfarçar. Quando Hina disse que não esperava que alguém fosse recebê-la, viu que ele expressava a desaprovação pela atitude, franzindo os lábios grandes e sensuais. Tranquilo e acostumado a dar ordens, ele se dispôs a organizar a chegada dela providenciando uma bela suíte. Acompanhou-a ao quarto para inspecionar o lugar. Quando a mão dele tocou a base de suas costas para direcioná-la educadamente para fora do elevador, mais um arrepio aconteceu, fazendo com que Hina se afastasse do toque como se tivesse levado um choque. Em seguida, sentiu-se tola por fazer aquilo. Em vez de olhar para ela de modo fixo e calmo, como costumava fazer, ele simplesmente abaixou o braço e não disse nada.

Agora, Hina esperava a chegada do mesmo elevador, que a levaria ao andar do mezanino do hotel, onde todos estavam reunidos para tomar alguns drinques antes da partida. E apesar de ter conseguido fugir de Sasu De Santis durante toda a semana, Hina tinha a terrível suspeita de que não conseguiria evitá-lo naquela noite. A festa seria realizada num espaço pequeno, as salas do La Scala eram reservadas demais. Sua única esperança era conseguir ficar em uma sala onde ele não estivesse.

Havia um espelho na parede ao lado do elevador e ela distraiu-se afastando uma mecha rebelde do rosto, que voltou para o mesmo lugar, como se protestasse. Ela pensou que não deveria ter decidido prender o cabelo, pois os fios não se assentariam. Mas deixar as madeixas lisas soltas faria com que seu rosto parecesse mais pálido, e os olhos perolados, grandes demais.

Franziu o nariz enquanto tentava torcer a mecha rebelde e observou quando ela ficou parada no devido lugar. Exatamente naquele momento a porta do elevador se abriu e revelou ninguém menos que o grande homem dentro dele. Os dois se entreolharam por um segundo, tomados pela surpresa. Saber que ele a havia visto fazendo caretas diante do espelho foi o bastante para fazer Hina corar.

— Oh — disse ela, desconcertada o bastante para impedir que a surpresa que sentiu fosse revelada em seu tom de voz. — Você também está hospedado aqui? Não sabia.

Um brilho de satisfação iluminou os olhos dele, de um tom dourado incomum.

— Boa noite, Hinata. — Ele sempre a chamava de Hinata daquela maneira séria, grave, com um leve sotaque italiano. — Você vai entrar?

Entrar... minha nossa!, ela pensou, observando-o. Ele vestia um terno preto de microfibra e estava encostado de modo casual no fundo do elevador, o que provavelmente disfarçaria um pouco sua estatura e a forte presença que ele sempre impunha aonde fosse... mas não foi o que aconteceu. E o fato de entrar no mesmo elevador que ele deixou as pernas de Hina trêmulas enquanto ela se esforçava para movê-las. Ela sorriu de modo tenso para ele e virou-se a tempo de observar as portas sendo fechadas.

O silêncio imperou enquanto eles esperavam. Ela sentia que estava sendo observada. Tensa, mordiscou o tecido macio de seu lábio por dentro.

— Você está muito bonita — ele disse delicadamente. Hina precisou lutar contra a surpresa. Ela sabia como estava e sabia o que ele estava vendo: a melhor amiga pobre enfiada dentro do vestido que a noiva dele usara meses antes em uma festa em Londres. Então, respondeu brevemente:

— Não, não estou. — Foi um alívio quando as portas do elevador se abriram para o esplendor e elegância do mezanino do bar do hotel. Quando ela se moveu para sair, aquela mão novamente pousou na base de sua coluna e, dessa vez, ela parou onde estava. Não era justo. Por que sempre cometia gafes na presença dele?

— Vamos? — sugeriu ele delicadamente.

Hina se forçou a andar, com a dolorosa percepção de que a mão continuava em seu corpo, como se ele quisesse testar a reação tola que ela demonstrava diante dele. A primeira pessoa que viu foi a mãe de Tenten, deslumbrante em um vestido preto e brilhantes diamantes.

— Oh, que bom que você chegou, Hina — disse ela, indo na direção deles com uma expressão de ansiedade que ameaçava arruinar sua maquiagem perfeita. — Sasuke — ela cumprimentou, olhando para o futuro genro com seus olhos escuros antes de voltá-los para Hina. — Preciso conversar um pouco com você, cara — ela disse.

— Claro. — Hina sorriu, automaticamente suavizando o tom de voz com aquela mulher pequena e elegante cuja natureza ansiosa fazia com que se preocupasse com tudo, e "tudo" geralmente envolvia sua bela filha. — O que a Tenten fez dessa vez? — perguntou, tentando manter o bom humor.

Sasuke disse de modo frio:

— Espero que não tenha feito nada.

Hina percebeu que havia se precipitado e falado na frente dele.

Sofia Mitsashi empalideceu. Hina tentou defender a mamma de Tenten, pois havia notado que Sofia não se sentia à vontade diante de Sasu.

— Eu estava apenas brincando — disse ela de modo abrupto, exageradamente abrupto por ter percebido a repentina intranquilidade sentida pelo homem atrás dela e a tensão que percebeu nas costas pelo toque da mão dele.

Em seguida, ele se curvou para beijar a face de Sofia. Ao ficar ali, presa entre o calor do corpo dele e a delicadeza do corpo de Sofia, Hina sentiu um pouco de arrependimento, pois o gesto dele era uma maneira gentil de acalmar os nervos da futura sogra.

— Vou deixar vocês duas... conversando — disse ele, e afastou a mão das costas de Hina.

Foi em direção ao bar para cumprimentar alguns amigos, e Hina observou, atenta, o andar elegante dele, mesmo sem querer.

— Hina, você precisa me contar o que está acontecendo com Tenten — Sofia Mitsashi disse, chamando a atenção de Hina, que desviou o olhar de Sasu. — Ela anda agindo de modo estranho e não diz nada agradável. Deveria estar aqui ao lado de Sasuke para cumprimentar os convidados, mas quando fui até a suíte dela e bati à porta, ela ainda não estava vestida!

— Ela disse que estava com dor de cabeça na hora do almoço e foi para o quarto descansar — Hina relembrou franzindo a testa. — Talvez tenha adormecido.

— Isso explicaria o fato de a cama estar desarrumada — disse a mãe de Tenten de modo tenso —, e a aparência de quem tinha acabado de cair da cama e o modo como me repreendeu!

— Espere mais alguns minutos para ela se recompor — sugeriu Hina. — Se ela demorar muito, vou até o quarto para apressá-la.

— No mau humor em que ela se encontra, só você teria a coragem de fazer isso, cara — disse Sofia, preocupada.

Nem mesmo o noivo dela? Hina pensou com desdém ao dar o braço à sra. Mitsashi e guiá-la até onde estavam os outros convidados. Alguns segundos depois, ela foi calorosamente recebida pelo pai de Tenten, Giorgio, e apresentada a um primo da amiga que ainda não conhecia.

Kiba Inuzuka tinha mais ou menos a mesma idade que ela e os mesmos belos traços da família, a pele morena e olhos castanhos alegres.

— Então você é a Hinata — ele disse. — Tenho escutado muito sobre você desde que cheguei aqui esta tarde.

— E quem falou sobre mim? — perguntou Hina.

— Minha prima querida, é claro. — Kiba sorriu. — Tenten diz que você foi a pessoa que a salvou de uma vida rebelde e malcriada quando ela precisou sair de Sydney para viver no Reino Unido e frequentar a "escola mais cheia de todas".

— Ah! Então você é um parente que vivia em Sydney — Hina percebeu. — Agora estou reconhecendo o sotaque.

— Eu era o parceiro de aventuras de Tenten antes de você tomar meu lugar — ele explicou.

— Você é aquele primo? — Ela riu para ele. — Já escutei muito sobre você também.

— Isso acaba com minhas chances de conquista — disse Kiba, com um suspiro.

Uma taça comprida de champanhe borbulhante apareceu diante de Hina. Ela olhou para cima ao aceitá-la, e deparou com Sasu diante dela, como uma torre alta.

— Obrigada — disse.

Ele apenas deu um meneio de cabeça, recebendo o agradecimento. Kiba começou a conversar com os outros, novamente deixando Hina se sentindo... estranha.

Até que Kiba disse algo e Hina se esforçou para esquecer Sasu De Santis e torceu para que ele ficasse esquecido para sempre.

Os minutos se passaram, o bar do mezanino logo ficou repleto de convidados e ainda não havia sinal de Tenten. Por fim, as pessoas começaram a demonstrar inquietação, conferindo a hora em seus relógios.

Hina olhou para Sasu De Santis. Ele estava em um canto, afastado de todos, falando ao telefone, e pela expressão séria não parecia muito feliz. Será que estava conversando com Tenten? Não seria de surpreender, pois Hina já havia visto Sasu insatisfeito com os atrasos de Tenten antes. Bem, é melhor se acostumar com isso, ela disse a si mesma enquanto o observava fechar o celular e colocá-lo dentro do bolso do blazer. O hábito de Tenten de sempre perder a noção do tempo e do espaço era motivo de constante incômodo para Hina e Sofia. Sasu poderia se considerar uma pessoa de sorte se Tenten conseguisse chegar no horário certo na igreja na próxima semana.

Mas, conforme os minutos passavam, até mesmo Hina teve dificuldades de parar de conferir as horas, e Sofia Mitsashi já olhava para ela com uma expressão de súplica. Hina estava prestes a pedir licença para ir ao quarto de Bianca quando se escutou o barulho do elevador.

Todos se viraram ao mesmo tempo. Fez-se silêncio quando finalmente Tenten surgiu, completamente linda, vestida com um vestido dourado comprido. Os cabelos castanho-escuros estavam arrumados em um penteado muito simples que evidenciava a perfeição de seu rosto e o pescoço de pele morena e macia. Usava brincos e um colar de diamantes. Se colocasse uma tiara no cabelo, seria uma princesa perfeita, Hina pensou carinhosamente ao ver os olhos escuros e vivos de Tenten observarem os convidados e seus lábios macios se pressionarem um contra o outro em um pedido de desculpas.

— Peço desculpas pelo atraso, pessoal — disse Tenten de modo discreto e vozes compreensivas encheram o bar do mezanino.

— Essa é a minha menina corajosa — Hina acreditou ter ouvido Kiba dizer bem baixinho e olhou para ele, mas não percebeu nada na expressão do rapaz que explicasse um comentário tão estranho.

Sasu se aproximou de Tenten para segurar seus dedos compridos e levá-los em direção aos lábios. Disse algo que fez com que os olhos da amiga brilhassem e seus belos lábios tremessem. Ele a ama, percebeu Hina naquele momento. Uma sensação estranha tomou conta dela. Franzindo a testa levemente, desviou o olhar do casal e ficou aliviada quando a sensação se desfez.

Eles foram transportados à ópera em uma frota de compridas limusines. Kiba Inuzuka deixava claro que sua missão era acompanhá-la naquela noite e era engraçado, o que fez com que Hina relaxasse cada vez mais com o passar das horas. La Scala era um lugar lindo, uma experiência muito apreciada por Hina, principalmente porque ela havia conseguido manter-se longe do irritante noivo da amiga. Em seguida, eles foram jantar em um belo palácio do século XVI, nos arredores de Milão. Era muito bonito, uma amostra de como vivem os ricos. Houve música além do jantar e, como Kiba não parava de encher a taça de Hina com vinho, ela estava um pouco alta quando Sasu De Santis se aproximou de sua cadeira para convidá-la a dançar. Ela procurou uma desculpa para recusar o convite, até que ele pousou a mão no cotovelo dela para incentivá-la a se levantar.

— Vamos lá — ele disse de modo seco. — O noivo deve dançar pelo menos uma vez com a madrinha da noiva.

Hina pensou que aquilo deveria acontecer depois do casamento, mas o arrepio percorreu seu corpo de novo e a deixou tensa e sem fôlego para as explicações, e ele já a levava lentamente para a pista de dança, onde começaram a dançar.

As luzes estavam fracas, a música era uma balada romântica e lenta cantada por uma mulher de voz forte e sensual.

Hina sentiu o coração acelerar enquanto os dois dançavam e absorveu o impacto do calor do corpo másculo e musculoso de Sasu contra sua pele macia.

— Relaxe — ele disse depois de alguns segundos. — Esse momento deve ser agradável.

Hina olhou para cima, viu o brilho nos olhos dele e sentiu o rosto corar.

— É que não estou acostumada a...

— Ficar tão perto de um homem dessa maneira? — ele disse, brincando.

— Dançar com esses sapatos — ela o corrigiu. — E o que você disse não foi muito gentil.

Ele simplesmente riu, o som baixo, grave e desconfortavelmente íntimo a ressoar contra seus seios.

— Você é uma pessoa diferente, Hinata Hyuuga — ele disse. — É bonita, mas não gosta de ouvir isso. Fica tensa e na defensiva na minha presença, mas, apesar disso, consegue relaxar completamente na presença de um mulherengo como Kiba Inuzuka.

— Ele não é um mulherengo. É tranquilo demais para ser um mulherengo.

— Disque qualquer número em Sydney e mencione o nome dele.

E aquele foi um comentário cínico e não divertido, ela percebeu.

— Mas gosto dele — ela disse de modo teimoso.

— Veja... estou vendo que ele está começando a deixá-la encantada.

— Isso também não foi muito gentil!

Ele baixou a cabeça de repente, aproximando os lábios do rosto dela.

— Vou lhe contar um segredo, mia bella... Eu não sou muito gentil.

Ele estava tão perto agora que ela conseguiu sentir o cheiro de seu corpo. Hina levantou a cabeça.

— Bem, pois é melhor que você seja gentil com Tenten — ela o alertou, fiel à amiga.

Ele simplesmente riu ao se endireitar novamente, e a aproximou ainda mais, de modo a conseguir controlar seus movimentos com uma pressão leve e casual. Ele era muitos centímetros mais alto, e os olhos de Hina ficavam na altura do queixo forte e bem desenhado. Eles não voltaram a conversar e, conforme a música continuava, talvez por causa das várias taças de vinho, tudo em Sasu se tornou mais claro para ela. Até mesmo a textura macia da lapela da camisa dele em contato com os dedos dela a fascinava, além da brancura da camisa em contraste com o tom de pele moreno de seu pescoço. Ele era bonito. Não havia como negar. Tudo nele era perfeito, desde o brilho de seu cabelo preto, passando pelo formato do nariz tipicamente italiano e sua bela boca. A cantora continuava entoando a canção de modo intenso. Hina sentiu a força da música percorrer seu corpo de modo tão intenso quanto o vinho que havia bebido a noite toda, e como uma tola fechou os olhos e se deixou levar pela sensação. Ele segurava uma das mãos dela de dedos alvos e finos com seus dedos compridos, e a outra mão descansava na curva de suas costas. Ela não percebera que acariciava a lapela macia de seu blazer e que estava tão próxima dele que sua respiração roçava no pescoço de Sasu. Ela ia para onde ele a guiava, ciente da tensão que tomava conta de seu corpo, mas alheia ao fato de que ele também se deixava envolver.

Os dedos dele roçavam contra os dela, a mão que ele apoiava nas costas de Hina subiu ao centro de sua espinha e delicadamente a deixou ainda mais perto dele.

Era... gostoso. Uma sensação de distanciamento da realidade e ela não percebeu como tinha relaxado nos braços dele até sentir o calor de sua pele contra os lábios e até provar seu gosto com a ponta da língua.

Chocada, Hina abriu os olhos e afastou a cabeça. O susto percorreu seu corpo, acompanhado por uma onda de total embaraço que deixou seu rosto quente de vergonha quando percebeu o que acabara de fazer: roçara os lábios no pescoço do noivo de Tenten e o lambera!


E então, o que vocês me dizem?

Deixem seus comentários e façam esta autora feliz! :3