Os personagens não são meus, a história sim.
As personalidades talvez estejam bem diferentes da dos personagens, pensei em fazer uma história original a princípio, mas terminei por transformá-la em algo próximo a HP.
Perdoem as licenças poéticas e os eventuais erros de português, não tenho Beta. Boa leitura (:
Ela admirou por um momento o rosto dele em perfil, como se não conseguisse evitar. O nariz fino e reto como uma flecha, acompanhado de cílios fartos e tão brancos como se desprovidos de cor... Seus olhos estavam fechados, mais eram de um cinza escuro e inexplicável, ela já o havia visto de perto alguma vezes. O cabelo um pouco longo, esparramava-se insolentemente pelo sofá de couro marrom dando ao homem adormecido a pouco comum aparência de estar bagunçado.
A mulher que o observava há um passo de distância vestia-se com um inusual colante negro, calças negras e coladas, botas de couro. As roupas faziam um jogo sinistro com sua máscara também negra e destoavam aberrantemente da áurea idílica do aposento. Sacudiu a cabeça levemente, como se para sair do inesperado estado de torpor. Deu uma olhada rápida no seu relógio, em 15 minutos Gina estaria embaixo da janela para pegá-la e ela distraia-se. Com um torção de lábios o olhou novamente, por um segundo pareceu ponderar, então como se o próprio vento fosse, ela pairou em cima dele aproximando-se na altura dos lábios. Abriu os seus como se absorvendo sua força vital pelas bocas entreabertas. O suave som da respiração dele vinha e voltava, um som cadenciado e tranquilo. Era imensamente belo.
Com uma delicadeza deliciosa ela lhe pousou um beijo ali, naquele lábio rosado e em um impulso, foi subindo em direção à mandíbula, beijos tão leves quanto asas de borboleta... Ergueu-se lentamente, ainda apreciando o espetáculo desse homem adormecido, alheio a sua presença.
No segundo seguinte estava a alguns passos de distância, o homem esparramado no sofá aparentemente já esquecido. Hermione sempre levava um souvenir para si, das casas que invadia. Era um Ritual. Ela apreciava imensamente a exclusividade... objetos, artefatos, olhares, gestos. Mas ali na casa dos Malfoys conseguiu uma joia, esse beijo roubado era só seu.
O resto dos minutos transcorreu como o de habitual, a mansão era tediosa, se parecia a qualquer outra mansão bruxa nobre. Parecia-lhe insólito que as grandes e poderosas famílias bruxas carecessem tanto de imaginação, tanto dinheiro e ostentação e nenhuma arte. Lamentável. Tetos altos com ornamentos em estilo vitoriano, cortinas e mais cortinas misturavam-se com a madeira nobre dos móveis e com a prata tradicional. No chão sobre a madeira polida, peles. Ela rapidamente encontrava seus alvos e os guardava em sua bolsa sem fundo.
Todos jaziam adormecidos, enfeitiçados pela poção que derramara mais cedo na bebida e na comida, enquanto isso ela caminhava com passos sem som, iluminada pela luz da lua e um perverso sorriso na face. Obtivera tudo que queria daquele lugar.
Ao sair enviou um beijo pelo ar para o menino Draco, e pulou cheia de graça pela janela.
- Hermione, nós precisamos de dinheiro!
- Precisamos? – atirou ironicamente – Vamos Gina, diga-me o que você realmente pretende.
Gina soltou um pequeno bufo enquanto concentrava-se em não atirar facas na amiga. Precisava descobrir um modo de contornar Hermione, de fazê-la aceitar sem se perguntar porquê foi para aquele caminho. Precisava melhorar seu jogo.
- Ok, eu concordo que não estou sendo muito razoável – concedeu amavelmente – Mas você não discordou da importância de participarmos dessas aulas extraordinárias. Além disso toda a nobreza estará lá, Vamos mione você sabe o que isso significa – implorou a ruiva, enquanto segurava as mãos da castanha.
O rosto dela estava cético, não estava funcionando. Porquê ela não podia ser aquele tipo de gente ambiciosa, morta de fome, que nenhuma quantidade de dinheiro nunca basta?
– Não é só pelo dinheiro – soltou à ruiva.
-Claro que não – riu a morena enquanto matinha os olhos escuros fixos na moça a sua frente. E Hermione esperou. Vamos Gina, não me decepcione.
- As pessoas começarão a falar – disparou um tanto desesperada, enquanto dava a volta no balcão americano da cozinha. Estava exasperada demais e precisava colocar algo entre elas - Nós também somos nobres! Não sei se você se esqueceu... mas praticamente desaparecemos da face da terra! precisamos estar cercadas dessas pessoas! Para sobrevivermos e não sermos pegas precisamos dessas pessoas!
Hermione não falava nada. Ela tinha razão. E ainda sim não era esse o motivo que a levava tão desesperadamente a querer ir a essa reunião. Observava esse rosto tão conhecido para si como se fosse o seu próprio, e ainda sim não sabia o que estava acontecendo. Estava ruborizado pelo esforço de conter-se? Meditou...
- Já faz algum tempo que Tia lestrange sumiu, você sabe – falou como quem fala uma sentença, algo pesado e intangível. Os olhos de Hermione abriram-se de golpe, era isso então? Como Gina podia? Mas ela continuou.
- Não precisamos continuar escondidos.
O ar parecia falta-lhe. A Ruiva ergueu aqueles olhos tão verdes e belos, enormes. Elas se fitaram por o que parecia uma eternidade. Aqueles últimos 3 anos passaram por sua cabeça como pedaços de memória em cacos de vidro, rasgando tudo o que encontrava. Respirou fundo, não podia descontrolar-se. Respirou novamente, deu as costas a Gina e se afastou.
-O que você quer Gina?
A voz era firme? E o que queria Hermione?
- Quero que nós três vamos à primeira aula extraordinária de hogwarts. Temos todos os motivos para ir, não iremos sem você.
Então Ron já estava nessa. Hermione testou seu peso no solado de seus pés. Ela também tinha muitos motivos para não ir, compreendia isso Gina? Era uma exposição perigosa, principalmente depois do que ela fez...
- Você ganhou. Espero que você reflita o risco de tudo isso, e aja de acordo... – fez uma pausa e voltou-se para ruiva, deu algus passos e se inclinou na bancada – Não pense que me enganou com esse discurso – seu tom era frio – Mas foi um bonito jogo.
Gina assistiu Hermione sair com aqueles passos delicados. Os passos dela nunca tinham som, não importava o quanto raivosa ela estivesse, ela ainda era graciosa como uma gata. Um peso estranho se estendia por seu estômago.
-Você precisava jogar sujo?
Sentindo-se envergonhada e aflita, Gina lançou olhares de censura para Ron. Ele estava apoiado na porta da cozinha, atrás dele o vasto e abandonado jardim da mansão Weasley.
- Eu não joguei sujo. Disse a verdade. Alguém tinha que dizê-lo, é uma pena que você não tenha tido a coragem. –atirou furiosa. Não ia ficar ali escutando esse tipo de baboseira! Ela pode não ter dito seus motivos, mas tudo o que falou era verdade.
Desencostando-se da parede ele caminhou até ela. Passos tranquilos ali, naquele ambiente, a deixaram ainda mais tensa. Então ele parou na sua frente, seu braço passando por volta dela, puxando-a para seu peito, envolvendo-a em surpreendente abraço. A coluna dela dura, Ron dava amor e cortava com uma faca. Sempre foi assim.
- Não era a hora, porquê você tem que ser tão egoísta Gina?
Ela fechou os olhos.
-Você a conhece?
A voz dele era suave como uma pena, mas gelada. Draco já havia passado da época em que se importava com isso. Ele sabia, o que seu pai realmente perguntava era se aquela era alguma amiguinha dele, alguma brincadeira de seu filho irresponsável. Tão previsível.
Desviou os olhos cinzentos da tela do computador, e como um cachorrinho treinado olhou para aquele homem enquanto respondia, pois assim lhe foi ensinado. Uma questão de respeito familiar, afinal, família é tudo.
- É muito difícil reconhecer uma mulher toda coberta.
Para seu pai, aquilo não era uma resposta, era uma pena. Existiam coisas que o poder familiar não podia mais te obrigar quando você passa dos 21 e tem seu próprio dinheiro... Voltou a olhar o enorme monitor, a cena passava de novo. Uma figura de negro se aproxima dele, se inclina, o beija e afasta-se. Existia algo de encantador naquilo, nos movimentos da mulher, porque obviamente era uma mulher. Ele a conhecia?
- Com licença – falou polido
Deixando seu pai e sua mãe parados na sala, caminhou em direção a seu quarto pensando nisso. Ele a conhecia? Ao entrar, seus olhos imediatamente foram em direção ao sofá de couro que dormira na noite passada. Sentou-se ali e olhou em volta.
Havia sido certamente uma manhã interessante, seus olhos cinza cintilaram, acordar dos efeitos de uma poção, descobrir que a casa de seus pais fora assaltada e que a assaltante tem alguma relação com ele. Ou alguma obsessão por ele... Mas nada pessoal de Draco fora roubado, ela poderia ter vasculhado suas coisas, definitivamente encontraria uma ou duas conexões comprometedoras. Mas ela não o fez... o que isso dizia sobre ela?
-Ora ora que isso é quente! - Exclamou zabine rindo – Então menino rico é assaltado e a assaltante sexy rouba... um beijo do nosso menino rico! Além do dinheiro dele claro - batendo palamas – Essa mulher certamente é preciosa, você deveria encontrá-la e pedi-la em casamento! Honestidade é algo raro nesses dias!
- Você pode falar mais baixo, não sou surdo seu estúpido – cortou exasperado.
Estavam cercados dos mais proeminentes bruxos, das mais proeminentes famílias e embora a notícia do roubo fora de conhecimento público, certos detalhes não eram. Sentiu o início de uma dor de cabeça, porque contara isso a Zabine? O canalha era seu maldito melhor amigo, mas ainda era um canalha. Protegeu os olhos do sol, a solenidade do início da aula extraordinária era em um campo atrás do castelo. Se passasse mais 10 minutos ali conseguiria uma cor vermelha nada lisongeira.
- Eu não lhe contei isso para ter que assistir você rindo da minha cara – espetou.
- Um homem tem de se divertir de vez em quando – disse a modo de desculpas, então algo cintilou nos olhos escuros dele – E se ela estiver aqui?
Draco quase engasgou o champanhe. É claro que ela não estaria ali! Qual motivo teria uma bruxa nobre e rica para roubar as pessoas mais poderosas do reino unido? Olhou fixamente, com o que ele esperava ser seu melhor olhar intimidante. O aprendera com seu pai e geralmente funcionava uma maravilha.
-Ah esse olhar. Que refrescante Draco, todo esse gelo para mim? Sua assaltante vai ficar com ciúme.
- Zabine, estou começando achar que sua inteligência é superestimada.
- Ouch – chiou- Sem graça você, ok. Falando em negócios. Sua resposta, Malfoy, é o beijo. Ela roubou algo seu e foi genial, convenhamos – Riu - De todas as coisas, ela roubou sua escolha na singela forma de um beijo. De uma das famílias mais poderosas e influentes... Não é irritante? - Completou divertido, a cabeça a mil.
Essa mocinha certamente era boa, havia alguns anos que esses assaltos começaram e nunca havia um rastro de quem o houvesse feito. Sempre famílias ricas, nobres; Zabini sempre viu certa dose de zombaria nessas escolhas, mas agora era gritante. E era uma mulher! Tinha o mal costume de subestimar as mulheres em geral, não achava que era algum problema genético claro, apenas acreditava que a educação idiotizava mais as mulheres que aos homens. Obviamente que enquanto isso facilitasse sua vida, ele não tinha uma palavra em contra.
Ah essa mulher, ela lhe poderia ser útil. Precisava descobrir quem ela é.
Oláa, então curtiram? A fic está bem experimental, e não sei para que direção ela irá ainda, mas vamos descobrir juntas hahaha
Se gostou comente, se não comente também e explique porquê, beijinhos.
