"A criatura às costas deles estremeceu e gemeu, e Harry e Dumbledore continuaram sentados, sem falar, fazendo a pausa mais demorada até aquele momento. A compreensão do que aconteceria a seguir foi pouco a pouco se consolidando em Harry, nesses longos minutos, como a neve caindo suavemente. – Tenho que voltar, não é? – Isto depende de você. – Tenho opção?
– Ah, sim. – Dumbledore sorriu. – Estamos em King's Cross, não foi o que você disse? Acho que, se decidir não voltar, você poderia... digamos... tomar um trem. – E aonde ele me levaria? – Em frente – respondeu Dumbledore, com simplicidade. Novo silêncio."
E foi ali, naquele lugar estranho e sem nexo que algo aconteceu. Harry percebera o novo sentimento: como se algo fosse alterado, como se as coisas tivessem saído de lugar. Perturbador, mas comum. Nunca entenderia a contradição daquele instante.
Dumbledore pareceu sentir também. E sorriu, um sorriso simples e infantil, como o de uma criança que aprontaria algo.
-Harry, antes que você vá, gostaria que você conhecesse alguém.
Harry, que ainda estava imerso naquele sentimento, assustou-se com a fala.
-Quem?
-Venha comigo.
Os dois se levantaram e Harry seguiu Dumbledore. O lugar ia se solidificando e formando mais detalhes a cada passo e Harry, que deveria sentir nervosismo, apenas sentiu uma leve dúvida do que ocorreria ali. Queria entender como aquele lugar passava o sentimento até eles e porque aquela mudança ocorreu, mesmo sem ver nenhuma alteração no local.
Após andarem um tempo, ou tempo algum, encontraram uma menina parada como um poste, sorrindo levemente par eles, os esperando. Devia ter uns 16 anos, mas era alta para a idade. Seus cabelos eram negros e encaracolados, que lhe iam até um pouco abaixo dos ombros. Seus olhos eram castanhos e sua pele levemente bronzeada. A figura misteriosa esperou eles se aproximarem, e lhes cumprimentaram com um amigável "Olá". A mesma se apresentou:
-Harry Potter, sou Anna. Vamos direto ao assunto, para poupar-lhe tempo: já ouviu falar em linhas do tempo?
Harry ficara atordoado com a pergunta. Não sabia como a menina sabia seu nome. Devia ter uma noção de linhas do tempo, graças ao Vira-tempo, mas nunca se aprofundara no assunto. Tentou balbuciar alguma coisa, mas não conseguiu. O que estava acontecendo?
Dumbledore, que percebeu seu susto, respondeu:
-A noção que Harry tem veio do evento do Vira-tempo para salvar Sirius, Anna.
-Sim- a mesma respondeu- parece que temos muito a explicar. Harry, preste atenção.
Harry olhou para a garota.
-Por favor, me explique o que um Vira-tempo faz.
Para não parecer assustado(o que diabos está acontecendo aqui?), Harry lhe respondeu:
-Um Vira-tempo, bom, ele volta no tempo... E você tem o poder de alterar o passado.
-Alterar as linhas do tempo?
-Sim.
-Então Harry, faremos uma situação hipotética. Você volta a muito, muito tempo atrás. Altera uma coisa importantíssima no passado, tão importante que coloca em jogo sua existência.
Harry olhou assustado.
-Agora imagine, Harry, que você está andando em uma estrada e se depara com uma bifurcação. Você segue o caminho da direita, mas em outro mundo, alguém igual a você pegou a esquerda.
-Isso se chama mundos paralelos.
-Isso Harry! Está assimilando agora? Aqui, está lugar incerto e sem forma específica, aonde os mortos – e apontou levemente a cabeça para Dumbledore, que sorriu – e os vivos se reúnem, chamamos de dimensão intermediária.
"Parece complicado, mas você vai logo compreender. Existe uma variedade imensa de mundos paralelos, aonde decisões que você ou outras pessoas tomam são diferentes. Pense Harry, e se você tivesse se rendido para a magia negra? E se seus pais não tivessem morrido? E se você não fosse bruxo? Inúmeros 'eus' em inúmeros lugares".
Harry havia compreendido a situação, havia entendido os mundos paralelos. Mas não entendia aonde ela queria chegar. Dumbledore, de quem quase se esquecera, estava ali, parado e apenas observando de maneira curiosa, como uma criança que aprende algo novo.
-Harry, gostaria que você conhecesse um mundo, do qual eu lhe abri as portas. Um mundo no qual sua mãe não se casa com James Potter, se apaixona por outro homem, que tem uma filha, que pode ser considerado sua irmã. Você quer conhece-la?
Harry não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas o seu lado mais carente de uma família falou mais alto. Seu coração saltou de alegria. Possuía uma meia-irmã, ela estava ali e poderia conhece-la. Queria vê-la. Saber seus traços, sua vida. Queria saber se ela havia passado as mesmas coisas que ele, o mesmo sofrimento e alegrias. Queria saber sua trajetória, suas ideias. Ela tinha os mesmos amigos que ele? Tinha ido para a Grifinória? Ela era uma horcrux também? Era parecida com ele? Essa última pergunta lhe intrigou. Pensou que não deveriam ser parecidos, pois eles tinham pais diferentes e ele era a cara de seu pai. Outra pergunta lhe surgiu, talvez a mais intrigante de todas. Quem era o pai da menina?
Harry olhou para a Anna, a menina misteriosa e, mesmo com muitas dúvidas e uma séria desconfiança, lhe disse sim. Ele não deveria acreditar no que uma desconhecida diz, mas aquele lugar era tão estranho e ele queria tanto ter uma família, alguém que o entendesse que ele simplesmente aceitou. Era triste imaginar que ele não tinha quase noção nenhuma sobre uma família. Ter alguém do seu sangue, mesmo que seja de um universo paralelo, o confortava. Talvez em situações normais ele não tivesse aceitado, mas ele estava vivo depois de morto então sua atitude, diante dos acontecimentos, não era tão questionável.
Além do mais, havia Dumbledore, que lhe apresentou a menina e parecia confiar nela.
Dumbledore deu um passo à frente e disse:
-Harry, acredito que vendo as memórias de Severus Snape (agora Harry queria saber como ele sabia disso) você percebeu que ele cometeu um grande erro ao chamar sua mãe de sangue-ruim e apesar de se arrepender amargamente, continuou sua vida de Comensal da Morte. Harry, o mundo que ela vai te abrir é um mundo em que Severus busca e consegue seu perdão ainda na escola, e Lily se apaixona por ele, o que levas os dois a terem uma menina. A alteração que você acabou de sentir foi na verdade a chegada dela nessa dimensão. Ela está pronta para te conhecer.
Harry tentava absorver as notícias. Um mundo aonde seu pai não se casava com sua mãe, mas sim Snape? O que havia acontecido com seu pai? O fato de revelarem o pai de sua meia-irmã lhe trouxe mais perguntas. Ela se pareceria com Snape ou sua mãe? Logo, imaginou uma menina parecida com Snape, os cabelos negros sebosos cobrindo seu rosto macilento como uma cortina até os ombros, sua pele amarelada e sua cara de poucos amigos, junto com o seu péssimo humor. Não era uma imaginação boa, mas pelo menos ele tinha uma irmã e era isso que importava, mesmo ela sendo filha de Snape.
-Harry, acredito que é hora de lhe mostrarmos sua irmã – disse Anna.
Então, os três andaram mais um pouco para encontrarem a menina. Depois de algum tempo, ou tempo algum, Harry viu uma silhueta feminina e seu coração disparou. Logo após, tudo se formou e ele viu a sua irmã na sua frente.
Ele se surpreendeu.
Hey pessoal! Depois de tanto tempo estamos aqui de novo!
Eu tenho essa ideia desde os treze anos. Desde então eu venho amadurecendo a ideia e agora resolvi escrever. Espero que vocês gostem!
