Disclaimer: Harry Potter e todos os seus personagens, cenários e criaturas pertencem a deusa J.K Rowling e a sua mente ardilosa e maligna. (Mas um dias ainda serão meus!) Eu não ganho N-A-D-A, nem um tustão, com essa estória além de lindos reviews e carinho.
A seguinte estória contém palavreado ofensivo (palavrões), conteúdo homossexual (homem com homem), violência (forte), abuso infantil e menção a bebidas alcoólicas. Não curte? Dá meia volta e manda um tchauzinho.
Pain? That's all I feel
Em seu longinquo e confuso mundo
O trem partiu em rumo aos braços de Deus
O teto antes aparentemente estável e firme
De repente são escombros e cacos espalhados.
Nos trilhos da inquietação a alma soluça...
Margeando o coração, sangra a ferida aberta novamente.
A dor sua única amiga.
- Noventa e um - a voz sussurrava fraca quase imperceptível diante do barulho que o cinto tinha contra a pele e o sangue que pingava no chão. Severus encarava o chão enquanto contava automaticamente para seu pai cada vez que o couro encontrava sua carne, seus músculos tremiam tensos pedindo por alivio, mas o menino os ignorava e sua principal motivação para aquilo era o medo de piorar tudo.
- Noventa e o... Oito... - a dor era agonizante e tudo o que Severus desejava era que aquilo acabasse, que seu pai se desse por satisfeito e que saísse pela porta para encontrar os amigos no bar. Pelo menos até lá ele e sua mãe estariam dormindo, ou fingindo dormir. Mas mais do que o desejo de que a tortura parasse era o de matar aquele monstro... Um monstro que era seu pai. Mas agora tudo estava ficando vago lentamente.
- No... Noventa e... E... E n... Nov... – Severus tremia tentando forçar sua voz a sair, ele precisava continuar, por favor, ele precisava terminar aquilo para seu pai.
- Eu não posso te ouvir, garoto!
"Eu te odeio... Eu te odeio... Eu te odeio..."
- Noventa e nove, senhor.
E o cinto desceu uivando novamente, com mais força e impacto. Sem mais poder se manter em pé, os braços de Snape cederam e o garoto encontrou a poça de sangue quente com o corpo cansado de tanto apanhar.
- Não me parece que paramos nesse número. Você deve ter contado errado... Devemos começar de novo?
"Por favor, não..."
- S... Senhor, não, senhor, já estamos em uma centena...
- Mas eu quero começar tudo de novo. – Tobias Snape declarou, chutando a barriga do filho com uma risada melosa, risada de bêbado. – E quero mais vinte nesses cem, Snape.
Severus levantou o olhar, era difícil enxergar seu pai, pois o sangue que descia pela sua testa lhe tampava a visão. Mas só a sombra do maior já o assustava, mas se ele tremesse ou implorasse tudo iria piorar e ele não queria aquilo. "Eu talvez não viva hoje... Se eu não viver hoje, como ficará minha mãe?" pensou, pronto para concordar com a punição.
- Tobias...? – uma voz mansa saiu do outro lado da sala escura, no mesmo instante o coração de Severus parou. "Mamãe... Mamãe fica quieta..." pensou com desespero quando viu a mãe chamar pelo homem novamente.
- O que é mulher? – ele gritou e Severus podia sentir o chão tremer e o ar ficar com cheiro de álcool com o hálito forte de seu pai. Ele viu a mãe aparecer tremula, as mãos trançadas nervosamente e a expressão cansada e triste que pareciam como uma maldição que sempre a perseguiria. "Não, por favor... Mãe não interfira, eu faço isso por você. Você só tem que ficar salva... Eu não quero ver você se machucar por minha causa, mamãe..." Severus desejou, encarando os olhos de sua mãe com medo.
- Tobias... Ele... Ele já aprendeu a lição, Tobias. – ela quase não falava as palavras, as mesmas saiam doloridas pelo medo. – Por favor... Ele não quis.
O rosto de Tobias foi ficando pálido... Significava que ele estava descontrolado. Foi com horror que ele viu o homem se virar e encarar Eileen, o mesmo horror estampava a face de sua mãe.
- O que você está dizendo mulher? – ele cuspiu as palavras encarando a pequena e tremula mulher, como se estivesse a desafiando.
- Tobias... – ela ainda estava tão fraca. – Tobias, por favor, ele já aprendeu o seu erro...
Seu pai se virou de frente para ela. O cinto vermelho pelo sangue caiu no chão. "Não, eu não posso deixar isso acontecer!" Severus tentou se arrastar, mas seu corpo estava congelado pelo terror. Agora seu pai levantava os punhos fechados no ar. "Não, por favor!" gritou desesperado, mas as palavras ficaram presas em sua garganta enquanto rodopiavam sem parar em sua mente.
O barulho surdo que o corpo de sua mãe fez ao cair no chão encontrou seus ouvidos como uma lança. O som do tapa ainda zumbia no ar e o choro baixo de sua mãe preencheu sua mente. Severus encarava sua mãe caída no chão, os compridos e mal cuidados cabelos negros cobrindo seu rosto, embora ele pudesse ver as lágrimas e o pequeno fio de sangue que descia pelo canto de sua boca. Ele não agüentava mais. Ele queria morrer.
- Você está chorando? – a sombra de Tobias o cobriu e Severus apenas o encarou cansado, deixando as lágrimas caírem silenciosamente pelo seu rosto machucado – Chorar é para os fracos, você é um fraco igual a vadia da sua mãe. Você é um inútil igual a ela, garoto. Vocês são iguais.
E ele apenas desistiu quando sentiu o choque de um chute contra a sua cabeça.
O quarto foi tomando sua forma devagar, embora não tivesse muitas coisas para se tornar visíveis ali além do colchão velho e os sapatos rasgados no chão.
Seu quarto estava sempre escuro, então ele só conseguiu ver aqueles objetos por estarem perto dele, não havia nenhuma janela, nenhuma luz, o quarto parecia morto como sempre. Como ele. Mas como a porta estava aberta a luz da sala entrava e ajudava um pouco.
Levantou-se, e não demorou em que a dor viesse dar um olá muito pouco caloroso para Severus. Mal havia sentado no colchão duro e uma pontada incomoda se fez presente em sua costela e todos os seus músculos protestavam.
Corajosamente ele a ignorou e voltou a se levantar, se arrastando até o armário. A luz da sala iluminava um lado do armário e Severus conseguiu ver sua imagem refletida no espelho quebrado. "Não é tão ruim..." observou antes de abrir o mesmo e escolher suas roupas. Ele não gostava de ver seu próprio reflexo, era doloroso lembrar-se das brincadeiras sobre sua fisionomia. Cabelos oleosos, lábios finos, bochechas rasas, nariz um pouco grande, um pálido doentio. Não, ele não precisava disso.
Após vestir a blusa para esconder as marcas nos braços, Severus fechou o armário novamente e se encarou pela última vez no espelho. "Um olho inchado, alguns arranhões e marcas no rosto, dois dentes perdidos, alguns cortes... Não foi tão ruim assim." Pensou. Afinal ele teve dias piores. Dias em que nem sair de casa podia.
Saiu de seu quarto e andou lentamente até a cozinha, sua costela o incomodando a todo instante. Severus evitava encarar a sala nesses momentos, tanto pelas lembranças como por saber que seu pai estava sentado no sofá rasgado assistindo a um programa qualquer.
- Bom dia mãe.
Ele sabia como esconder seus sentimentos. Sua voz neutra.
- É bom ver-te, Snape.
Ela sabia esconder seus sentimentos. Sua voz saindo neutra também. Mas talvez ele pudesse dizer que ela estava feliz por vê-lo vivo.
- Eu estou morrendo de fome, mulher! – Severus quase pulou com medo, soltou o ar com dor enquanto controlava o impulso. Sua mãe também se sobressaltou, mas apenas suas mãos tremiam levemente enquanto segurava o prato, o rosto dela ainda estava sem emoção, mesmo com a marca roxa do soco que parecia doer.
- Severus, por que você não vai fazer algumas tarefas lá fora? – Eileen sussurrou neutramente e o menor não fez objeção, apenas a obedecendo, mas ele sabia, ele sempre sabia. Com um suspiro baixo e triste e o conhecimento que sua mãe nem sempre podia salva-lo, ele se dirigiu até a porta.
- Apresse-se! – veio o grito da sala, novamente Severus controlou o instinto de tremer. – Severus! – o garoto congelou. Dois passos. Só dois passos até a porta. – Venha aqui!
Com passos apressados e longos, Severus chegou até o sofá mantendo sua expressão neutra, mesmo que sua costela agora estivesse gritando de dor. Mas pelo menos se ele descontasse a raiva nele, sua mãe teria chance de viver.
- Sim, pai?
Os olhos muitos escuros o encararam ardentes, cheios de ódio. Snape se amaldiçoou por ter chamado o outro de pai. Se ele não o chamasse de senhor ele apanharia.
- Eileen te deu o recado?
- Não, senhor.
- Bom, eu quero uma cerveja, então vai comprar. Aproveita e compra alguma gaze ou algo do tipo pra você. – disse friamente, e voltou a encarar seu programa, agora o prato de comida em sua frente. – Era melhor se tivesse morrido, assim eu não gastava dinheiro.
"Eu gostaria de ter morrido..." pensou antes de escapar com pressa pela porta.
Vários olhos se viraram para ele, Severus devolveu o olhar desagradavelmente "Apenas estão encarando a aberração, não é?" Eram todos culpados. Todos sabiam. Todos ouviam. E todos não faziam nada, absolutamente nada.
Eu estava carregando uma sacola cheia de cerveja até em casa. De repente, um homem muito alto e velho parou na minha frente. Usava longas vestes roxas, que pareciam novas. Ele olhou para mim e eu o encarei, ele devia ter noventa anos ou mais, mas ainda estava muito forte. Seus olhos azuis cheios com a juventude. Era estranho, porque ele está vestindo essas roupas? E se tivesse dinheiro para gastar em roupas, o que ele estaria fazendo aqui?
"Sr. Snape?"
Eu congelei.Como ele me conhece?
"Si... Sim senhor?"
"Ah, que bom que eu finalmente te encontrei, estava enviando-lhe cartas durante toda a semana, e parece que você não havia recebido nenhuma ainda."
"Bem, senhor..."Ele estava realmente começando a me deixar nervoso."Eu não tenho permissão para sair, meu pai é o único que vai ao ar livre, mas apenas para trabalhar ou ir ao bar."
"Isso é muito ruim" Ele murmurou sério.
Eu percebi que estava falando mal do meu pai. E se ele conhecesse meu pai? Vi com desespero sua mão entrar dentro daquela roupa estranha. Ele ia me matar? Papai mandou ele me matar?
"Por... Por favor, senhor, eu não queria..."
Um pirulito saiu.
"Gostaria de um doce, Sr. Snape?"
Sim, Deus, oh sim.
"Senhor desculpe, eu não posso aceitar nada de um estranho".
Ele me deu um olhar que mamãe me dava às vezes... E um sorriso?Mas não havia nada para sorrir aqui...
"Quão terrivelmente eu fui rude, meu nome é Albus Dumbledore, diretor da Escola Hogwarts de Bruxaria e Magia."
Ele estendeu a mão.Talvez ele não conhecesse esta área. Ele parecia ter alucinações, como todos os outros bêbados.
"É um prazer Sr. Dumbledore."Eu apertei sua mão com medo do que ele faria se eu me recusasse.
"Então o Sr. Snape, você pretende ir estudar na minha escola?"Certamente, outro bêbado, eu queria sair dali rápido, mas ele poderia me seguir ou então ele poderia ficar com raiva.
"Freqüentar a escola do senhor?"
Seus olhos brilharam."Sim, estudar em Hogwarts, é claro, meu rapaz!"
"Desculpe senhor, mas minha família não tem dinheiro para me matricular em uma escola."
"Sua mãe é Eileen Snape estou certo?"
Ora, isso estava ficando mais estranho.
"Sim, senhor, você conhece minha mamãe?"
De repente eu percebi que estava agora à porta da frente da minha casa.Eu não tinha percebido que já havia chegado lá e o quão pesado esta sacola com as cervejas estava.Estranho, geralmente eu mal podia levantá-lo. Coisas estranhas parecem sempre acontecer comigo.O homem estranho parecia divagar sobre esse "mundo mágico".Quando fui abrir a porta ele ficou ali, como se estivesse esperando por meu convite para entrar em casa.
"Espere aqui, senhor."
Eu entrei.Minha mãe estava fazendo o jantar.
"Por que você demorou tanto? Se Tobias perceber..."
"Mãe há um homem estranho, com o nome de Albus..."
"Albus está aqui?"Ela realmente o conhecia!
"Sim mãe."Ela deixou cair a colher de pau e correu para a porta.
"Professor Dumbledore."
"Eileen, eu estou tão contente de ver que você está bem."
"Severo venha aqui."
Fui até a porta
"Você sabe quem é este homem?"minha mãe me perguntou.
"Ele diz que Albus Dumbledore, diretor..."ela cortou dentro
"Professor você agora é o diretor? Parabéns!"Eu nunca tinha visto minha mãe tão feliz antes, eu me perguntava depois se tivesse falando com um louco fez ela feliz então eu lhe daria essa raridade de felicidade.Dumbledore se virou para mim.
"Severus, você sabe que não é uma criança normal? ''
Sim, eu sou uma aberração.Eu balancei a cabeça afirmativamente.
"Você não é normal, porque você é um bruxo..."
Severus se encontrou de frente a mercearia. Automaticamente balançou a cabeça, ele precisava tomar cuidado com esses sonhos que ele tinha acordado.
Esperou um pouco antes de se aproximar do balcão, o rapaz o encarando era novo ali, percebeu, pois o senhor que sempre lhe dava alguns medicamentos e fazia seus curativos já estava acostumado de vê-lo machucado. Já o rapaz o encarou assustado.
- Meu Deus, garoto, o que aconteceu? – disse, saindo do balcão e se ajoelhando para ficar a sua altura. O rapaz era alto, mas devia ter seus dezoito anos, mesmo que Snape tivesse quinze. Severus precisava pensar rápido.
- Eu... Eu entrei em uma briga... E preciso de curativos, senhor.
Rapidamente o rapaz o segurou pela mão com leveza, como se fosse uma criança, e o levou até uma cadeira, não demorou muito para que os curativos fossem feitos. Mas o jovem enfermeiro ficou hesitante em deixar o garoto sair dali, mas não conseguiu o segurar por mais tempo. Aquilo era tudo, menos uma briga de garotos.
Severus se apressou para comprar a cerveja do pai, o dono do bar o olhando com pena. Novamente aquele olhar, Severus odiava aquilo. Mas ele agradeceu e correu mesmo com a dor em sua costela piorando a cada passo.
Estava chegando perto de casa quando viu todos os vizinhos fora de suas casas e em uma roda em volta daquilo que seria a entrada da rua da sua casa. Mas ele não podia vê-la. Severus respirou fundo, geralmente aquilo acontecia quando algo muito ruim ou muito bom estava sendo presenciado. Por um momento desejou que seu pai estivesse morto ou preso e que os vizinhos tivessem escutado rumores e vindo presenciar o ocorrido.
- O... O que aconteceu? – perguntou para a senhora, mais uma dos milhares que não conhecia em sua rua. A mulher se virou, o olhando com pesar.
- Você não soube rapaz?
"Por que eu estaria perguntando se eu soubesse?" não segurou o pensamento rude, mas não demonstrou nada, seu rosto neutro.
- Não, senhora.
Com um suspiro a velhinha colocou uma mão sobre o peito, segurando as lágrimas.
- A casa dos Snape pegou fogo. Ninguém sabe como começou o incêndio. – respirou fundo, antes do olhar cheio de pesar se dirigir até a casa. A fumaça preta subindo bem ao fundo e o som do caminhão de bombeiros, só agora Severus se dava conta dela. – Só se sabe que o senhor e a senhora Snape estão mortos.
N/A: Espero que tenham gostado do prólogo, bem, primeiro quero explicar que estou ignorando totalmente o futuro do Harry Potter, isso aí, e provavelmente Voldie domina o mundo aqui... Tá, talvez não, pois nem terminei a fanfic ainda. Mesmo assim, estou utilizando apenas a era Maroto e a era Harry Potter sera meramente ingnorada aqui. A história se passa durante o quinto ano dos rapazes. Black não mora com os Potters (ainda). E Lily já não é mais amiga do Severus, seguindo a história original, só que aqui eles não são mais vizinhos deste o quarto ano, então ela não sabe sobre o acidente.
Bem, eu não sei o que dizer, além de estar muito animada com essa fanfic. É muito dificil escrever com o Severus, mas eu tentarei. Espero que gostem e continuem acompanhando.
Reviews não matam em?
