01 - Desespero

Quando nada mais der certo, aposte nas idéias do Remus...

Disclaimer: Nada é meu. Nem mesmo o Sirius, ó que peninha...


James abraçou Lily e deu-lhe um beijo terno, que ia se aprofundando até que alguém riu às suas costas. Eram os outros marotos. Então, ele começou a rir também e se afastou, dobrando-se de rir. E várias outras pessoas começaram a rir também, mais e mais alto. E tudo começou a girar muito rápido e todos continuavam rindo dela. Cada vez mais alto. E ouviu até que os risos abafaram o som do seu grito.

Lily acordou daquele conhecido pesadelo. Não conseguia dormir, por mais que tentasse. Sempre que pegava no sono, aquele pesadelo a atormentava. Desde que aceitara sair mais uma vez com James Potter. Estava definitivamente cansada da insistência dele. Por isso resolveu aceitar sair com ele de novo. E o que aconteceu? Os pesadelos voltaram.

No seu quarto ano Lily era como qualquer outra garota, achando que a melhor coisa que poderia lhe acontecer era sair com um dos marotos. Até que James a convidou para sair. E no dia seguinte ao seu primeiro encontro, ela o viu no maior amasso com outra menina. E desde então decidiu que jamais perdoaria James por isso. Ele tinha sido o seu primeiro encontro, seu primeiro beijo. E o último Maroto.

Mas então, desde a metade do quinto ano ele a chamava para sair. Parecia que sequer lembrava daquele último encontro. Ou não fora importante ou ele fingia não lembrar, o que dava no mesmo para ela. E desde que dissera "Tá bom, Potter. Eu saio com você, que inferno!" ela tinha visitado o inferno de verdade praticamente todas as noites.

Lily levantou da cama, o sol começava a nascer. Tomou um banho e tentou se arrumar da forma mais silenciosa possível, para não acordar as suas colegas de quarto. Quando estava saindo do dormitório, viu Pamela se remexer na cama. Estava acordando.

Desceu e encontrou um salão bem vazio, onde nem mesmo os professores estavam presentes. Enquanto tomava seu café da manhã, pensava no que fazer em relação aos pesadelos. Só tinha uma solução. Cancelaria. Aguentaria até o final do ano, se preciso fosse. Mas sem pesadelos.

Uma hora depois, James, Sirius e Peter apareceram no salão dando altas gargalhadas. Logo atrás, Remus tentava esconder o riso, sem sucesso. E ela ainda estava tomando café, paciente.

- James, podemos conversar um instante? - ela perguntou, amistosa, quando ele passou por ela. Chamar ele de James era quase um sacrifício, mas não queria se irritar logo de manhã.

- Claro, meu pequeno rubi... - ele respondeu. Calma, Lily. Apenas mais quatro meses. Quatro meses e nunca mais você vai ouvir falar em James Potter.

Lily indicou um lugar para ele ao lado dela, que ele aceitou, sorridente. Um sorriso bonito, cheio de dentes brancos. Um sorriso que conquistava qualquer garota. E que enganava bastante.

- Eu detesto enrolar, vou ser bem direta, ok? - ela perguntou e ele assentiu, ainda sorrindo. - Eu não vou mais com você para Hogsmead depois de amanhã. Foi um erro ter aceitado o convite e espero que não fique chateado comigo, embora eu não me importe. Mas bem, ainda há tempo de arranjar outra companhia, não?

- Ah, claro - ele respondeu, desgostoso. - Você está certa disso, não? - ela assentiu e ele levantou. - Que seja.

Lily estranhou a facilidade que teve em desmarcar o encontro. Esse seria um dos últimos passeios a Hogsmead, uma das últimas chances dele de sair com ela e ele nem fizera questão de insistir? Aquilo era um bom sinal, definitivamente. Não era?


James afundou no lugar que os amigos guardaram para ele.

- Ela cancelou o nosso encontro. Cancelou! - ele resumiu, analisando uma das torradas. Não sentia a mínima fome, embora tivesse descido faminto ao salão.

-Eu sabia, cara. Estava muito estranho. A Evans aceitar sair com você de uma hora para outra - Peter disse, engolindo alguma coisa.

- Porra, Peter. Ajuda, não atrapalha! - Sirius deu um tapa na nuca do menor. Depois olhou para o amigo. - E você, o que pretende fazer?

- Não sei - James respondeu, dando de ombros. - Senhor das idéias, por favor. As suas sábias palavras - ele disse, olhando para o lado, onde Remus lia o Profeta Diário. James já conhecia essa idéia, mas insistiu na pergunta.

- Bom, se ela não quer sair com você, aceite - ele aconselhou, sem tirar os olhos do jornal. - Nossa, esses ataques estão mesmo constantes, agora. Esse tal de Voldemort sabe mesmo o que está fazendo. O Profeta nem mesmo quer escrever o nome dele. Olha isso: Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, que babaquice - ele terminou, enrolando o jornal e guardando-o na mochila.

- Hey, seu cretino! Estamos falando de uma coisa importante aqui - James reclamou, indgnado.

- É mesmo? E o que eu disse não era importante? Nossa, como vocês são altruí--

- Sem ironias no café da manhã. E é importante, Remus, mas não no momento. O importante agora é a merda de situação do Pontas - Peter sinalizou, as mãos pequenas tamborilando na mesa.

- E não vem com esse papo de Conforme-se, James porque esse não é o melhor plano a seguir e eu tô de saco cheio dele - Sirius completou, concordando com Peter.

- Não, eu realmente não pensei nisso - Remus disse e James levantou uma sobrancelha - Sério, foi força do hábito, embora ainda seja uma boa opção - Remo parou por um instante. - Sabe, o Baile de Formatura vem aí e os passeios são mais escassos, por causa dos N.I.E.M.s e tudo o mais. E coitadinha, ela não vai receber nenhum convite para sair - ele terminou, com um sorriso delirante.

-Como? - Sirius perguntou. - A Lily é uma garota bonita e bastante cortejada. Você mesmo já tentou sair com ela algumas vezes. Ela recebe bastante convites. Eu sei disso, o James sabe disso. Todo mundo sabe disso, até o Peter!

- Porra, porque sempre sobra pra mim? - Peter reclamou, dando um leve empurrão no amigo e recebendo um outro tapa na nuca..

- Vocês são lentos mesmo ou está muito cedo pros seus neurônios? - Remus suspirou, ignorando o rapaz. Ela não vai receber nenhum convite porque ninguém vai convidar. James, pelo menos você já me entendeu?

- Já. Eu só não sei como eu vou fazer os caras desistirem de olhar para ela. Suborno? Ou eu vou ter de ameaçar todos os seres com mais de duas pernas do castelo? - James perguntou, achando a idéia absurda. Eles eram respeitados no colégio, mas não tanto. Era impossível.

- Sabe, essa não é uma idéia de todo má, James - Remus comentou, pensativo - Digo, ameaçar todos os caras. Não necessariamente todos os caras do colégio. Apenas todos os que se aproximarem da Lily. Depois de uns dois ou três caras, o número de convites dela com certeza vai diminuir. e você será a única opção.

- E como você pretende saber quem está convidando a Lily? Ela é bem discreta quando se trata de encontros - Peter perguntou.

Todos pensaram durante um minuto. Até que Sirius deu a voz.

- Beatrice Padovan, a fofoqueira. Não será muito difícil, se o Peter sair com ela - ele deu um sorriso maldoso.

- E posso saber porque eu? - Peter reclamou. Beatrice não era o que se poderia chamar de bonita. Ela era apenas bem apessoada e muitíssimo bem informada...

- Ora, porque! - James bufou. - Você vai sair com ela e acabou, Peter. E é bom que comecem a sair logo, porque tem passeio depois de amanhã, e se a Lily sair com alguém eu vou fazer picadinho de você - ameaçou. Peter era um bom amigo, mas era medroso demais. Não era à toa que se trasnformava em rato.

- Na verdade, será ele porque você estará ocupado demais ameçando quem se aproximar dela. Eu estarei saindo com Lena Buchbinder e o Remus... Bem, o Remus sairá com Pamela Fortier - Sirius explicou. Remus coçou a cabeça e Peter assentiu, pesaroso - E você, Peter, entre nós quatro, é o mais sutil com informações.

Lena e Pamela eram as melhores amigas de Lily. Aquilo decerto chamaria atenção, mas era para ele uma tática desesperada. Ou isso, ou ver a Lily nos braços de outro cara. Vê-la com seu último namorado, Ryan Cowley fora bastante doloroso. E ainda fora bem menos doloroso para Ryan, que recebeu um grande soco, uma semana após ter pedido ela em namoro.

Resultado: o queixo deslocado para Cowley e uma semana de detenção para James.

James realmente era grato aos seus amigos. Não que sair com garotas fosse um sacrifício, mas eles sempre tinham alguma idéia maluca para ajudar-lhe. E geralmente funcionavam. Ou acabavam em detenção, o que era quase tão divertido quanto o resultado do plano em si.

Agora, apenas lhe restava esperar que o plano dos seus amigos desse certo dessa vez.