Disclaimer: Harry Potter pertence à J. K. Roling, Warner Brothers e etc.

Shipper: Harry Potter x Draco Malfoy. Slash!

Spoilers de Deathly Hallows (Livro Sete, Relíquias Mortais), mas o Epílogo é completamente ignorado.


Back At Your Door


Capítulo I –

'De volta aos tempos de escola'


Draco já havia bebido muito.

Aquela festa do Ministério estava muito chata. Enfadonha. E ninguém mais se dava ao trabalho de cumprimentar um Malfoy. Draco sabia que devia estar agradecendo por no final das contas ter saído impune, assim como sua mãe, e que alguns anos em Askaban não foram de todo ruins para Lucius Malfoy, mas Draco detestava ser ignorado, principalmente numa festa cheia de gente importante.

Importante, ele pensou com desprezo, virando mais um copo de uísque de fogo, como se Potter fosse muito importante. Ele salvou o mundo, e daí?Continua usando o mesmo corte de cabelo ridículo. Ninguém com um cabelo daquele deveria ser respeitado.

E falando nele, lá estava Harry Potter, acompanhado por um pequeno grupo de ruivos: Arthur, Molly, Ron e Ginny Weasley. E é claro que Granger estava no meio também – ela não desgrudava do noivo um segundo.

Draco desviou os olhos deles rapidamente. Seria ótimo poder puxar uma briga, ver o Pobretão ficar com a cara toda vermelha de raiva, a Sangue Ruim fechar o semblante de tal maneira que rugas prematuras se formassem em seu rosto e, o melhor de todos, ver Potter perder o controle e a postura de bom moço e partir pra violência. Seria como viver os tempos de escola novamente.

Mas o loiro sabia que não conseguiria. Desde o fim da Guerra, ele agia de modo diferente perto de Potter. Havia alguma coisa dentro de sua cabeça que sempre o impedia de insultá-lo. Quando mirava os olhos verdes, brotava sentimentos estranhos para ele, algo como gratidão – não que Draco soubesse do que gratidão se tratava exatamente. Era ridículo como ficava sem jeito toda vez que ele e Potter haviam se encontrado dentro do Ministério ou numa festa chata como essa.

Não que não tivesse mais raiva de Potter, longe disse. Mordia-se toda vez que lembrava que o idiota de apenas vinte e dois anos tinha conseguido o cargo de Chefe dos Aurores, enquanto ele próprio era apenas um Auror ainda considerado iniciante.

Mesmo assim, não havia como negar que alguma coisa tinha mudado na forma como pensava sobre o Menino Que Venceu. Não que ele pudesse ser considerado mais um menino, não com aquela altura, os ombros largos, os traços masculinos e...

Draco grunhiu, pedindo para o garçom mais uísque. Havia também aquilo, que vinha tentando ignorar há um bom, bom tempo. Ele sentia-se ridiculamente atraído por seu chefe. Tinha que esconder suas bochechas ruborizadas toda vez que Potter falava com ele naquele tom firme e profissional. E como não esquecer do enorme sorriso que se formara em seu rosto quando soube que Potter e a Weasley haviam terminado o longo namoro.

Sua bebida chegou, e o loiro praticamente arrancou-a da mão do garçom, tomando um generoso gole.

- Afogando as mágoas, Malfoy?

Draco quase cuspiu o que tinha na boca enquanto via Harry Potter apoiar-se na grade da sacada. Eles estavam no segundo e último andar de um edifício que o Ministério sempre usava para suas confraternizações. O primeiro andar era apenas a recepção onde havia uma larga escada que levava ao segundo andar, onde ficava o salão com as mesas, o restaurante e as enormes sacadas para quem queria um pouco de paz do barulho e da multidão de dentro do salão.

- Se você está tentando reconstruir sua reputação e a da sua família, é melhor que não fique bêbado numa festa cheia de pessoas que adorariam ter um bom motivo para falar mal de você. – Potter continuou quando Draco não se manifestou.

O loiro bufou e girou o copo na mão, brincando com o gelo.

- O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. – Respondeu, tentando fazer com que o outro fosse embora logo.

- Claro que é, sou seu chefe, esqueceu? – Disse com um sorriso um tanto convencido no rosto.

- E como poderia esquecer... – Draco resmungou. Talvez fosse a bebida, mas ele sentiu-se confiante para falar coisas que já lhe perturbavam fazia tempo. – Por que está sempre me ajudando, Potter?Salvando-me na Sala Precisa, depondo a meu favor... E se acha que não sei que foi você que interferiu para eu conseguir este emprego de Auror, você me subestima demais.

O moreno pareceu surpreso, e ficou quieto e pensativo por longos minutos, enquanto Draco tomava o resto de seu uísque para ver se conseguia manter sua súbita coragem.

- Porque eu quis. – Potter respondeu subitamente. – Mas não pense nisso como se eu fosse arrogante. Eu simplesmente quis te ajudar. E eu também tenho meus motivos e dúvidas.

- E quais seriam?

Potter riu, um tanto alto demais na opinião de Draco.

- Por que eu te diria? Eu respondi uma pergunta sua, agora você responde uma minha.

Draco torceu o nariz. – Que negócio mais idiota. E infantil.

Mas como não protestou mais, deixou a entender que tinha aceitado as regras do jogo de perguntas deles.

- Por que escolheu ser um Auror, Malfoy? Eu sei que odeia isso.

Draco desviou os olhos de seu chefe, olhando para o céu escuro ao invés. Ele não queria responder aquela pergunta, não queria mesmo. Nem sabia por que estava ali conversando com Potter para falar a verdade. Por mais que o moreno tivesse salvado sua vida algumas vezes e fosse alguém fisicamente interessante, não significava que Draco queria se aproximar dele. Muito menos deixá-lo saber de seus segredos.

Resoluto, o loiro desencostou-se da sacada.

- Eu não sou obrigado a responder isso. Tchau, Potter, a gente se vê no trabalho.

E virou-se para ir embora, mas uma mão segurou-lhe pelo braço, e seu corpo ébrio quase cedeu ao puxão. Olhou para Potter, começando a ficar irritado, e viu sua irritação refletida nos olhos verdes do outro.

- Isso foi muito injusto, Malfoy. Eram as regras do jogo, você deveria no mínimo responder essa pergunta para mim.

Draco riu debochadamente. – Devia se lembrar de que Sonserinos não jogam limpo.

- Pare com isso, não estamos mais na escola. – Disse apertando os dedos em volta do braço do loiro, que trincou os dentes em dor, imaginando a marca arroxeada que ficaria em sua pele pálida.

- Então pare de agir como se ainda estivéssemos, com esses seus joguinhos estúpidos. – Disse chacoalhando o braço e se livrando da mão do outro.

Assim que se viu livre de Potter, Draco deu-lhe as costas e saiu andando. Antes de chegar à porta que ligava a sacada ao salão, porém, parou e se voltou para o outro novamente, um sorriso enviesado em seu rosto, e disse cheio de sarcasmo:

- Sabe, Potter, é sempre nostálgico estar com você. Continua o mesmo idiota de sempre.

E sumiu antes que o moreno pudesse revidar ou dizer qualquer coisa.

-x-

No outro dia, Draco estava desesperado.

Além da enorme dor de cabeça martelando seu cérebro, ele não sabia nem como mostraria a cara no Ministério. Tinha desrespeitado o Chefe do Departamento de Aurores (seu chefe), o próprio Salvador do Mundo Bruxo, o oh tão famoso Harry Potter. Se Potter resolvesse acabar com a sua já ordinária vida, Draco estaria ferrado. Não havia uma pessoa em toda a Comunidade Mágica que não fosse influenciada pelo moreno. Poderia até mesmo ser banido e ter que ir viver como um trouxa!

Eram esses seus temores que confessava à Pansy enquanto eles tomavam chá nos opulentos jardins da Mansão Malfoy.

- Pare de fazer drama, Dray. – Draco torceu o nariz por causa do apelido, mas ela não ligou. – Todo mundo sabe que Potter tem um ponto fraco por você. Ele sempre está bancando o herói, principalmente o seu, então não há com o que se preocupar. Você já disse coisas piores a ele.

- Não sei não, Pansy... Ele é meu chefe, foi ele quem me colocou ali, eu devia estar tentando ser agradável ou coisa do tipo...

Ela suspirou, descansando sua xícara de porcelana na mesa e pegando um biscoito de nata.

- Potter já tem muita gente puxando o saco dele, ele não precisa de mais um. – Ela mordeu o biscoito, mastigando várias vezes antes de engolir e voltar a falar. – Relaxe, Dray, o máximo que ele vai fazer é te mandar para uma missão mais difícil.

Draco fez bico. Ele já odiava todas as missões que cumpria – uma ainda mais complicada o deixaria acabado. Como alguém podia gostar desse emprego era um mistério para o loiro. Ele sempre se machucava, ficava sem dormir, recebia ameaças... Era uma rotina horrível.

E Pansy não poderia ter estado mais certa. Na segunda-feira, assim que pôs os pés no Ministério, recebeu um chamado de que os Aurores deviam ir até a sala de reuniões deles.

Chegando a sala, Draco engoliu em seco ao ver Potter de pé na ponta oposta da longa mesa. A maioria dos Aurores já havia chegado, todos tentando sentar o mais próximo possível de seu chefe e ídolo. Draco, ao contrário deles, sentou-se o mais longe que podia.

Quando todos os lugares já haviam sido ocupados, Potter começou a falar.

- Já vínhamos tendo suspeitas de atividades de ex-Comensais em cidades mais afastadas da capital, mas agora recebemos uma denúncia de ex-Comensais se reunindo aqui em Londres mesmo. Achamos que não deveria ser verdade, afinal, era bem improvável que eles fossem se arriscar tanto assim, então julgamos a denúncia como falsa. Mas novas denúncias têm sido feitas, portanto, iremos investigar. Duplas serão formadas e nos espalharemos pelas regiões mais prováveis.

Draco mascarou sua apreensão com toda a experiência que tinha adquirido ao longo da vida. Ex-Comensais não gostavam muito dele. Primeiro porque havia saído impune e depois porque sua família recusara-se a voltar a apoiar o Lorde. Ele já estava morto, já havia sido derrotado, Draco não entendia porque insistiam em continuar a causa. E quando descobrissem que havia se tornado um Auror, as coisas iam ficar ruins para o lado do loiro.

Só foi sair de seus devaneios quando viu Potter se aproximando dele.

- Malfoy, você fará dupla com Smith. – Disse sério, mas o brilho estranho em seus olhos verdes mostrava que ele ainda se lembrava da festa de sábado e estava descontando sua raiva.

- Tudo bem. – Draco falou arrastando as sílabas, desviando seu olhar para seu parceiro de agora em diante. Mas obviamente não estava tudo bem. Draco odiava Zacharias Smith, e Potter sabia disso. Os dois loiros sempre se evitavam ao máximo. Por ambos serem bem arrogantes, não conseguiam nem começar uma conversa sem um querer mostrar que era mais loiro que o outro.

Obrigada pelo castigo, Draco pensou, voltando a olhar para Potter, sabendo que não estava conseguindo disfarçar o descontentamento em seus olhos. O moreno sorriu de lado, satisfeito por ter saído vencendo. Mas seu sorriso logo morreu, e ele se dirigiu aos outros Aurores para lhes informar suas duplas.

Quando Smith soube quem seria sua dupla, mais do que rapidamente virou-se para Draco, seu rosto contorcido em desgosto. Draco devolveu a careta, já prevendo o inferno que seria sua vida dali para frente.

- Atenção, por favor. – Potter disse assim que terminou de informar as duplas, e viu que os Aurores estavam conversando com seus parceiros. Todos ficaram imediatamente quietos. – Começaremos as investigações amanhã. Estejam prontos. Podem tirar o resto do dia para pesquisar e acertar os detalhes com suas duplas.

E com isso Potter se foi, saindo da sala. Draco colocou o cotovelo na mesa para apoio, e recostou sua bochecha na palma de sua mão. Foi com irritação crescente que viu Smith se aproximando.

O loiro parou em sua frente e cruzou os braços, a expressão fechada. Draco continuou em sua posição de descaso.

- Eu não gosto de estar com você, Malfoy, mas também não quero perder esse emprego. Se fomos escolhidos como dupla, nosso chefe deve enxergar um motivo para tal.

Ah claro, o motivo dele é tornar minha vida pior do que já é, mas é claro que um lufa-lufa débil como você não consegue ver isso. Draco às vezes ainda era muito ligado a seus velhos hábitos escolares. E toda vez que imaginava Smith com uma gravata preta e amarela, seu desprezo por ele crescia.

- Então pode continuar acreditando nisso. Eu vou embora. – Draco disse se levantando. – E é melhor que pesquise direito sobre nossa região, eu não quero um parceiro despreparado e inútil. Te vejo amanhã.

E enquanto saia da sala, Draco podia sentir o olhar mortal de Zacharias Smith em suas costas. O ex-sonserino então sorriu, sentindo-se verdadeiramente superior, coisa que não acontecia desde os tempos de escola.


N/A: Fim do primeiro capítulo!Ainda está muito curto para o meu gosto, mas pretendo aumenta-los de agora em diante.

Coitado do Draco, tem uma vida bem ruim, não?Por enquanto só vai piorar, mas não se preocupem, depois melhora.

O título da fic foi tirado de uma música do novo CD do Maroon 5, e por enquanto ela pode não parecer que tem muito a ver com a fanfic, mas só vai fazer sentido nos últimos capítulos. Falando em capítulos, não sei quantos serão, provavelmente por volta de dez.

Até a próxima, reviews são sempre bem vindas.

Lindsay