Além do tempo
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N/A: Essa fanfic foi baseada na lindíssima novela Além do Tempo. Para quem acompanhou há de notar elementos de passado explicando eventos do futuro/presente.
Para quem não acompanhou, é uma história sobre reencarnação. Onde eventos do passado, erros, coisas que ficaram sem resolução, poderão ser resolvidas em outra vida.
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Naruto não me pertence. Assim como a fanart da capa.
Créditos aos autores
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- Lady Sakura, precisa de ajuda? – perguntou a esguia ama de cabelos castanhos.
- Obrigada, TenTen. Mas, eu só preciso ficar com meus pensamentos no momento.
- Se Vossa Graça desejar, posso pedir para os criados esquentarem água para um banho.
- Eu agradeço. Estarei esperando.
TenTen, a dama de companhia fez um gesto de despedida cortês e se retirou.
Lady Sakura Haruno era a filha mais nova do Conde Haruno, detentor de uma vasta área de terra e grande fortuna, e juntamente com seu irmão Naruto, herdariam tudo um dia.
O Conde Haruno sempre cuidou com um carinho especial de sua filha. Contratou um professor de música, uma dama para ensinar-lhe bons modos, e o que mais apetecia a moça, aulas sobre ervas, frutos, extração e socorros. O Conde já pensava em sua velhice, e nos cuidados futuros que sua filha poderia dar a ele e não negou-lhe tais estudos incomuns para moças de sua idade.
Sakura era belíssima. Dotada de uma formosura esplendorosa, alva pele, longos cabelos em tons de rosa, e profundos olhos verdes. Não era muito alta, mas o porte altivo e o pescoço longo a faziam ao mesmo tempo doce, e ao mesmo tempo imponente.
Tinha uma vida boa. Estudava o que lhe era oferecido, cosia bordados de flores de cerejeira em todos os variados tecidos ao lado de sua ama TenTen, e a filha de um dos Vassalos de seu pai, Ino Yamanaka.
Tocava seu alaúde e quando podia colhia flores e nadava pelo lago aos arredores da nascente que fornecia agua para as terras de seu pai. Sem que sua família soubesse, é claro, afinal era um ultraje uma moça de tão boa índole e família tradicional nadar por aí em suas anáguas.
Mas as coisas mudariam. Sakura fora prometida em casamento a um herói de guerra, o Lorde Lee. Nunca se animou com a ideia de casamento, mas sabia que esse dia chegaria, fora preparada para isso, mas enquanto era tudo um futuro distante não se preocupou, mas quando foi informada que já havia um noivo, sentiu-se perdida.
Com ajuda de TenTen, despiu-se de seu imenso vestido de um verde-oliva intenso e suas roupas de baixo, e entrou na tina de agua quente.
- TenTen – ponderou incerta sobre a pergunta, mas a ama era também sua amiga e decidiu ir a frente – você acha que os romances das músicas, poderiam ser reais?
A ama que era um ano mais velha que sua senhora, parou o trabalho de esfregar lhe as costas.
- Por que pergunta, Lady Sakura?
- Por nada. – Sakura desembaraçou os cabelos molhados com os dedos – apenas curiosidade.
- Bem, eu penso que são apenas sonhos e delírios dos artistas.
Sakura sorriu sem realmente ter realmente graça.
A noite em que o Conde Haruno preparara para dar boas-vindas ao Lorde Lee havia chegado. Mais especificamente, a noite em que seu pai queria oficializar o compromisso entre ele e sua filha.
O Lorde Rock Lee foi um herói de guerra, onde em uma luta contra os povos a oeste das montanhas que lutavam por expansão atacaram a unidade dele, em seu dia de guarda, e ele conseguiu derrotar 6 dos principais líderes o que afugentou o resto do bando, e poucas baixas na emboscada a soldados que dormiam.
Era um feito admirável. Todos gostavam dele.
Sakura também se sentiu admirada, mas como uma cidadã agradecida, não o suficiente para cair de amores por ele.
Pensava que se talvez o conhecesse, o seu desencanto pelo casamento iminente sumiria. Era um rapaz de cabelos pretos, e grossas sobrancelhas, relativamente bem afeiçoado. Falava alto, e não lhe faltava soberba e energia.
Tinham sido apresentados mais cedo, seu pai fizera questão de coloca-la ao lado dele para que conversassem, e que Lorde Lee caísse em seus encantos.
O que já tinha acontecido assim que viu a formosa Lady Sakura descendo as escadas, usando um vestido em tons amarelos, e renda perolada, bastante apertado, avantajando os exuberantes e delicados seios. Ela quase não usava rouge, então a pele suave combinava com o mais verde dos olhos.
A cada passo da escada que ela descia, mais os olhos do Lorde Lee brilhavam de encanto. Quem passou a tentar impressionar o resto da noite, fora ele. Contava para ela e para os presentes, a cada parada em um círculo social que os abordava a mesma história.
Da primeira vez foi empolgante, mas depois da sétima vez, a bela dama já estava fatigada. Enquanto Lorde Lee contava ao tabelião do condado sobre como perdeu sua espada e teve de lutar com as mãos, Sakura divagou se perguntando por quantos anos de seu futuro casamento ela ouviria essa mesma história em jantares longos e enfadonhos.
Lembrou-se do velho Sarutobi, o maltrapilho da cidade, que gritava aos quatro ventos que ele seria rei e contava como era seu reinado e como foi um homem justo e respeitado, que todos deveriam respeita-lo. Com isso, virou ainda mais chacota entre os aldeões, por conta de seus delírios, sonhos ou bebida.
O fato é que desde pequena, Sakura parava para ouvir o velho Sarutobi, e todos os dias ele contava a mesma história, e era divertido.
E agora mal havia chegado ao fim da festa e já havia se cansado daquela história de seis homens salvos.
- Não é Lady Sakura? – perguntou Shikaku o tabelião.
- Me desculpe, Senhor Nara. Eu não ouvi sua pergunta, poderia repetir? – sorriu tentando apaziguar sua gafe.
- Eu disse ao Lorde Lee, que a história dele daria uma bela canção em seu alaúde.
- Oh sim! – realmente aquilo a animara – daria uma ótima canção dançante. Canções de heróis são sempre populares.
- Obrigada, milady. Ficaria lisonjeado, mas deixe para os cantores de tabernas, coisas assim não são para uma doce dama.
Sakura apenas assentiu.
- Com sua licença, procurarei por minha amiga Ino. Tabelião. Lorde. – Fez uma reverência com as saias do vestido e se retirou.
Tentou não pisar fundo, era uma dama, e observada por todos. Atravessou quase todo o jardim, e foi encontrar sua amiga Ino surrupiando e comendo canapés atrás do leque de cetim aberto.
- Não coma como uma porca, Ino.
Ino deu um gritinho contido com o susto que levou.
- Sakura! Quase passo desta para melhor. – engoliu o canapé que estava preso em sua garganta – estou com fome, fiquei dias sem comer para caber nesse vestido que minha mãe me obrigou a usar.
Sakura apenas riu.
- Ela diz que vários pretendentes importantes estariam aqui hoje. Por que se Lorde Lee não te aceitasse, os outros candidatos provavelmente gostariam de ver.
- Pois fique à vontade. Metade dos que estão aqui já me cortejaram, mas graças aos deuses papai os dispensou. – bufou – pode levar o Lorde Lee se quiser também.
Ino arregalou os olhos e estranhou o leve tom enfezado da amiga.
- Ele foi descortês? – perguntou.
- Não, não é nada. – Sakura não queria falar do assunto. Não ali pelo menos.
Não seria educado falar do seu futuro noivo. Ainda mais em defesa de um alaúde. Poucos ali entenderiam, não era costume que as damas tocassem.
Algumas das moças que tocavam canções, aprendiam harpa. Mas, a teimosa Sakura viu uma vez um viajante tocando aquele instrumento na praça próximo a fonte, e se encantou. Nada a fez mudar de ideia enquanto não ganhasse o seu e aprendesse a usar. Dobrou o pai com uma greve de fome, e bastante argumentos de seu irmão Naruto, que convenceu o pai que seria só fase.
- Fiquei sabendo que seu pai contratou uma trupe de saltimbancos e logo eles vão se apresentar. – Ino disse notando o incomodo nos olhos de Sakura. Já a conhecia bem para saber que ela só falaria o que passava em sua mente quando se sentisse à vontade, e tentou animá-la.
- Ah é? Tomara que tenha música.
- São forasteiros. – se aproximou para cochichar – dizem que são ciganos.
Sakura arregalou os olhos. Não eram comuns naquela região, e nem sempre eram bem vistos. Gente sem nenhuma educação ou pudor. Mas, Sakura em seu íntimo sentia uma certa curiosidade para ver gente assim, tão diferente.
- E meu pai sabe disso?
- Provavelmente não. Mas, dizem que viram um homem moreno muito elegante negociando com ele. Ele não deve ter notado. Mas alguns viajantes juram que já os viram e que são ciganos.
Sakura deu de ombros e pegou um dos canapés das mãos de Ino.
Mais algumas horas se passaram e as pessoas se serviram, riram e conversaram, até que o Conde Haruno convidou as pessoas para o centro do jardim, onde havia uma área retangular que seria palco de alguma apresentação.
As pessoas se acomodaram, e Sakura puxou Ino para que se sentasse ao seu lado e do outro estaria seu pai, para que nenhum lorde sentasse ao lado dela. Mas, para sua tristeza seu pai dera lugar ao Lorde Lee.
As luzes das lanternas foram apagadas e tochas se acenderam. Para espanto dos expectadores um homem de certa idade e longos cabelos pretos, estava parado em um dos cantos.
Ino apontou e fez um cochicho sem som que Sakura entendeu. "Foi esse homem".
Provavelmente falava do homem elegante que falara com seu pai.
- Meu nome é Madara. E esse – apontou para outro homem que magicamente saiu atrás dele – é Fugaku. E nós somos...
- Os Ihha-Uc! – gritaram em uníssono.
Mais tochas foram acesas, e foi possível ver mulheres cerceando o palco com harpas, tambores e alaúdes para excitação de Sakura.
Os dois homens fizeram acrobacias arremessando o corpo ao bater as mãos no chão. Em dado momento, o chamado Madara, deu saltos mortais, chutes e depois usou uma espécie de toco para se equilibrar. Todos assistiram consternados, quando ele parou em pé sobre o pedaço de madeira e o tal Fugaku em um duplo giro ficou de pé sobre seus ombros.
Os dois continuaram com movimentos sincronizados incríveis, mal pareciam seres humanos, ou que fossem dotados de ossos.
Quando terminaram, fizeram uma reverência e deixaram a área sob palmas.
Antes que saíssem, os tambores tomaram a frente, e uma espada foi lançada ao meio da arena, ficando perfeitamente cravada ao chão em linha reta.
Todos se assustaram. E em mais uma batida de tambor, um vulto caiu do ar, e parou com um único pé sobre o cabo da espada, deixando todos estupefatos.
- Eu sou Itachi.
Outras duas espadas foram lançadas sendo cravadas ao lado de Itachi, e outro homem parou agora equilibrando-se com as mãos.
- E eu sou Shisui. – e em uníssono novamente gritaram – Nós somos Ihha-Uc!
Os dois saltaram de suas espadas, e começaram a simular uma luta de espadas.
- Agora sim, algo que eu gosto – disse o Lorde Lee que Sakura realmente havia esquecido que estava ali hipnotizada pelos rapazes – uma pena que não gosto de katanas, prefiro algo mais viril.
Ele bateu a mão em sua espada mais pesada pendurada na lateral do corpo. Sakura apenas sorriu e voltou sua atenção a luta dos rapazes.
Eles eram mais jovens que os dois senhores anteriores, pouco mais velhos que ela provavelmente, e eram realmente muito bonitos. Viu várias moças cochichando, e várias mãos sendo levadas a boca, quando o chamado Shisui alcançou Itachi e rasgou uma parte da blusa deixando um pouco de seu corpo visível.
Primeiro foi o susto, mas depois os olhares eram mais desavergonhados.
Os dois pararam a luta, e convidaram a Senhorita Mei Terumi, a oleira do condado para o palco, e deram a ela duas flores para que segurasse.
- Itachi e eu vamos competir. – o tal Shisui falou – quem de nós consegue cortar mais das cinco pétalas dessa flor que a doce Mei segura.
Shisui pegou a mão da senhorita Mei e beijou, arrancando alguns suspiros da ala feminina da plateia, e olhares condenatórios, eles não tinham muita noção de etiqueta e respeito para se aproximar de forma tão íntima de uma dama.
- Mas, isso é muito fácil. E eu vou ganhar. – disse Itachi em tom teatral.
- Tem razão meu amigo. E se nós – fez uma pausa dramática – dificultássemos um pouco.
Arrancou do bolso duas vendas vermelhas e entregou uma a Itachi, e os dois colocaram-nas sobre os olhos.
- Senhorita Mei, peço-lhe que estique os braços para os lados cada um segurando uma flor e por favor não se mexa. – pediu Itachi.
- Se causarmos acidentes, corremos risco de não sermos pagos. – Shisui arrancou risos da plateia.
Os dois pediram silêncio, e só uma harpa ao fundo era tocada bem baixinho. Colocaram as espadas a frente do corpo, enquanto Mei segurava as flores tremendo, e fechando os olhos.
O tambor bateu. E em um movimento quase impossível de acompanhar, duas espadas silvaram. A plateia segurava o fôlego, nada parecei ter acontecido, até que duas pétalas caíram do lado da flor de Shisui, e três ao lado da flor de Itachi.
A senhorita Mei caiu de joelhos ao chão, e os expectadores uivaram, e bateram palmas.
Sakura estava de boca aberta, e Ino já ameaçava lágrimas. Sakura olhou para o lado e viu Lorde Lee com uma feição não muito amistosa, provavelmente estaria aborrecido por agora sua história não ser a mais incrível da noite.
Sakura sentiu até certa pena do homem, mas não podia negar que aqueles dois haviam sido muito mais atrativos.
Assistiu os dois se despedirem, logo depois de Shisui ajudar a senhorita Mei a se levantar e entregar a ela outra flor.
A música tocou de novo. Era sinal de que haveria outra apresentação.
Sakura duvidava que viesse algo mais incrível que a apresentação com espadas de Itachi e Shisui, mas tinha uma boa expectativa.
As tochas foram apagadas ficando somente uma que foi levada ao centro por uma das mulheres, a que tocava a harpa, ela sentia profunda curiosidade em como faziam aquilo. Sabia que era para aumentar a expectativa do inesperado, e funcionava perfeitamente.
O tambor rufou e parou enquanto a chama da tocha central aumentava.
E de repente, do meio do fogo saiu um rapaz, mais novo que os outros dois, era alto, de cabelos pretos mais curtos e bagunçados, mas além de sair do meio das chamas sem se machucar, chamou atenção também por estar sem camisa.
Sakura engoliu seco. Nunca vira um homem daquele jeito.
Imaginava que alguns sem as protuberantes barrigas, e sem suas vestes pudessem ser bonitos, mas certamente nenhum era daquele jeito. Leu em alguns romances de seu professor Kakashi a descrição de deuses antigos de terras distantes, e imaginava que poderia ser assim.
Mas o mais chamativo para Sakura, diferente das outras mulheres do lugar, não era sua seminudez, mas os olhos dele. Sakura sentiu-se presa a eles, em um profundo mar escuro quando ele olhou para ela. Ela não escutou nenhum barulho a sua volta. Tudo aconteceu em questão de segundos, mas pareceu uma eternidade.
- Oh minha nossa. – disse Ino se abanando com o leque o que tirou Sakura de seu torpor.
- Damas e cavalheiros, meu nome é Sasuke, e eu sou um Ihha-Uc. - o rapaz se fez ouvir com a frase de apresentação deles - Como podem ver, nós somos todos de uma mesma família, algumas terras que visitamos nos definiriam como clã, outros como ciganos vagabundos - a plateia riu - mas uma coisa sobre nós é que somos antigos, e vivemos para ver o mundo. Peixes maiores que navios, muralhas que não tem começo e nem fim, terras que cospem fogo e derramam sua fúria em forma de fogo do inferno, cavalos feios, lentos e corcundas, mas extremamente fortes e resistentes ao sol escaldante. Flores de todas as cores, odores e tamanhos.
Sakura sentia uma curiosidade absurda em saber do que o rapaz falava, e mal percebeu quando ele deu uma cambalhota e parou em sua frente entregando um ramo de flores a ela.
- Mas as flores de cerejeiras são minhas favoritas - cochichou
O rubor na face da moça foi inevitável, ela só esperava que ninguém houvesse ouvido ou notado o atrevimento. Mas, percebeu Ino de olhos arregalados a seu lado.
Sasuke se afastou e continuou seu discurso.
- Mas a coisa que mais faz os Ihha-Uc conhecidos, são a sua capacidade de brincar com fogo.
O indecente rapaz colocou um sorriso em apenas um dos cantos da boca, e Sakura se perguntou se havia em suas palavras alguma ambiguidade.
Itachi apareceu entregando a ele dois bastões e enquanto ele jogava algum tipo de líquido inflamável, Shisui vendava os olhos dele com a mesma tira vermelha.
Sasuke começou a girar os bastões e pega-los no ar. Fazia acrobacias a cada instante mais perigosas e todos assistiam excitados. A cada giro dos bastões flamejantes coreografado com acrobacias ouvia-se gritos surpresos.
- Quem aqui tem medo do escuro? - ele perguntou e esperou resposta, mas ninguém tinha muita coragem de responder - a senhorita tem medo da escuridão?
Perguntou a Sakura e todos voltaram os olhos para ela. Sakura não tinha tal medo, e pensou em dizer, mas se fizesse seria descartada para o número e por isso assentiu em uma ansiedade absurda em ser escolhida por ele.
- Uma bela dama não deve temer nada. Antes de ir acenderei uma vela para a senhorita.
Ele esticou a mão e Sakura aceitou a ajuda sendo puxada ao palco.
- Qual seu nome, Milady?
- Lady Haruno Sakura. - ela o viu arregalar os olhos frente à seu nome, mas logo sorria novamente.
- Você confia em mim, Milady? - ele olhou nos olhos dela de tal maneira, que Sakura se sentiu hipnotizada novamente e de algum modo perdida.
Ele piscou e lhe entregou uma vela tirada de seu bolso, segurou em suas mãos demoradamente, ajeitando a vela e a posição dos braços. O toque dele era gentil, quente e por mais viril que ele parecia, suas mãos não eram realmente grossas.
Mais desconcertante que isso só a proximidade dele. Qual o problema dessa gente que não conhecia limites e espaço pessoal?
Calculado a posição certa, ele se afastou, enquanto Itachi e Shisui instigaram a plateia a bater palmas ansiosas junto com os tambores.
Sasuke se posicionou, sorveu um líquido de uma caneca, pegou um dos bastões de fogo colocando na frente de seu rosto, e cuspiu o líquido causando enormes chamas.
Sakura fechou os olhos e segurou a vela com tanta força que sentiu ela rachando em suas mãos, quando abriu os olhos despertada pelo alvoroço de palmas e assobios, a vela estava acesa em suas mãos, e ao contrário da senhorita Mei se sentia eufórica e um grande sorriso estampou seu belo rosto.
Sasuke curvava o corpo pare frente em floreios de agradecimento, e depois apontou para Sakura pedindo palmas a sua inusitada ajudante.
Sakura estava consternada com tal atenção, mas uma gostosa sensação de euforia a fez agradecer os aplausos imitando os gestos de Sasuke que não se continha rindo dela.
- Esperamos que tenham gostado, e agora todos dancem.
As mulheres que já tocavam os instrumentos tomaram o palco e iniciaram músicas animadas, e depois uma outra mulher bonita de cabelos negros, começou a cantar.
Sakura havia gostado de tudo, mas essa mulher lhe causou um tipo de arrepio.
A festa se seguiu, todos comiam, bebiam, e arriscavam passos de dança.
Lorde Lee voltara ao círculo em que Lady Sakura estava, acompanhada de seu pai, Ino e mais algumas importantes pessoas, para contar de outro ângulo a mesma história da guerra.
Sakura escutava sem realmente absorver, seus olhos vagavam para a trupe de artistas se divertindo. O chamado Shisui bebia e dançava com senhoras inclusive a Senhorita Mei que Sakura notou estar com os seios mais amostra enquanto circulava os dedos em uma mecha de seus cabelos, enquanto Itachi dançava graciosamente no palco com Lady Shizune, já o tal Sasuke comia em um canto, e ao que parecia contava histórias interessantíssimas a Naruto. Sakura sentia inveja do irmão nesse momento.
- Concede-me essa dança milady? – perguntou o Lorde Lee que Sakura não notou se aproximando.
- Sinto-me com bastante sede no momento, Lorde Lee.
- Deixe que buscarei um vinho depois. A música está muito bela.
Sakura puxou Ino que passava com uma pequena bandeja de carne curtida e damascos, arrancou-os de suas mãos.
- Não coma como uma porca, Ino. Dance com o Lorde. – empurrou a amiga para cima dele– Divirtam-se.
Antes que respondesse, Sakura seguiu para onde seu irmão estava. Não queria pensar demais, se não perderia a coragem.
Naruto tinha um ótimo coração, e era relativamente tímido, mas se dessem a ele espaço, certamente ele conversaria e se soltaria.
- Não acredito que vocês, nadaram em um lago com neve! – disse ele.
- Eu não ia perder essa chance. – respondeu o tal Sasuke.
- Olá, irmão. – disse Sakura se aproximando.
Naruto olhou para ela sorrindo gentil, enquanto Sasuke se ajeitou e diminuiu o sorriso.
- Então a minha assistente, era sua adorável irmã. Lady Haruno Sakura, não é?
Ele perguntou, já se curvando e pedindo a mão de Sakura para o cumprimento, ela levantou e colocou na dele, e Sakura sentiu um leve roçar de lábios seguido de um beijo suave e demorada mais que de costume.
- Muito prazer, Lady Sakura. Me chamo Sasuke.
Arrepiou-se.
- Mu-muito prazer, Senhor Sasuke.
- Senhor? – Naruto zombou – não seja tão polida, irmã. Isso não passa de um boêmio falastrão.
- Não me desmoralize, seu borra-botas.
Os dois riam, e Sakura olhava de um para o outro tentando entender de onde vinha aquela intimidade.
- Vocês já se conheciam?
Eles se entreolharam e Naruto disse.
- Quando viajei para dar o recado de nosso pai ao Lorde Lee, eu parei em uma taberna, e jogamos juntos. Esse gatuno passou a perna nos nossos adversários e acabamos saindo no soco e quebrando o lugar todo.
- Você saiu no soco?! Eu saí no soco! – ele se virou para Sakura – quando a briga começou, o borra-botas quis chorar de medo, pedindo para não apanhar, só depois que eu dei um tapa nele, que ele me ajudou e nos livramos deles.
- Eu não queria lutar, eu não sou disso. Mas você que me fez querer lutar – coçou a parte de trás da cabeça – e confesso que dar uns socos me deixou bastante animado.
Sakura arregalou os olhos. Nunca imaginou seu irmão em tal ato violento indigno de seu porte aristocrático, enquanto os dois relembravam detalhes da luta.
- Você nunca me falou isso, Naruto. – ela os interrompeu.
Naruto soltou o ar, e abaixou a cabeça.
- Tive receio de falar, por que não é algo que seria bem visto pelo nosso pai, e não queria assustar você, querida irmã.
Sakura sorriu, Naruto era sempre tão bom para ela e protetor.
- Foi uma boa experiência para você, não foi? – ele assentiu – então eu fico feliz, irmão.
- A dama é bem mais corajosa que você, viu só. – disse Sasuke
- E o senhor pelo visto, realmente é um falastrão. – respondeu colocando as mãos na cintura.
Naruto riu mais alto. E Sasuke se aproximou dela, a uma distância que era possível sentir sua respiração.
- E a milady, é belíssima, mas percebo que é irritante. - sorriu levantando apenas um dos lados dos lábios em um sorriso divertido e provocante, que Sakura só conseguiu engolir em seco.
Ele se afastou e levou uma taça de vinho a boca – tirada de onde Sakura não saberia dizer – e em um gole muito demorado, prendia os olhos de Sakura de novo aos dele que agora tomavam um tom de vermelho refletidos do vinho em sua taça de bronze.
- Eu que sugeri ao nosso pai trazer os Ihha-Uc hoje.
Naruto disse, tirando a atenção e o contato visual deles.
- Então foi você. – respondeu ela – me perguntei como eles haviam vindo parar aqui, certamente não seria ideia de nosso pai. Ele só não pode saber que eles são...
Sakura não pensou no que ia dizer, e quando viu, já era tarde demais.
- São o quê? – perguntou Sasuke – vagabundos? Desocupados? Crias do demônio? – bufou já levantando um pouco a voz.
- Eu ia dizer ciganos. – respondeu Sakura se encolhendo.
- Espere, Sasuke. Minha irmã não falou por mal. – interviu Naruto – ela é assim, sempre fala demais, além de teimosa e curiosa.
Sasuke olhou-a de queixo erguido sorrindo de novo.
- Se és tão curiosa, deixe-me mostrar um pouco dos Ihha-Uc.
- Como?
- Você saberá, e não poderá dizer não quando eu chamar. Eu te desafio. – o sorriso de canto de novo, e mais uma vez Sakura se via tentada e perdida.
Se aproximou assim como ele fizera antes com ela e colocou as mãos na cintura novamente.
- Combinados então.
Sasuke sorriu mais um pouco e levantou a taça de vinho, bebeu e se virou saindo devagar.
- Você tem certeza, Sakura? Eu gosto dele, mas saiba que eles são diferentes de nós.
- Não se preocupe, irmão. Eu sei que posso com ele. – acalmou Naruto, mas também a si, temia o controle que aquele homem exercia sobre si, mas a atração estava além de suas forças – dança comigo?
Naruto ofereceu-lhe a mão, e a puxou para o meio do palco abarrotado de pessoas e que agora era utilizada para dança vitoriana.
Em certo ponto, Sakura teve que dar o braço a torcer e aceitar o Lorde Lee como par para uma dança.
Se sentia mal. Ele era um bom homem, mas durante a aproximação devido aos passos da dança, além dos pisões nos pés de Sakura, ele falava da beleza dela, de quantos filhos gostaria de ter, que ela seria uma boa mãe e esposa como manda o figurino, de que agora ele só queria descansar, mas que lutaria se fosse preciso. Afinal era um herói de guerra.
Enfadonho.
O relógio avançava, e quando Sakura conseguiu se livrar do Lorde, foi buscar uma taça de vinho para si. O pai não gostava disso, ela era uma dama, mas hoje era dia festa e ele não negaria que ela bebericasse algo.
Enquanto sorvia pela segunda vez sua taça de vinho, viu o falastrão Sasuke sair de detrás de uma coluna que sustentava o teto improvisado de tecido que cobria parte do local da festa. Mordia uma maçã, mais vermelha que o pecado, e enquanto mastigava acenou com a cabeça em um convite silencioso.
- A-agora? – Sakura respondeu e ele assentiu. – Mas há pessoas me esperando ali e...
- Eu sabia. – virou as costas – irmã do borra-botas, deve ser uma também.
Ele pôs-se a andar, e Sakura inflou as bochechas. Se existia uma coisa que ela odiava, era ser chamada de covarde. Sentiu o sangue subir e correr pelas veias.
- Espere!
Sasuke parou e se virou para ela, e quando teve a atenção dele, pegou a taça ainda pela metade e bebeu toda sem pestanejar, depositou-a com mais força do que deveria sobre a mesa, e pisou fundo até ele.
- Que graciosa. – provocou.
- Vamos. – ela passou a sua frente, ainda pisando fundo, e torcendo para que ele não percebesse, que agora ela mais disfarçava os efeitos do vinho do que realmente estava brava.
Ainda sentia dúvida em seu íntimo sobre andar por aí com um desconhecido, mas seu sangue era quente e ele ousou desafiá-la. Além do mais, a curiosidade era mais uma de suas qualidades, e conhecer pessoas tão diferentes a deixavam em uma ansiedade fazendo com que suas mãos suassem.
- O senhor congelou aí atrás, senhor Ihha-Uc? – provocou.
Sasuke passou a sua frente, a passos largos, deixando Sakura para trás, mas tentando se manter o mais relaxado possível, com as mãos no bolso, até que se virou e respondeu a provocação.
- Lady Sakura, você é mesmo irritante.
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E aí chuchus, gostaram?
Estou de volta \o/
Então, não seria bom com essa fic que eu ia voltar, meu projeto pra esse ano é outro, mas... fiquei com dó de deixar essa fic que já está começada desde o ano passado, morrer no papel.
A princípio era pra ser uma Two-shot curta, mas agora não sei qual tamanho terá XD. Calcul capítulos.
Eu não ia postar antes de terminar, mas to vendo que se eu não tiver o compromisso de postar eu não vou terminar nunca XD
Sobre a fic
Ihha-Uc, não precisa nem dizer que é Uchiha né XD
Mas o nome foi baseado nos Edena Ruh da saga de livros "O nome do Vento", inclusive recomendo.
Nas denominações o certo seria sempre dizer Lady Haruno, mas optei por usar mais Lady Sakura para melhor entendimento.
E bem, como disse no início, é baseada na novela Além do Tempo, que era lindíssima.
Então tem elementos que nas vidas passadas eram diferentes, que na "vida atual" (mangá), em que a vida passada explicaria as ações do presente.
Aberta a sugestões e críticas como sempre
Espero que gostem
^^
Beijinhos e até o próximo
;****
