I Guess I Loved You
Now
Tomorrow is all there is
No need to look behind the door
You won't be standing there no more
I had my chance
To dance another dance
I didn't even realize
That this was all love
And no lies
Then lost you
While
I guess I loved you
Oh, less, less than I should
Now all there is is me and me
I turn around and all I see
The past where I have left our destiny
Ele não sabia que diabos estava fazendo ali. Sabia só que precisava voltar. Não havia tido enterro, nem funeral, apenas uma missa. Susan não havia deixado rastro na terra para que ele pudesse honrar como se deve fazer com os mortos. Nada, e talvez fosse melhor assim. Sentou-se na cama que um dia havia partilhado com a italiana, e lhe pareceu irreal que ela não estivesse mais viva. Talvez ela só tivesse saído, ido ao pub, comprar uma bebida para suprir aquelas que eles bebiam entre palavras e beijos.
Não, Susan o havia deixado. E levado com ela um pedaço dele próprio, levado com ela um filho, que agora que ele se dava conta da importância. Sempre achara que Camille seria a mãe de seus filhos, a mulher com quem ele passaria o resto da velhice, vendo a grama e os netos crescerem. Susan esteve ali durante todo aquele tempo, amando-o sempre e sem nem ao menos lutar por isso, por acreditar que seria uma luta perdida.
Perdera tempo demais no passado. Se tivesse prestado um pouco mais de atenção ao seu redor, teria descoberto Susan mais cedo. Se não achasse que o mundo gravitava ao seu redor, talvez... Talvez ela ainda estivesse ali, rindo. Rindo enquanto ele tentava arranjar um nome para o filho deles. Sirius abraçou o travesseiro que fora dela sentindo seu cheiro e deixando que as lágrimas rolassem livremente, e molhassem a macia fronha de algodão. Ao fundo, nada a não ser as vozes das meninas, provinda do gravador de Selene, que ficaram repetindo-se...Repetindo-se...Até que ele adormecesse.
Now
Tomorrow's a mystery
I cannot live without a dream
Vanishing from reality
I wanna now
Would you come back to me?
Now that I finally realize
You are my whole
You are my life
I need you
O amanhecer naquela casa nunca fora tão deprimente, tão vazio. O sol parecia querer provoc�-lo, os passarinhos pareciam querer levar cada um, um tiro para calarem os irritantes bicos amarelos. A enxaqueca fazia sua cabeça pesar toneladas, e no chão o gravador de Selene repetia as palavras dela, de Susan e das outras devagar, com as pilhas a falhar, fazendo parecer que a italianinha estava a perder as forças, a sussurrar, a lentamente se calar. Utilizando-se de uma força hercúlea, Sirius levantou-se. Precisava cuidar de tudo, empacotar as roupas, os utensílios, informar à senhoria sobre a morte de Susan, à companhia de gás, de luz e telefone. Era estranho pensar em desfazer-se das coisas dela, do que ela deixara para trás. Parecia que ele estava a desfazer-se de si mesmo.
Chamaria Selene e Lilian para ajud�-lo. Elas ajudariam-no a pensar num destino para tudo aquilo. Acreditava que os pais de Susan já haviam sido avisados, se não, ele mesmo o faria. E entregaria as fotos e alguns pertences de Susan à mãe dela, era o mínimo que podia fazer. Pensava em ir até eles, e não falar isso tudo por telefone. Seria monstruoso fazê-lo sem ser pessoalmente.
Encaminhou-se ao banheiro, jogando no rosto uma mão cheia de água fria. Precisava de força, precisava de um banho gelado.
I guess I loved you
Oh, less, less than I should
Now all there is is me and me
I turn around and all I see
The past where I have left our destiny
Oh, oh, oh, I, I guess I loved you
Oh, less, oh less, less, less than I could
Another time
Another run
To mend both of our broken hearts
To tell you how much I can love you now
I, I guess, I guess I loved you
I guess I loved you
Havia terminado. Na pedra fria que o cercava na prisão, ele escavara rudemente com o cabo de uma colher o nome dela, acima de onde ele contava os dias que estava ali em Azkaban, escavando a pedra a cada débil crepúsculo daquele inferno gélido no meio dos mares do norte. Escrevia todos os dias, cartas para ninguém na areia suja do chão da cela. Cartas para Lilian, para Tiago. Para Remus, Frank e Alice.
Mas a maioria delas era para aquela cujo nome estava rabiscado, escavado e pintado em cada centímetro de parede daquela cela. Susan era o grande motivo que ele tinha para continuar vivo. O pesadelo que tivera na noite que tentou enforcar-se com as próprias roupas nas barras de ferro da porta o avisou que Susan não o queria com ele no outro mundo.
Ao menos não daquela forma. Mas ele não tinha mais como suicidar-se, mesmo se sua vontade e desespero sobrepujassem o querer do espírito de Susan. Já não possuia mais roupas, nem lençóis, ou correntes. Nada mais que pudesse usar para enforcar-se. Não se importava mais com o frio ou a nudez. Morreria sim, se fosse necessário para isso, morrer com honra.
Como Susan.
Harry Potter e seus personagens pertencem a J.K.Rowling e todos os outros detentores de seus direitos.
É proibida a cópia deste trabalho de fã para fã sem prévia autorização.
Susan e Selene são personagens originais by Silverghost.
Fanfiction by Keshi Toshimasa® inspirada em trabalhos de Silverghost.
Fevereiro de 2005
Luciana, espero que "I Guess I Loved You" faça jus ao que você imaginou.
Com carinho,
Keshi.
