Inglaterra, 1848. Isabella Swan está prestes a se casar com seu noivo, Edward Cullen, em uma união programada antes mesmo deles nascerem .Ela vem desiludida do amor, e só tem um objetivo: vingar-se de Félix, que a enganara há 2 anos atrás. Ele não está preocupado com a vida em família, e passa o tempo divertindo-se com mulheres, jogando e bebendo. Será que o tempo e a convivência forçada fará com que encontrem um caminho diferente, juntos? Fic de época, com narração em terceira pessoa, podendo conter P.D.V de Bella e Edward. Dados da Inglaterra são fundamentados em pesquisa, desculpem qualquer erro.
Obs: Também posto no Nyah!, com o nome de Mari Rizzi.
1848, Estrada para Hertfordshire
P.D.V Bella
A carruagem faz um barulho irritante ao rolar pela estrada de terra, e seus solavancos fazem meu corpo doer. Eu o culpo por isso, como por muitas coisas na minha vida. Tento me distrair ajeitando meu vestido azul-celeste, mas algo mais forte que eu me faz olhá-lo e encarar seus olhos verdes.
Meu marido. Ninguém pode ser mais cínico e hipócrita do que essa criatura sentada a minha frente. Ele sabe que estou gritando por dentro, que o detesto e desprezo, mas tudo que faz é me olhar com essa face pretensamente honesta. Para que eu pareça desequilibrada, enlouquecida. Mas não me renderei tão fácil, querido.
Sorrio forçosamente para ele, e tanto ele como eu sabemos, o que isso quer dizer. Meu esposo vai pagar por me levar para longe da cidade, dos bailes, da vida e daqueles que eu amo.
Prólogo
Londres, 1844, London Hotel.
- Félix, você não pode estar falando sério! – dizia um homem em italiano ao seu companheiro de quarto, no hotel que ambos dividiam na agitada cidade.
O jovem homem moreno abriu um dos seus famosos sorrisos de dentes branquíssimos.
- Porque não, Demetri amico mio?
- Porque Isabella não é uma mulherzinha do povo, por Deus! – disse ele, bravo – E, além disso, é irmã do Jacob, e até onde eu sei, você nutre uma grande amizade por ele. Não vai querer desgraçar-lhe a irmã caçula.
- Está bem, está bem – disse Felix, parecendo levemente desapontado. – Eu a deixarei em paz, segura em sua casa... Agora, se me permite, vou tomar um bom banho antes de embarcarmos. Ai, estou com saudades de Itália!
- Espere, Félix – disse Demetri. – Você a deixará assim, sem falar nada?
Félix parou em seu caminho, parecendo verdadeiramente aborrecido agora.
- E que deveria fazer?
-Não sei – respondeu o outro – mande uma carta rompendo com ela, qualquer coisa!
- Isso seria bom, meu caro, mas estou com uma preguiça de escrever...
Demetri sentou-se a escrivaninha, irritado:
- Então eu escrevo... Dite logo o que você vai falar. Depois mandarei um meninos de recado entregar a carta.
- Ótimo – disse Félix, satisfeito por lhe pouparem o trabalho – Escreva aí: Cara Isabella. Não, esqueça! Escreva Cara Bella... – e durante alguns minutos, tudo que se ouvia no quarto eram as palavras ditadas pela voz possante de Félix e o arranhar da pena de Demétri.
Residência dos Swan
Em um dos quartos da mansão da família Swan, propriedade um pouco afastada da cidade, a caçula Isabella estava na janela do seu quarto. Tinha então quatorze anos,quase quinze, mas o corpo era desenvolvido para a idade. Cabelos da cor de mogno caíam em cascata pelas suas costas e grandes olhos de chocolate miravam o céu.
Tanto os olhos, como a boca, deixavam transparecer sua preocupação. Na mão, segurava uma rosa vermelha, e de vez em quando trazia a flor perto do rosto para aspirar o aroma. Depois de alguns minutos, saiu da janela, desceu as escadas, passou por salas até estar no enorme jardim que circundava a casa.
Passeava pelos arbustros, ainda pensativa, ainda segurando a rosa na mão, quando ouviu:
- Ei, moça! - virou-se em direção ao barulho e viu um garoto magro mais novo que ela ao lado de fora dos altos portões de ferro da propriedade.
- A senhorita é Isabella? - a garota fez que sim, e correu a seu encontro, pois o menino segurava uma carta. Ele passou o braço fino pelas grades, estendendo-a:
- O Sr. Félix mandou entregar.
- Obrigada - murmurou ela, pegando a missiva. O garoto foi embora, Isabela colocou a rosa nos cabelos, e andando, concentrava-se em abrir a carta. Nela, uma letra elegante, que não parecia com a do seu querido, dizia:
Cara Bella,
De certo estranhará a letra, mas, pelo estado em que estou, arrasado, não consegui escrever, da tanto que me tremia a pena. Um amigo me faz a caridade de escrever por mim, mas não se preocupe, ele é de inteira confiança, e nossa breve paixão morrerá secreta.
É com pesar que escrevo essa, porém, espero que a senhorita se encontre de boa saúde.
Com pesar, digo eu, já que nosso rompimento se faz necessário. Não se espante, Isabella, pois foi a senhorita mesmo que resolveu não fugir comigo. Essa era a única solução para nós, já que está prometida a outro. Pouco foi seu amor, talvez nem tenha existido, e falsas as suas juras.
Agora, é tempo de partir, e não mais me verá. Quem sabe nos encontremos daqui alguns anos, e eu possa ficar feliz ao vê-la casada com aquele que escolheram para ti.
Despeço-me, sem mais,
Cavaleiro da Rosa.
A dor invadiu o peito de Bella, ela nem sentiu que a carta escapava de suas mãos e que caía ao chão. Aquilo não podia ser verdade! Félix não a deixaria assim, ela nada fizera para que duvidassem do seu amor. Ela só não se sentira capaz de fugir devido a vergonha que causaria a sua família.
Não! Aquela nem era a letra do seu amado! Mas então, como seria outro que tinha assinado "Cavaleiro da Rosa", algo que só os dois sabiam? E o estilo era de Félix, só podia ser ele! A verdade veio cruel e as lágrimas começaram a escorrer violentamente pelo rosto. É hora de partir, dizia a carta. Nunca mais o veria, nunca... Não seria vida sem ele...
Os joelhos cederam e ela não sabia quanto tempo ficara ali, nem viu quando um jovem forte chegou da rua e gritou seu nome. Como não obteve resposta, ele correu até ela, visivelmente preocupado. Quando a viu assim desfeita se assustou:
- Bella! - dizia ele, tocando as faces da menina, que de tão quentes pareciam febris. - Bella, querida - chamou ele baixinho - fale comigo.
Ela virou a cabeça em sua direção, lentamente, e os olhos negros de Jacob, seu irmão, entraram em foco:
- Ele foi embora, Jake... - disse num fio de voz.
- Ele? Quem é ele, Bella? - mas ela só negava com a cabeça, e seu irmão achou que ela estava febril e doente. Estavam os dois ajoelhados ali, e ele viu a carta no chão. Conforme lia, seu rosto se escureceu: tinham tentado levar sua irmã de casa, tinham tentado desonrá-la! Graças a Deus, ela estava ali. Sem se conter, ele aabraçou Bella , percebendo que tremia:
- Diga, querida... Me diga o nome - disse ele, tentando fazer uma voz suave, mas a menina novamente negou com a cabeça.
- Foi-se - murmurou de novo. E Bella parecia ter chegado ao limite depois disso, pois encostou a cabeça no ombro do irmão e desmaiou.
Sim, ela estava doente. Jacob podia perceber a febre que comia seu corpo. Sendo estudante de Medicina, ele já vira casos assim, em que pessoas morriam por altas temperaturas após grandes desgostos. Mas isso não iria acontecer a sua pequena irmã. Ele não deixaria. Suspendeu-a nos braços, andando em direção a casa, enquanto gritava:
- Sue! Pai, mãe! Rápido!
