Autor: Dark K.

Título: Still

Sinopse: Sinto dor.

Ship: Ron Weasley X Lavender Brown

Para Vick, com amour, que me pediu há algumas eras para eu escrever uma Ron Lav. Aqui está!

;***


Still.

Eu ainda te amo.

O quão patético isso soa? Porque para mim é o auge. É o fim. É o ápice e a decadência tudo em um só. É o apogeu do romantismo épico das tragédias gregas que ninguém mais lê e é o estofo dos ridículos romances baratos e fórmulas prontas que vendem como água para donas de casa infelizes e sem nada melhor para fazer do que sonhar com o amor eterno.

Quer saber a minha opinião? Amor eterno é uma merda. Dói de tal forma que eu sinto vontade de te matar só por você existir e me fazer sentir isso que eu estou sentindo. Que eu sentia. Que eu acho que vou continuar sentindo durante todas as vezes que eu ver você de agora até o nunca.

Ou até o sempre.

Ou até o nada.

Talvez isso nem seja amor. Talvez isso seja, não sei, rejeição? Complexo de inferioridade? Talvez um bom psiquiatra, daqueles caros com divãs e tapetes persas, conseguisse me curar disso? Talvez ele me fizesse ver que cada-um-de-todos-os-meus-intermináveis-relacionamentos-falidos são culpa sua?

Ou MELHOR: são culpa minha.

Fui eu que não te deixei sair, ir, partir, sumir.

Eu te conservei aqui.

Eu lembro o seu sorriso.

Eu lembro os seus olhos.

Eu lembro a cor da sua boca e cada traço do seu rosto – o seu rosto antigo, não seu rosto agora. Eu lembro seu sorriso de adolescente, não de jovem adulto. Eu lembro o brilho da expectativa, não do conformismo. Eu lembro os seus olhos brilhando à luz da lua, enquanto seus sonhos desfilavam à sua frente, um após o outro, e você queria ter o mundo.

Você não tem.

Nunca vai ter.

Você tem ela.

E ela é medíocre.

Nunca tive nada contra. Uma boa colega, inteligente o suficiente, prestativa o suficiente – bonita o suficiente para te tirar de mim.

Mentira. Eu nunca te tive.

Eu tive ilusões. Eu tive seus olhos brilhando por outra enquanto sorria para mim, e eu tive longas conversas sobre como ser uma pessoa melhor que você usou nela.

Eu tive horas sem sono pensando em como agradar você e você teve sonhos com ela.

Eu não sei quem é mais patético: eu, por amar você; você, por se contentar com ela; ou ela por não enxergar quão pouco você é.

É quase um ciclo vicioso. É tão repugnante que é fascinante de olhar.

E você anda – sorriso no rosto, destino traçado aos detalhes, sua vida medíocre de lugar algum a lugar nenhum, a mesma monotonia dos seus pais e dos pais deles.

Você sempre vai ser o mesmo, ela nunca vai mudar.

O mundo nunca vai ser seu e você nunca vai ser meu.

Você nunca foi.

E eu... Eu permaneço. Eu fico. Eu choro. Eu desejo nunca mais te ver e eu fujo.

Porque não te vendo eu não sinto nada e eu sou quase – quase – feliz. E não te vendo eu acredito que na boca do próximo, ou no sorriso daquele outro, eu vou achar o pouquinho que me falta para que eu possa te deixar ir, de uma vez, do lugar que você nunca pertenceu: em mim.


R E V I E W !