Mudanças no Ministério

Da janela da sua sala de estar, Arabella Figg observava com atenção a movimentação da Rua dos Alfeneiros. Não havia nada de excepcional naquela rua, repleta de trouxas, mas Arabella adquirira aquele hábito ao longo dos anos. Para os vizinhos, não passava de uma velha esquisita, que gostava de gatos. Era melhor assim, pelo menos não era incomodada.

Releu mais uma vez a carta de Alvo Dumbledore, contando o ocorrido em Hogwarts na final do Torneio Tribuxo, e todo o plano de Voldemort para retornar. Custava a acreditar que aquilo fosse verdade. Sentiu a morte de Bartô Crouch, no fundo o considerava uma boa pessoa, apesar dos caminhos tortuosos que ele seguira no passado para combater o lado das Trevas.

Não vira Harry desde o início das férias, o que a levava a crer que o garoto passava a maior parte do tempo dentro de casa. Bem, em breve precisaria lhe contar a verdade. Dali pouco menos de um mês ele estaria completando quinze anos, e já tinha idade suficiente para compreender melhor o passado. Dumbledore finalmente lhe dera essa autorização: "O Harry já sabe de muita coisa, Arabella. Inclusive da existência de Sirius Black..."

Dumbledore acreditava na inocência de Sirius Black. E Arabella não pode deixar de concordar com as evidências . Faltavam provas, mas Ministério não se empenhava em conseguí-las, preferindo apenas capturar o fugitivo e trancá-lo novamente em Azkaban...

Por fim, Dumbledore convocara uma reunião dali dois dias, em Hogwarts, com vários funcionários do Ministério, e solicitava sua presença. "Precisamos nos unir novamente, Fudge está cego, e quanto mais tempo perdermos, pior será....temos que deter Voldemort antes que ele reúna forças..."


A sala dos professores em Hogwarts parecia pequena diante de quantidade de pessoas que se reuniram ali, para decidir o futuro do Ministério da Magia. Arabella chegou acompanhada da filha, Serenna e do genro, Josh Perkins. Viajaram junto com Arthur Weasley e de seus três filhos mais velhos, Carlinhos, Gui e Percy. Foram os últimos a entrar na sala , e Dumbledore sorriu satisfeito ao vê-la ali, presente.

- Fico feliz em ter atendido ao meu pedido, Arabella.

- Não poderia lhe negar, Dumbledore - Arabella contemplou um a um os presentes: os conselheiros do Ministério, Mundungus Fletcher, Danyela McKinnon, vários aurores e chefes dos departamentos, além dos próprios professores de Hogwarts.

- Bem, já que estamos todos presentes agora, acredito que poderemos começar nossa reunião...como já lhes adiantei por carta, estamos diante de tempos novamente difíceis, e muitos de vocês ainda se lembram de como o mundo estava quatorze anos atrás...

Um silêncio constrangedor tomou conta da sala, revelando o pânico estampado no rosto de todos os presentes.

- Há duas semanas atrás, Voldemort voltou. Conseguiu o seu corpo de volta e está apto a retomar a onda de ódio e violência a que estava acostumado. Infelizmente, nosso caro ministro não consegue enxergar o problema. Eu não queria inflenciar tanto o Ministério, mas fiquei tranquilo quando percebi que grande parte de vocês acreditam na verdade.

- E Fudge está sabendo dessa reunião? - Arabella perguntou, interessada.

- Não, Arabella . Fomos o mais discretos possível...

- O problema de Fudge é imaginar que trabalha sozinho, e que não há ninguém acima dele no Ministério...mas ele se esqueceu do conselho ministerial...fomos nós que o colocamos lá, no poder - Charles Ross, um dos conselheiros, completou.

- E por onde iremos começar a trabalhar? Como deter Voldemort?

- Essa é uma pergunta interessante, Srta McKinnon...pensei muito a respeito, e conversei com o conselho também , e juntos chegamos a uma conclusão: tirar o Departamento de Execução das Leis da Magia das mãos de Fudge e nomear um novo chefe, tal como era antigamente.

- Mas o ministro não vai querer...

- Fudge não está em posição de querer ou não...ele está prestes a perder o cargo, se a senhorita me permite o desabafo...nós , do conselho, estamos dizendo isso...Fudge não está representando como deveria o Ministério...

- E quem iríamos colocar na chefia do departamento? - Arabella interrompeu o conselheiro.

- Precisamos de uma pessoa experiente, sensata e que conheça o Ministério muito bem. De preferência que tenha vivenciado nossa pior época...

- Nós queremos você, Arabella - Dumbledore sorriu, ante a expressão espantada da Sra Figg.


Assumir novamente a chefia de um departamento foi para Arabella um grande desafio, não só por causa da idade, mas principalmente pela hostilidade de Fudge quando ficou sabendo das circunstâncias de sua nomeação:

- Traição! Isso foi traição de todos vocês - bradou o ministro, diante dos funcionários - É inadmissível...

- Arabella Figg foi legalmente nomeada pelo conselho, ministro - disse um dos conselheiros.

- Conselho, conselho...isso é uma bobagem que deveria ter sido eliminada há muito tempo.

- O senhor precisa admitir logo que estamos diante de uma ameaça, que Você-Sabe-Quem realmente pode ter voltado...e tente acabar com o conselho, senhor ministro, para ver o que acontecerá com sua brilhante carreira.

Se Fudge não podia tirar Arabella do cargo, pelo menos tentaria dificultar o máximo o seu trabalho. No dia em que ela assumiu oficialmente o seu posto, o ministro jogou uma pilha de documentos sobre a mesa, e simplesmente disse:

- Divirta-se , Sra Figg.

- Como quiser, Sr Ministro. Estou aqui para isso mesmo.

- Mas não pense que eu vou facilitar o seu trabalho, sair definitivamente de campo.

- Nem eu gostaria disso, Fudge. No entanto, vamos precisar conversar com calma, sobre alguns assuntos...

- Então fale logo, não tenho tempo a perder com bobagens...

- Precisamos definir o rumo das investigações sobre Sirius Black.

- Não há o que ser definido. Assim que o Ministério localizá-lo, o mandaremos direto para Azkaban, onde será executado.

- Nós não poderemos mandá-lo para Azkaban novamente, sem que antes ele passe por um julgamento justo.

- Ah, por favor Arabella! Vai me dizer que você também acredita que Sirius Black é inocente? Provavelmente você está tão maluca quanto Dumbledore.

- Não estou dizendo que Sirius Black é inocente, Fudge. Quero apenas propor um acordo com você, que irá facilitar o trabalho de todos nós.

- E qual é esse acordo?

- Ouvi dizer que você já está na pista de Black...prenda-o, mas não o mande para Azkaban. Traga-o para cá, nós o manteremos preso aqui até o julgamento.

- Arabella, aquele homem é louco...você por acaso já se esqueceu de tudo o que ele fez? Fudge sussurrou, temeroso.

- Não, não me esqueci...Cornélio, estou lhe pedindo esse favor, não vai lhe custar nada. Você me dá sua palavra? Não mandar Sirius Black para Azkaban, sem julgamento.

Fudge ficou vermelho de raiva, não entendia qual era a intenção de Arabella, depois de tantos anos afastada do Ministério. Mas deu sua palavra, deixando a Sra Figg mais tranquila para iniciar o seu trabalho no Departamento de Execução das Leis da Magia.


Amanda Pettigrew acordou no meio da madrugada, com um barulho vindo do sotão de sua casa. Levantou-se, imaginando que talvez seu filho pudesse ter se levantado no meio da noite. O menino era sonâmbulo, o que a deixava preocupada.

Entrou no quarto do menino. Tony dormia tranquilamente, esboçando um leve sorriso. Amanda beijou-o de leve na testa, e saiu. Resolveu verificar o que estava provocando o barulho que não a deixava dormir. Pegou um castiçal com velas, e subiu as escadas, em direção ao sotão.

Ao abrir o alçapão, as velas iluminaram o ambiente, revelando a sombra de um homem baixo, gordo e meio careca. Amanda precisou se apoiar na parede, para não cair, quando viu ali parado, seu irmão que julgava morto, Pedro. Por alguns instantes delirantes, pensou que tudo não passava de sua imaginação. Era um fantasma, só podia ser...Pedro sorria sarcasticamente, diante do pavor estampado na face de sua irmã.

- Surpresa, irmãzinha? Vim buscar umas coisinhas que me pertencem...e matar as saudades, também.

- Vai embora, fantasma e me deixa em paz...

- Fantasma? Eu lhe pareço um fantasma? - Pedro aproximou-se de Amanda, que recuou - Essa história de me fingir de morto já me cansou, sabia? Desse jeito não sou muito útil ao meu senhor.

- Eu só posso estar ficando louca...isso não é possível, você está MORTO!!

Pedro agarrou o pulso da irmã, com a mão de prata que Voldemort lhe dera.

- Eu lhe pareço morto agora, Amanda? Hein, me responda!

- Me deixa em PAZ!! - Amanda soltou-se e recuou para o outro lado do sotão - Pra que isso? POR QUÊ?

- Você sempre foi tão inteligente, irmãzinha...o orgulho da família! Adivinhe por si mesma...

- Isso é loucura...Pedro, você é completamente louco!! Se fingir de morto, você não percebe o estrago que você fez na minha vida? A mamãe morreu de desgosto, por sua causa ...e você está vivo...sempre esteve...

- Você vai parar com o seu showzinho melodrámatico, Amanda? Eu quero saber de umas coisas que eu deixei na nossa casa...uns objetos que me pertencem...

- Não há nada que lhe pertença aqui...e se você for inteligente o suficiente, coisa que eu duvido, vá embora e nunca mais apareça aqui, ou terei que tomar providências, entendeu? Me deixe em paz...

- Se eu fosse você, teria mais juízo ao ameaçar um servo de Lord Voldemort, Amanda - Pedro sorriu debilmente, os olhos brilhando de fanatismo. - Eu vou voltar em breve, tenho certeza de que ainda há coisas aqui que me pertencem...e bico calado, entendeu?

Pedro desaparatou, deixando Amanda completamente arrasada.


Quando os primeiros raios de sol invadiram o quarto pelas frestas da janela, Isabella despertou. Estava acostumada a acordar ao amanhecer, mas naquele momento não queria abrir os olhos. Por alguns instantes, imaginou que os últimos dias não passavam de um longo sonho, como muitos que tivera ao longo daqueles catorze anos. Mas os braços que a enlaçava eram reais, assim como o homem que estava ao seu lado. Aconchegou-se melhor na cama, e ficou observando com carinho o rosto de Sirius.

Fez menção de se levantar para preparar o café-da-manhã, mas sentiu um puxão que a fez deitar-se novamente.

- Pensou que eu ia te deixar sair daqui? - Sirius a enlaçou novamente, dando-lhe um beijo - bom dia...

- Você é um safado mesmo...- Isabella sorriu, e virou-se para o lado, encarando Sirius - Eu preciso me levantar, vou preparar um café para nós...

- Pra que tanta pressa? Vamos aproveitar que o Remo está na Inglaterra, em reunião do Ministério...

- ...tentando te ajudar...e nós aqui, nessa vida boa...como se não tivessemos mais nada no mundo para fazer...

- Ah, Isabella por favor...vamos tentar não pensar no mundo lá fora, pelo menos agora, tudo bem?

Isabella sentou-se na cama, e encarou Sirius , séria:

- Não podemos ignorar o que está acontecendo, Sirius...

Sirius permanceu em silêncio. Aqueles eram os primeiros momentos de paz e uma relativa felicidade, depois de muito tempo. A última coisa que queria era discutir com Isabella. Tê-la ali, ao seu lado era muito mais do que podia sonhar.

- Por que você não trouxe a Vívian com você? - Sirius mudou de assunto habilmente, perguntando sobre a filha pela enésima vez.

- Porque eu tenho certeza que ela iria me dar muito trabalho aqui...

- Eu não acredito que ela seja tão rebelde quanto você diz.

- Nãaaooo, imagina...segundo sua mãe, a Vívian me dá o dobro de trabalho que você e a Lyra davam a ela, juntos.

- Você sabe que a minha mãe é exagerada. E pelo jeito não mudou...

Isabella segurou o rosto de Sirius com as duas mãos, e o puxou para si, dando-lhe um longo beijo. Depois, o encarou sorrindo.

- Eu não trouxe a Vívian porque queria você só para mim...


Amanda Pettigrew chegou cedo ao Ministério naquela manhã, mas ao invés de subir para o Departamento de Controle de Criaturas Mágicas onde trabalhava, desceu até o Departamento de Execução das Leis da Magia. Não havia conseguido pregar o olho o resto da noite, ainda atordoada com a descoberta que seu irmão estava vivo, e se tornara um Comensal da Morte. Ainda não entendia o porquê daquilo tudo, qual a lógica de se fingir de morto.Desceu as escadas e entrou direto na sala de Danyela McKinnon, sem mesmo bater na porta.

Danyela àquela hora já estava trabalhando, examinando uma pilha de documentos. Estava atordoada com tanto trabalho, uma rotina a qual não estava ainda acostumada. Ela tornara-se auror alguns anos após sua formatura em Hogwarts. Aqueles anos foram tranquilos, pouco serviço a ser feito. Passava a maior parte do tempo estudando técnicas trouxas de investigação. Chegou até mesmo a estudar direito, apenas pela curiosidade , saber como os trouxas lidavam com a justiça. E concluiu que pelo menos naquele aspecto, os bruxos ainda estavam atrasados. Propôs ao Ministério uma modernização da leis, mas não fora levada a sério. Esperava que com Arabella Figg na chefia do Departamento, houvesse algumas mudanças.

- Bom dia, Amanda. Madrugou hoje?

- Dany...eu preciso te contar uma coisa - Amanda hesitou, por uns momentos. Provavelmente a amiga iria pensar que estava louca, mas enfim...- Dany, o meu irmão está vivo.

Para espanto de Amanda, Danyela não pareceu nem um pouco surpresa ao ouvir aquela declaração. Limitou-se apenas a esboçar um leve sorriso de triunfo.

- Eu já estava sabendo...- Danyela sussurrou, temerosa - Há alguns dias...

- E você não me falou nada...esperou eu levar o maior susto da minha vida...Dany você sabe o que eu estou sentindo? Ele apareceu na minha casa ontem à noite...e me ameaçou.

- Amanda, por favor, sente-se e tente ficar calma...- Danyela tremia quase tanto quanto Amanda. Tirou da pilha de documentos uma pasta e um envelope e os entregou à amiga.

- O que é isso?

- A pasta contém o dossiê completo de Sirius Black, desde a época em que ele foi preso, até agora. E o envelope, bem...veja você mesma.

Amanda abriu o envelope e tirou uma fotografia de dentro. Provavelmente a foto havia sido tirada de longe, porque estava levemente embaçada. Mas era perfeitamente visível o rosto de Pedro Pettigrew, quatorze anos mais velho.

- Essa fotografia foi tirada há alguns dias, pela nossa equipe de espionagem. Há dois anos, você se lembra, correu um boato de que o Pedro estava vivo, mas não havia a menor prova.

- Isso tudo é uma loucura...Dany, porque ele fez isso? Ele se tornou um Comensal da Morte?

- Ao que tudo indica, sim. Escuta, Amanda, eu sei que é loucura, mas essa é a nosa realidade. Você sabia que o seu irmão é um animago clandestino?

- Não...não fazia a menor idéia.

- Ele passou doze anos como um rato, vivendo com os Weasley como se fosse um bicho de estimação.

- E porque ele se escondeu todo esse tempo?

- Eu ainda não tenho todas as respostas, Amanda. Agora mesmo, Remo Lupin está contando sua versão dos fatos, e o que ele descobriu ano passado, em Hogwarts.

- Dany...se o Pedro está vivo, isso significa que o Black se livra da acusação de assassinato...

Naquele instante, ouviram a voz de Arabella Figg esbravejando de sua sala. Danyela se levantou, assustada e tentou prestar atenção no que ela dizia.

- Como o senhor não me avisa que Sirius Black estava em sua casa, Sr Lupin?

- Sra Figg, por favor...

- Ora, fique quieto, para o seu próprio bem.

Danyela fez menção de sair de sua sala, para tentar entender o que estava acontecendo, mas Arabella invadiu o escritório, seguida de Remo.

- O que aconteceu, Sra Figg?

- Fudge acabou de localizar Sirius Black...- olhou brava para Remo - ...escondido na casa do Sr Lupin. E nem se deu ao trabalho de avisar pessoalmente, mandou um recado por um funcionário.

Remo estava se sentindo extremamente incomodado, com todas as atenções voltadas para si. Só tentava entender como haviam descoberto onde Sirius estava escondido. Mas preferiu calar-se.

- Você sabia que poderia confiar em nós, Remo. Nos pouparia trabalho, se você tivesse tentado convencer o Black a se entregar.

- Para ele ser mandado de volta a Azkaban? De jeito nenhum.- Remo sentou-se numa cadeira, desanimado. E só então reparou na presença de Amanda, encolhida num canto da sala. A irmã do traidor, pensou ironicamente. A lembrança de Lyra veio mais forte naquele momento, comparando-a com Amanda.

- Por que você está aqui? - perguntou, curioso.

Amanda não respondeu diretamente a Remo. Tomara uma decisão perigosa, mas não podia ficar quieta, depois de tudo que descobrira.

- Dany...eu vou depor oficialmente...contar que me encontrei com o meu irmão...- sorriu discretamente em direção a Remo, que arregalou os olhos, surpreso e retribui o sorriso.


Isabella serviu o café da manhã na cama, fazendo uma grande cena ao trazer a bandeja para o quarto. Fez o copo de suco de laranja parar exatamente em cima da cabeça de Sirius, e ameaçou despejar o líquido. Era uma velha brincadeira que ela inventara , mas na época pegara Sirius desprevinido e virara o copo, dando um banho de laranjada nele.

- Você nem se atreva...nessa eu não caio mais, Isabella. - Sirius apanhou o copo e tomou um grande gole de suco.

- Aprendeu a ficar esperto, é? - Isabella se sentou na beira da cama, e começou a se servir . Já estavam na metade da refeição quando a campainha tocou. Isabella levantou-se, sobressaltada.

- Quem será ? perguntou, intrigada.

Sirius deu de ombros:

- Sei lá, mas acho melhor você atender a porta...seja lá quem for, está bem aflito, não para de tocar essa porcaria...

- Sirius, por favor, fique aqui , em silêncio.

Isabella saiu do quarto, e correu para atender a porta. Precisou reunir todo o sangue-frio que tinha, ao cumprimentar Cornélio Fudge em pessoa.

- Como vai, Sr Ministro?

Fudge sorriu sarcasticamente:

- Muito bem, obrigada, Srta Bianchi. Muito melhor que a senhorita neste momento, poderia lhe dizer.

- O que o senhor quer dizer com isso?

- Recebi uma denúncia , que Sirius Black está escondido aqui. E como Ministro da Magia, vim pessoalmente averiguar.

- Seja quem for que tenha feito essa denúncia, ministro, acredito que deva ter imaginado coisas...

- Ninguém imaginou nada, minha cara. Se estou aqui, é por que tenho certeza de que Sirius Black está aqui. Com licença.

Fudge entrou pelo apartamento de Remo, sendo seguido de cinco guardas do Ministério. Imediatamente, começaram a vasculhar toda a residência de Remo. Isabella sentou-se no sofá, e Fudge sentou-se diante dela.

- Depois de tantos anos sumida, é bem suspeito revê-la aqui, Srta Bianchi.

- Eu não tenho o direito de rever meus amigos quando eu quero?

O ministro não respondeu. Um dos guardas voltou do quarto, desanimado.

- Acho que nos enganamos, Sr Ministro. O homem não está aqui...no quarto só há um cão enorme...e rosnou para mim.

- Como?Você está com medo de um vira-latas qualquer? - Fudge levantou-se mal humorado. E foi então que berrou:

- Este cão estava em Hogwarts!! - voltou para a sala, e apontou para Isabella - O que este cão está fazendo aqui?

- Foi um presente de Dumbledore para o Remo...- Isabella respondeu, quase sem pensar na desculpa que usaria.

O ministro voltou para o quarto, e começou a vasculhar todo o dormitório, ajudado pelos guardas. Esvaziou as gavetas, abriu o armário e fuçou na mala de Isabella.

- Muito interessante...

- Posso saber o que o senhor acha interessante? - Isabella parou à porta do quarto, tremendo, tentando por todas as leis manter-se calma.

- Primeiro, essa bandeja de café...para duas pessoas, suponho.

- Eu e o Remo tomamos café juntos, hoje...antes dele sair para ir ao Ministério...

Mas Fudge não estava ouvindo mais. Segurava alguns pergaminhos na mão.

- A senhorita está numa situação muito delicada...e o Sr Lupin também...

Quase sem respirar, Isabella percebeu que Fudge tinha em mãos as cartas que tanto ela quanto Remo haviam trocado com Sirius.

- Eu acho muito bonito um amor como esse...- Fudge sorriu sarcasticamente - "Isabella, as coisas aqui em Hogwarts federam, Voldemort voltou e tentou matar o Harry...Não sei nem o que pensar. Estou indo para a casa do Remo, se você puder, vá para lá também...precisamos de você...Com amor, S.Black." - A senhorita consegue explicar isso?

- Eu acho que o senhor não precisa de maiores explicações...

- Realmente...Srta Bianchi, a senhorita está presa, acusada de ocultar um perigoso fugitivo de Azkaban.

O ministro fez um gesto para um dos guardas, que puxou os braços de Isabella para algemá-la. Em seguida, deu meia volta, indo em direção à porta.

- Pode deixá-la, Fudge. Ela não tem nada a ver com minha fuga...

O ministro voltou-se e deparou-se com Sirius Black, o homem que procurara durante dois anos. Isabella balançou a cabeça, aniquilada. Murmurou, entre dentes, enquanto Sirius estava sendo algemado: "Você não devia ter feito isso...". O guarda tirou a algema da moça, mas manteve-se alerta. Sirius olhou para Isabella, penetrando fundo nos seus olhos: "Eu não podia deixá-lo te levar sozinha, como uma criminosa...

- Vamos, vamos...estamos perdendo tempo aqui. - Fudge os apressou, afastando Isabella de Sirius.

A fuga de Sirius Black, o prisioneiro mais famoso de Azkaban terminara ali.

Capítulo 3...

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