A festa havia acabado tarde. Comemoração por toda Metrocity caminhou noite adentro com parabenizações para Megamente e sua grande mudança no penúltimo dia. Houve festa na cidade, o prefeito agradeceu ao ex-vilão e Rosane. Ela não conseguia estar mais feliz: abriu uma folga no trabalho e tirou o momento de comemoração para passar o máximo de tempo possível com o sujeito azul de cabeça grande. Derrotara Titan, salvara sua vida, ela era forçada a admitir que no fundo, talvez no fundo ele sempre fora assim, perseguindo as coisas corretas da maneira errada porque fora essa face cruel que o mundo mostrara para ele.
E agora, ela acordava na cama de seu apartamento sem fazer a menor ideia de como fora parar ali. Apenas uma dor de cabeça deixava rastros do que fizera na noite anterior. E uma rosa deixada na cabeceira de sua cama: Ainda com a roupa de gala, a mulher se levantou, olhou ao redor e foi até a cozinha, onde descobriu um cheiro delicioso e um alien compenetrado nos mecanismos da sua cozinha.
-Bom dia – riu ela quando o viu saltar para traz ao descobrir como o fogão funcionava.
-Ah! Rosane! – corando, ele se voltou para ela, mas recuou, colocando a mão direita na boca do fogão acesa e se queimando: vestia a habitual segunda pele de couro, tendo largado o traje formal em algum canto da casa da mulher – Eu não sabia que já estava acordada, eu...- o olhar maroto dela o atrapalhava – Tentei fazer o café, mas...
-Está cheirando bem – ela foi até a mesa simples na cozinha e se sentou na cadeira mais próxima.
-Bom, isso o Criado fez. Infelizmente, a minha tentativa... – ele coçou a cabeça, lançando um olhar sem graça para o lixo, onde alguém parecia ter despejado um quilo de carvão.
Rosane riu até não conseguir mais: Ah, Megamente sempre seria atrapalhado quando se tratavam das coisas simples. El não era muito de sair...
-Não tem problema. O que vale é a intenção. – ela o viu colocar uma bandeja diante dela: tinha omelete, suco de laranja e uma torrada que era obviamente trabalho do Criado (tinha o formato de peixe). – Você não vai comer nada?
-Eu não tenho fome pela manhã – Ah, Rosane tinha certeza que aquilo que mais amava no sujeito eram seus olhos: sempre tão expressivos a ponto de serem mais esclarecedores que suas palavras, ocasionalmente acompanhadas por erros gramaticais.
-Agradeça ao Criado por mim – ela pôs-se a comer com interesse: não esperava que um ciborgue com corpo de gorila e cabeça de peixe pudesse cozinhar tão bem. Ficou tão absorta na comida que não viu Megamente sentar-se diante dela e a observar com carinho.
-Você é tão linda... – ele suspirou, exibindo um sorriso que outrora era considerado como sádico.
-Pare com isso! – ela corou, quase engasgando com o suco de laranja – Eu não gosto quando me olham quando estou comendo...
-Eu sei – ele recostou-se na cadeira – Fica sem graça e suas bochechas ficam vermelhas. E eu adoro.
A mulher se perguntou como passara tanto tempo sem cair pelos encantos daqueles orbes verdes tão adoráveis. Depois de deixar claro que seu coração pertencia a ele, Megamente começava a dar-se a liberdade para elogiá-la, até mesmo tocá-la, mesmo que ainda o fizesse com extrema timidez. Terminou o suco com pressa antes de levar sua louça para a pia: tinha que se arrumar rápido, ou perderia a hora para o trabalho, afinal, a vida continuava.
-Vai trabalhar hoje? – ela não pode deixar de perceber um tom de desapontamento na voz dele.
-Ora, depois dos últimos dias, o jornal deve estar entupido de coisas para fazer. Não consigo imaginar a quantidade de papéis na minha mesa...
-E vamos sair hoje a noite?
Rosane virou, vendo o olhar esperançoso e desesperado de Megamente e como seus dedos se retorciam nervosos por sobre a calça. Ele estava apavorado com a ideia do encanto que a mulher tivera por ele no último dia ter sumido junto com a identidade de Bernard: era um ex-vilão apaixonado pela terráquea mais bonita da cidade e via suas chances com qualquer outra criatura muito remotas. Não que quisesse estar com outra fêmea além daquela. Mas tinha de admitir para si mesmo que Rosane seria a primeira e a púnica a amá-lo com aquela aparência ímpar e comportamento incomum.
-Não vejo porque não – ela tocou o topo daquela cabeça azul com fascínio, afagando a área careca.
Seu rosto explodiu em um sorriso quando saltou e a abraçou com força. Rosane gostava do cheiro dele, achava envolvente, apenas estranhava em como seu corpo era magricela, dando a entender que Megamente se tratava de alguém frágil.
-Ah, será maravilhoso! Eu prometo! – ele a levantou com os braços – A vejo as sete! Não se atrase!
Ainda aturdida, Rosane o viu saltar até a varanda e pular por cima da mureta.
-Megamente! – gritou, correndo até a varanda e se debruçando por sobre os tijolos para tentar vê-lo vários andares abaixo.
-O que? – seu rosto surgiu, preocupado.
Claro, ele tinha que pular em sua motocicleta flutuante, tinha que assustá-la. A mulher arregalou os olhos enquanto o veículo subia, deixando todo o seu corpo a vista.
-Ahn...Nos encontramos aonde? – ela tentou disfarçar o embaraço ajeitando o cabelo.
-No meu escon...Na minha casa. Você sabe onde fica. – e lançando-lhe um último sorriso, ele planou até se embrenhar em meio aos prédios da cidade.
Rosane teria de se acostumar com um supernamorado, aquele que fora o melhor vilão de Metrocity. Não se lembrava de como as coisas acabaram daquele jeito, mas agora, já em meio a situação, não conseguia ver como as coisas poderiam melhorar ou até mesmo desandar. Megamente era excêntrico, isso era certo, mas de uma maneira divertida e ingênua, e só de recorda-se de sua expressão quando o deixara na chuva a fazia querer abraçá-lo para perto e demonstrar que não estava sozinho naquele planeta estranho.
N.A.: Oi, oi, gente! Tudo bem?
Eu vi Megamente e simplesmente fiquei apaixonada pelo filme e pelo casal, então passei noites em claro, ansiando e tramando por uma fic de ambos! Bom, aqui está, a primeira fanfic de Megamente em português! Divirtam-se...E deixem reviews para saber se estão gostando ou se foi apenas um vício bizarro da minha parte ^^
Bjão
