Palavras da Autora: Bleach não me pertence, mas não saiam por aí espalhando.

"Escrever fanfics é terapia, melhora o português e a auto-estima."

Tudo começou naquela tarde de Outono antes da primeira flor de ameixa desabrochar.

Boa Leitura.


Era uma tarde de domingo, a estação era Outono e aquele dia era especial para Kuchiki Byakuya, todos os anos especialmente naquele dia, ele agia de maneira diferente; para quem não o conhecia, poderia até mesmo dizer que o capitão do sexto esquadrão agia normalmente como qualquer dia, mas para quem aprendeu a conviver com as atitudes e olhares daquele homem, podia-se dizer que ele estava diferente.

Byakuya chegava do quartel general do sexto esquadrão e especialmente naquele dia ele fazia questão de terminar todo e qualquer tipo de serviço um dia antes ou deixar o mínimo de afazeres possíveis para que pudesse chegar naquele horário específico em sua mansão. Ele passa pelo portão central de sua casa e é cumprimentado por seus serviçais que sempre guardavam os portões, ele apenas responde com um aceno de cabeça e prossegue adiante sendo recebido por seu governante que faz referência a Byakuya e o segue logo atrás, Byakuya passa por corredores até chegar ao seu quarto, mas antes de fechar a porta atrás de si ele faz um pedido ao seu governante.

- Por favor, não gostaria de ser perturbado por ninguém hoje.

- Eu entendo, Pode tranqüilizar-se meu senhor. Responde o mordomo em reverência e retirando-se logo em seguida.

Byakuya nem fecha a porta ao dizer isso, seu governante é quem faz. Ele se dirige até um mezanino que estava logo abaixo de um espelho do qual era possível ver todo seu corpo e se ajoelha para abrir a segunda gaveta, mas ele olha para frente e fica encarando seu reflexo por uns instantes então suspira e abre a gaveta, nele havia um pequeno lenço de mãos, do qual ele o retira e o abre com todo o cuidado revelando uma flor seca de ameixeira, ele a pega e coloca na palma de uma mão e com a outra a cobre e em seguida sai por outra porta lateral de seu quarto que dá de frente para um pequeno lago artificial com uma ponte transpassando-o e uma ameixeira em frente à porta pelo qual saiu. Byakuya se ajoelha diante da grande arvore e cava um buraco singelo com as próprias mãos e enterra a flor seca em um ritual que se repetia todos os anos naquela data, feito isso ele volta para a mansão sentando na ponta do corredor e olha para a arvore a sua frente, ela estava cheia de botões de flores prontas para desabrochar e ele esperava pela primeira flor que desabrocharia naquele início de estação.


Um portão particular da família Kuchiki abre e os dois guardas responsáveis por ele ficam de prontidão, mas logo se tranqüilizam e fazem posição de respeito. Rukia chegava junto a Ichigo e seus filhos, uma moça jovem de dezesseis anos e duas crianças menores aparentemente gêmeos, uma menina e um menino de olhares altivos.

- Rukia-sama! Um guarda faz reverência.

- Boa tarde. Ela responde. – Nii-sama já está em casa?

- Sim senhora, neste instante ele está na parte leste da mansão no jardim da grande ameixeira.

- Obrigada. Rukia cumprimenta os dois guardas e segue em frente com sua família.

Quando chegam até a mansão propriamente dita após atravessarem o grande jardim do Senkaimon particular da família os cinco são recebidos pelo governante.

- Rukia-sama. Ele faz reverência. Por favor, peço-vos que não se dirijam até o jardim da grande ameixeira, neste instante Byakuya-sama solicita que não seja perturbado por ninguém.

- Por que não? Nós viemos aqui para prestar nossas homenagens como sempre fizemos todos os anos. Ichigo estava intrigado.

- Ichigo, Nii-sama sempre fez isso todos os anos e como todos os anos faremos o mesmo de sempre também, vamos respeitar o seu momento sozinho nesta hora, depois poderemos falar com ele.

- Tudo bem então. Ichigo dá de ombros.

- Mãe, então eu vou sair por aí, vou ver a Yachiru no décimo primeiro. Diz a filha mais velha pedindo permissão de sua mãe.

- Tudo bem, mas não volte tão tarde. Rukia dá sua permissão pegando algumas flores que estavam nas mãos da filha.

- Ei, cuidado com o Kenpachi, aquele cara ainda é um monstro. Alerta Ichigo.

- Tudo bem papai. Responde a jovem sumindo com um shunpo.

- Papai, nós podemos sair para brincar também? Os pequenos perguntam.

- Brinquem apenas por aqui e nada de travessuras, lembrem-se do que a mamãe disse antes de virmos para cá, hoje é um dia muito especial para o tio de vocês, por isso, respeito heim. Ichigo diz aos filhos enfatizando o que diz apontando para eles com o dedo indicador.

- Sim senhor. As crianças saem correndo.

- Senhores. O governante chama a atenção dos dois. – Deixe-me acompanhá-los para seu quarto.

Ichigo e Rukia seguem o governante.


Byakuya olhava com seu olhar sereno para a arvore enquanto lembranças de sua falecida esposa voltam a povoar-lhe a mente. Ele fecha os olhos e as imagens vivas em sua cabeça ganham cores.

Byakuya se lembra de quando era jovem e aspirante a shinigami, naquele dia ele havia recebido uma missão, na verdade um teste imposto por seu avô para testar suas habilidades como guerreiro e principalmente como membro da família Kuchiki. A princípio parecia algo simples, sair em direção a Rukongai atrás de três Hollows, Caçá-los e trazer os colares em volta de seus pescoços que haviam sido postos para que depois de mortos servissem de prova para Kuchiki Ginrei, com isso Byakuya com certeza conseguiria grande prestígio diante de seu avô. Ele parte em direção a Rukongai atrás das criaturas, ele mata duas delas e continua atrás da última, mas ele havia sumido, fazia quatro dias que Byakuya o procurava e já estava exaurido e quase sem energias, seguindo o rastro do hollow Byakuya acaba indo parar em Inuzuri, mas quando finalmente encontra seu alvo o contrário acaba acontecendo, ele é quem vira o alvo, Byakuya havia caído em uma armadilha. O hollow o distanciava cada vez mais de Seiretei até esgotar suas energias para que ele pudesse atacá-lo com força total, eles lutam por um bom tempo e mesmo muito machucado Byakuya vence e pega o colar após o hollow virar pó, mas como estava muito debilitado na volta acaba desmaiando no meio de uma pequena floresta nos limites de Inuzuri. Um tempo depois ele sente algo refrescante em seus lábios e abre os olhos vagarosamente até se deparar com uma moça de olhar brilhante azulado e cabelos curtos negros com uma franja que se dividia em duas direções assim que passava pelo seu nariz, ela segurava um cantil e olhava com preocupação para ele.

- Você está bem?

Estas três palavras soaram tão doces e cheias de ternura que Byakuya pisca duas vezes rapidamente para ter certeza que aquilo não tinha sido um anjo falando. Quando percebe que não era um, ele levanta rapidamente e fica em sua posição de queixo empinado olhando para ela e fingindo que estava tudo bem.

- Vejo que está tudo bem. Ela sorri novamente olhando para ele com aquele olhar brilhante.

Byakuya pisca duas vezes de novo. Não aquilo não era um sonho, diante dele estava uma jovem que embora não estivesse vestida como uma nobre, algo que apenas lhe dava mais certeza de estar em um distrito bem distante e pobre, tinha uma beleza que ele nunca tinha visto antes, não era uma beleza hipnotizadora, tratando-se disso ele já tinha visto mulheres muito mais bonitas que ela, mas sempre que ele a olhava sentia que ela olhava dentro de sua alma, era uma sensação que o fazia sentir-se nu e esse pensamento faz Byakuya ficar vermelho de vergonha, além disso, seus orbes brilhantes faziam par àquela franja cor de ébano que escorria por seu rosto e cobria alguns traços seus.

A jovem mulher se levanta e bate nos joelhos para tirar a sujeira da roupa. Byakuya sente vontade de rir, afinal, por que tentar limpar algo imundo como aquela roupa? Era melhor jogar fora.

A mulher levanta o rosto e olha para Byakuya e ele engole seco, parece que ela tinha lido seus pensamentos, mas ela olha em seus olhos e sorri.

- Espero que você tome cuidado, tente não se esforçar muito ou vai acabar se machucando assim de novo.

Byakuya levanta uma sobrancelha.

- Você faz idéia de com quem está falando mulher?

A moça olha atenta para ele.

- Eu sou Kuchiki Byakuya, da Grande casa nobre da Família Kuchiki, futuro líder do clã e próximo da linhagem a ser nomeado capitão do sexto esquadrão do Gotei 13! Byakuya soava como um político implorando por voto.

Hisana olhava para ele como se aquilo não fosse nada, mas entende seus sentimentos.

- Não era mais fácil para o senhor apenas dizer obrigado ao invés de tentar disfarçar seu constrangimento diante de uma moça com uma apresentação tão vivaz assim? A jovem sorri docemente com seu sorriso pálido.

Byakuya engasga e já não estava mais vermelho, a não ser que roxo fosse uma nova variação de tal cor.

A moça sorri de novo.

- Me chamo Hisana e foi uma grande honra conhecer o senhor futuro líder da grande casa nobre Kuchiki e próximo capitão do honroso sexto esquadrão do Gotei 13. Hisana faz reverência em respeito a ele. – Tenha um bom dia e tome cuidado "Byakuya-sama". Hisana começa a ir embora.

Byakuya olha por um instante para as costas daquela mulher, que, aliás, também eram belas.

- Ei! Plebéia!

Hisana olha para trás com uma sobrancelha levantada.

Byakuya corava novamente.

- Obrigado.

Hisana apenas sorri e some em uma trilha da floresta.


Byakuya abre os olhos e pensa por um momento, aquilo já havia acontecido há muito tempo, mas ele nunca imaginaria que aquela mulher seria sua um dia, ele continua a apreciar aqueles botões de flores que se esforçavam para abrir e o dia da morte de sua esposa vem a sua mente novamente, mesmo que às vezes ele evitasse pensar nesse dia era impossível ignorar tal lembrança. Aquele dia era o único que não tinha cores em suas memórias.

- Eu não entendo... Todos os anos mesmo que eu me esforce para não lembrar que a perdi para sempre essas malditas imagens voltam a me assombrar... Por quê? Por que alguém que casou tão saudável definharia em apenas cinco anos? Se eu não a fazia feliz por que ela nunca me contou? Se o seu desejo era encontrar Rukia por que ela nunca se satisfez mesmo que eu a ajudasse? Teria sido melhor se eu nunca a tivesse conhecido? Se eu nunca a tivesse feito parte de minha família? Teria sido ela mais feliz? Minha família sempre a odiou tanto... Ainda odeia Rukia que é sua irmã, eu sinto isso... Mas então o que fazer? Byakuya reflete por um instante. – Acho que deve existir mais alguma coisa em seu diário que reflita o que ela sentia. Byakuya se levanta e volta para o quarto, ele vai até uma estante e pega o diário de Kuchiki Hisana e começa a folheá-lo, mas as páginas sempre diziam as mesmas coisas que ele lia há mais de quarenta anos, que ela sempre o admirou e amou, que ele a fazia muito feliz, que era triste querer fazer parte da família, mas nunca era vista com bons olhos, mas Byakuya lia aquelas palavras com olhos diferentes agora, em trechos mais a diante Hisana começa a mudar as palavras de seu diário para um tom mais melancólico e revela sofrer de uma doença, que gostaria que Byakuya a perdoasse, mas que nunca odiasse Fukamatsu (a mulher que cuidava da saúde de Hisana), pois ela havia se esforçado bastante para cuidar dela. Byakuya percebe que depois de sua doença Hisana passava a citar muitas vezes o nome de sua guardiã, em algumas ocasiões até mais que o de seu próprio marido e isso lhe chama a atenção.

- Estranho... Não me lembro de minha esposa ser tão intima de Fukamatsu Oranai, aquela velha já morreu faz muitos anos, mas parece ter trabalhado bastante tempo aqui, será que ela tem algum documento sobre Hisana?

Byakuya guarda o diário de sua esposa e procura em outras estantes algum arquivo relacionado à antiga guardiã de Hisana e para sua surpresa eles existiam. Alguns tinham relatos do cotidiano dela e de outros membros da casa, falava inclusive de algumas travessuras praticadas por Byakuya quando criança, mas quando chega a relatos sobre a vida de Hisana sua forma de escrita muda, ela começa a falar do como era difícil olhar para uma pessoa de tão baixo nível, que não havia recebido castigo pior na vida do que o de cuidar de uma plebéia, que Byakuya era o primeiro louco nascido na família para ter feito escolha tão absurda para desposar. Byakuya lia aquilo e olhava para os lados procurando alguém ou sua própria razão como se quisesse entender como aquilo sempre esteve ali debaixo de seu nariz, mas jamais tenha visto, ele sabia que as pessoas de sua família nunca viram Hisana com bons olhos, mas ler em palavras a descrição que os servos bem próximos a ele ou ela escreviam escondidos era absurdo, ele fecha o diário, mas no momento que está fechando ele lê uma palavra de relance e abre o diário rapidamente outra vez atrás dela e finalmente a encontra: "matar", essa era a palavra. Byakuya lia horrorizado um trecho do diário de Fukamatsu:

-"Agradeço aos céus que depois de tantos meses sofrendo fingindo que respeito aquela imundície o meu senhor tenha tido piedade de minha condição ao me dar uma escolha tentadora, matar aquela coisa que mancha desonrosamente o nome desta nobre família ou simplesmente ir embora, EU nunca iria embora sem antes fazê-los pagar por tamanha humilhação".

Byakuya tremia, ele estava com medo de continuar lendo, mas sua maldita curiosidade e vontade de saber a verdade o impulsiona instintivamente a prosseguir.

- "Não posso matá-la da noite para o dia, mas meu senhor me deu umas ervas inodoras que coloco em sua comida e a faz adoecer pouco a pouco, graças aos céus que tenho a desculpa perfeita para quando me perguntarem o que acontece, direi apenas que ela está cansada por ir atrás de sua irmã, já imaginou que absurdo? Não bastasse aquela plebéia ter entrado na família ela agora quer influenciar Kuchiki Byakuya a trazer uma irmã bastarda para destruir de vez o nome do clã, definitivamente imperdoável!".

Byakuya continua folheando as páginas.

- "A plebéia continua a adoecer, que bom, neste ritmo tenho certeza que não durará muito tempo".

Nas linhas seguintes:

- "A plebéia está doente, mas parece que as ervas não surtem mais tanto efeito, terei de usar algo mais forte".

Na próxima página:

- "Algo que nunca deveria ter acontecido aconteceu, hoje a plebéia veio receber seu "remédio" e disse que sentia náuseas e fortes dores de cabeça, além disso, estava sem apetite e enjoava na hora das refeições, eu disse que poderia ser por causa da doença e que ela deveria continuar a tomar seu "remédio" e a ser consultada pelos médicos da família sobre sua condição, mas o médico me disse para manter segredo sobre a gravidez dela ou Kuchiki Byakuya deixaria de trabalhar para cuidar da esposa e isso traria problemas aos nossos planos".

Byakuya respirava fundo, ele conhecia as pessoas que ela mencionava sem nem mesmo ter citado seus nomes e todos eles já haviam morrido, mas lágrimas saiam de seus olhos e manchavam seu rosto, Byakuya acabara de descobrir que Hisana esperava um filho seu e que ela não havia morrido de uma doença natural, mas que havia sido assassinada junto de seu filho, isso doía tanto que o diário de Fukamatsu cai de suas mãos e ele de joelhos começa a soluçar inconsolável diante do que tinha descoberto, sua própria família havia levado sua felicidade debaixo de seus olhos e ele não pôde fazer nada.

- Hi... Sana!... Byakuya chora de joelhos no chão diante do diário da falecida guardiã de sua esposa, suas páginas abertas logo a sua frente e suas mãos cobriam seu rosto que molhado estava de lágrimas.

Do lado de fora da Mansão a primeira flor de ameixeira acabava de desabrochar.


Continua...


Cantinho da Tia Lyel.

Olá Pessoas, Oh nóis aqui travêis. xD

Voltei para entregar mais uma fic que tinha vontade de escrever, uma distração para meus momentos de tédio e isso por que ainda tenho fic pendente xD ( muier sacana essa...).

Aqui vou contar de um ponto de vista inédito as razões que levaram ao falecimento de Kuchiki Hisana, não quero ler xingamentos nas reviews e nem gente dizendo que chorou ou me amaldiçoou dizendo que eu sou maléfica com os personagens de Bleach xD, mas o que eu posso fazer? Eu sou assim hehehehe e pra quem já leu minhas outras fics já sabe que coisas mirabolantes podem acontecer _, aguardem.

PS: Essa é a primeira fic Byahisa que escrevo, espero que fique boa *_*, rezando pra isso...