Retratações – Não é meu, é do tio Kurumada. u.u E eu nem queria mesmo. u.u
Dedicatória – Feliz Dia das Crianças, Mitz-chan! Espero que esteja gostando do presentinho que estou fazendo para você. Sei que não é grande coisa, mas é feito de coração, porque amo você muitão. ;-)
Notas da Autora – Olá, pessoal! Aqui estou com mais um fanfic de Saint Seiya, mas dessa vez minha vítima foi Shaka de Virgem, meu Cavaleiro de Ouro favorito, que, além de ser lindo, é do mesmo signo que eu. :-D
A personagem que faz par com Shaka no fic é minha amiga Mitz-chan. \o/ Ela é doidinha assim mesmo, mas é uma pessoa maravilhosa e uma ótima amiga. \o/ E ela é só minha amiga. u.u Não divido com ninguém, apenas empresto um pouco para o Shaka. u.u
Espero que gostem e comentem, certo? ;-P
Ah, agradecimentos a Mitz-chan que fez o favor de revisar para mim. Obrigada, querida. \o/
Beijos,
Lis
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Alguém Como Você
By Palas Lis
For Mitz-chan
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Capítulo 1
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Um carro esporte preto cortava as ruas com uma rapidez perigosa. Sem se importar com sinal vermelho, pedestres na rua ou mesmo com um possível acidente que colocaria sua vida em risco, ele prosseguia o percurso. Qualquer conhecido que o visse naquele momento, jamais acreditaria que era o sempre – e, na maioria das vezes, irritante – responsável e prudente Kazuo Shaka. Ainda mais pelo fato de que sua expressão calma e tranqüila beirava o desespero; o suor chegava a se formar na testa dele.
Assim que chegou ao seu destino, estacionou o carro de qualquer jeito e saltou em seguida. Contudo, antes que desse dois passos e apertasse o alarme do carro, precisou voltar para pegar a gravata que tirara no carro. Não poderia fazer uma audiência sem a maldita gravata, ainda mais com aquele juiz. Ao pegar e colocar a gravata num tom acinzentado discreto, o loiro respirou fundo e limpou o suor do rosto, andando a passos ágeis pelos corredores cheios do Fórum central de Tóquio.
Advogado de início de carreira era um escravo particular, quase pior que um estagiário. Depois que se formara e começara a trabalhar em uma empresa, há pouco mais de um mês, quando pegara sua carteira da Ordem dos Advogados, sua vida virara um terrível pesadelo. E, naquele fim de tarde, não era diferente: o chefe o ligara quando estava indo para casa para mandá-lo para uma audiência. Se não conhecesse as penas por homicídio qualificado, mataria o homem sem nem piscar.
Assim que chegou à sala, viu do outro lado o advogado do autor da ação e quase fez uma caretinha. A multinacional que trabalhava era novamente processada por ex-empregado revoltado e insatisfeito. Era tão irritante. Ainda mais que sempre era o mesmo advogado que defendia os empregados, fazendo Shaka ter a certeza que ele ficava de olho para saber quem era mandado embora para pegar o caso.
- Você de novo, Shaka. – o rapaz egocêntrico falou, sentado ao lado de um homem de aparência humilde. – Que novidade.
- O correto seria você de novo, Carlo. – Shaka falou, sentando-se no seu devido lugar na sala de audiência. – Eu trabalho para a empresa e você parece que faz questão de buscar todos empregados que tiveram o contrato rescindo por ela. Acho que você se sente de alguma maneira igual a eles, não é?
Sabia que Carlo ficara furioso, pois ele rangeu os dentes. Shaka apenas sorriu, debochado. Seu falecido pai – um exímio advogado – sempre lhe ensinada o primeiro passo para conseguir vencer era desestabilizar o oponente. Fora isso que fizera: despejara na cara dele o fato de ter sido o advogado da empresa, mas que fora exonerado do cargo e Shaka quem ficara em seu lugar. O sorriso somente desapareceu de seu rosto quando o juiz entrou para começar a audiência.
O tempo passou mais devagar quando o juiz começara a falar, as testemunhas entrarem e tudo mais, seguindo o rito processual. Shaka teve que se controlar para não olhar muitas vezes no relógio para ver as horas. Aquela noite teria uma peça teatral que não queria perder – o que possivelmente aconteceria, levando em conta a demora com o julgamento. Droga, pagara uma fortuna na entrada e não queria jogar seu dinheiro fora.
Não admitiria sua distração durante o julgamento, mas Shaka somente prestou total atenção no juiz quando ouvira a palavra improcedente. Como das outras vezes que advogara contra Carlo, o pedido do reclamante foi declarado improcedente. Carlo saiu da sala bufando e resmungando – Shaka não pôde deixar de sorrir com a cena. Depois de ligar para o chefe e deixá-lo ciente de tudo, seguiu novamente em direção ao carro.
Ele piscou duas vezes ao ver a forma imperfeita que estacionara e quase bateu na própria testa. Desativou o alarme e tirou o paletó, colocando no encosto do banco de passageiro, para não amassar. Em seguida, fez o mesmo com a gravata e a dobrou, deixando-a com cuidado no banco do carro. Somente bem depois entrou no carro, para seguir em direção ao teatro. Diferente de quando fora para o Fórum, agora voltara a ser o Shaka sistemático e neurótico de sempre. É, aquele era ele.
Como não queria se atrasar – ainda mais –, não se importou de ligar o rádio. Adorava músicas clássicas, mas no momento, tudo que queria era chegar a tempo de perder o menos possível da peça teatral; apesar de saber que perderia uma grande parte. Ainda que gostasse de seu chefe, ficou com muita raiva dele por tê-lo mandado para aquele caso. Não poderia mandar Mu ou mesmo o Miro?
Cerca de vinte minutos depois, Shaka entregava as chaves do carro para o manobrista. Antes de seguir para seu lugar na platéia, passou no banheiro para lavar o rosto. Aproveitou para passar os dedos pelos cabelos loiros, dobrar as mangas da camisa social branca até os cotovelos e desabotoar o botão do pescoço. Pronto. Agora parecia mais apresentável. Mesmo que todos achassem o contrário, Shaka não era muito fã de gravata e paletó.
Ao passar pela entrada do teatro, suspirou desanimado ao ver que havia começado, mas levou em consideração que não perdera nem dez minutos e seguiu para a poltrona. Na fila certa, ele caminhou entre as pessoas. Parou frente ao seu lugar e levantou as sobrancelhas, franzindo-as depois. Havia outra pessoa em seu lugar. Usando toda a boa educação que recebera de seus pais, ele se controlou para não tirar a menina sentada no seu lugar, pelos cabelos, do assento.
- Com licença, senhorita... – Shaka falou, baixo, para não atrapalhar o espetáculo.
Ela levantou os olhos castanhos para ele e piscou, juntando os lábios como que o admirando. E por que ela olhava para ele com aquela cara de boba? Não sabia e nem queria saber, apenas a queira fora de seu lugar o mais rápido possível! Será que nem isso era mais respeitado? Onde estava a educação das pessoas que tomavam seu lugar daquele jeito descarado? Que absurdo! Bando de povo abusado!
A morena de cabelos medianos voltou a olhar a apresentação, como se nada estivesse acontecido, como se estivesse no seu próprio assento e não no de outra pessoa. Shaka faltou bufar de raiva com aquela situação. Que menina mais folgada!
- A senhorita está no meu lugar. – Shaka falou, com um sorriso fraco e forçado. – Poderia sair, por favor?
- Eu não vi seu nome aqui. E ninguém mandou se atrasar. – ela falou, desviando os olhos da apresentação por um segundo e enfiou a mão no bolso da calça para tirar balas e as levou na boca depois. – Hum... Não?
- É meu lugar. – ele falou, entre dentes; o rosto claro adquirindo uma tonalidade avermelhada de raiva. – Eu paguei por ele.
- 'Tá achando que entrei de graça, é? – a menina rodou os olhos, virando um pouco o rosto e com o escuro não viu a cara que ele fez. – Está atrapalhando a apresentação. Vou chamar o segurança.
- Você está no MEU lugar! – Shaka falou, levemente mais exaltado. – E quero sentar aí.
- Duas cadeiras à frente há outro lugar. – a morena apontou e ele seguiu o dedo dela. – Sente-se lá e me deixe em paz.
- Não. – Shaka se negou. – O centro do palco fica aí, por isso escolhi aí.
- Qual a diferença entre sentar aqui ou lá?
- Porque lá não é o meio do palco.
- E daí?
- E daí que eu gosto de sentar nesse lugar que está!
- Você é louco.
- E você é irritante.
Shaka pôde ver uma veia ficar saliente na testa dela e até acharia divertido, se não se importasse em tirá-la logo do lugar e poder se sentar. Não sentaria nem uma cadeira para o lado. Contara as cadeiras para ter certeza que estaria complemente no centro do palco e agora aquela intrometida vinha tomar seu lugar e atrapalhá-lo assistir a apresentação que esperara meses para conseguir reservar uma entrada.
- Por favor, saia. – ele respirou fundo e falou, calmo como sempre. – Quero ver o resto da peça.
- Não saio, não saio e não saio. – ela parecia convicta. – Que veja em pé, então!
Dessa vez, Shaka rosnou e sentiu a vontade de tirá-la a força do lugar, mas se controlou. Não bateria em uma menina, ainda que ela estivesse praticamente pedindo para apanhar. Ela só poderia estar querendo tirá-lo do sério, não é mesmo? Não havia outra explicação para a apropriação indébita de seu lugar. Como alguém conseguia ser tão teimosa daquele jeito? O lugar era dele, que inferno! Não sentaria em outro lugar e nem assistiria em pé!
Shaka passou os dedos pelo cabelo, tentando se acalmar – a cada segundo ficava mais difícil. As pessoas ao redor dele se mexiam desconfortáveis em seus lugares, deixando as bochechas dele coradas. O loiro era a discrição em pessoa e detestava chamar atenção dos outros para si, ainda que isso fosse difícil ao se tratar de um loiro de 1,85 m e porte atlético forte, olhos azuis cintilantes, sorriso sedutor e inteligência extraordinária. Contudo, aquela pequena cena o fizera chamar atenção mais do que a peça.
- Vou pedir apenas mais uma vez ou...
- Ou quê?
Shaka não queria ser mal educado, mas aquele tom irônico o irritou tremendamente e queria dar uma má resposta a ela. Apesar de ser extremamente paranóico na maioria das vezes, uma coisa que sempre possuía era uma boa educação. Ele tornou a respirar fundo e fechou os olhos por alguns segundos, puxando o ar para os pulmões de vagar, para soltá-lo ainda mais devagar. As constantes meditações eram de boa ajuda em horas como aquelas.
Ele voltou os olhos azuis para ela; a expressão demonstrava o quanto irritado estava.
- Não adianta me olhar assim. – a garota falou, em tom de deboche. – Não vou sair daqui.
- Eu pago pelo lugar. – Shaka falou, tirando a carteira do bolso. – Quando quer para sumir da minha frente?
- Nem vou falar onde você enfia seu dinheiro, 'ta?
Os dois estreitaram os olhos, num duelo visual.
- Se eu não for ver a peça, você também não vai. – Shaka ficou na frente dela, com os braços cruzados no tórax. – Satisfeita agora?
- Sai da minha frente! – ela mandou.
- Sai do meu lugar! – ele retorquiu.
Ambos bufaram de raiva.
- Senhores...
Ele e ela voltaram os olhos para o segurança. Shaka era alto, mas o homem era ainda mais, quase como um armário!
- Vou pedir que se retirem da platéia. – ele falou, sério; os braços cruzados frente ao peito. – Estão atrapalhando a peça.
- Ela está no meu lugar, senhor. – Shaka falou. – Sou a vítima aqui.
- E ele está na minha frente. – ela falou. – Deixe de ser fresco, rapaz!
- Eu não quero mais discussões. – ele falou, categórico, em tom de fim de conversa, movendo a mão em direção a saída. – Peço que se retirem. Agora. Por gentileza.
Shaka saiu, com a menina atrás; os dois bufando de raiva um do outro e do segurança.
- Você me paga por fazer perder a peça. – ela reclamou atrás dele.
- Com muita sorte, nunca mais eu a verei.
- Espero que seja uma promessa.
- Que bom. – Shaka sorriu e a olhou pelo ombro direito. – Concordamos em alguma coisa.
Ela fez uma caretinha.
- Isso tudo foi culpa sua. – Shaka não conseguiu evitar o comentário. – Devia ao menos se desculpar.
- Não vou me desculpar porcaria nenhuma! – ela falou, incrédula com o que ele disse. – E não é culpa minha você ser desequilibrado.
- Não vou discutir com você. – Shaka limitou-se a voltar os olhos para frente e seguir em direção a saída do lugar. – Menina intrometida e irritante.
A menina rodou os olhos e mostrou o dedo do meio para ele; Shaka ficou chocado com aquilo. Ninguém nunca fizera aquele ato obsceno para ele. As pessoas costumavam respeitá-lo, pelo menos. Menina abusada, menina muito abusada. Devia quebrar o dedo dela para aprender a não fazer aquele tipo de coisa, ainda mais em meios públicos. Que coisa mais absurda de se fazer. Quase não acreditava que ela havia feito aquilo.
Ignorando-a, ele seguiu em linha reta ao restaurante do teatro. O estômago pedia comida e precisava se distrair para esquecer a peça que perdera. Droga, esperara longas semanas para ver a peça e acontecera aquilo... Será que conseguiria uma nova entrada? Falaria com seu chefe, o co-culpado por perder a peça – se ele não tivesse mandado para a audiência, teria chegado e a tempo e aquele menina abusada não teria se apropriado de seu lugar.
Assim que entrara no restaurante, surpreendeu-se com a menina atrás dele e se virou, fulminado-a com os olhos azuis. O que ela fazia ali, no mesmo lugar que ele? Ela só poderia querer mesmo tirá-lo do sério. Era isso, não havia uma outra explicação.
- O que faz aqui?
- Não sabe o que se faz em um restaurante? – ela tornou a rodar os olhos.
- Claro que sei.
- Então sabe o que faço aqui.
Ele estreitou os olhos para ela.
- Boa noite, senhores. Venham por aqui, por favor. – o maître fez uma reverência antes de guiá-los em direção às mesas. – Tenho um ótimo lugar para um casal.
- Casal?! – ele e ela falaram ao mesmo tempo e depois se olharam, rodando os olhos.
- Não estão juntos? – o homem perguntou, surpreso.
- De maneira alguma. – Shaka foi rápido para responder.
- Eu quero uma mesa, longe dele, por favor. – ela respondeu, com uma careta. – Muito longe, de preferência.
- Sinto muito, mas temos apenas mais uma mesa. – o homem respondeu, com ar de pesar. – Devido à apresentação de hoje, o restaurante está lotado.
- Então eu vou embora. – Shaka falou, sério.
- Ótimo. – a garota sorriu. – Eu fico com a mesa.
- Então eu quero também.
Ela olhou torto para ele.
- Se importam de dividir a mesa? – foi a pergunta do maître.
- Sim. – eles responderam ao mesmo tempo.
- Er... – o outro deu um sorriso sem graça. – Não sei o que fazer para os senhores.
- Eu fico com a mesa.
- Não. Eu fico com a droga da mesa!
- Já não basta ficar com o meu lugar no teatro?
- Seu... – ela parou de falar quando ele começou a se afastar em direção da mesa. – Hei, você disse que ia embora!
- Mudei de idéia e vou comer aqui mesmo. Você já estragou eu ver a apresentação, não vai estragar meu jantar também. – Shaka respondeu, sem nem ao menos se virar e se acomodou na única mesa vazia. Ele falou com o garçom em seguida: – O prato do dia, mas sem carne vermelha. Com um suco natural, por favor.
- Para mim também, mas com muita carne! – ela sentou frente a ele, jogando os cadernos e a bolsa sobre a mesa. – E uma Coca-Cola bem gelada, com gelo e limão.
Ele ignorou os pedidos dela. Shaka detestava carne e refrigerantes. Além de ficar sem ver a peça, ser expulso do teatro e ainda ter que dividir a mesa com ela, ainda precisaria assisti-la comer carne e beber aquela coisa preta cheia de cafeína e outros tipos de coisas que acabam com a saúde das pessoas. Aquilo não era nada saudável.
Enquanto a comida não chegava, os dois olhavam para todos os lados do restaurante, apenas para não precisarem trocar olharem e nem palavras. Shaka até ficou curioso sobre ela, mas por estar zangado, preferiu conter sua curiosidade. A menina atrapalhara sua noite, então nem em sonho que sequer dirigiria a palavra a ela. Odiava permanentemente ter os seus planos frustrados; era um crime sem perdão para ele.
Os olhos azuis se voltaram para a morena quando ela começou a cantar, apoiada com o cotovelo na mesa e o queixo apoiado na mão, displicentemente. Os lábios se moviam lentamente e os dedos da outra mão titubeavam sobre a mesa. Ela era estranha. Nunca vira uma pessoa começar a cantar do nada, ainda mais em um lugar que qualquer pessoa pudesse ouvir. Menina muito estranha.
A comida chegou e passaram a comer, silenciosamente, como era de se esperar. Ele parecia zangado; ela, irritada. Então, para não se matarem ali mesmo, seria melhor nem se olharem. Contudo, vez ou outra, Shaka a olhou, disfarçadamente, e a flagrara fazendo a mesma coisa. Droga, estava curioso sobre ela e a um passo de saciar a curiosidade, fazendo perguntas. Odiava o fato de ser um curioso, por isso sempre se controlava para ninguém descobrir tal fato.
- A conta, por favor. – Shaka pediu para o garçom, ao acabar de comer.
- A minha também. – a menina falou, tomando refrigerante pelo canudinho e parecendo totalmente alimentada. – Boa a comida daqui.
- Pode colocar a conta dela junto. Eu pago tudo. – Shaka falou e o garçom acenou, afastando-se sem seguida.
- Você o quê?! – ela largou o refrigerante e desencostou da cadeira, apoiando as mãos na mesa. – Eu não pedi para pagar nada!
- Algum problema com homem pagar a conta? – Shaka revirou os olhos, levando a taça aos lábios para tomar um gole de suco natural. – É feminista, por acaso?
- O problema é que não estamos jantando juntos, esqueceu?
- Não importa. – Shaka falou, num suspiro cansado. – Sempre pago a conta das mulheres.
- Machista. – ela fez uma careta e colocou os canudos na boca para acabar de tomar o refrigerante, resmungando. – Além de paranóico, é machista.
- Não, é cavalheirismo.
- E onde estava seu cavalheirismo quando queria deixar uma dama em pé para sentar e ver a peça de teatro?
- Você não ficaria em pé. – Shaka pegou a conta e passou o dinheiro para o garçom, sorrindo em agradecimento. – Você mesmo disse que tinha outro lugar vazio duas cadeiras para frente, que possivelmente era o seu.
Ela apenas olhou feio para ele.
A curiosidade foi mais forte que ele e Shaka abriu a boca para perguntar o nome dela, mas o celular da morena tocou uma música idiota e ela o atendeu rapidamente. Trocara apenas algumas palavras com a pessoa e saiu correndo em seguida, acenando para ele em despedida e ele pôde ler nos lábios dela um agradecimento por pagar a conta do restaurante. Droga, depois disso ficara ainda mais curioso. Que inferno!
Shaka fez menção de se levantar e ir embora também. Entretanto, parou a ver que ela esquecera um dos cadernos sobre a mesa. Após pegá-lo, não resistiu e abriu a primeira folha, para saber se ali teria o nome ou algum dado pessoal. Uma letra bonita e bem caprichada, com um desenho da parte de trás da capa, assim como em várias outras folhas. Se fora ela quem desenhara, desenhava muito bem.
- Mitsui Yuki? – Shaka leu em voz alta e pensou por alguns instantes. – Acho que conheço esse sobrenome de algum lugar...
O advogado se levantou e seguiu na direção que ela havia saído. Se fosse rápido, ainda a alcançaria para entregar o caderno. As pernas longas o ajudaram a cruzar a rua e parou do outro lado, procurando com os olhos azuis a menina morena. Onde será que ela fora? Não parecia ter dezoito anos, fazendo-o deduzir que não estaria de carro. Caminhou então para o ponto de ônibus mais próximo e sorriu ao vê-la sentada no ponto, murmurando a mesma música do restaurante.
- Mitsui?
Ela se levantou de uma vez, assustada, contendo um grito de surpresa, com a mão desocupada. A franja caiu no rosto e ela imediatamente levou a mão para colocar atrás da orelha, depois respirou fundo para suavizar os batimentos cardíacos do surto que levara. Por pouco, Shaka não ria da cena inusitada.
- Quer me matar de susto, é?! – Yuki resmungou. – Seu louco!
- Desculpe, não foi minha intenção. – Shaka pediu, coçando a lateral do rosto. – Sinto muito.
- E o que faz aqui? – ela perguntou, desconfiado, levantando a sobrancelha direita e jogando o peso do corpo para a perna esquerda. – Não é paranóico a ponto de querer me matar por causa do lugar, não é?
Shaka riu, divertido.
- Não é nada disso. – o loiro estendeu o caderno para ela. – Esqueceu o caderno no restaurante.
- Caderno? – Yuki pegou o objeto sem tirar os olhos do rapaz e sentiu vontade de bater na própria testa por aquilo. – Saí com tanta pressa que nem olhei se havia pegado tudo. Obrigada.
- Sem problemas. – Shaka sorriu, colocando as mãos nos bolsos da calça.
- E como sabe meu nome? – Yuki levantou uma sobrancelha.
- No caderno.
- Ah... – Yuki sorriu. – Como é seu nome? Não é justo você saber o meu e eu não saber o seu.
Ele sorriu.
- Kazuo Shaka.
- Shaka... – Yuki pronunciou e abriu a boca com intenção de dizer alguma coisa com ele, mas o ônibus passou e ela fez sinal para parar. – Eu preciso ir. Tchau, Shaka.
Ele se limitou a acenar e olhá-la subir com o ônibus. Garota estranha, mas interessante; não poderia negar tal fato. Ainda com as mãos nos bolsos da calça, ele seguiu em direção aos manobristas para pegar seu carro e poder ir para casa e dormir um pouco, afinal, no outro dia, apesar de ser um sábado, teria que ir para o escritório trabalhar com alguns processos pendentes.
Um suspiro cansado escapou dos lábios dele e se lembrou da menina. "Garota estranha, garota muito estranha...", Shaka não conteve um sorriu ao pensar em Yuki. "Mas interessante...".
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