Undercover
Categoria: Friendship/ Humor / Hurt / Conmfort
Capítulos: 1 (one shot)
Sinopse: "You sit around and I watch your face. I try to find the truth. But that's your hiding place".
Patrick Jane estava longe de ser o espécime mais perfeito da raça humana. Mais bem, deveria ser considerado como uma criatura perdida.
Em sua defesa, no entanto, poderia ser considerado um homem incrivelmente talentoso. Brilhante e encantador. De fato, encantador demais para seu próprio bem... E ego.
Jane era o tipo de pessoa manipuladora que sabia exatamente como conseguir o que quer sem qualquer remorso. Quase como uma espécie de sociopata charmoso. Talvez por isto, Teresa Lisbon – chefe, melhor amiga e amazona de armadura reluzente. - sempre fizesse questão de (tentar) mantê-lo a um braço de distância. Realmente, a palavra-chave em tudo que dizia respeito a Jane era, infelizmente, "tentar". O homem era incorrigível.
Arrogante, irreverente, arruaceiro e, como se não bastasse: um covarde de marca maior. Jane, ironicamente e apesar de si mesmo, vivia metido em confusões, deixando para Lisbon a responsabilidade de limpar toda bagunça no fim.
Poderia se pensar que Jane teria aprendido, depois de tanto tempo (o homem tinha mais de quarenta anos, pelo amor de Deus!), o momento certo para se calar... Todo contrário, o homem tornara-se um mestre em importunar pessoas.
Aparentemente, era algo inerente à sua personalidade - em verdade, era surpreendente que não tivesse apanhado mais na vida, principalmente levando em consideração sua boca tão grande e irrefreável assim como seus métodos, no mínimo, "curiosos" (e que constantemente modelavam a sua vontade o limite da legitimidade).
Por essas e outra tantas razões era de se esperar que Lisbon sempre tivesse um pé atrás para as ideias de seu consultor impertinente. Mas a morena não viu aquilo chegando. Não mesmo. Em sua defesa, o que poderia dizer é que Jane era muito persuasivo e sempre – de uma forma ou de outra- conseguia o que desejava. Parte dela já estava habituada a ceder – não que Lisbon fosse admitir isso em voz alta, nem mesmo para salvar sua vida. Nunca.
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Jane, em toda sua sinceridade, não tinha motivos obscuros por trás de sua proposta. Bem, ao menos não algum que Lisbon não pudesse figurar imediatamente. Desde que, tal como ele, a mulher era muito sozinha, não era difícil somar dois e dois.
Mas, naturalmente, como era de praxe para ambos – ainda que cada qual em sua medida - as complicações vieram mais tarde. Retrocedendo e observando cada passo dado, os sinais estavam lá para quem quisesse ver. Eles realmente deveriam ter sabido melhor. Deveriam ter previsto o que estava por vir.
Como um mentalista (auto-proclamado o mais inteligente na sala há todo momento) não era obrigação dele notar que sua ideia não era nada mais que um desastre iminente? Uma criança de dez anos poderia ter visto aquilo vindo.
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Tudo que ele estava pedindo era para que pensasse, para que fosse racional. Tudo que ela gostaria de fazer era mandá-lo para o inferno, como o fazia usualmente. Na verdade, ela o mandara e então decidiu fingir que aquela conversa nunca ocorrera. Honestamente, de onde surgiam todas aquelas ideias cretinas? Toda exorbitante falta de senso comum daquele homem?
Como sua amiga, era sua obrigação lhe falar sobre quão mais insano ele se tornara ao longo dos anos. E ela assim o fez, de bom grado.
Infelizmente para Teresa Lisbon, o que falta a Jane em senso comum lhe sobrava em obstinação... Assim, Jane havia sido muito eloquente em seu discurso. Sobre quão benéfico poderia lhes ser "compartilhar". Uma espécie de mecanismo para manter distância da solidão e todos os maus pensamentos que vinham com ela. Era prático, e ele prometera lhe dar muita diversão.
Nenhum deles perdeu a ironia sobre quão descomplicado seu plano parecia em comparação às suas vidas até o presente momento.
O homem afirmou que não havia a necessidade de se tornar mais "pessoal", por assim dizer. Ele não estava tentando seduzi-la de forma nenhuma, se por um momento aquilo lhe passara pela cabeça, tranquilizou. E, definitivamente, não estava buscando distraí-la para conseguir executar um plano mirabolante às suas costas.
Eles poderiam apenas passar um tempo a mais juntos. "Tempo de qualidade", segundo ele. Jane acrescentou que era muito velho – e cansado – para se aventurar no mundo do romance, dos encontros românticos, mais uma vez. Havia coisas que não gostaria de explicar para uma futura parceira, ou mesmo lembrar, em matéria de fato.
A verdade é que Jane ficara chocado que a amiga houvesse aceitado seu plano sem muito barulho. Ou sarcasmo – porque, sinceramente, se os comentários zombeteiros não vissem, Jane começaria a se preocupar.
Ela precisara de tempo para pensar, é claro. Mas, mais uma vez, se ela não ponderasse alucinadamente suas ideias e assumisse uma posição relutantemente de acordo não seria a Teresa Lisbon que conhecia há quase uma década. Ao menos ela entraria nesse acordo sem maiores expectativas.
Sem ilusões. Para ambos os lados. Ele a conhecia bem demais para isso. E ela, aparentemente, conhecia o suficiente de sua alma perturbada para não se assustar. Muito.
Assim, haviam combinado que deveriam juntar suas agruras, misérias, desde que eram exatamente aquilo que deixavam os outros apenas vislumbrarem – pessoas quebradas, oh, tão incrivelmente maculadas, humanas, cheias de defeitos...
Ele era um gênio.
N/a: Minha primeira fic no universo The Mentalist. Essa é uma pequena ideia (insana) que não saia da minha mente há muito tempo, mas depois de ver os três primeiros episódios da quarta temporada, tomou forma.
Provavelmente depois volte com outros capítulos descontinuados mostrando o resultado desse relacionamento de substituição. Rs.
