PARALIZED.
"Você é só uma criança, Regulus!" Lucius bradou irritado, os pulsos cerrados e um olhar profundamente raivoso que assustaria qualquer um – qualquer um que não fosse Regulus, que era o único que tinha a coragem de enfrentar Lucius de frente.
"Esse é o argumento mais inútil que você já usou," o outro disse com raiva também, controlando-se para não se levantar da poltrona em que estava sentado e bater em Lucius com toda sua força – não que fosse fazer alguma diferença, mas pelo menos descontaria sua raiva.
Porque o maldito tinha que piorar tanto as coisas?
"Você está fazendo a escolha errada aqui, não percebe?"
O moreno levantou-se de um pulo e parou na frente do outro, os olhos cinzas faiscando; Regulus era bem mais baixo que Lucius e ter que olhar pra cima o irritava ainda mais, "A porra da decisão errada quem está tomando é você! Você não percebe, não é? Não mais!"
"Não percebo que, Regulus? Não percebo que eu estou do lado que vai vencer? Que eu estou lutando pela minha raça?"
Regulus deu dois passos para frente e ficou consequentemente mais perto de Lucius. Quando falou, sua voz saiu baixa e sibilante, "Você não percebe que está lutando pelo lado errado. Não percebe que as coisas fugiram do controle, até mesmo do Lorde! Tudo foi longe demais."
Lucius bufou em desgosto, segurando os ombros de Regulus com certa força, "E se você acha isso, ao invés de só se distanciar, porque resolveu assinar a sua sentença de morte?" A voz dele tremeu de leve no final da frase e Regulus percebeu; suspirou baixo e no momento seguinte já estava agarrado ao pescoço de Lucius, o abraçando com força.
"Eu tenho que fazer isso," murmurou baixo, sentindo os braços de Lucius abraçarem sua cintura com força e o puxarem levemente para cima, de modo que ficasse na ponta dos pés, "Eu sei que pra você não faz diferença, mas pra mim faz."
"A droga é que faz, Regulus. Faz muita diferença," Lucius conseguiu falar, segurando o corpo de Regulus contra si com quase devoção. Aquele sentimento de perda eminente era a pior coisa que ele poderia sentir.
O moreno afastou-se um pouco e riu sem humor, "Você esqueceu o que você é de verdade. Atua há tanto tempo quando está com as outras pessoas que se esqueceu do que você é quando está sem máscara."
O loiro não respondeu – não havia o que responder. Acabou soltando a cintura do outro, sem conseguir desviar os olhos dele, "Eu não quero esquecer o que eu sou de verdade."
O silêncio que seguiu essa frase durou mais do que qualquer um dos dois conseguisse aguentar. Regulus voltou a se sentar na poltrona, cruzando os braços, e Lucius andava de um lado para o outro no quarto.
"Se você não destruir a Horcrux, eu desisto de tudo", o mais velho falou de repente, atraindo um olhar interrogativo de Regulus, "Nós podemos abandonar o Lorde e pedir proteção de Dumbledore. O velho é poderoso, afinal."
"Eu preciso ir, Lucius. Mas se eu voltar vivo, nós ainda podemos fazer isso." Regulus respondeu sem muita convicção – não tinha reais esperanças de voltar vivo depois de desafiar Voldemort daquele jeito.
E Lucius concordou, sabendo que aquele seria o máximo que conseguiria tirar de Regulos – ele conseguia ser bastante cabeça dura quando queria. O problema era que daquela vez ele não conseguiria mudar a opinião do menor.
E só o restava aproveitar o pouco tempo restante e rezar para que Regulus voltasse daquela missão suicida a salvo.
