Do You Want To Know A Secret?
I. Me.
Era o sexto ano e vocês namoravam há pouco mais de três meses – não era como se fosse super oficial ainda, mas vocês estavam felizes do jeito que estavam. Aquela coisa de estar entre amizade e namoro era complicada e era mais fácil se vocês fossem devagar.
Mas houve aquela noite - você se lembra porque estava deitado com Sirius na cama dele e ele mexia no seu cabelo, milagrosamente quieto – em que McGonagall apareceu no dormitório em pessoa e disse que Dumbledore queria falar com você.
Depois do constrangimento inicial de ser pego naquela situação por uma professora, você ficou preocupado. Foi até a sala do Diretor e sentou-se na cadeira a frente dele, torcendo as mãos.
A notícia que você recebeu naquela noite foi uma das piores coisas que você ouviu em toda sua vida. Mas você não chorou; não na frente de Dumbledore. Pediu para voltar pro dormitório para arrumar seu malão, e foi caminhando pelos corredores como se flutuasse, ainda digerindo a nova informação.
Quando chegou lá, Sirius estava deitado na cama, olhando pra parede com uma expressão impaciente, que só mudou quando ele te viu; e no momento seguinte ele estava na sua frente, segurando seus ombros e perguntando o que estava errado.
Você só conseguiu murmurar um "minha m-mãe...", antes de abraçá-lo com força e começar a chorar. Ele entendeu – ele sempre te entendia – e te abraçou de volta, beijando sua têmpora e murmurando que tudo ficaria bem.
Você só percebeu depois, mas foi naquele momento que você teve certeza que queria ficar com Sirius pra sempre.
II. You.
Vocês estavam na Ordem há mais de um ano e as coisas estavam ficando mais e mais complicadas. No começo, Dumbledore mandava vocês quatro fazerem missões corriqueiras e que não apresentavam real perigo; mas você não sabia se o Lado Negro tinha aumentado ou se ele tinha aprendido a confiar em vocês, mas as missões que vocês faziam agora eram as mais complicadas e perigosas.
E por isso você estava cansado quando entrou na casa que dividia com Sirius, jogando-se no sofá ao lado do namorado. Vocês tinham liberado um casal que estava sob o efeito da Maldição Imperius e faltavam dois dias para a Lua Cheia; tudo que você queria era um banho e cama.
Mas uma coruja negra pousou na janela e começou a bater o bico no vidro irritantemente – e pela cara que Sirius fez, não poderia ser boa coisa.
Você esperou pacientemente que ele abrisse a janela, afagasse a coruja e pegasse a carta; menos de meio minuto depois, ele ergueu os olhos do pergaminho pra você e você se assustou com o quão perdido seu olhar estava.
Antes que você pudesse perguntar algo, ele leu a carta pra você em voz alta; era da Sra. Black e contava que Regulus estava desaparecido há mais de cinco meses. Eles iriam fazer um enterro simbólico e Sirius não deveria comparecer – a única razão do aviso era que Regulus era um garoto amável e ainda considerava Sirius seu irmão; não era o caso da Sra. Black.
E você olhou pra ele lá, com os olhos perdidos, ainda olhando a carta, como se esperasse um aviso de "brincadeira!" pular do nada. A única coisa que conseguiu fazer foi abraçá-lo com força.
Você sabia que Regulus era importante para Sirius. Ele ainda tinha a esperança de trazer seu irmão para o lado certo da briga, assim que pudesse. E você sabia também que saber que não poderia mais, que já era tarde demais era arrasador para ele.
E você se surpreendeu quando sentiu lágrimas quentes escorrerem pelo rosto de seu namorado e molharem seu pescoço. Era a primeira vez que você o via chorar – durante todos esses anos que vocês conviveram, você não o havia visto chorar nunca – nem quando ele quebrou o braço na casa dos Potter, caindo de quase dez metros, nem quando você ficou seis meses sem conversar com ele por ele ter quase matado Snape -, não, nem uma lágrima sequer.
E naquele momento, consolando Sirius como podia, pois sabia que palavras não adiantariam de nada, você teve a certeza de que não queria o ver chorando nunca mais.
III. Us.
Vocês dois estavam de mãos dadas enquanto os dois caixões desciam. Você segurava Harry, porque Sirius parecia estar mal se agüentando em pé – ele estava encostado a uma árvore e você tinha a impressão que toda a força que ele tinha ele usava pra segurar sua mão.
Lily e James desceram, foram enterrados. Seus amigos passaram por vocês dois, deram suas condolências, sorriram tristemente e se foram. Sirius continuava imóvel, mas ele não chorava – as lágrimas tinham sido todas gastas mais cedo, quando vocês dois estavam sozinhos.
Harry ainda dormia com a cabeça encostada no seu ombro – seu braço formigava, mas você não queria se mexer também. Se mexer, jogar flores no túmulo e ir embora pra casa... Nenhum de vocês dois queria fazer isso, porque então significaria que realmente tinha acontecido, que vocês teriam que seguir em frente.
E vocês ficaram ali por muito, muito tempo. Já escurecia quando vocês aparataram em casa. Você colocou Harry no berço improvisado na sua cama e foi se sentar com Sirius no sofá.
Com os ombros se encostando, um se apoiando no outro, vocês beberam dois copos de firewhisky, um para Lily e um para James.
E quando você o olhou, aqueles olhos cinzentos estavam desesperados. E você quase podia ter certeza que ele podia ver o mesmo desespero nos seus olhos. Foi naquele momento que você decidiu que não sabia o que seria de vocês (e agora Harry) no futuro, só que vocês estariam juntos.
