PADFOOT

Eu aprendi a conjurar um patrono no quarto ano. Foi idéia de James, como sempre. Ele queria saber qual era a forma de seu patrono, pra ter uma idéia de como seria sua forma animaga (é, eles ainda não tinham desistindo daquela besteira e eu estava começando a ficar preocupado).

Eu decidi que iria aprender com eles, já que a idéia não era tão bizarra quanto tentar virar um animal – seria interessante ver se eu conseguia fazer um feitiço que só deveríamos aprender no sétimo ano.

Depois de uma semana enfurnados na biblioteca e infinitos meses tentando, nós conseguimos. E, para minha total surpresa, o meu patrono era um gato. Um gato grande e branco, com bigodes longos e com as patinhas gordinhas. Um gato, praticamente o animal oposto do lobo.

Eu tive que aguentar piadinhas de James e Peter e aguentar Sirius falando no meu ouvido que eu era silencioso e manhoso como um gato pelos próximos meses, mas eventualmente eles esqueceram.

E eu não precisei conjurar outro patrono até o sétimo ano, quando nós deveríamos mesmo aprender. Foi na aula de DCAT, e o professor ficou surpreso de que nós já soubéssemos, e pediu para que eu demonstrasse na frente da turma.

Eu fechei os olhos, ligeiramente desconfortável por estar na frente da sala com toda aquela atenção, e respirei fundo. A primeira lembrança que me veio a mente foi de Sirius me abraçando a força no dormitório algumas semanas atrás, enquanto James fingia que ia tacar um sapato em nós dois e Peter resmungava sobre o quanto nós o traumatizávamos.

Um sorriso nasceu no meu rosto antes de eu pronunciar o feitiço. – Expecto Patronum! – e abrir os olhos, esperando ver o meu gato. Mas o animal prateado que estava na minha frente não era um gato. Era um cachorro; um cachorro escuro e enorme e que lembrava terrivelmente Padfoot.

Recebi os parabéns do professor e fui me sentar, evitando olhar para Sirius. James deu um tapinha nas minhas costas e eu fiquei agradecido de que nem ele nem Peter tenham comentado nada.

Quando eu finalmente tomei coragem para olhar para Sirius, ele estava com os olhos grudados em mim. Por um segundo, eu quis desviar, mas acabei sustentando. E ele sorriu, sorriu daquele jeito meio de lado, e levantou uma das sobrancelhas.

Ele nunca comentou, mas eu sempre achei que foi naquele momento que ele percebeu que eu realmente gostava dele; duas semanas depois, ele me chamou pra sair e em menos de dois meses, nós estávamos namorando.

Meu patrono nunca mais mudou de forma.