Agradecimentos: À Nicolle Snape, pelos valiosos conselhos durante a madrugada
Classificação: Sirem, NC-17, Angst.
Aviso 1: Todos os personagens contidos aqui pertencem apenas à JK Rowling.
Aviso 2: Contém spoilers para o livro 7, Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Votos Eternos
Prólogo
Sirius percorreu a distância que o separava da Casa dos Gritos apressado, se esgueirando pelas sombras para não ser apanhado fora do castelo àquela hora da noite.
Lamentou não ter pego a capa de James, mas sabia que não conseguiria fazer isso sem que seu amigo lhe perguntasse aonde estava indo, e porque não o convidara para ir junto. E ainda não se sentia confiante em contar a verdade a James, mesmo ele sendo seu melhor amigo.
Quando avistou o Salgueiro Lutador, Sirius imediatamente transformou-se em sua forma animaga, para não correr o risco de ser açoitado pelos galhos da árvore. A última coisa que queria naquela noite era se machucar.
Passou pelo Salgueiro e entrou na Casa dos Gritos. O lugar estava escuro e silencioso, mas seus instintos animais o alertavam que não estava sozinho.
Ao chegar em um dos quartos, Sirius retornou à sua forma humana, seus olhos tentando se ajustar à escuridão. Antes que pudesse pegar sua varinha para iluminar o ambiente, sentiu-se sendo abraçado por trás.
- Demorou, Pad. – murmurou Remus, enterrando o rosto em sua nuca e causando arrepios em Sirius. – Cheguei a pensar que não viria...
- Prongs demorou a dormir. – Sirius explicou, soltando o peso contra o corpo de Remus. – Às vezes penso que ele desconfia...
- Eu também.
Sirius se virou, ficando de frente para Remus. Queria ver seu rosto, mas naquela escuridão era impossível, e ele não queria se afastar de Remus para fazer o feitiço. Levantando a mão, tocou a face de Remus, sentindo os traços tão familiares. Podia sentir o rosto fino, a pele áspera e marcada de cicatrizes, os lábios macios que beijaram sua mão assim que os tocou.
- Quanto tempo ainda, Moony, até que contemos para todos? - perguntou Sirius, sem esconder a frustração na voz. – Falta menos de um mês para nos formarmos. Como vai ser depois que deixarmos Hogwarts?
Remus suspirou, sem vontade de entrar naquela discussão novamente. Já perdera as contas de quantas vezes tentara explicar a Sirius que assumir que os dois estavam juntos não era sensato, muito menos agora, com a guerra e a perseguição de todas as criaturas que o Lord das Trevas classificava de inferiores. Não queria que Sirius corresse mais perigo do que já corria por ser a favor de Dumbledore, mas não adiantava tentar mostrar-lhe isso. Sirius se recusava a aceitar.
Ao invés de responder, Remus se inclinou para frente e beijou lentamente o outro bruxo que, após um breve momento de hesitação, acabou correspondendo.
A delicadeza logo foi substituída por uma urgência que nenhum dos dois tentou controlar, e em pouco tempo ambos estavam deitados sobre a cama, suas roupas espalhadas pelo cômodo. Só o que se ouvia era o som dos gemidos abafados ecoando no silêncio da cabana, a respiração ofegante e acelerada que nenhum dos dois conseguia controlar.
Mordendo os lábios para não gritar, Sirius enterrou a cabeça no ombro de Remus, sentindo todo seu corpo explodir e desfazer-se em seguida, sentindo as costas arderem quando as unhas de Remus enterram-se em sua pele.
Sorriu. Nunca se incomodou com essas marcas que Remus deixava em seu corpo.
Sirius rolou para o lado e trouxe Remus para mais perto, abraçando-o enquanto apoiava a cabeça em seu ombro.
- Não quero me separar de você. – murmurou, tão baixo que Remus mal ouviu.
Remus tocou o cabelo de Sirius numa leve carícia, antes de responder:
- Isso não vai acontecer. Prometo.
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Tragado pela realidade, Sirius acordou, o corpo congelando devido ao chão frio e úmido da cela de Askaban. Piscou os olhos, tentando se acostumar à escuridão do lugar. Mas não adiantava, doze anos sem ver a luz era tempo demais.
Lembranças do que acabara de sonhar vieram à tona, e Sirius se enroscou envolta de si mesmo parecendo um feto no chão. Seu coração doía com a lembrança de sua adolescência, quando sonhava em passar o resto de seus dias ao lado de Remus.
Quando acreditava que os sentimentos que compartilhavam eram mais fortes do que tudo. Que juntos eram invencíveis, e nada poderia separá-los.
Quando fora preso, esperara durante dias por Remus, pois tinha a certeza de que ele saberia que jamais trairia James e Lily, que nunca se aliaria ao Lord das Trevas.
Remus o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa, e perceberia imediatamente que tudo não passara de uma armação para incriminá só uma questão de tempo até que ele viesse resgatá-lo daquele inferno, para que os dois ficassem juntos novamente e vingassem a morte de seus amigos. Ele cumpriria sua promessa, a que fizera naquela noite e repetira em várias outras.
Mas os dias viraram meses, os meses viraram anos, e Remus não veio. Ele se esquecera de Sirius, se esquecera do que prometera.
Encolhido, a dor da lembrança o machucando mais do que o chão áspero, Sirius começou a perder os sentidos novamente, escorregando mais uma vez para o estado de semi-inconsciência que ficavam todos os prisioneiros de Askaban.
- Moony. – sussurrou, antes de desmaiar. – Moony...
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