Título: Every Lyric in Us
Autora: Rebeca Maria
Categoria: pós Every You & Every Me
Advertências: Futuro smut, Angst.
Classificação: M/MA - Nc17
Capítulos: Este é o primeiro
Completa: Não
Sinopse: "Há uma música para cada casal. Uma música para cada momento. Mas há várias músicas para uma mesma história."


Every Lyric in Us
Capítulo 01
Killing For Love
T. Brennan & S. Booth
Angst / Romance
Smut

KILLING FOR LOVE

Brennan viu Hodgins e Angela saírem com as três crianças –e o cachorro- para tomarem sorvete. Ela subiu as escadas em direção à sua sala e, quando estava na porta, foi barrada por Booth, que a colocou entre o vidro e o corpo dele e a beijou, longa e profundamente, fazendo-a erguer os braços e envolver o pescoço dele. Era incrível como mesmo depois de quase oito anos juntos, o beijo de Booth ainda a deixava inebriada como se eles tivessem acabado de começar o romance.

"Você sabe que aqui tem câmeras, certo?" – ela afastou-o com as mãos e falou com uma certa voz –e expressão- incomodada.

"O que uma câmera pode dizer de um beijo?" – ela riu e ele inclinou-se novamente para beijá-la, dessa vez mais suavemente – "Que eu vou te matar ou fazer qualquer coisa que você não queira?"

Ela desvencilhou-se dele, sorrindo, e entrou, sentando-se na frente do computador, enquanto Booth fechava as cortinas e a porta do escritório e sentava-se do outro lado, colocando os pés sobre a mesa.

Ele tirou algo do bolso e passou para ela. Brennan reconheceu na mesma hora a carta com a confirmação e as passagens para as Ilhas Galápagos. Ela fez uma cara estranha, de quem tinha esquecido algo realmente importante.

"Então... você pretendia me contar que vai viajar hoje à noite?"

A resposta dela foi interrompida pelo telefone. Ela atendeu, e era a telefonista do aeroporto, confirmando o vôo dela para mais tarde. Brennan tinha esquecido totalmente dessa viagem e só seria lembrada com esse mesmo telefonema, se Booth não a tivesse lembrado antes.

"Eu esqueci, ok?" – ela disse, sem tentar realmente se defender.

"Quanto tempo?"

"Três semanas." – ele suspirou, agora parecendo irritado.

Brennan levantou-se e deu a volta na mesa. Fez com que a cadeira de Booth rodasse para ficar de frente para ela e então se abaixou, como fazia com as crianças quando queria falar algo importante. Olhou profundamente nos olhos dele, levantando a mão até tocar o rosto de Booth.

"Eu esqueci, de verdade, Booth. Eu sinto muito."

"É aquele seu negócio de espaço pessoal ou tempo pessoal ou o que quer que seja?"

"Não." – ela disse com um sorriso – "É aquele meu negócio de trabalho." – ele sorriu com a brincadeira dela, mas tirou o sorriso do rosto tão logo percebeu que estava sorrindo, quando na verdade deveria estar irritado.

"Promete ligar todos os dias?"

"Eu vou fazer o possível, Booth, sempre que puder. Mas nem todas as Ilhas Galápagos têm rede... ou mesmo pessoas, então não sei se vai ser possível todos os dias."

"Sempre que der?"

"Combinado."

Ele sorriu e abaixou-se um pouco até apanhar os lábios dela. Levantaram-se e ela tomou a posição de antes, na frente do computador.

"O que eu digo para Parker e Luccas?"

"Que eu vou trazer uma tartaruga gigante para eles verem." – ela falou com um sorriso.

Booth já estava quase na porta quando Brennan o tocou com pressa, fazendo-o virar-se para ela. Ele foi apanhado por um beijo. Desses que pareciam beijos de despedida. Longos e profundos. De certa forma tristes.

"Você devia ter me contado antes, Bones."

Brennan voltou para a frente do computador. Booth olhou-a por mais um minuto ou dois, saiu do escritório e parou alguns passos à frente. Suspirou. Ele estava irritado, sim, e tentou reprimir isso enquanto ela falava, mas agora, fora da sala dela, ele percebia o quanto estava irritado por ela não ter contado sobre a viagem. Ele fechou o punho e passou a mão pelos cabelos. Contou até dez e foi embora.

x.x.x

"Seeley Booth, você está preso pelo assassinato de Temperance Brennan. Você tem o direito de permanecer calado, qualquer coisa que disser será usado contra você no Tribunal. Também tem direito a um advogado. Se não puder pagar um, o governo dos EUA indicará um."

Booth não sentiu quando as algemas frias envolverem seus pulsos e um outro agente do FBI o empurrou para o sofá, fazendo-o sentar-se. Ele continuou olhando para o esqueleto bem à sua frente, sentado na cadeira no escritório de Brennan, vestido como Brennan, de frente para o computador, com uma das mãos na caneca de café frio.

Olhou para o lado e viu Angela sentada na cadeira, meio atônita, em choque, encarando o esqueleto. A prancheta de desenhos da artista há muito tempo tinha sido esquecida no chão.

x.x.x

Angela precisava urgentemente dos arquivos do último caso de assassinato. Arquivos contendo informações sobre vítimas desaparecidas e perfis que ela tinha traçado junto com Sweets e entregara a Brennan alguns dias antes dela viajar.

Tentou ligar para a amiga antes, para saber onde estariam os arquivos. Mas como de costume, na última semana, o celular dela dava fora de área ou desligado. Ilhas Galápagos. Claro.

"Hei, Booth, Brenn te entregou os arquivos do último caso?"

"Deve estar no escritório dela. Já olhou por lá?"

x.x.x

Angela tinha petrificado na hora que viu o esqueleto no escritório fechado de Brennan. Por quase um minuto ela apenas o encarou, como se estivesse em transe. E quando saiu dele, apenas falou "É a Brenn.", numa voz sombria que nem mesmo parecia ser dela, antes de começar a chorar.

Em questão de segundos, Booth pegou o telefone e tentou ligar para Brennan. Nenhum sinal. Nenhuma ligação há sete dias. Nada, desde que ela viajara. Em cerca de uma hora uma equipe nova do FBI estava no Jeffersonian, lacrando o escritório da antropóloga como cena de crime. Em menos de duas horas Booth estava sendo algemado, como principal suspeito de assassinato. As fitas de segurança apontavam para ele.

O último a vê-la. Os gestos antes de entrar no escritório. As palavras dele. "Que eu vou te matar ou fazer qualquer coisa que você não queira?", a forma como ele saiu do escritório. Arredio. Irritado e com raiva. Para todos os efeitos, ele tinha matado Temperance Brennan.

x.x.x

"Hei, Luc!"

O garotinho ouviu seu apelido e olhou para o lado. Seu irmão, Parker, o chamava do outro lado da arquibancada, acenando freneticamente para chamar a atenção dele. Parker se aproximou e sentou-se do lado dele.

"Oi, Julie." – o mais velho cumprimentou a garota ao lado de Luc e ela sorriu, acenando para Parker – "Oi... uhm... amigos do Luccas."

"O que você quer, Parks?" – o pequeno olhou desconfiado para o irmão, que apenas passou a mão pelo cabelo e sorriu.

"Um favor?"

"E o que eu ganho com isso?"

"Se der certo, você pode ficar uma hora a mais no meu computador por três semanas."

"Seis."

"Cinco."

"Feito." – Luccas sorriu – "E se não der certo?"

"Três semanas."

"O que você quer?"

"Você está com seu baralho aí?" – Parker colocou o braço sobre os ombros do irmão mais novo e guiou-o pelas arquibancadas.

"Eu sempre estou com meu baralho aqui."

"Ótimo." – ele fez uma pausa – "Tem essa garota, Lilly Rush, da minha turma. E ela gosta muito, muito mesmo de mágicas."

"Você quer me usar para sair com essa garota?"

"Wow!" – Parker se afastou um pouco e olhou para o irmão – "Onde você está aprendendo a ser tão direto? Ok, não diga. Eu sei que é com a mamãe."

"Mamãe diz que ser direto é o melhor jeito de ir direto ao ponto. Ou algo do tipo. Eu acredito nela."

"Ok, voltando ao assunto... Lilly gosta de mágicas. E eu disse para ela que o meu querido irmãozinho de seis anos era um mestre em mágicas."

"Você não usa a técnica de ser direto."

"O que eu quero dizer, é que ela me pediu para falar com você para você mostrar alguns truques."

"Ok, eu faço isso."

"Simples assim?"

"Não é trabalho nenhum fazer mágicas." – Parker franziu o cenho e Luccas sorriu enquanto se afastava de volta ao seu grupo de amigos – "Quando você quer que eu faça isso?"

"Amanhã, no recreio." – ele viu o irmão se afastando – "Hei, Luccas, você pode fazer aquela do vidro?"

"Você quer realmente sair com essa garota né, Parks?"

"Acho que sim."

"Vou pensar no seu caso, então."

x.x.x

"O que te levou a fazer isso, Agente Booth?"

Booth olhou do agente à sua frente, José González, para Angela, ainda quieta de um lado, e para o esqueleto que diziam ser de Brennan –embora ele ainda não acreditasse nisso.

Em sua mente, tudo o que ele conseguia pensar era em como aquilo soava surreal e parecia uma grande mentira. Uma brincadeira sádica de alguém. E isso o deixava meio transtornado, sem saber o que fazer, o que falar, o que pensar. Ele nem ao menos conseguia chorar, porque aquilo tudo simplesmente não parecia real.

"Meus filhos..." – ele disse – "...eu preciso falar com Parker e Luccas... eles vão ficar preocupados se eu não for... pegá-los na escola."

Era a voz dele. Mas não soava como ele. O olhar de Booth estava tão perdido e confuso, e a voz tão alheia e distante que não era ele. E certamente ele não se dava conta de que ele estava falando algo, porque ele repetiu a mesma frase quase dez vezes antes de o agente González gritar com ele.

"Confesse, Booth!" – ele gritou, fazendo Booth olhá-lo meio assustado, como se voltasse de um transe bem distante. O que certamente ele fazia.

"Eu não a matei." – as palavras saíram convictas – "Eu jamais faria mal a Temperance. Eu a amo. Ela é... era... é..."

"MENTIRA, BOOTH!" – o grito novamente, mas dessa vez, Booth não se mexeu – "Falar que a amava e matá-la simplesmente soa patético. Você é patético."

Ele apenas voltou a encarar o esqueleto que se vestia como Brennan e ocupava a cadeira dela no escritório dela. Inspirou profundamente e, sem perceber, segurou o ar.

x.x.x

"Eu sou um atirador. Pessoas me contratam para matar pessoas."

"Quem te contratou?"

"Eu não sei."

No segundo seguinte, William estava no chão, com a mão no rosto e a boca sangrando, ardendo, por causa do soco que Booth dera nele.

"Você quer fazer do jeito mais difícil, Comptom? Ok, vamos fazer do jeito mais difícil. Eu te bato e você fala. Quem te contratou?"

"Eu não sei." – mais um murro e Comptom continuou no chão.

"Quem te contratou?" – ele repetiu.

"Eu nunca conheço os contratantes, ok? Eu apenas recebo o dinheiro e o nome de quem eu devo matar. E é só. Trabalho feito."

"Por que Temperance Brennan?"

"Eu não sei."

Outro murro e Comptom estava contra a parede.

"Você mexeu com a pessoa errada, Comptom. E vai pagar por isso."

"Ele me deu 500.000 dólares por ela."

"A vida de uma pessoa vale isso, Comptom?" – Booth quase viu um sorriso de escárnio no rosto dele, mas tirou-o com outro murro.

"Você a amava. É patético." – ele sussurrou, e Booth bateu nele novamente.

"Você é patético. Me dê o número do cara que te contratou." – Comptom ficou calado, olhando para Booth com um olhar desafiador.

Booth tirou a arma do coldre e apontou para a cabeça de Comptom. Sua mão tremia, sua cabeça dava voltas, seu coração parecia querer sair pelo peito. Ele sentia toda a adrenalina correr pelas suas veias e toda a raiva fluir.

"O número, Comptom." – ele disse pausadamente e destravou a arma. Comptom permaneceu calado. E então ouviu-se um tiro.

Imediatamente dois agentes entraram na sala de interrogações. Booth estava sentado, encostado na parede e com o olhar perdido para lugar nenhum. A arma estava caída para o lado. Comptom estava deitado sem expressão nenhuma no chão. E o vidro-espelho da sala estava rachado, com um buraco de bala bem no meio.

"Agente Booth? Você está bem?" – um dos agentes ajoelhou-se na frente dele, tentando chamar atenção, mas tudo o que Booth fazia era continuar olhando para o nada – "Agente Booth?" – ele virou-se para o agente que estava na porta, e um terceiro que pegara Comptom e o tirava de lá – "Acho melhor chamar um médico."

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"Você foi parar no hospital, Agente Booth. Você estava em choque."

"A última coisa que eu disse pra ela..." – Booth começou, com o olhar desfocado – "Eu não me lembro a última coisa que eu disse pra ela."

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Booth expirou. Inspirou novamente, buscando ar suficiente para preencher seus pulmões, e então virou-se para o Agente González, que o olhava com certa indiferença.

"A última coisa que eu disse pra ela... foi... 'Você devia ter me contado antes, Bones'... e eu estava irritado..."

"E por isso você a matou?"

"Era um motivo estúpido... eu não devia ter ficado irritado... eu... devia ter falado que a amava... e que sentiria falta dela... eu..."

"Mas você não fez nada disso. Você a matou porque ela não te contou alguma coisa. Ela estava tendo um caso com alguém?"

"EU NÃO A MATEI!" – Booth gritou, a plenos pulmões, e tentou levantar-se, mas o agente foi mais rápido e apenas deu um murro no rosto dele, fazendo-o cair no sofá – "EU A AMAVA, PORRA!"

"Então talvez você a tenha matado por amor." – o agente González concluiu – "Crime passional. Não é muito incomum, e você sabe disso, Booth."

x.x.x

Luccas estava sentado no banco do parque em frente à escola desde que o sinal de saída tocara. Apanhou seu baralho, especialmente feito com imagens dos diversos ossos do corpo humano –presente de sua mãe no último aniversário-, enquanto esperava o irmão e Julie saírem da aula.

Seu pai já deveria estar ali para levá-los para casa. Ou quem sabe um de seus padrinhos. Mas ninguém aparecera, mesmo meia hora depois da aula.

Quando Julie e Parker se juntaram a ele, e perguntaram quem iria levá-los para casa, ele apenas respondeu que teriam que voltar andando, ou pegar algum táxi ou ônibus.

"Você acha que papai esqueceu da gente? Como a mamãe fez?" – Luccas perguntou, quando Parker pegou a mochila do irmão para carregar.

"Sua mãe não esqueceu de vocês, Luc." – Julie falou, meio incrédula, enquanto acompanhava os dois.

"Ela não ligou nenhum dia desde que viajou. Johnny disse que ela fugiu com algum homem e abandonou a gente."

"Não acredite no Johnny, bobinho. Ele é um idiota. Bones nunca faria isso com a gente. Ela ama a gente." – Parker assegurou.

"Ela não diz que ama a gente."

"Bom, ela não diz 'eu amo você' com tanta freqüência, mas diz daquela forma difícil dela de dizer que o nosso cérebro libera qualquer coisa que nos faz gostar mais de algumas pessoas. O que ela quer dizer com isso é que nos ama." – Luccas e Julie sorriram abertamente.

"É, isso ela faz."

"Além do mais, ela está numa daquelas ilhas de tartarugas gigantes que não deve ter antena de celular, por isso ela não ligou. E outra." – Parker parou e esperou que os dois menores olhassem para ele – "Ela deve estar procurando a nossa tartaruga gigante. Quão legal é isso?" – Luccas pulou várias vezes, extasiado.

"É! Legal demais! Uma tartaruga gigante! Que tamanho ela será, Parks?" – Parker fez uma cara pensativa e se aproximou do irmão.

"Uhm..." – ele ergueu a mão até acima da cabeça de Luccas – "Desse tamanho."

"Maior que eu?" – o garotinho parecia ainda mais extasiado, e começou a pular novamente.

"Maior que você, pirralho." –e então ele agarrou Luccas e esfregou a cabeça dele com o punho.

"Ai, Parks, isso dói."

"Agüenta, Luc!" – e soltou o irmão – "E carrega sua mochila que agora eu vou carregar a da Julie. Temos uma longa caminhada pela frente."

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O Agente José González andou de um lado para o outro do escritório. Ele estava impaciente por Booth não falar nada, não confessar logo que matara Brennan. Então era hora de tentar uma nova abordagem. Num outro lugar. Um lugar mais neutro. Como a sala de interrogatórios do FBI.

"Vamos, Booth." – ele fez Booth se erguer, com certa brutalidade – "Vamos para o J. Hoover Edgar Building. Talvez você se sinta melhor por lá. Sabe, melhor para falar." – Booth forçou-se para trás, tentando sentar-se novamente no sofá.

"Eu não vou sair daqui." – ele disse.

"Você pode parar de fazer drama, Booth, e ir por bem. Ou pode continuar sendo patético e eu te socar e você ir por mal. Qual será?"

Luta ou fuga. Era uma típica situação em que ele poderia lutar e ficar. Ou desistir, e ir. Ele não iria a lugar nenhum. Não sem uma boa luta antes.

Booth tentou novamente sentar-se, mas González o segurou. Então Booth deu um golpe de perna e abaixou-se, fazendo o agente cair no chão. E, antes que González pudesse se levantar e revidar, com ainda mais agressividade, alguém interveio.

Fim do Primeiro Capítulo