Ignorando Edward Cullen

...Porque não existe coisa pior que um garoto famoso que se acha o gostosão do colégio...

Querido Diário

Comprar você foi a coisa mais gay que eu já fiz em toda minha vida... Sério, entrei na livraria com a maior cara de taxo e fui direto às prateleiras de agendas e afins. Para não dar muito na telha, comprei junto um livro que falava sobre o Slash, o guitarrista – ou melhor, ex-guitarrista – do Guns N' Roses (oh, mas que merda... por que eu tinha que lembrar... Primeira nota deste diário: NÃO ESCUTAR DE JEITO NENHUM CHINESE DEMOCRACY PELA SEGUNDA VEZ! ISSO É SÉRIO...). Agora estou aqui, escrevendo em você com uma vontade louca de te jogar pela janela. Mas tudo bem, você me custou 12 dólares, até agora eu só tive prejuízo...

Acho que primeiro vou contar o motivo de ter te comprado. Muito bem, prepare-se para escutar os maiores palavrões que alguém pode falar em menos de uma hora...

Mamãe e eu brigamos. De novo. O motivo? Ela queria que eu entrasse para a faculdade de Direito ano que vem. O que eu respondi? "Mas nem que o Johnny Depp seja meu professor durante os cinco anos do curso...". Eu nunca farei Direito... Quando eu terminar essa droga de Ensino Médio, eu quero viajar, conhecer a Alemanha, comprar ingressos e ir ao show do Metallica, ir para a Holanda e comer bolinhos de haxixe até vomitar... Eu não tenho cara de advogada, juíza ou seja lá o que mais o tão sonhado curso de Direito tem a oferecer... Na verdade, depois que o efeito dos bolinhos passar, eu queria fazer Artes. Sim, em Viena. Mas minha querida mãezinha fez a mesma carinha de "ah, ta bom" que você fez, diário. Mas tudo bem, se vocês dois não acreditam em mim, foda-se. Espero que os dois fiquem em casa esperando o tempo passar.

Depois dessa nossa "conversa civilizada", mamãe decidiu passar a bola para meu pai. Os dois se separaram há cinco anos e, mesmo depois desse tempo todo, ainda não conseguem olhar um pra cara do outro. Ela contou toda a situação para ele e então, depois de muito pensar nos prós e contras (mais contras, diga-se de passagem...), decidiram me mandar para a casa da minha tia numa cidadezinha que eu nem seu o nome. Sabe, acho que nem os habitantes daqui sabem o nome dessa porra... Mas enfim, depois de uma looooooonga e exaustiiiiiiiiiiiva viagem de carro com o meu pai – o mais engraçado foram as instruções:

1°) Se você contar qualquer coisa a sua tia, qualquer coisa mesmo, eu te mato;

2°) Se sua tia me ligar pedindo para vir te buscar, eu te mato;

3°) Se sua tia ligar para sua mãe e ela vier me encher o saco, eu te mato, ressuscito e te mato de novo!

Eu só não ri durante a viagem porque ele iria cumprir mesmo o que estava prometendo antes mesmo de eu quebrar qualquer uma das regras acima.

Chegando à casa da minha tia – levei um susto quando descobri que eu não ficaria sozinha junto com a velha – meu pai jogou as minhas coisas no gramado e me olhou como se gritasse "já sabe, né?" e cumprimentou minha tia. Ela vestia um avental de vaquinha e cheirava a biscoitos de coco... Eu não sabia exatamente se estava na casa de uma tia ou da minha avó... Foi então que a pior coisa daquele dia aconteceu. Eu avistei uma coisinha rosa saindo da porta de entrada e vindo na minha direçãa porta de entrada e vindo na minha direç Eu ia ou da minha av.e: jometendo antes mesmo de eu quebrar qualquer uma das regras ao gritando e acenando. Sim diário, era a minha prima Mirian. Ela tinha a mesma idade que eu, dezesseis, mas a pequena diferença entre nós era que, enquanto eu sonhava com meus bolinhos de haxixe, ela ansiava por corações de chocolate... Sabe diário, eu poderia jurar que um pequeno sorriso se formara na cara do meu pai... Aquilo era o pior castigo que alguém poderia receber. Eles fizeram com que eu deixasse para trás minha banda, meus amigos e o McDonalds para morar com uma tia com cara de avó e uma prima retardada que me chama de Lili Star... Á propósito, meu nome é Lílian Younger, antes que eu me esqueça.

Titia Carmen me levou até onde seria meu quarto enquanto contava sobre as proezas escolares de Mirian. Eu sabia o que ela queria com aquilo... Era o mesmo papo furado que a minha mãe tinha comigo quando ela recebia meu boletim em casa "Sabe o que você conseguirá com essas notas? Nada! Sua prima só tira A em todas as matérias e você me aparece com cinco Fs? E não me venha dizer que ela estuda em colégio para adolescentes especiais que não é verdade. Se suas notas não melhorarem, quem vai para um colégio especial será você!" E blá blá blá... Mas enquanto ela terminava de contar que Mirian estava quase entrando para a melhor escola de Direito do país – e era ai que eu me perguntava: por que raio minha mãe não adota essa tonta e me deixa em paz? – eu torcia para que eu ficasse num quarto separado da minha querida prima. Já pensou? Além de ter que agüentá-la na mesma casa, ainda ter que dividir o mesmo quarto... Para minha sorte, o cubículo era bem longe do quarto da "princesa Mirian". O quarto até que era legalzinho... Era no primeiro andar da casa e era bem fácil de pular a janela.

- Sinta-se a vontade, criança. Lá em cima está o banheiro e aquela portinha à esquerda é a cozinha. Se sentir fome, é só abrir a geladeira e pegar alguma coisa. – Um ponto positivo daquela casa era que eu podia ser mais independente... Comer, dormir, enfim, fazer qualquer coisa na hora que eu quisesse... – Sua aula começa amanhã, então sugiro que durma cedo. Boa noite.

AULA?! Mas já? Sim... A partir daquele momento, minha vida daria uma guinada e tanto...