Nota: esta é a segunda fic que eu escrevo que se passa em Universo Alternativo, acho que gostei das possibilidades que posso ter. Dedicada para: Tatiane e Ai Linna-chan. Espero que gostem, não se esqueçam das reviews! :D

Prólogo

Qualquer pessoa, pelo menos uma vez na vida, já se perguntou: E se...?. Ficamos pensando em como as coisas seriam, se tivéssemos tomado uma decisão diferente da qual escolhemos. É impressionante como os seres humanos nunca estão satisfeitos.

Por mais que tenhamos feito uma decisão, que no momento achamos mais certa, sempre surge esse questionamento: E se...?. Faz parte da nossa natureza, é normal. Até porque, dependendo do que escolhemos, pudemos mudar completamente o futuro.

Porém, como tudo no universo é interligado, o que fazemos tem conseqüências que podem afetar não somente a nós mesmos, mas ao outros também. É por isso que dizem que devemos pensar bem antes de fazer qualquer coisa.

Já se arrependeu amargamente de alguma escolha que fez? Teve vontade de voltar e fazer tudo diferente? Mas e se mesmo assim, voltando e tentando concertar os erros, você acabasse alterando toda sua história e das pessoas a sua volta?

-x-

Enquanto amarrava seu Adidas, ele ficou pensando porque havia se olhado no espelho. Uma espinha enorme estava crescendo em testa, que por sorte conseguia ser tampada pela franja.

Mesmo assim aquilo o incomodava. Odiava essa fase de adolescência, tinha momentos em que desejava se tornar um adulto logo e não ter que passar por certas situações. Mas como isso ainda iria demorar, se contentou em terminar de se vestir para ir à escola.

Pegou sua mochila e desceu as escadas, indo para a cozinha. Seus pais estavam viajando a trabalho e voltariam somente no fim do dia. Isso significava que teria de se virar sozinho, o que não era novidade.

Ben tomou um café da manhã reforçado, já que mais tarde teria treino com a equipe de futebol. Escovou os dentes, colocou o capacete e foi pra escola andando de bicicleta, era um ótimo exercício e o ajudava a despertar.

Cerca de quinze minutos depois, estava trancando as rodas da bicicleta no estacionamento e indo pra aula. Como sempre, muitos alunos já haviam chegado. Cumprimentou alguns colegas e sentou-se no lugar de costume, colado à parede.

Pouco tempo depois o resto da turma entrou e a professora começou a aula. Conforme a senhora Kennedy escrevia as fórmulas e teoremas de matemática no quadro, Ben começou a sentir sonolência.

Cobriu a cabeça com o gorro do casaco verde de moletom que usava e apoiou o rosto no caderno do Batman. Fechou os olhos e deixou-se levar pela sensação de torpor que o invadia, a qualquer minuto estaria dormindo. Isso se a professora não batesse com a régua na mesa, assustando Ben.

-Acorda, Tennyson! –ela reclamou, parecendo mal-humorada.

-Hã? –o adolescente levantou o rosto, olhando para os lados, sem saber o que aconteceu.

-Vai tomar uma água, lavar esse rosto menino! –a senhora Kennedy colocou as mãos na cintura. –Você tem dez minutos, antes que eu mude de idéia e te mande pra diretoria.

-Claro, desculpa. –levantou-se e deixou a sala, sob os risinhos da turma.

Ele foi andando pelos corredores calmamente, não estava com pressa. Quando esticou a mão, para apertar o botão do bebedouro, notou algo diferente em seu punho esquerdo. Ben tinha noção de que não tomava sol há meses e que estava branquelo, mas o descolorido no punho era estranho.

Nunca havia usado qualquer relógio ou pulseira, então por que será que tinha a marca como se tivesse usado algo parecido com isso, durante muito tempo? Ele franziu as sobrancelhas, intrigado. Realmente era esquisito.

Mas ao lembrar que a senhora Kennedy lhe concedeu apenas dez minutos para tomar água e lavar o rosto, achou melhor se apressar. Não queria ter que passar pela diretoria novamente, se não seriam quatro visitas em menos de um mês.

Ele não era um aluno rebelde que arranjava problema, mas é que sempre acabava esquecendo-se de levar algum livro, ou então de entregar um trabalho. Voltou para a sala, mais desperto e tratou de anotar a matéria.

O dia passou tranquilamente, sem nenhuma novidade. De tarde treinou futebol com time, afinal teriam um jogo no sábado e precisavam estar em forma. Ele era o goleiro e precisava estar afiado para não deixar que o adversário marcasse um gol sequer.

Mesmo estando cercado de pessoas, Ben sentia-se sozinho às vezes, era como se não tivesse ninguém que conseguia enxergar como ele era por dentro. Na verdade, era como se uma parte dele estivesse incompleta.

Aquela sensação estava perdurando por um tempo além do comum. E isso o deixava inquieto. Não sabia o dizer o que estava acontecendo dentro do seu peito, mas só o fato de se sentir fora da realidade era horrível.

Ele voltou para casa no final da tarde, o sol estava se pondo, deixando o céu alaranjado. Seus pais já haviam voltado da viagem e lhe trouxeram várias lembranças de Toronto.

Conversou com eles, mas mesmo assim não conseguia se sentir bem. Inventou uma desculpa qualquer e subiu para o quarto, precisava ficar sozinho. Largou-se na cama e ficou olhando para o teto.

Não tinha uma idéia precisa, porém fazia tempo que não sorria mais, nem fazia suas piadas habituais. Parecia que toda a alegria tinha sido arrancada e mandada para longe. Respirou fundo e fechou os olhos.

Quando tudo isso começou? De alguma maneira, faltava uma informação muito importante. Como se tivesse tido um lapso de memória e só voltou a si naquele dia. Ben deitou de bruços e procurou dormir. Precisava dormir.

Acordou na manhã seguinte sobressaltado, o suor escorrendo pelo rosto. Seu coração palpitava e a respiração ofegava. Sentou-se na cama e procurou se acalmar, colocando os pensamentos em ordem.

Tivera um pesadelo que o deixou perturbado, porque atingiu o fundo da sua alma. Estava numa festa que estava acontecendo em uma casa, com alguns amigos do colégio. O lugar fervia de tantas pessoas, a música alta chegava a machucar os ouvidos. Bebeu um pouco de cerveja e andou um pouco pelo lugar.

Depois de algumas horas, estava entediado e foi procurar pelo amigo que tinha oferecido a carona. Foi até o quintal e encontrou um casal conversando perto da piscina. Paul foi andando na direção deles e puxou o cara, gritando alguma coisa que Ben não entendeu.

Os dois começaram a discutir e quando correu para apartar a briga, Paul sacou uma arma que tinha escondido no cós da calça e atirou no outro, que caiu sangrando no chão. Ben tentou socorrê-lo, mas parecia que ele não iria sobreviver.

Ele tentou falar alguma coisa, mas sua voz não saia da garganta, não dava para pedir ajuda. De alguma maneira sabia quem era o cara baleado. Aqueles olhos negros o encararam no fundo da alma, depois tudo foi ficando borrado e fora de foco, foi quando acordou.

Como ainda era cedo para começar a se arrumar, resolveu ligar a televisão para ver o que estava passando, precisava esquecer o pesadelo. Foi então que seu coração congelou ao prestar atenção no jornal de esportes.

Estava mostrando os vencedores na competição das equipes de bases de corrida. E no pódio, em primeiro lugar, estava o tal cara com quem tinha sonhado. Não poderia se enganar. Era o mesmo rosto, só que dessa vez limpo e sorridente. Os cabelos negros e olhos profundos, da mesma cor.

Ben respirou fundo e desligou a televisão. Realmente as coisas andavam muito estranhas.

Nota 2: e ai, o que estão achando? Isso é apenas uma introdução, a história vai começar mesmo no próximo capitulo.