Nome da fic: Rosa do Deserto
Autor: Roxane Norris
Beta-reader: Andy GBW
Pares: Severus Snape / personagem original
Censura: NC-17
Gênero: Drama
Spoilers: do quinto e sexto livro.
Desafio: Nenhum
Resumo: Snape revive uma paixão de adolescência que guarda um grande segredo...
Agradecimentos: para Andy GBW, que betou a fic., e á Ludmila Souza que me auxiliou na composição de cenários desssa fic.
Disclaimer: Harry Potter e seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros, ou seja, quase o mundo todo, menos eu.
Notas: Esta fic faz parte do SnapeFest 2006, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site do mesmo nome.
Capítulo I
O tempo estava horrível e a chuva caía encharcando-lhe as vestes. Os passos se tornaram mais rápidos, podia apenas ouvir o som de seus pés pisando nas poças formadas pela chuva. Virava, subia, descia ruas desertas. Olhou para trás diversas vezes procurando algo que seu inconsciente dizia estar ali, mas não teve êxito, e nada via além da escuridão ao seu redor. Segurava a varinha em suas mãos brancas dentro da capa grossa. O rosto molhado, apenas coberto em parte pelo capuz.
Bufou, "Londres!", como odiava o mundo dos trouxas. Afastou esse pensamento. Quanto mais avançava na rua escura e deserta, mais sentia o frio penetrar em seus ossos. O medo, a raiva, a angústia, e porque não dizer, a determinação trouxe-lhe ali. Não iria recuar, não iria fugir. Avançou à passos firmes em direção ao fim do quarteirão.
Virou a esquina, o coração acelerado, e pôde ver o bairro que surgiu a sua frente. As ruas imundas, casebres mal dispostos, decrépitos, sucedendo uns aos outros numa visão disforme de um típico bairro industrial londrino. "Não tenho escolha!", pensou descendo a rua em direção ao emaranhado de casas.
Passou apressadamente entre os casebres, alguns exalavam cheiro de comida, outros abrigavam famílias inteiras em frente a uma televisão. Sorriu pensando como seria se soubessem da existência de bruxos e de coisas muito piores. "Trouxas!", meneou a cabeça enquanto desviava o olhar da vidraça, que deixava à vista o interior da casa tosca. Continuou andando, as vielas entre os casebres haviam se transformado em córregos.
Avistou a última casa da rua, parecia totalmente abandonada. Avançou mais rápido enquanto a imagem da casa se tornava mais nítida aos seus olhos. Era incrível que permanecesse de pé com aquele temporal horroroso. Chegou até a porta, que como o resto da casa não oporia resistência a ninguém. Teve medo de empurrar, só Merlin sabia como aquilo estava seguro.
Entrou vagarosamente, pé diante pé. Seus olhos se adaptaram a escuridão profunda do interior da casa, o frio era maior do que lá fora. As paredes úmidas, as janelas quebradas e um cheiro de mofo exalava de seu interior. Olhou com desprezo, o aposento no qual estava não era grande e só possuía uma cadeira a um canto de aparência um tanto duvidosa. Presença humana? Aparentemente aquele lugar não sabia o que era isso há muito tempo. A lareira fora entregue à poeira e folhas ressecadas.
Foi até o corredor que dava para os outros cômodos, mas nada. Apenas o som do vento lá fora cortava o silêncio daquelas paredes. Voltou para a entrada, o assoalho rangia sob seus pés. A porta bateu com força, o frio parecia aumentar. Teria que esperar, o bilhete não dizia a hora certa. Mostrava apenas o local, a data e no horário: Esteja lá de noite! "Ridículo!", pensou quando leu a primeira vez, mas conhecia aquela caligrafia. Abaixou os olhos, um rato brincava ali perto com o que devia ser seu jantar. Fixou um ponto adiante e as lembranças vieram... um grito gelou sua alma... rouco, apavorado...
Suspirou, podia levar horas até que chegasse. Mas o que fazia ali? A dor, o frio... seu corpo tremeu, a respiração se tornou ofegante. "Controle!", disse mentalmente. No instante seguinte cada parte de seu corpo obedeceu. Músculos, braços, pernas... alma. Fechou os olhos, novas visões: corpos caíam diante de seus olhos, pessoas correndo para todos os lados. Novamente dor, frio... o controle veio mais rápido.
"Feche a alma, vamos!", a ordem partiu de dentro da sua cabeça. A respiração se normalizou, e um vazio encheu-lhe o pensamento. Dera certo, depois de anos conseguia ainda se dominar. Olhou em volta, nada. A tortura dos minutos que se estendiam pela noite era mortal. Olhou a chuva caindo e lhe vieram novas lembranças. Duas mulheres, um duelo, um jorro verde brilhou e um corpo tombou ao chão.
Dor... "Controle!", aquelas palavras eram frias, tanto ou mais do que quem as dizia! "Crucio!", a varinha apontada em sua direção, dor! Seu corpo dobrou, bateu com os joelhos no chão frio. Nova ordem: "Feche sua mente, ande!", nova tentativa. "Crucio!", desta vez apenas cambaleou e a dor se foi. "Bom, realmente muito bom, está progredindo, melhor do que eu esperava!", os olhos vermelhos e então ele disse, era branco como um cadáver: "Se a alma está resguardada, a dor do corpo é desprezível! Lembre-se disso! Por hoje é só! Agora saia!" Um riso estridente ecoou em sua cabeça.
Andou pelo aposento, a espera já estava se prolongando, era uma merda! Achou que tudo tinha acabado, que aquele homem tinha morrido, achou... achou! Sempre achou demais. Não devia ter se envolvido, mas era tarde para voltar. A marca reluzia em seu braço e ultimamente ardia. O bilhete, ele voltara. Como? Vazio. Havia fechado sua mente para sempre naquele dia. Não queria mais saber de nada, aquilo era uma tortura. Fez tantas besteiras... Lamentar? Nunca! Jamais! Sabia o que fizera e porque fizera até mesmo antes de fazer. Quando soube quem realmente era e depois... depois fora tarde para arrependimentos.
Dumbledore devia ter-lhe ensinado a controlar isso... devia! Não só devia como era a única pessoa que poderia ter feito isso. Uma frieza velada passou em seus olhos e um sorriso mordaz aflorou-lhe nos lábios. Ouviu passos se aproximando dali, rápidos, cada vez mais próximos. Posicionou-se na penumbra e empunhou a varinha. Podia ser quem estava esperando. Isso seria bom, se não, sorriu, seria muito bom também.
A porta se abriu e um vulto alto envolto em uma capa surgiu no batente. Podia vê-lo, o que não ocorria a ele. A luz era fraca ou quase inexistente, não se moveu. Ouviu os passos vindo na sua direção, a respiração, mais alguns passos. Agora estava tão perto que via perfeitamente os cabelos loiros lisos, os olhos azuis, a pele clara. Sorriu indulgente e pensou: "Não mudara nada!" Saiu as suas costas no mesmo instante em que se virava, ambos com as varinhas empunhadas. Hesitação e um sorriso quando falou a voz soou clara, melodiosa e pausada:
― Minha tão estimada, linda e inigualável - guardou a varinha e fez uma mesura -, Rosana Baker.
Rosie estava a sua frente, a varinha ainda em punho. Baixou o capuz que até agora lhe encobria o rosto. Era esbelta, cabelos castanhos claros, pele alva, estatura mediana e seus olhos castanhos o fitaram demoradamente, analisando-o. Segundos depois, sorriu.
― Não gaste seus elogios comigo, Lucius - disse ela displicente.
― Você não mudou nada, Rosie - continuou sorrindo.
― Ledo engano seu - passou por ele na direção contrária e sussurrou ao seu ouvido -, mudei muito!
Ela caminhou vagarosamente até o lado oposto do aposento e fitou a chuva intensa. Lucius, por sua vez, apenas se virou na direção dela.
― Diga-me, Lucius, o que ele quer? - sua voz era calma.
― Não imagina? - ele foi seco.
― Como sabe, posso imaginar muitas coisas... - virou encarando-o.
― Então, minha cara - e sorriu malicioso -, deixe-me lembrá-la: foi, é e sempre será um de nós!
Rosie o encarou, seus olhos castanhos cintilavam de ódio.
― Não sou uma de vocês - falou com desdém. - Não me iguale a sua ralé.
― Ora, ora - ele chegou mais próximo e falou em tom zombeteiro -, lembrou rápido como ser um Comensal, não?
― Eu disse apenas que não sou igual a vocês - e se aproximou também. - Não foi minha escolha, vocês fizeram isso!
― Por que tocar nesse assunto, agora? - estavam de frente um ao outro, podiam sentir suas respirações.
― Lembranças, meu caro - sorriu. - Você não as tem?
Ele a puxou, beijou-lhe os lábios. Ela resistiu a princípio para depois agarrar-lhe os cabelos, e num acesso de loucura, se entregaram a um beijo longo e desesperado. Foi Rosana quem o empurrou para longe.
― Chega! - disse brusca. - Basta!
― Não queria lembranças? - ele perguntou pálido. - Sempre as tive.
― Não essas, Lucius - ela se afastou mais. - Doem.
― Está muito amarga.
― Achou que seria diferente? - disse seca. - Pode dizer por que me chamou aqui?
― Rosie - escolheu as palavras que iria dizer -, você tem que voltar!
Ela o olhou friamente e gargalhou enquanto Malfoy a fitava impassível.
― Eu? Voltar? - parou. - Estão loucos, você e ele!
― A queridinha depois do queridinho... - soou sarcástico. - A invejada: inteligente e perfeita! - seu timbre era áspero. - Não vai ao encontro do Mestre? Aproveite, Severus não está lá!
A cor sumiu do seu rosto, Rosie procurou controlar seus sentimentos. Aquele nome... ela tinha apagado da sua memória e agora voltava latejando em sua cabeça. Retomou o controle e o encarou.
― Ele está morto? - falou destituída de emoção.
― Não, querida - disse analisando-a. - Apenas ausente, naquela missão... há treze anos.
― Sei - sua voz voltou a ser firme.
― Não o esqueceu, não é? - era um misto de pergunta e ressentimento.
― Não romanceie, Lucius, eu o odeio! - disse. - Ele estava lá naquela noite!
― Não foi uma atitude certa - ele a fitou com curiosidade -, mas eram ordens, entenda, ordens!
― Eu sei - sorriu sádica. - Ordens são ordens para um bando de fanáticos!
Lucius não a contradisse, apenas ficou em silêncio.
― Desculpe. Você não estava lá - ela abaixou os olhos.
― Eu a entendo - continuou falando. - Ter você ao nosso lado é um grande trunfo, Rosie. - ele a fitou demoradamente. - Sem contar, é claro, sua magia avançada.
― Preferia nunca ter desenvolvido isso, nunca! - foi enfática.
― Seja como for, aconteceu - disse com cautela.
― Por causa disso Voldemort matou meus pais! - disse ela esperando sua reação.
― Ele não matou seu pais, sabe disso. E não diga o nome do Lorde assim! - sua voz era fria agora.
― Digo o que quiser e como bem entender! - rosnou. - Tem medo de um nome, Malfoy?
― Tenho que admitir que você tem coragem - Malfoy passou a mão em seus cabelos. - Sabe? É isso que me encanta em você! Sempre me encantou.
― Lucius, já disse para não flertar comigo - ela sorriu.
― Ah, se Narcissa fosse um terço da mulher que você é, eu seria o mais feliz dos bruxos! - riu cínico.
― Nunca fale assim dela, não na minha frente! - Rosie disse com severidade, empurrando-o.
― Incrível! Você vai defendê-la? - disse cínico.
― É justo, não? - disse ela recolocando o capuz e tomando a direção da porta. - Diga-me, quando ele me espera?
― Amanhã! - foi em sua direção. - Já vai?
― Já fui! - disse acenando apenas com os dedos através da abertura da porta.
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N/A: Amores meus, mais uma fic, mais emoção! Obrigada pelo carinho! Espero que gostem, bjokas.
