Unfeeling (Insensível)

Autora: Kessy Rods

Gênero: Darkfic, Hentai, Drama, Angst

Censura: M (+18)

Sinopse: Desde os quinze anos de idade, a vida de Edward Cullen se resume a sexo e sangue. Sem remorsos e nada que o impeça de parar, ele age apenas por si mesmo, inconscientemente buscando algo que o faça sentir.


Disclaimer: Twilight e seus personagens pertencem à Stephenie Meyer. Esse Edward problemático é todo meu.


Obs: Essa fanfic é a long-fic/continuação da minha oneshot "Confessions of a Serial Killer". Não é necessário ler a oneshot para entender a trama.


Unfeeling

Capítulo Um

Seattle

Julho de 1989

A fumaça preta e vermelha sinalizava o local. Sirenes, carros de emergência apressados para salvar quem quer que estivesse no lugar que era a cena de mais uma tragédia. O carro lustroso e chique estava em pedaços. A lataria da parte do capô tinha sido reduzida a nada e esmagava os tripulantes, ao se encontrar com a parte traseira também esmagada. Um pouco à frente do carro luxuoso, um caminhão báu, com a parte dianteira amassada e o motorista deitado no chão, bêbado.

Curiosos observavam a cena com aflição. A esperança de que o casal que ali estava estivesse vivo era mínima, mas os otimistas contavam com ela. Sangue e cheiro de gasolina era o odor que oprimia as narinas dos presentes.

– Vamos, abram espaço! – gritou um oficial da polícia, fazendo com que o mar de curiosos se dispersasse um pouco.

Os equipamentos certos cortaram o teto do carro, facilitando o acesso às vítimas do carro pequeno. Os bombeiros fizeram as manobras de primeiros socorros necessárias, tirando com dificuldade o homem de cabelos loiros e a mulher de cabelos ruivos. Com colares cervicais, os dois foram colocados na ambulância, ainda com vida.

Outros oficiais permaneceram no local para avaliar os danos, e a imprensa local já aproveitava-se para coletar dados para a manchete do dia seguinte.

Na ambulância, os corações do casal batiam muito fracos. As respirações eram controladas por aparelhos e os ferimentos eram cuidados com afinco pelos paramédicos e enfermeiros que estavam ali. Tudo estava sendo feito.

Mas eles não resistiram. Assim que a ambulância parou em frente ao hospital, os monitores cardíacos sinalizaram perda de sinal vital. Todos correram, a fim de levá-los à sala de ressuscitação. Drogas e mais drogras eram injetadas, e o desfibrilador cardíaco trabalhava. Mas não existiam chances. A hemorragia interna só foi descoberta quando era tarde demais.

– Carlisle Cullen, hora da morte: 20h25min. Esme Cullen, hora da morte: 20h26min. – declarou o médico responsável.

Todos ali sabiam o que aquilo significava.

O advogado Carlisle Cullen e sua esposa decoradora, Esme, eram muito conhecidos em Seattle. Todos ali tinham respeito pela família Cullen, desde que eles não só eram muito bem-vistos, como também tinham superado imensas barreiras familiares até se casarem. E, inesperadamente, tinham um casal de filhos.

Filhos esses que agora cresceriam sem mãe e sem pai. E dado ao fato de que os pais de Carlisle e os pais de Esme tinham morrido há muito tempo, os dois não tinham nenhum parente vivo a quem pudessem recorrer.

– Vou ligar para o Serviço de Proteção à Criança. – disse a enfermeira que estava ao lado do médico, a voz baixa, porém firme.

Quando o SPC foi acionado, tudo começou a acontecer. Os serviços cabíveis fariam um velório e enterro decentes ao casal, e o advogado da família – um amigo de Carlisle – seria consultado a fim de que se acionasse o testamento do casal e direitos das crianças.

Bem longe do tumulto causado pela tragédia, uma casa grande e bonita no meio do bairro nobre de Seattle tinha as luzes da sala acesas. Uma garota de quinze anos tomava conta dos bens mais preciosos de Carlisle e Esme.

A garotinha, de apenas seis anos, brincava com suas bonecas no tapete felpudo que cobria o chão. Trocando letras, falando palavras que ela não entendia o significado. Criando histórias pra si mesma e maneiras fáceis de tudo se resolver.

O garoto, de oito anos, considerado um pouco apático pelos professores – tendo sido chamado de autista na primeira infância – lia um conto que sua mãe lera para ele há meses atrás. Ele ainda estava descobrindo as palavras, e de vez em quando pedia ajuda à sua babá para palavras difíceis. Sua única amiga era a solidão, e ele não fazia questão de mudar isso.

A babá adolescente tentava não preocupar as crianças, mas ela mesma sabia que os pais deles estavam demorando demais.

É apenas um jantar de negócios, Amy – dissera Carlisle antes de sair – Não devemos chegar depois das oito.

Claro, Sr Cullen. Não tem problema, eu ficarei com as crianças. – ela dissera.

Porém, já passava das nove da noite, e quando Amy tentava o celular de Carlisle ou o de Esme, ouvia o aviso de celular fora de área ou desligado. A garota começava a se preocupar.

Alguns minutos depois, a campainha soou e Amy levantou-se do sofá onde observava as crianças.

– Fiquem aí, tá? Eu já volto. – ela disse às crianças.

O garoto acenou com a cabeça sem tirar a atenção do seu livro, e a garotinha murmurou um "tá" sonolento enquanto continuava brincando. Ela queria ter ido dormir há muito tempo, mas esperava sua mãe.

Amy estranhou ao ver uma mulher de meia idade com roupas formais na porta. Não abriu a porta toda, e encarou a mulher com desconfiança.

– Posso ajudar? – perguntou.

– Você é Amy Reynolds? – a mulher perguntou.

– Sim, sou eu. – disse Amy, sem entender como alguém procuraria por ela na casa dos patrões.

– Meu nome é Andrea Finkle, e eu sou do Serviço de Proteção à Criança. Posso entrar e falar com você por uns minutos? – ela perguntou, e seu olhar era gentil.

Amy olhou mais um pouco os olhos da mulher e finalmente, concordou. Andrea entrou com um sorriso bondoso no rosto e observou o local. Arejado, aconchegante. O lugar que traduzia o sentido de família. Andrea sentiu um aperto no peito com a notícia que tinha que dar.

Andrea andou um pouco, seguida por uma desconfiada e preocupada Amy, e parou na entrada da sala, observando as crianças. O menino concentrado em sua leitura, parecendo tão adulto para sua idade. A menininha sonolenta que brincava quase dormindo, mas ainda assim com um sorriso no rostinho branco.

– Podemos conversar num lugar mais reservado? – sussurrou Andrea, não querendo chamar atenção dos pequenos.

Amy acenou e indicou para que ela a seguisse. As duas pararam na cozinha, onde Amy ofereceu um café – que Andrea aceitou. As duas sentaram-se nos bancos altos do balcão de mármore. Amy não pode conter mais sua curiosidade.

– Posso saber o que a senhora tem a dizer? – disse Amy.

Andrea bebericou um pouco de seu café antes de falar.

– Você é a babá das crianças, certo?

– Sim.

– Não mora mais ninguém nessa casa?

– Hm, não. Existe uma pessoa contratada para cuidar da casa e de cozinhar, mas ela geralmente é dispensada depois das sete.

– Entendo. – Andrea bebeu mais café – Escute, Amy. Sei que como babá das crianças você não tem qualquer obrigação de ouvir o que tenho a dizer, mas você é a pessoa mais próxima à elas.

Amy franziu o cenho. O que aquela mulher queria dizer com aquilo?

– Escute, Sra Finkle, eu sei o que o SPC faz, e eu devo dizer que eu adoro essas crianças. Eu tenho uma afinidade muito grande para isso e quando a senhorita Esme me deu essa oportunidade há dois anos, eu a agarrei com tudo. Crianças dão trabalho, e Edward realmente me dá dor de cabeça às vezes, assim como Alice é elétrica demais durante o dia. Mas essas crianças são tão adoráveis! E eu adoro cuidar delas... E eu não acho que—

– Calma, querida – disse Andrea, segurando uma das mãos agitadas de Amy para pará-la – Não vim aqui dizer que você não é boa para as crianças.

– Então, o que...

– Querida, infelizmente a notícia que vou lhe dar não é boa. Não é sua obrigação ser a primeira a saber disso, mas infelizmente, Edward e Alice ainda são crianças e você, a pessoa mais próxima à eles.

Amy ficava mais preocupada a cada palavra da mulher e Andrea percebeu. Mesmo com o coração apertado, ela criou coragem para falar.

– Carlisle e Esme sofreram um acidente de carro esta noite – disse Andrea, em voz baixa e branda – Eles foram levados ao hospital, porém não resistiram. Os ferimentos internos foram maiores do que a equipe de resgate pode prever, e infelizmente, eles faleceram. Estou aqui para falar com você e com as crianças, para que possamos movê-los para o local adequado a partir de hoje.

Amy resfolegou e levou uma mão à boca. Carlisle e Esme mortos? Isso explicava o atraso dos dois. Mas, isso era muito mais do que uma tragédia. Como aquelas duas crianças ficariam a partir de agora? As lágrimas vieram ao rosto da menina, e Andrea quebrou o protocolo para abraçá-la. Era clara a afeição de Amy por seus patrões, e também a preocupação dela pelas crianças.

Envolvidas num momento de silêncio pela morte do casal, Amy e Andrea não perceberam que tinham companhia.

– Oh, Edward, querido – disse Amy, tentando controlar as lágrimas e falar com ele calmamente – Não vi que estava aí.

– Você disse que voltava logo – ele acusou, a voz pequena sem muita emoção.

– Eu sei, e sinto muito. Mas essa senhora queria falar comigo e eu a trouxe até aqui para conversarmos, e então...

– Eles morreram, não foi? – Edward interrompeu Amy, virando-se para Andrea e olhando em seus olhos ao perguntar.

– O que, querido...? – Andrea ecoou, um pouco chocada com a abordagem do garoto.

– Mamãe e papai. Eu ouvi a senhora dizendo à Amy que eles morreram. É verdade, não é?

Andrea olhou Amy à procura de respostas. Amy deu de ombros.

– Não adianta protelar. Ele é esperto – Amy avisou.

Andrea desceu do banco alto em que estava e dirigiu-se ao pequeno garoto, abaixando-se apenas um pouco para olhá-lo nos olhos.

Olhos verdes intensos que não traduziam sequer uma vírgula dos pensamentos do menino. Ele nunca fora falador, e seus olhos acompanhavam sua decisão. Ele esperava a resposta de Andrea pacientemente, sério e compenetrado.

– Eu sinto muito, meu bem – começou Andrea – Mas é verdade. Seus pais sofreram um acidente muito sério de carro, e os ferimentos internos foram muito grandes para que os médicos conseguissem resolver. Sinto muito.

Andrea abraçou Edward, certa de que ele precisaria de carinho agora. Edward não retribuiu o abraço e Amy assustou-se ao ver o olhar vazio do menino, encarando o chão e nada, ao mesmo tempo.

Quando Andrea o soltou, Edward deu as costas às duas mulheres e voltou à sala sem dizer uma única palavra. Alice tinha sido vencida pelo sono e dormia tranquilamente no tapete fofo. Edward olhou sua irmã e suspirou. Ele sabia que tinha que cuidar dela agora. Era seu dever de irmão mais velho, como seu pai diria.

Edward não sentia vontade de chorar. Ao invés disso, sentia uma intensa vontade de conversar com alguém. Mas ele não tinha amigos. Não conseguia confiar em ninguém o suficiente para isso, e naquele momento de necessidade, ele sentiu falta disso. Não poderia conversar com ninguém sobre o que se passava em sua cabeça, e sentou-se no sofá onde estivera lendo, encostando-se e fechando os olhos, sério como quando voltara da cozinha.

Amy e Andrea conversaram mais um pouco após a saída de Edward, e Andrea esclareceu os pontos pendentes para Amy. A garota dormiria na casa esta noite, para ficar com os pequenos, e logo que o dia raiasse, Andrea voltaria para levar as crianças ao orfanato da cidade, onde ficariam até que as pendências do testamento fossem resolvidas e fosse decidido quem teria a custódia deles. Amy pegou o telefone de Andrea, e vice-versa, até que a mulher gentil tinha ido embora.

Amy respirou fundo e foi até a sala, encontrando Alice dormindo no tapete, e Edward sentado no sofá com os olhos fixos na irmã.

– Edward? – chamou Amy.

Ele não respondeu, mas Amy sabia que ele a tinha escutado.

– Por que não me ajuda a levar Alice lá pra cima? Depois podemos conversar.

Os olhos verdes de Edward cintilaram para sua babá e ele acenou devagar. Não pretendia falar muito com Amy, mas a possibilidade de tirar algumas dúvidas fez da oferta apenas um pouco tentadora.

Edward saiu de seu lugar e ajudou Amy a levantar Alice. A garota levou a pequena nos braços até o primeiro andar da casa, onde depositou a menina em sua cama florida e cor de rosa. Depois de cobri-la e dar-lhe um beijo de boa noite na testa, Amy saiu do quarto, encostando a porta com o saquinho de areia em forma de tartaruga.

Edward observou tudo, e quando Amy estava do lado de fora do quarto, ele seguiu para o seu próprio quarto, com Amy atrás de si. Em seu quarto, ele sentou-se na cama, encostado na cabeceira e indicou a cadeira ao lado da mesinha. Amy sentou-se lá.

– Eu realmente sinto muito sobre seus pais, Edward.

Ele assentiu.

– A Sra Finkle me disse para dormir aqui hoje, com vocês. Amanhã ela virá e levará você e Alice até o orfanato da cidade. Vocês dois ficarão lá até que o testamento dos seus pais seja resolvido, e a custódia de vocês, decidida.

Edward engoliu seco. Não tinha boas histórias de orfanatos em sua cabeça.

– Eu pedi à ela para ficar com vocês lá em casa até que tudo fosse resolvido, mas ela disse que isso não é permitido. Como eu não sou parente de vocês, não posso ter a guarda provisória, muito menos sendo menor de idade – resmungou Amy, contrariada.

– Obrigado por tentar – disse Edward com uma voz baixa.

– De nada, querido. Sabe que me importo com você e Alice, não é?

Ele assentiu novamente.

– E também sabe que vou sentir muito a falta de vocês, não é? – ela insistiu.

Edward a olhou. Amy era uma boa babá. Não fazia questão de conversar com ele a menos que ele próprio quisesse, e respeitava seu espaço. Fazia uma torta de maçã que ele adorava e tinha o cabelo castanho muito bonito e brilhoso. Ele assentiu para ela novamente.

– Também vamos sentir sua falta – ele disse, sabendo que falava por Alice naquela questão.

Ela sorriu com os olhos marejados e dirigiu-se ao pequeno rapaz. Apenas oito anos, que nunca seriam percebidos com a personalidade madura e forte do garoto. Ele seria grande algum dia, e Amy tinha certeza disso. Ela o abraçou sem esperar retribuição, dando-lhe um pequeno beijo em sua bochecha esquerda.

Edward, porém, a abraçou de volta. Nunca tinha feito aquilo, e sabia que a oportunidade era a última. Ele não sabia como se expressar, ou como dizer determinadas coisas, mas vendo que o gesto de abraçar dizia tanto, ele decidiu retribuir. Talvez assim Amy sentisse a gratidão que ele tinha por ela ter cuidado dele e de sua irmã tão bem nos últimos anos.

Amy tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu. Deu um leve aperto no seu abraço, e em seguida soltou Edward, que olhou para as mãos sem saber onde colocá-las agora que o abraço tinha terminado.

– Vamos – disse Amy, enxugando seu rosto – Se troque e vá dormir. Eu estarei no quarto de hóspedes se precisar de mim, ok?

– Ok. Boa noite, Amy.

– Boa noite, Edward – ela lhe deu um beijo na cabeça, e o deixou sozinho no quarto, fechando a porta.

Edward se trocou calmo e em silêncio, enfiando-se sob as cobertas logo depois.

Não verteu nenhuma lágrima até que o cansaço do dia o dominasse e ele caísse na inconsciência.


N/A:Eu sei, eu não deveria nem mesmo pensar em postar uma nova fic considerando meu tempo diminuto pra escrever e a quantidade de fics que eu posto simultaneamente. Mas, eu não consigo me controlar. Além dessa, existem mais 3, mas elas eu só vou postar quando as que eu estiver postando agora acabarem. *suspira*

Bom, algumas pessoas que leram minha shot Confessions of a Serial Killer falaram de uma continuação, e eu achei que seria uma boa transformar a shot em uma long-fic. Então, aqui está a história completa dela. Desde o começo... mesmo!

É uma fic bem diferente e tensa, na maior parte das vezes... e eu espero que vocês gostem! Deixem reviews para eu saber como anda a opinião de vocês sobre a fic, ok? :D

Beijos e até o próximo capítulo,

Kessy (a louca que posta mais de uma fic ao mesmo tempo) -Q