Nome da fic: Indesejado

Autor: Roxane Norris

Beta-reader: Andy GBW

Pares: Severus Snape / Luna Lovegood

Censura: NC-17

Gênero: Romance/ Drama/ Aventura

Spoilers: do quinto e sexto livro.

Desafio: Nenhum

Resumo: "Como uma menina pôde seguir-me sem que eu percebesse, principalmente, a srta. Lovegood? E bufou enquanto sua mente nublava: Estou cansado, meus sentidos estão começando a sofrer sérios danos... " Seria somente seus sentidos que estavam abalados? Ou a pequena Corvinal tinha conseguido descobrir um ponto fraco dentro daquela figura fria e solitária dos Mestres de poções? Tudo é possível quando há magia envolvida...

Agradecimentos e dedicatória: à Andy GBW, minha beta fofa, que betou a fic com muito carinho!!!

Disclaimer: Harry Potter e seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros, ou seja, quase o mundo todo, menos eu.

Notas: Esta fic faz parte do SnapeFest 2007, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site do mesmo nome

Capítulo I

Os cabelos loiros, compridos até a cintura, mexeram-se levemente quando ela visualizou a loja na calçada oposta de onde estava, e dando um divertido sorriso para si, atravessou distraidamente a rua. A vitrine da pequena loja de revistas surgiu, diante de seus olhos saltados, espremida entre as fachadas duvidosas de dois prédios antigos.

Demorou-se avaliando cada exemplar de semanários exibidos na vitrine. O frio era intenso e a rua já estava ficando escorregadia por causa dos primeiros flocos de neve. Não era o tipo de coisa a que ela levasse em conta, mas seus olhos agora estavam brilhantes, e com passos firmes entrou na pequena loja.

O som de metais avisando a entrada de um possível cliente soou. Um rapaz, atrás de um balcão abarrotado com guloseimas, uma máquina de expresso e um computador, dirigiu-lhe um sorriso amável que ela não notou. Mesmo assim, o olhar dele a seguiu até que parasse nas prateleiras repletas de revistas. Não que ela fosse realmente bonita, mas os cabelos loiros, os cílios tão claros que quase se tornavam imperceptíveis e os olhos azuis intensos formavam um quadro gracioso. Vendo que não despertara o interesse da moça, o rapaz bufou e voltou aos seus afazeres.

Os dedos dela passearam gentilmente sobre as centenas de capas de revistas a procura de algo que lhe chamasse a atenção, algo com que pudesse especular. Adorava especular sobre diversos assuntos até formular suas próprias teorias sobre eles. Seus olhos azuis corriam livremente pelas palavras em arabescos que enfeitavam as capas. Ela sorriu.

Anos convivendo diariamente com isso a tornaram uma expert em separar as matérias que poderiam ser interessantes das inúteis. Não podia dizer que seu juízo de valores era o mesmo adotado pela maioria, mas se orgulhava de sua formação. Seu pai era redator-chefe de um jornal e lhe ensinara não só todo o protocolo de uma edição, mas também cada passo para se fazer uma boa matéria. Pelo menos era o que ela achava e como não se importava com que os outros pensavam a seu respeito, aquilo lhe bastava.

Seus assuntos prediletos eram quase todos, exceto aqueles em que a especulação se tornava impossível. Não precisava ser nada escandaloso, mas algo que permitisse que sua imaginação voasse. Talvez alguma matéria bem orquestrada sobre a influência da Arqueologia na Música, ou algo como quantas mulheres realmente deveria ter um sultão, ou quem sabe, um estudo bruxo do que tornara o Mar Morto sem vida, já que o científico dos trouxas ela descartara por completo.

Definitivamente, ela possuía suas próprias teorias sobre cada um desses temas. Deu um longo suspiro ao perceber que já correra uma infinidade de exemplares sem nada em especial, e pousou os dedos finos sobre uma revista de moda. Esse era um tema interessante, principalmente quando se é mulher e vive usando trajes do século passado. Folheou a revista admirando cada uma daquelas mulheres em seus trajes sensuais e coloridos. A moda trouxa a fascinava, já pensara em ser uma consultora no seu mundo, mas duvidava que esse cargo existisse por lá, ou fosse bem visto. A maioria dos bruxos odiava se travestir de trouxa para poder passear livremente no meio deles. Entretanto, ela achava que um pouco de cor e cortes mais ousados não fariam mal a ninguém. Outro longo suspiro foi emitido por seus lábios e a revista foi fechada, afastando por completo esses seus devaneios.

Retornou com a Vogue para a prateleira e nem notou, a colocara sobre uma pilha de exemplares da Rolling Stones. Sua atenção havia sido capturada pela figura alta e magra trajando um sobretudo de gola alta e lã grossa, cinza-escuro, que acabara de fazer os metais da porta soarem. Os cabelos pretos e lisos apareciam pouco por sobre a gola, e ela baixou os olhos até as mãos pálidas que, nesse momento, se fechavam sobre um jornal trouxa. Se tivesse alguma dúvida sobre quem era, agora tinha sido dissipada.

Reconheceria aquelas mãos em qualquer lugar do mundo. As vira tantas vezes picar, macerar e pesar inúmeros ingredientes de poções com uma exatidão ímpar. Um sorriso maroto brincou nos lábios dela ao recordar como gostava de vê-las trabalhando; é verdade que nunca entendeu direito o porquê daquela meticulosidade toda, mas admirava como ele a fazia, entretanto, tinha certeza que em algum momento ele explicara o motivo. O fato é que se tornara interessante observar cada passo do preparo da poção que ele conduzia com maestria. Os ingredientes se rendiam àquelas mãos, desfazendo-se na porção à maneira exata, como se o simples toque delas fosse o suficiente para fazê-los mudar de estado. Havia um cálculo sutil de segundos em seus movimentos, um cronômetro fixado em cada mexida que desferia dentro do caldeirão. Reconhecia no professor um dom fascinante para trabalhar com aqueles elementos, algo que era positivamente raro de se encontrar, algo que ela não possuía. Nunca conseguira transformar água em chá, por mais que até mesmo os trouxas o fizessem ao seu modo.

Depois de um ano observando cada detalhe do que as mãos dele podiam fazer, começou a demonstrar certa aptidão para a matéria. Evidentemente, nunca almejara o posto de primeira aluna, ou sequer de sabe-tudo, simplesmente admirava toda aquela sutileza que envolvia o preparo de poções, e especialmente, aquelas mãos. Isso lhe valeu alguns pontos extras para sua casa, a Corvinal, e quase nenhuma ironia por parte do professor.

Ela voltou à realidade com o barulho dos metais tilintando mais uma vez, e pôde ver que Snape já havia pago seu jornal e ganhava a rua rapidamente. Deslizou suavemente para a porta ao encalço dele, e tudo o que atendente pôde ver foi um borrão de cabelos loiros sumir na névoa que começava a se formar no lado de fora da loja.

Levantou a gola de seu casaco branco e pôs-se a seguir o professor pelas ruas da Londres trouxa. Aparentemente ele não notara que estava sendo seguido, e ela por sua vez, começava as conjecturas: Por que ele está aqui? Onde, raios, foi parar sua capa preta? Subiam e desciam ruas, umas abarrotadas de pessoas, outras vazias, na quais duvidava que um ser humano normal andasse. Ela estava formulando sua última pergunta mental: Como podem realmente acreditar que ele fez tudo o que o viram fazer?, quando notou que havia parado de andar e sua presa havia se esvaído na névoa que a rodeava.

Olhou em volta, parecia que aquela rua em especial não era visitada por ninguém, colocou as mãos nos bolsos e deu mais alguns passos. Um letreiro em neon surgiu à frente, indicando o que devia ser um pub. O lugar não era nem um pouco receptivo, mas sem alternativa melhor, deliberou que ele entrara ali. Revirou seus olhos e deu mais alguns passos em direção as janelas enfumaçadas. Precisava ver aonde iria se meter, e com quem.

As pessoas que freqüentavam aquela espelunca eram definitivamente estranhas. Os homens tinham uma aparência suja e engordurada e as mulheres pareciam borradas de carmim. Bufou, e vendo seu reflexo nas vidraças, resolveu que uma alteração básica no seu visual funcionaria quase que perfeitamente. Tirou o casaco, abriu os dois primeiros botões da blusa branca, deixando à mostra os contornos do corpo feminino que havia adquirido no último ano, dobrou o cós da saia duas vezes, e atirou o casaco sobre o ombro. Antes de fazer sua entrada triunfante no pub, passou um batom de cor violeta, que Hermione lhe dera no natal passado e que agora provava sua utilidade.

A porta do ambiente se abriu, deixando que uma lufada de ar frio penetrasse no ambiente e alguns pares de olhos grudassem na figura loira. Ela não lhes deu a mínima atenção, apesar de estar ciente de que sua presença fora notada por muitos, seu alvo estava debruçado sobre o balcão à frente. Em passos firmes, ela alcançou o banco ao lado dele e sentou. O homem nem se mexeu, parecia entretido com a bebida âmbar dentro do copo.

A um meneio da cabeça dela, o barman se adiantou, e com a voz sussurrante, ela pediu:

― Vodca.

Novamente não houve movimento ao seu lado, ela procurou algo que pudesse fazer para chamar-lhe atenção. Viu um maço de cigarros ao lado da mão dele e deslizou seus dedos até lá. Habilmente fechou-os sobre o maço, mas uma mão forte a deteve.

― Não acha que cigarro e bebidas são péssima combinação para alguém tão jovem? - não era um rosnado, mas também não era uma seda. Os olhos dele se voltaram para ela e uma expressão fria tomou conta de seu rosto. Ele a reconhecera.

― Acredito que todo vício seja um mau presságio - ela sorriu sem tentar retirar sua mão debaixo da dele, e completou: - No entanto, eu não acho que isso seja da sua conta, ou lhe deva alguma satisfação.

― Talvez não - ele rebateu frio, sem soltar a mão dela. - Mas não é um bom começo. Não preferiria um chá?

― Isso é uma proposta? - Deliberadamente eles evitavam dizer seus nomes, mas o jogo de gato e rato estava funcionando às mil maravilhas, na concepção dela. Os olhos azuis penetraram nos pretos dele demonstrando claramente que ela não estava com medo.

― Digamos que seja um convite de alguém que já viveu mais do que você e se preocupa com o que pode lhe acontecer ao se arriscar tanto. - Ele crispou os lábios analisando cada reação dela. Suas palavras soaram mais como um alerta do que como uma ameaça.

― Convite aceito - respondeu mantendo o sorriso, retirando a mão devagar. Por um segundo sentiu um frio percorre-lhe a espinha, não por causa dele, mas pelo aviso que lhe dera veladamente.

Percebendo a intenção dela e a angústia que sentira ao ouvir suas palavras, ele a impediu de prosseguir. Levantou-se com cuidado para não chamar mais atenção do que deveria e jogou algumas moedas sobre o balcão encardido.

Pouco tempo depois, Luna Lovegood sentia o ar frio bater-lhe no rosto e uma mão forte apertar seu pulso mais uma vez. Não houve tempo para perguntas, apenas sentiu-se puxada em várias direções. Snape aparatou com ela para algum lugar desconhecido.

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N/A: Adoraria ter reviews, principalmente porque é um novo par na nesse marzão de fics!!! Obrigada e muitos beijos!