Bem vindos a Milagre.
Essa fanfic foi escrita para o desafio "Um ano depois" da Anamateia Haika. One Shot, Non-Yaoi. Tala-centric.
Have fun!
Milagre.
Tala não gostava dessa palavra.
Havia lido uma vez que todas as crianças são como pequenos milagres.
Talentos únicos, propósitos singulares, eles diziam.
Mas o ruivo não via sentido nisso. Na abadia eram todos garotos igualmente perdidos buscando a mesma coisa.
Eles eram vazios.
Talvez fossem milagres perdidos.
Tala era um milagre perdido.
Na grande fabrica de soldados que era a abadia, o garoto franzino foi encontrado por Boris no meio de tantos outros garotos menos tímidos, que se amontoavam a frente do diretor em busca de atenção.
E em instantes se tornou o principal lutador da Biovolt.
Um milagre?
Boris gostava de chamá-lo assim. O tempo todo.
Um ano depois aquilo ainda incomodava.
Pela TV, um comercial exagerado anunciava a próxima luta do campeonato mundial. Os Bladebreakers haviam conseguido mais uma vez ir até as finais, dessa vez contra o time mais forte do ano.
As pessoas na cidade diziam que seria uma surpresa se eles ganhassem do Team Psikick.
Mas Tala sabia que aqueles bastardos sortudos iriam acabar vencendo de alguma maneira.
A eles sempre aconteciam coisas extraordinárias.
Vitorias improváveis contra times muito mais fortes.
Ou mesmo a convivência entre quatro caras tão diferentes.
Se eles percebessem todos os milagres que aconteciam a eles sem merecer, talvez não tivessem coragem de reclamar nem mesmo das idiotices de Tyson.
... Ou pensando melhor, talvez nem tanto.
E sorriu.
Na velha abadia, os milagres perdidos eram cegos e mudos.
Mas nunca surdos demais para acatar uma ordem.
Ou para serem convencidos que eram de fato milagres.
Tala sabia que não deixaria de ser aquilo que fora moldado por tanto tempo.
Nem deixaria de temer seus primeiros medos ou de escutar as palavras de Boris em sua cabeça entre um sonho e outro.
Apenas um milagre real acabaria com o velho milagre da Biovolt.
Mas o lobo não se importava.
Um ano depois, sentia que não havia problema em sorrir de vez em quando.
Ou mesmo ver timidamente o mundo que para ele nunca tinha ido além do Stadium , acontecer com seus pequenos milagres despercebidos.
Ele ainda era vazio.
E sabia que ainda era um milagre perdido.
Mas ainda que não gostasse dessa palavra ou que ficasse irritado quando lhe referiam daquele jeito
Tala pensou que estava tudo bem deixar que os milagres acontecessem.
Mesmo que eles não lhe fossem bonitos ou não lhe parecessem justos.
Tala estaria feliz enquanto não precisasse deles para vencer seus fantasmas. E suas lutas.
Notas da autora:
Tive a ideia de escrever sobre os milagres depois de ler um post sobre isso no fotolog da Lily Carroll. (Mais uma fic que sai por sua culpa, mulher D)
Esse, aliás, é o quarto convite que recebo para participar de um desafio e o primeiro que consigo concluir. Espero que exista alguma lógica no meio disso tudo.
Milagres, lutas de beyblade e reviews serão sempre bem vindos.
Camaleao.
