POV EDWARD

Estava nervoso.

Muito nervoso.

Me encontrava trancado na cabine do banheiro do colégio, sentado sob a tampa do vaso sanitário, suando frio. Na realidade, eu bem que gostaria de estar "frio" nesse momento. Estou com problemas na região "baixa" pois vi minha melhor amiga saindo da aula de educação física com roupa de ginástica. Não sei por que raios não consegui controlar meu problema hoje, já venho fazendo isso há um tempo, mas Bella estava linda. Ela é linda de qualquer maneira, de tirar o fôlego mesmo, mas hoje, eu não sei… Ela estava simplesmente deslumbrante e meu corpo reagiu da maneira mais clichê possível. Particularmente já desisti de esconder esses meus sentimentos aos 7 palmos da terra e aceitei que posso sim, estar um pouco caído pela minha melhor amiga. Ok, um pouco não, estava capotado por ela.

Percebi nesses últimos 4 meses que Bella estava me deixando nervoso, embora tenha demorado um pouco para descobrir o motivo. Tudo começou com um sonho: me encontrava em um quarto todo escuro, estava de pé de frente para uma cama de casal e sentia atrás de mim umas mãos passando lentamente pelas minhas costas indo de encontro ao meu peito. Segurei nas mãos pequenas e finas, virei o corpo, mas não pude ver o rosto da pessoa. Fui empurrado para a cama, caindo de costas no colchão da mesma, senti as mãos percorrendo minhas coxas, me arranhando no processo e se aproximando cada vez mais, um joelho foi apoiado na cama, seguido pelo outro, ambas as mãos no meu peito pressionando cada vez mais meu corpo no colchão macio, foi assim que vi os familiarizados cabelos castanhos, nessa hora eu posso jurar que conseguia sentir o cheiro de morangos vindo dela. A partir daí meu cérebro já registrou e reconheceu que estava no quarto de Bella, e a mulher na minha frente era ela.

Acordei um tanto quanto transtornado, diga-se de passagem, suando muito, completamente confuso e com dor nas bolas, precisei tomar um banho gelado e logo após o efeito passar resolvi ignorar aquele sonho, mas de nada adiantou, pois os sonhos ficaram mais frequentes, um dia estávamos no quarto, no outro no carro, na sala; passaram de carícias de mãos pelo corpo à beijos no pescoço, boca e outras regiões, se é que você me entende.

― Droga, Edward! ― resmunguei comigo mesmo.

Respirei fundo e fiquei esperando a situação ali ficar mais calma. De jeito nenhum poderia sair daquele banheiro com uma ereção. Escutava o entrar e sair de alunos no banheiro, que geralmente não costuma ser muito cheio, mas justo hoje parecia que todos os caras do colégio resolveram dar uma passada aqui. Fiquei quieto o tempo todo, tentando forçar imagens na minha cabeça que fossem as mais nojentas possíveis, para ver se conseguia sair daquela furada, foi quando senti meu celular vibrar na mochila. Era Bella. Ótimo.

Edward, cadê vc?

Juro que vi você saindo do ginásio correndo…

Aconteceu alguma coisa?

~ Bella

Droga!

O que eu respondo? "Sim, Bella, saí correndo de lá, fiquei de pau duro quando te vi"

Idiota. Idiota. Idiota.

Esqueci que tinha uma reunião com o professor Molina. Estava atrasado, desculpe, não vou conseguir passar o intervalo com você.

~ Edward

Ah entendi :/

Bom, pensei que algo tivesse acontecido.

~ Bella

Está tudo ok, mas não posso falar agora

~ Edward

Tá certo…

Só uma pergunta, a gente vai embora juntos?

~ Bella

claro :)

~ Edward

Ok, até mais então ;)

~ Bella

Não respondi a última mensagem de Bella. Simplesmente não estava ajudando na minha condição difícil. Esperei na cabine o que parecia horas, não podia sair dali agora, estava no horário de intervalo. Suspirei e encostei a cabeça na porta a minha frente. Hoje vai ser um longo dia.

Por causa do meu problema mais cedo, perdi o inicio da aula de álgebra, o que me trouxe uma bela advertência oral por chegar atrasado, a senhora Collins deixou explícito que da próxima vez eu iria direto para a sala do diretor. Não podia usar a desculpa de estar em reunião com outro professor, pois eu não estava e se era o caso, tínhamos que apresentar o bilhete informando o encontro assinado pelo tal docente. Um saco! Estudava na Lakeside High School, um colégio particular, reconhecido por ser bem rigoroso e frequentado pelos filhos da elite da cidade e do Estado de Washington, ou seja, diria que 87% dos alunos são filhos de pessoas "importantes" na alta sociedade, como o Mike Newton, filho de um dos sócios da maior empresa de refrigerantes da região; ou Tanya Denali, filha de Eleazar Denali, Senador. O colégio é enorme, facilmente reconhecido por quem passa pelo local, uma vez que possui grandes janelas com suporte branco, três andares e uma espécie de torre com relógio que se encontra bem no meio do prédio, localizado no meio de um campo plano com árvores ao redor.

Logo após o fim da última aula do dia, encontrei com Bella encostada no meu carro me esperando no estacionamento do colégio para irmos para casa. Morávamos na vizinhança de Lawtonwood, região que se concentrava diversas casas de luxo em meio à grandes jardins, bem próximo ao Daybreak Star Indian Cultural Center, o que é uma espécie de museu que armazena uma coleção da arte nativa do país. Durante quase todo o percurso pelas ruas, Bella e eu não falamos uma palavra, não posso negar, ficar perto dela estava me deixando bastante desconfortável e tenso, queria voltar pra época que jogávamos bolo de lama um na cara do outro. Odiava essa mudança entre a gente.

― Edward ― sou surpreendido pelo meu nome sendo chamado, me mexo no assento do carro, nervoso.

― Sim… ― respondo relutante

― Tem certeza que está tudo bem? Você está estranho e já faz um tempo que está assim.

― Não. Sim, quer dizer, tá tudo bem sim. Nada aconteceu. Só estou preocu…

― ...com o final do semestre e faculdade. ― Bella completou ― Por favor Edward, eu estou cansada de ouvir essa desculpa. Você vai ou não vai falar a verdade pra mim? Caso contrário não precisa mais conversar comigo, você sabe que não gosto que me escondam as coisas.

Eu estou ferrado. Bella parece bastante irritada com meu comportamento um tanto bizarro. O que posso fazer pra contornar essa situação? Contar a verdade? "Hey Bella, o problema é que você me deixa de pau duro e não paro de pensar em te beijar há meses. Mas não se preocupe, tá tudo sob controle". A real era: NÃO TINHA NADA SOB CONTROLE. Hoje foi apenas mais uma prova disso.

Eu estava paralisado. Abria e fechava a boca sem parar, gaguejando.

― Eu… hm, Bella, não sei o que… é que... ― suspiro, exausto pelo meu fracasso em lidar com a situação. ― Podemos conversar mais tarde?

― Você promete que não vai fugir do assunto? ― Bella perguntou olhando pra mim com seus olhos cor de chocolate. Por um momento me perdi naquela imensidão marrom e precisei de um esforço para voltar minha atenção à estrada.

― Eu prometo, Bella.

― Ótimo. Então... o que deu na reunião com o professor Molina?

― Hm, o quê?

― Edward, você está me ouvindo? Disse mais cedo que estava em uma reunião com o professor de biologia… ou você mentiu pra mim?

― Ah, sim, a reunião! Foi boa, nenhum problema. O senhor Molina vai dar o suporte necessário para aquele projeto que estamos trabalhando.

― Que bom ― Bella voltou sua visão a sua frente e depois do que parecia um minuto perguntou novamente: ― Você já pensou em como vai começar suas inscrições para as universidades?

Sabia o quanto aquele assunto a deixava agitada. Ela estava com problemas com o curso que queria seguir, seus pais, Charlie e Reneé, esperam que a filha escolha um curso voltado aos interesses do negócio deles, assim no futuro ela poderia assumir o posto da empresa de joias da família Swan, mas Bella não estava certa disso.

― Ainda não. Bells, eu sei que você está ansiosa, mas prometi que iria te ajudar e iremos fazer as inscrições juntos, ok?

― Obrigada Ed. Eu não sei o que faria sem você. ― Bella pega minha mão e dá um aperto, engulo em seco e sinto um choque elétrico passar pelo meu corpo com o contato. Bella parece não perceber pois mantém a mão na minha até o fim da viagem para casa.

Estaciono na garagem, descemos do carro e caminhamos pela estrada de cimento do jardim, subimos uma pequena escadaria também de cimento, nos direcionando para a área de fora da cozinha, entrando pelas portas do fundo da mesma. Minha casa não possui mais de dois andares, entretanto é bastante espaçosa e grande. Na porta da frente de casa você vê detalhes de pedras compridas e cinzas nas pilastras, a porta é de madeira com janelas; no caminho da calçada até a entrada você encontra arbustos e árvores em ambos os lados, além disso, há uma pedra gigante em pé à direita, atolada na terra.

Nos fundos, além da área fora da cozinha, tem um espaço com cadeiras de beira de piscina, mesas e churrasqueira. É possível ver parte da piscina e jardim do escritório de meus pais e da sala de estar com lareira e TV. Temos mais duas salas: a de visitas, cujo cômodo é preenchido com um grande sofá e poltrona preta; abajures de chão, uma mesinha de centro e armários embutidos; já a outra sala é usada para cinema e jogos de videogames, além da grande TV pendurada na parede, a sala possui duas poltronas também nas cores pretas e mesinha de centro.

Todos os quartos possuem banheiro, closet, cama de casal, grandes janelas com cortinas que vão até o chão e mesinhas de apoio, sendo a suíte dos meus pais o maior cômodo dentre todos eles. Fomos direto ao meu quarto, abri a porta e Bella logo se jogou na cama, suspirando:

― Estou tão cansada. Esse semestre está realmente puxado.

Concordo com um resmungo, balançando a cabeça e passando a mão nos cabelos, não sabendo tirar os olhos da garota que me tira o sono todas as noites esparramada na minha cama. Ah não. Edward não vai para esse caminho, seu idiota. Pense em qualquer outra merda mas não nisso, não agora. Edward pense! Maldito fodido.

― Querido? ― meus pensamentos são interrompidos pela voz da minha mãe na porta, ela abre a mesma e coloca a cabeça para dentro.

― Não estou atrapalhando nada? ― Minha mãe perguntou sugestivamente, ela e papai sempre fazem isso. Meu rosto se enche com um súbito calor que queima minhas bochechas com a insinuação que captei em sua voz, nem precisava olhar no espelho para saber que estavam vermelhas.

― Por favor, mãe… ― sussurrei de uma forma que só ela pudesse ouvir.

― Imagina, Esme ― Bella responde sorrindo, parecendo não ter se ligado do que acabou de acontecer ― Acabamos de chegar do colégio, estou exausta, a aula de educação física quase me matou.

― Ah querida Bella, imagino que esteja cansada. O último ano é terrível mesmo, ainda bem que vim aqui dizer que fiz um lanche para vocês dois, devem estar famintos. Vão na cozinha para comerem, ok? Fiz aquele bolo que vocês amam.

― Já vamos mãe. ― falei vendo Esme sair do quarto nos deixando a sós novamente.

― Então, pronta para mais um café de dona Esme? ― Perguntei sorrindo.

― Sempre ― Bella diz, saltando da cama indo em direção a porta.

Depois do café, Bella e eu decidimos assistir no meu quarto "A Lenda de Tarzan", entretanto, o filme é extremamente chato e previsível, devo frisar essa parte. Sério, não vale a pena, nem mesmo a Margot Robbie conseguiu salvar o filme de tão chato que era e isso foi um puta de um desperdício. Na metade do longa acabamos caindo no sono, e ao acordar ali horas mais tarde, no crepúsculo pelo que pude notar pela janela, vi Bella encolhida do meu lado com a cabeça no meu peito. Linda. Eu não resisti, passei minha mão por seu cabelo, acariciando com as pontas dos dedos seu rosto imóvel. Essa parecia ter um rosto de porcelana, porém totalmente macio ao toque. Bella vira no colchão e desperta minutos depois, nesse momento já estava sentado, apoiando o braço no meu joelho olhando para ela, Bella me vê olha e sorri.

― E aí bonitão? ― Ela levanta, se sentando ao meu lado, ― Dormiu, bem? Acho que tá escorrendo baba aqui do lado ― diz apontando para o canto da minha boca.

Rio com a brincadeira, ― Até aprece, você que estava desmaiada até 5 segundos atrás.

― Idiota ― disse sorrindo também. É sempre tão bom acordar com Bella e passar o tempo. Bem, fazer qualquer coisa com ela era maravilhoso e não conseguia parar de pensar em como seria se tivéssemos algo a mais, como beijá-la, tocar seu rosto, segurar em suas mãos quando quisesse, sentir seu corpo sob o meu…

EDWARD PARE!

Eu estou tão, mas tão ferrado.

Bella percebeu a provável mudança de cor no meu rosto para um branco fantasma e franziu o rosto para mim.

― Edward, se bem me lembro, a gente ficou de ter uma conversinha, não é?

Tomei muito no cu.