Disclaimer: Death Note não me pertence.
Aviso: o personagem Beyond Birthday existe, e está inscrito na copilação apenas escrita de Death Note, chamada "Another Note". Desculpem-me, a fanfic saiu um pouco... fluffy? .-.
Para Raayy, que me apresentou BB e me fez apaixonar por ele. 8D
Pintura
"Talentoso como sempre." Disse a instrutora de artes da penitenciária, sorrindo para o rapaz a sua frente. Ele, por sua vez, sorria sarcasticamente, diante da animação da mulher.
Norma John, 23.09.2003.
"Animação demais para alguém que vai morrer nesse ano" ele pensou, imaginando o tipo de morte que ela teria. Doença, assassinato. Quem sabe, se naquele futuro próximo ele pudesse tirar a vida dela com as próprias mãos...
Seu sorriso aumentou.
E a senhora Norma, pensando que ele sorria com o elogio que fizera, propôs um novo quadro para o talentoso rapaz fazer.
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"Pessoa especial?" murmurou, focando seus olhos vermelhos na mulher a sua frente.
"Sim" disse a instrutora, sorridente, "faça um quadro com o rosto de uma pessoa especial para você. Então, faça um retrato próximo do real, creio que conseguirá!"
Beyond Birthday direcionou seu olhar para a pintora, irônico.
"Desculpe, mas eu tenho taaantas pessoas especiais, que não consigo focar um rosto em especial para desenhar." Sussurrou, com um sorriso malicioso. "Aliás, se eu tivesse todos esses rostos focados com exatidão na minha mente, eu nem estaria aqui, preso."
A instrutora não se deixou abalar pelo sarcasmo do presidiário, e sorriu mais uma vez. Não era todo dia que um preso tinha tamanha habilidade com desenho, grande capacidade de memorizar detalhes e hábeis dedos para pintar um quadro.
"Deve existir pelo menos uma." Respondeu calmamente, ainda sorrindo. "Alguém que lhe faça sorrir, que faça você nutrir alguma atração ou afeto..."
Sorriso.
Afeto.
Atração.
Os olhos vermelhos do rapaz brilharam de excitação ao constatar qual rosto pintaria. Passou a língua pelos lábios, num sorriso malicioso, como se o gosto de geléia de morango estivesse lá.
Era sempre assim quando B se lembrava dele.
Gosto de morango. Doce. Cheiro doce, sabor doce. Da pele, do perfume, dos lábios.
BB sempre gostou de geléia de morango.
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As pinceladas rapidamente se tornavam os primeiros contornos. Primeiro, tinta preta. Ele utilizou carvão para desenhar traços emaranhados, bagunçados, sem sentidos iguais, independentes, que foram ganhando forma, e em conjunto formavam uma espessa cabeleira, como se pente algum no mundo pudesse arrumá-los. Em seguida, foi desenhando os primeiros contornos do rosto: suaves, delicados, como um rosto de boneca.
O detentor dos olhos de Shinigami desenhava arduamente, com os olhos brilhantes de empolgação. Ele não esqueceria nenhum detalhe daquele rosto tão maravilhoso. E, a cada traço que fazia, imaginava-se tocando aquela região, e ele aumentava a pressão do risco, mordendo a língua, extasiado.
As bochechas, o queixo, o nariz, o começo do pescoço, os lábios...
Se ele pudesse tocá-lo de verdade...
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"Beyond, por que está pintando você mesmo?" Norma perguntou, após dois dias, checando o trabalho que o rapaz havia feito até agora. Os olhos vermelhos piscaram, maliciosos.
"Talvez porque eu ame algo que deveria estar dentro de mim." Ele murmurou, perigoso.
Ela não entendeu, mas achou a frase engraçada.
"Ok. Qualquer dúvida, me procure."
Era difícil entender aquela complexa mente de gênios.
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Finalmente, havia chegado a última parte, que o rapaz sempre deixava para desenhar depois.
Os olhos.
Não que ele fosse apenas mais alguém, mas era realmente muito difícil captar os olhos de uma pessoa. Para BB, os olhos eram a janela dos sentimentos de qualquer um, e ele conhecia muito bem isso. Ele sabia quando as pessoas estavam com raiva, com ódio, com receio, com dúvida.
Ele sabia quando as pessoas tinham medo.
Mas existia uma pessoa, uma única pessoa, que ele não conseguia captar ao certo seu olhar. Era incerto, inexpressivo, atento e distraído, às vezes indiferente.
Nublado.
Agora, ele tentava desvendar novamente esse olhar, com o dedão preso entre os lábios, na mesma pose que ele, em frente ao quadro semi-pronto.
Sempre foi impossível enxergar através do seu olhar?
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"Senhora Norma, poderia me ajudar?"
A instrutora sorriu em resposta. Nunca imaginava que o rapaz pudesse lhe pedir alguma orientação a respeito do trabalho.
"Claro Beyond" disse ela, alegre, "pode dizer a sua dúvida."
E então ele perguntou.
"Como eu posso representar os olhos de alguém inexpressivo?"
Ela riu, diante da pergunta.
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"Não é tão difícil" ela disse, pensativa, "nenhuma pessoa pode ser inexpressiva ao extremo. Se alguém é inexpressivo, ele não demonstra sentimentos, ou ações pelas quais ele luta."
BB sorriu mais uma vez.
"Por favor, Senhora Norma," ele murmurou, "seja mais clara."
"Represente nos olhos dela, algo que você enxergue que nela exista. Uma característica, uma afeição." Norma respondeu, refletindo. "Ou algo que você espera que existisse dentro dela."
BB focou diretamente os olhos vermelhos nela, pensando na última frase.
"Que eu espero... que exista dentro do olhar?"
"Sim." Ela disse, sorridente. "Quem sabe, se o que você espera que exista dentro dos sentimentos dela, não é exatamente o que ela sente?"
Então ele soube.
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Ele fez o contorno dos olhos, esfumaçando na parte inferior, aprofundando o traço das olheiras. Marcou suavemente o risco das pálpebras, e fez círculos para traçar os olhos bem abertos. E então, começou o interior.
Ele tinha olhos negros, nublados, talvez opacos. Eles mostravam pouquíssimas vezes super atenção, muitas vezes tédio. E isso era muito difícil de representar.
"Represente nos olhos dela, algo que você enxergue que nela exista. Uma característica, uma afeição." Norma respondeu, refletindo. "Ou algo que você espera que existisse dentro dela."
Agora, ele sabia.
Primeiro, traçou riscos quase ovais dentro das íris. Os riscos então, deram formas graciosas à círculos distorcidos, cheios de pontos negros salpicando a figura dentro dos olhos.
Em seguida, ele coloriu o desenho.
Vermelho-sangue foi a cor dos círculos distorcidos, que chocavam-se contra a expressão, e as cores da pintura.
Morangos nos olhos. Olhos vermelhos.
Na mente de Beyond, era tudo que ele ansiava, dentro dos olhos de L.
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OWARI
N/A: Com alguns fatos implícitos, como no final, perdoem-me se estiver muito oculto. Quem perceber, no final, BB apenas esperava, pelo menos naquele desenho, ter algum espaço dentro dos sentimentos de L e tal. Não sei se ficou OOC, minha primeira fic com o BB, perdoem-me novamente.
