(A Alexis é uma personagem criada por mim, não faz parte do elenco real da história)
I surrender
Sweeney Todd Fan-Fiction
Judge Turpin and Alexis
O juiz Turpin caminhava pelas ruas de Londres com o Beadle Bamford, o seu criado pessoal. Enquanto lamentava a distância, cada vez maior, que o separava da sua protegida, algo lhe captou a atenção. Uma donzela alta, com longos cachos de caracóis a caírem-lhe pelos ombros, tinha passado mesmo ao seu lado e as mãos de ambos tocaram-se ligeiramente por breves segundos. O juiz interrompeu o seu discurso e olhou para trás. A jovem donzela fez o mesmo e os olhares de ambos cruzaram. Ficaram fixos um no outro por instantes, até o Beadle cortou a ligação.
-Está tudo bem, meu senhor? – o juiz Turpin despertou do seu transe e olhou para ele, que continuava a seu lado.
-Sim, sim. – quando voltou a olhar para trás ela já tinha desaparecido.
Para grande espanto, quando olhou para trás e não a viu sentiu um grande vazio e sentiu também que tinha perdido uma oportunidade de ser feliz. Ele não compreendia o que se estava a passar, afinal de contas nem conhecia a rapariga. Ela tinha que ser nova na cidade. Como juiz supremo conhecia toda a população.
-Sabes quem era aquela donzela? – perguntou o juiz Turpin ao Beadle.
-Não, nunca a tinha visto meu senhor, deve ser nova na cidade. Mas porque pergunta?
-Porque ela faz-me sentir como se eu tivesse perdido uma oportunidade de ser feliz?
-Como assim, meu senhor? O senhor nem conhece a rapariga.
-Pois não. Mas sinto que devia conhecer.
-E a sua protegida?
-O que tem?
-Não é a ela que ama?
-Quem será a rapariga? – murmurou o juiz, ignorando a questão do Beadle.
-Se desejar amanhã procurá-la-ei pela cidade.
-Sim, faz isso. Agora vamos voltar para casa.
-Pensei que ia ficar aqui à espera dela – retorquiu o Beadle entre dentes.
-Diz…
-Nada senhor, vamos.
O juiz foi para casa e sentou-se no sofá com um copo de Whisky na mão. Por mais que ele tentasse não conseguia deixar de pensar nela.
-Meu senhor, posso ir? – o juiz não estava a ouvir o que ele estava a dizer, estava demasiado concentrado na imagem da jovem donzela que não conseguia tirar do seu pensamento. – Meu senhor?
-Sim?
-Posso ir?
-Sim, claro. Boa noite.
-Boa noite, meu senhor.
Assim que o Beadle saiu, o juiz deixou-se cair novamente nos seus pensamentos. Passado pouco tempo o Beadle voltou muito apressado e bateu com a porta da entrada. O juiz despertou novamente do seu pensamento e pensou para si mesmo que sabia que se ia arrepender de ter dado a chave de sua casa ao Beadle.
-Meu senhor, meu senhor. – o Beadle quase não respirava.
-O que te traz por aqui novamente?
-Ouvi dizer que anda à minha procura. – o juiz olhou imediatamente para trás. Não queria acreditar nos seus olhos quando viu a jovem donzela, ali, na sua sala, a olhar para ele.
-Ah, sim, sim…-ele não sabia bem o que dizer. – Bamford, podes ir.
-Sim, meu senhor. – o Beadle retirou-se.
-Ainda bem que veio, menina…
-Alexis. E o senhor, quem é?
-Juiz Turpin. Deixe-me dizer que me sinto lisonjeado com a sua presença.
-Obrigada. Mas o que me queria?
-Antes disso, permita-me que lhe pergunte porque é que veio.
-Porque o Beadle me disse que me queria ver.
-É verdade. Mas no entanto não me conheço.
-É verdade, mas sinto-me como se o conhecesse. Senti que precisa de o voltar a ver, depois do nosso pequeno… encontro. Oh, meu Deus, mas o que é que eu estou aqui a dizer…
-Não, por favor continue. Eu senti exactamente a mesma coisa. Quando as suas mão tocaram nas minhas – o juiz agarrou-lhe as mãos- senti que tinha encontrada uma parte de mim à muito perdida.
Alexis, utilizando as mãos do juiz, que estavam à volta das suas, puxou-o para mais perto. Talvez perto de mais, tão perto que agora ambas as pontas do nariz estavam juntas. Olharam-se olhos nos olhos, perguntando-se quem daria o primeiro passo. A resposta foi instantânea. O juiz colocou a sua mão na nuca de Alexis e, puxando-a para si, beijou-a. Alexis correspondeu ao beijo de uma forma muito apaixonada. Não quebrando o beijo, ela envolveu-o com os seus braços. Nenhum deles queria quebrar aquele beijo. Queriam ficar assim indefinidamente. Contudo foram obrigados a quebrá-lo quando uma voz soou perto da porta:
-Senhor? – era a protegida do juiz.
-Sim? – perguntou meio irritado.
-Pensei que nunca me iria trair ! – a protegida não queria saber do amor do juiz, mas percebendo que ele realmente gostava da rapariga que estava ele estava beijar, decidiu que era uma boa oportunidade para o magoar.
-O quê? – Alexis estava chocada.
-Alexis…
Alexis saiu a correr.
-Espera ! –gritou o juiz Turpin.
-Então senhor, não era a mim que amava ? – a protegida estava a ir longe demais.
-Vai-te embora ! Sai desta casa ! Sai da minha vida ! – ele estava furioso.
Ele sentou-se no sofá e acabou derramando uma lágrima. Aparentemente ele ficou surpreendido, parecia que tinha acabado de descobrir que conseguia chorar. Deitou-se no sofá, de barriga para cima, e pensou em Alexis. Acabou por adormecer no sofá. De manhã acordou com o barulho da porta. "Maldito Beadle !" pensou.
-Bom dia, meu senhor ! Dormiu no sofá ?
-Agora não.
O juiz saiu e bateu com a porta. Continuava a pensar em Alexis. Ia tão perdido no mundo que acabou por embater em alguém.
-Alexis?
Ela não lhe respondeu e continuou a andar. Ele agarrou-lhe o braço.
-Espera !
-Para quê? Para acabar como ela?
-Deixa-me explicar. Por favor.
-Tens um minuto.
-Durante muito anos amei a minha protegida. E amava até ontem, quando me cruzei contigo. Quando os nossos olhares se cruzaram parecia que o tempo tinha parado. Senti que encontrado a parte de mim que me faltava todos estes anos. Aquilo que eu sentia por ti era e é tão forte que apagou o que eu sentia pela minha protegida.
-Muito romântico. Mas ninguém me garante que eu não vou acabar como ela, assim que aparecer outro alguém com uma outra parte que te pertença. – Alexis levantou-se para ir embora.
-Por favor, não vás!
-Não me voltes a procurar !
-Alexis !- tarde demais, ela já tinha começado a ir embora e nem ligou.
O juiz passou o resto do dia deitado no sofá.
-Meu senhor, aconteceu alguma coisa com a donzela?
-Não quero falar disso.
-Com certeza. Quer que lhe faça companhia?
-Não.
-Deseja que lhe faça alguma coisa?
-Desejo que te vás embora.
-Eu compreendo que esteja chateado, meu senhor, mas não precisa descontar em mim.
-Já é tarde, por favor, faz o que te mando.
O Beadle saiu. Quando estava prestes a fechar a porta atrás de si viu Alexis que se aproximava da porta.
-Sim? – perguntou o Beadle.
-O juiz Turpin está?
-Sim, deseja que o chame?
-Não, desejo que me deixe entrar.
-Como deve compreender não posso fazer isso.
-Não quer voltar a ter a relação que tinha com o seu senhor?
-Sim, claro.
-Então deixe-me entrar. Vai ver que amanhã estará de volta ao normal. Ele até lhe vai agradecer.
O Beadle esboçou um sorriso e cedeu-lhe a passagem. O juiz ouviu passo e, pensando que era o Beadle, disse:
-Pensei que te tinha mandado ir embora.
-Caso me recorde tinhas-me pedido para ficar. – o juiz levantou-se num pulo.
-Alexis…
Ela aproximou-se dele. Ficaram a milímetros um do outro. Ele queria tanto beijá-la. Mas tinha que se controlar ou podia perdê-la para sempre.
-Sabes como sei que nunca vou acabar como ela? Porque te vou dar algo que ela nunca foi capaz de te dar. Amor.
-Como é que…
-Como é que eu sabia que ela não te amava? – o juiz assentiu – era fácil de ver. O que ela fez ontem não foi por ciúmes, foi por vingança.
-Se sabias disso porque foste embora?
-Porque tu não deixaste de fazer o que fizeste.
-Eu prometo que nunca te vou fazer mal.
-Todas as promessas são vãs. Mas nós vamos ficar juntos para sempre.
Ela beijou-o de forma intensa. Ele foi apanhado de surpresa mas correspondeu ao beijo. Ela começou-o a despir, ele entrou no ritmo e despiu-a também. Fizeram amor pela noite fora. E aquela seria a primeira de muitas noites juntos.
