Os personagens desta fanfic não me pertencem. Mas eu não pretendo comercializá-los ou ganhar qualquer coisa por ter escrito esta fic além de comentários preciosos.
Ship: Harry/homem-descubra-lendo
Capa: três, por DarkAngel – links no meu perfil.
Sinopse: Há seres demais dentro de cada um de nós.
Spoiller: 7
Beta: minha twin ^^
Finalização: ainda não terminada, mas finalmente muito perto disso \o/
Quantidade de capítulos: 14, provavelmente
Demônio
Capítulo 01 - Transformação
Harry tremia.
Ele fechou os olhos, abraçando o próprio peito, tentando controlar o tremor que sacudia seu corpo. Sentiu o suor escorrer pelo seu rosto e tentou se concentrar somente em respirar.
- Calma, Harry.
O moreno travou o maxilar para impedir os dentes de baterem, encolhendo as pernas, ficando em posição fetal sobre a cama, e sentiu algo quente colar às suas costas e braços fortes envolverem seu peito.
- Já vai passar, Harry.
A voz grave e aflita soou próxima ao seu ouvido, e ele sentiu um impulso doloroso de se virar e beijar o homem que o abraçava até perder a consciência. Precisava daquilo, precisava daquela força e daquele poder, não importa quem ele fosse. Gritou, tentando aliviar aquela dor contraditória entre tentar se virar e seu corpo o impedir, tremendo mais violentamente. Sentiu-se engasgar com um soluço e percebeu que estava chorando.
- Vai ficar tudo bem, Harry. – a voz repetia, abraçando-o com força, e Harry se concentrou nela, tentando acreditar, como já conseguira um dia.
oOo
Estava tudo bem, finalmente.
Harry fechou seu malão novo. Os livros e os uniformes, novos, haviam chegado no dia anterior junto com as compras de Ron, Hermione e Ginny. A Senhora Weasley, como sempre, fora buscar tudo no Beco Diagonal para eles.
Harry suspirou, olhando o quarto vazio que um dia fora dos gêmeos, onde ele dormiu sozinho por todo o verão. Pela primeira vez, por todo o verão na Toca. Ele não tinha porquê, nem vontade, nem impulso algum de voltar à casa da Rua dos Alfeneiros, nem mesmo para pegar seus livros antigos para este último ano em Hogwarts.
O poente incidia avermelhado na janela e Harry mal podia acreditar que estaria voltando para o colégio na manhã seguinte. Pela primeira vez na vida, ele podia ir tranqüilo, sem medo de ser atacado ou algo do tipo antes de conseguir seus NIEM's. Simplesmente acabou. Em junho. Na última batalha.
O menino se jogou na cama, olhando o teto. Talvez nesse ano ele tivesse tempo para fazer coisas que todo mundo fazia, como jogar quadribol sem precisar de nenhum auror ou membro da ordem olhando por ele, ou namorar sem estar colocando uma mira nas costas de ninguém.
Apesar de que essa parte do namoro lhe soava complicada no momento. Ele pensara que seu reencontro com Ginny seria... aliviante. Sem guerra, sem perigo, sem motivos para evitar Ron, toda aquela falta acumulada no decorrer do ano que estiveram separados. E em um primeiro momento foi realmente assim. Vê-la trouxe uma sensação de bem estar imensa.
Mas tocá-la causou-lhe incômodo.
Um incômodo inesperado, uma falta de vontade aliada a um formigamento desagradável nos pontos onde seus corpos se encostavam, fosse seus lábios quando a beijava, ou mesmo a ponta dos dedos em um carinho. Era como se seu corpo a repudiasse.
O mesmo acontecia com Hermione, mesmo que seus toques fossem muito mais eventuais, menos intensos e com propósitos diferentes. Harry tentou explicar para ela o que estava havendo, e, curiosamente, os dois terminaram gritando a plenos pulmões em meio à cozinha, e agora ele nem conseguia se lembrar o porquê exato da briga que fizera a amiga parar de falar com ele.
Esse era outro fato preocupante. Estava tendo lapsos de memória. Não como grandes brancos em que ele não conseguisse se lembrar de onde estava ou do que fazia, mas sim grandes silêncios, em que ele sabia onde estava, com quem estava, mas não conseguia se lembrar do que foi dito ou o que ele pensou a respeito do que estava acontecendo. Teve vontade de conversar sobre isso com Ginny, mas devido ao incômodo estava evitando ficar a sós com ela. Ou mesmo ficar com ela de uma maneira geral.
Harry respirou fundo, o sorriso inicial já longe de seu rosto. Talvez o mundo estivesse bem, e isso era completamente aliviante. Mas ele não estava, e mais cedo ou mais tarde teria que pensar sobre isso. Mas por enquanto, tudo o que ele queria era aproveitar aquela paz momentânea. O resto podia simplesmente... passar.
oOo
Hogwarts estava diferente. Os olhos verdes correram da floresta às torres mais altas através das janelas da carruagem puxada pelos testrálios sem conseguir captar todos os detalhes, mas estava diferente. Ao entrar no Salão Principal, quase totalmente reconstruído, Harry pôde ver melhor a luz dos archotes, e se deu conta que não era somente o castelo. As pessoas estavam diferentes.
Em cada rosto a sua volta havia uma marca, fosse uma cicatriz, fosse uma sombra, fosse um sorriso acanhado ou uma luz diferente nos olhos. Fosse Ginny sentando na outra ponta da mesa, Malfoy que não o procurou no trem e sentava-se sozinho à mesa da Slytherin, Seamus e Dean sentados juntos aos cochichos, assim como Ron e Mione e tantos outros casais. Sem falar dos rostos ausentes. A mesa dos professores tinha tantos novos que Harry sequer conseguiu aplaudir quando foram apresentados. Aquilo tudo pesava. Mais do que ele conseguira imaginar algum dia.
Quando entrou no quarto de Gryffindor, onde dormira por tantos anos, porém, esse peso voltou a sumir. Parte da torre fora reconstruída também, as roupas de cama eram novas, mas o ambiente ainda era familiar e acolhedor. Ele se deixou cair sobre as cobertas, se sentindo cansado como era comum há tanto tempo, e desejou poder dormir, simplesmente, sem pesadelos ou obrigações além das aulas do dia seguinte.
E sorriu, pensando que isso era, sim, possível.
oOo
Harry acordou incomodado com algo. Piscou, sonolento, e tateou a mesa de cabeceira atrás dos seus óculos. As cortinas de sua cama estavam abertas e, ao colocá-los, ele viu que o sol aparecia fraco no horizonte, mostrando ser muito cedo ainda. Porém, em seguida, ele agradeceu por isso ao se ver completamente nu, deitado por cima das cobertas, onde havia manchas muito comprometedoras.
Sua primeira reação foi procurar pela varinha e limpar aquilo, o que fez surpreendentemente rápido, fechando as cortinas em seguida. Notou suas roupas jogadas no chão ao pé da cama e as recolheu, sentando-se encolhido novamente sobre as cobertas. Vestiu-se de forma apressada e abriu as cortinas com cuidado, olhando em volta do dormitório. As outras quatro camas tinham os dosséis fechados e o som calmo do ressonar dos companheiros era audível.
Seu coração estava acelerado. Alguém o despira durante a noite. Alguém que ainda podia estar ali. E muito provavelmente fora o mesmo responsável pelas reações de seu corpo que o levaram àquela situação embaraçosa em que se encontrava quando acordou. Ou ele tivera um sonho extremamente excitante e agitado, que o levou inclusive a se despir inconsciente, ou alguém o molestara.
Harry se conteve para não gritar quando uma das cortinas à volta se abriu e a figura de Dean surgiu na penumbra do quarto. O garoto espreguiçou-se e fez um grunhido à guisa de bom dia enquanto caminhava para o banheiro. Logo Neville também se moveu e poucos minutos depois Seamus também estava de pé. Quando Ron acordou, abrindo as cortinas da última cama do quarto, Harry correu os olhos pelo ambiente, auxiliado pela luz mais abundante do sol, tendo a certeza de que não havia mais ninguém no dormitório com eles. Respirou fundo, sentindo-se confuso, mas definitivamente não se sentia à vontade para falar sobre aquilo com ninguém. Levantou-se também, caminhando para o banheiro, e se preparou para as aulas do dia.
oOo
- Mione. – Harry falou, baixo, segurando a amiga pelo pulso quando ela passou por ele apressada. Ele havia faltado à última aula do dia para poder interceptá-la na troca de salas, já que estavam fazendo disciplinas diferentes nesse horário.
A garota, porém, só desvencilhou o braço do dele, com um olhar de rancor, e seguiu seu caminho. Harry xingou baixinho, indo atrás dela. Ele precisava falar com alguém, e não confiava em mais ninguém para ter aquele tipo de conversa. Não é como se Ron ou algum professor fosse entender que não havia tido uma única noite naquela semana em que conseguisse ficar dentro dos próprios pijamas, sem sonhar algo absurdo, e querer sumir quando acordava e via toda a sujeira em sua roupa de cama.
Era... íntimo demais, e ao mesmo tempo preocupante. E Hermione era uma menina, e seria uma conversa complicada, de qualquer forma, mas ele precisava dela agora. E precisava entender o que estava acontecendo. E precisava entender porquê, afinal, eles estavam brigados.
- Mione, me escute, por favor! – pediu, aflito.
- Eu já ouvi o suficiente, Harry, obrigada. – ela respondeu, sem ao menos olhá-lo, já perto da sala de aula.
- Eu não lembro! – ele gritou, frustrado, sem conseguir a atenção da menina.
Pegou seu material, sem vontade de voltar para a aula, e foi para os jardins, se sentando à beira do lago, debaixo da faia já tão familiar, e ficou atirando pedras na água. Sentiu-se, de repente, sozinho. E sentiu um medo inusitado, diferente de todo o medo que se lembrava de ter sentido. Não era medo de morrer, ou de lutar, ou de ver os outros morrendo e assumir responsabilidades, era um medo infantil, como medo do escuro. Como medo de ficar sozinho.
Harry abraçou os joelhos, desejando ser abraçado, e apoiou o queixo sobre eles observando o sol se pôr, sem se importar se estava ou não perdendo o jantar, só queria ter o direito de sentir-se daquela forma: triste, de uma maneira singela.
Já era noite quando ele subiu as escadarias de volta para o dormitório. Sentiu-se bem por não encontrar ninguém no caminho, por ter somente a luz bruxuleante dos archotes e os olhos recatados dos quadros e armaduras o seguindo através dos corredores de pedra. Isso lhe deu a sensação de segurança, de acolhimento, de que ele precisava.
Quando chegou ao quarto, porém, se surpreendeu ao encontrá-lo quase vazio. Somente Seamus dobrava algumas vestes em cima da sua cama, sorrindo para ele quando entrou.
- Está sozinho? – Harry perguntou, desconfiado.
- Sim, me abandonaram. – Seamus riu – Ron eu acho que está em algum lugar com Hermione. Ela parecia triste com alguma coisa e os dois saíram depois do jantar para procurar um lugar tranqüilo para conversarem. – ele sorriu de maneira maliciosa para Harry – Eu não acho que ele volte hoje. – Harry tentou sorrir de volta, sem muito sucesso, ao perceber a implicação da frase – Neville e Dean estão reenvasando umas coisas para a aula de herbologia do primeiro ano junto com a professora. Acho que também vão passar a noite toda fora, algo a ver com aproveitar a lua. Sorte deles que amanhã é sábado.
Harry se dirigiu em silêncio para sua própria cama, pensando em tomar um banho antes de dormir. Separou os pijamas e começou a se despir devagar, incomodado com a presença do outro garoto. Mas era um incômodo diferente do que o que sentia com Ginny. Descartou a hipótese de ir direto para o banheiro e começou a desabotoar a camisa.
- Está escuro. – Seamus constatou, acendendo com a varinha as luminárias ao lado de cada cama.
Harry piscou.
O moreno tirou os sapatos com os pés e largou a gravata em cima da cama, junto ao pijama, se aproximando da cama do outro, que agora também começava a se arrumar para dormir.
- Você está namorando o Dean, não é? – Harry perguntou, displicente. A voz muito mais baixa do que costumava usar chamou a atenção de Seamus, fazendo-o encará-lo antes de responder.
- Sim. Mais ou menos. A gente está meio que... se entendendo.
- É? – Harry abriu mais a própria camisa, acariciando displicente seu ventre – E do que você mais gosta nele? – perguntou, baixinho.
Seamus o olhou, assustado, se levantando e recuando um passo.
- Harry?
Os olhos âmbar do garoto acompanharam o moreno se aproximar, e a luz no ambiente voltou a diminuir. Seamus franziu a testa, Harry estava sem varinha e ele não havia feito aquilo. Porém, a proximidade do outro começava a tirar seus pensamentos de questões técnicas como essas.
Harry tirou completamente a camisa, jogando-a sobre a cama de Seamus, e tocou seu rosto. Os dedos quase ásperos do outro aranharam sua face e o menino sentiu uma urgência crescente de sair dali. Sua primeira tentativa, porém, foi frustrada quando Harry o empurrou em sentido contrário, fazendo-o cair sobre a cama.
Seamus olhou a silhueta do outro contra a pouca luz que entrava pela janela. Harry era fisicamente mais baixo e mais fraco do que ele, mesmo que não muito, no entanto, parecia emanar uma força estranha neste momento. Ele não conseguia ver muito bem o seu rosto, mas os olhos verdes pareciam brilhar no escuro de uma forma quase hipnotizante.
O garoto se arrastou pelos lençóis, mas não chegou a sair do outro lado da cama, sentiu ser puxado pelos pés, parando no mesmo lugar. O toque frio das mãos de Harry atingiu sua perna, entrando por baixo da calça, e seu corpo ficou pesado, como se ele estivesse cansado demais para lutar contra aquilo. Sentiu o peso de Harry apoiado na cama, entre suas pernas, e estremeceu quando ele se debruçou contra seu corpo, chegando o rosto perto do seu.
A respiração de Seamus acelerou, e ele sentiu medo, porém os dedos que desabotoavam sua camisa eram leves, deixando um rastro frio em seu peito, fazendo-o estremecer. A sensação foi ampliada quando o tecido foi afastado, e a mão do outro correu livremente por todo seu tórax e suas costas. Os lábios alcançaram seu pescoço, fazendo sua respiração falhar algumas vezes, mas quando uma das mãos começou a trabalhar contra o cós de sua calça, Seamus tentou reagir novamente.
- Harry, pare com isso. Por favor. – pediu em um fio de voz.
A única resposta que obteve foi os lábios frios comprimidos contra os seus, forçando-o a abrir a boca, permitindo um toque mais profundo. E quando as bocas se uniram, as mãos de Harry tocando-o por dentro da calça ainda fechada, Seamus se deixou cair na cama, perdendo as forças nos braços, e gemeu, aceitando que Harry se deitasse sobre ele, aumentando a intensidade do beijo enquanto terminava de despi-lo.
Seamus sentia seus olhos pesados, sentia-se fraco, como se as mãos frias de Harry roubassem um pouco do seu calor e das suas forças a cada toque. Ouviu o som do zíper se abrindo como se fosse algo muito distante dele, e só se deu conta do que efetivamente acontecia quando Harry puxou seu quadril contra o dele e uma dor repentina cruzou seu corpo, fazendo-o jogar a cabeça contra o colchão e gritar, sendo calado por um outro beijo enquanto Harry começava a se mover lentamente contra ele.
Seamus se abraçou com força ao outro, ouvindo seus próprios gemidos como se fossem de outra pessoa, enquanto Harry beijava e acariciava seu corpo, aumentando a intensidade de seus movimentos, gemendo contra sua boca. Quando sentiu os dedos do moreno o envolverem e seu corpo investir com mais força, Seamus fez um último esforço de abrir os olhos, encarando um único brilho verde a sua frente, antes de sentir seu corpo tremer e perder a consciência.
-:=:-
NA: Oi! ^^
Então, uma long, depois de um longo período de abstinência.
Essa fic é toda – do início ao fim – um presente para Fla, pq ela virou um dia pra mim e disse: "Agy, quero ler uma fic HD veela com todos os clichês e mpreg", e aí eu plotei isso, que, bem, não é exatamente o que ela pediu. E o plot pode até parecer totalmente sem noção no início, mas eu juro que tem um propósito, mesmo que essa não seja uma das minhas fics mais profundas.
Contrariando minhas tendências, essa fic ainda não está terminada. Eu estou com MUITO, MUITO MUITO MUITO, trabalho, mas não consigo parar de escrever, e não queria ficar tanto tempo sem dar as caras por aqui. Apesar de não terminada, ela já tem 5 capítulos escritos totalmente, o que me dá uma boa margem para continuar escrevendo enquanto posto.
As att serão todos os sábados, em algum horário. Espero que gostem e acompanhem.
Beijos.
