Capítulo Um


- Mas Lily, ele gosta mesmo de você! Diga-me; por que você acha que ele mudou? Ninguém muda por motivo inexistente, e vamos e convenhamos, antes de se apaixonar por você, James não via por que mudar.

Eu jurava que se Marlene, uma de minhas melhores amigas, repetisse aquilo novamente, minha cabeça explodiria. "Os elfos invadiram Gringotes com cuecas na cabeça gritando e revidicando seus direitos que...". Ela estava na biblioteca tentando terminar sua redação de história da magia sobre a Revolta Elfoliana¹ que havia ocorrido a não se sabe quantos séculos atrás, enquanto Marlene que estava com os braços na mesa e a cabeça apoiada na mão direita enchia o seu caldeirão² dizendo que James mudara e que realmente gostava dela. Ah, por favor! E sim, James! Já que agora eles eram amigos desde que se tornaram monitores-chefes e começaram a dividir os mesmos aposentos que era um dos privilégios de seus cargos, apesar de que ele, quase como ela, não se mudara para o dormitório particular que tinha na área dos monitores-chefes, para não abandonar Pedro Pettigrew, Remus Lupin e Sirius Black, os marotos e seus melhores amigos, mais Frank Longbottom que não era maroto e nem eram melhores amigos, mas eram muito próximos. Já Lily, que dividia o dormitório com suas melhores amigas; Marlene McKinnon, Dorcas Meadowes, Emmeline Vance, Ninphadora Tonks³, Alice –futura Longbottom– Fortescue, Mary Macdonald, decidir levar apenas suas coisas para seu dormitório particular para desocupar e dar mais espaço as amigas e quase sempre dormia lá.

- Dogra! – gemi. Acabara de me lembrar o quanto estava cansada e de quanto trabalho da monitoria ainda teria que fazer sozinha por ser semana de Lua Cheia e James não poderia me ajudar, e quantos deveres de casa ainda teria que terminar e de quão pouco teria para descansar. E Marlene ainda falava, argumentava e tentava me convencer. – Lene, querida, prometo pensar no que você disse, mas nós podemos ir? Eu realmente estou cansada e essa semana é um pouco cansativa. – Eu esperava que Marlene –afinal, o namorado dela também havia sumido; Sirius– entendesse meu estado e aquele dia ainda era o dia de ela fazer os deveres de Remus.

Ela, Lene, Alice, Emmeline, Dorcas, Tonks e Frank haviam descoberto sobre Remus e os marotos no início do sexto ano e desde então, eles se revisavam para fazer a tarefa dos marotos, já que eles chegavam cansados e machucados e só dormiam nas aulas. "E isso nos aproximou mais ainda," pensou Lily.

-Oh, Lily, me desculpe! Hoje é o seu dia, não? Eu havia me esquecido! Mas você promete pensar, sim?

- Prometo. – Ela não ouvira bulhufas do que Marlene falara, mas era melhor não comentar para não correr o risco de ter que escutar tudo novamente. –Pro salão principal?

-Sim, Sirius ainda tem aula de Herbologia comigo daqui a pouco, então eles ainda não devem ter ido. Seu horário é livre, não?

-Felizmente sim! Irei para o salão comunal dos monitores para poder terminar os relatórios da semana, da monitoria. Vamos? –Marlene confirmou com um gesto com a cabeça. Chegando ao Salão Principal elas puderam ver seus amigos saindo, mas antes que Lily pudesse agir, ela viu Severus e alguns de seus amigos; Rabastan Lestrange, Alecto e Amycus Carrow e Lucius Malfoy. Severus Snape e ela eram muito amigos antes de ela entrar para Grifinória, mas mesmo assim eles ainda se falavam porem neste ultimo ano Severus mudara muito, e suas companhias também mudaram o que acabou os afastando muito.

- E ai, sangue-ruim? Gostou do nosso ultimo encontro? Já está com saudades? Você não sabe o que andei fazendo e planejando... Você vai adorar. – guinchou Lucius Malfoy, olhando-a com um olhar malicioso. Lucius muitas vezes tentava encurralá-la em algum canto ou corredor, mas ela sempre se safava. Porém da ultima vez que se encontraram, ele estava acompanho e ela já não tivera tanta sorte. Fora por muito pouco que não era atingida por uma maldição de um dos amigos de Malfoy, se –ugh– Régulo Black não tivesse chego e acabado com a brincadeira de Lucius.

Pessoas já começavam a se aglomerar para ver uma possível briga ou qualquer coisa para que pudessem fofocar, seus amigos se aproximavam, mas Lily apenas encarava Snape, que fitava o chão. Ela esperava que ele dissesse algo para defendê-la, pelo menos, mas vendo que isso não aconteceria...

- O que você faz ou deixa de fazer com a sua vida, Malfoy, as escolhas que você e os seus amigos fazer –Lily ficara sabendo a pouco, que Severus e seus amigos estavam envolvidos com artes das trevas, por parte ela ficara triste e muito decepcionada, – é problema seu, mas não saia por ai estragando a dos outros. Não consigo imaginar como alguém como você, Snape, tenha se juntado a esses odiadores de sangue-ruim. Imagino que eles não saibam seu segredo, ou sabem?

Severus não era de linhagem pura e Lily sabia disso, Lily e só Lily. Ela nunca contara para ninguém. Não achava justo espalhar algo que não a dizia respeito. Todos a fitaram com um misto de curiosidade, espanto e admiração. Eram poucos os que enfrentavam Lucius e sua gangue. Snape ergueu os olhos e fitou as esmeraldas verdes que o encaravam. Seu olhar transmitia dor, muita dor.

-Vamos! – exclamou. – Ela não sabe o que diz! –Então virou as costas e se foi, fiz o mesmo. Não precisa esconder de ninguém que sentia falta da amizade de Snape, mas não queria que a olhassem diferente. Ao se virar encontrou seus amigos a encarando. Emme, Dorcas, Tonks, Mary, Lene e Remus a olhavam compreensivamente, Peter a olhava com um misto de curiosidade e acanhamento, igual aos outros que os rodeavam, Sirius olhava orgulhoso e curioso para a amiga e James... James a olhava com olhar penetrante, aquele olhar que ela reconheceria em qualquer lugar, no meio de qualquer multidão. James a olhava admirado e orgulhoso e dava um sorriso de lado. Droga, Lily perceberia algum tempo depois que aquelas batidas rápidas de seu coração não eram normais. O olhar dele era hipnotizante, com certeza, eu não podia evitar encarar, simplesmente não podia.

-O que ainda fazem aqui? O show já acabou! A não ser que estejam aqui para apreciar minha beleza, muito bela. Mas eu não aconselharia a chegar muito perto, a Lene aqui costuma ser um pouco possessiva. –Eu não sabia como, mas Sirius estava completamente apaixonado por Lene, e ela por ele, desde o começo do ano eles estavam em um clima quente, e uns dias depois apareceram namorando, o que Lily achou ótimo, desde que Sirius não a traísse que era algo que há dois meses ele vinha demonstrando que nem cogitava a possibilidade de fazê-lo.

-Sirius! –exclamou irritada!

-O que foi anjo? Você prefere que elas caíssem matando? –ele diminua a voz de acordo com a intensidade do olhar de Marlene aumentava.

-Você não ousaria!

-E acabar perdendo você? Nunca. – e então a puxou para um beijo que, hm... Digamos que logo eles teriam que ir para um lugar mais reservado.

-Bom –eu pude ouvir a voz de Emme –eu, Mary e Dorcas estamos indo para dormitório, realmente estamos cansadas! –estreitei os olhos, elas matariam aula! –Não nos olhe assim Lily-flor, estudamos o dia inteiro!

-E eu e Tonks estamos indo para os jardins, irei ajudá-la em algumas coisas antes de irmos. As seis nos encontramos no dormitório, Prongs, Pads, Wormtail? –Sirius desgrudou de Lene por um momento e sibilou algo como "Sim... Dormitório... Lene... Não entrem.", Peter concordou com um aceno e disse estar indo para a cozinha.

-Por mim tudo bem, Moony! –e todos se retiraram, e ficaram apenas os dois.

-Hmmm, eu vou ind-

-Pra onde? –disse James, sorrindo.

-Você saberia se não tivesse me interrompido, – ela disse divertida. – Estou indo para o nosso salão terminar os relatórios dessa semana.

-Então eu vou com você. –Não é que eu não achava uma boa idéia, era só que de uns tempos para cá, eu vinha sentindo coisas diferentes por James e estava ciente disso, não achava que ficasse sozinha com ele ajudaria em algo.

-Ah James, você não tinha que descansar para hoje à noite?

-Qual é Lils? Você sabe que nenhum de nós faz isso e eu também sou monitor chefe, tenho que te ajudar oras! –ela ainda o encarava indecisa– Ah, vamos, Lily, por favor. – ele fez uma carinha tão fofa que eu não pode resistir.

-Ok, ok!


Eles caminhavam conversando e rindo e em um ponto da conversa, por impulso, James colocou um de seus braços em cima dos ombros de Lily e ela se arrepiou por inteiro. James percebeu, mas não disse nada, ele realmente gostava de Lily e ela vinha baixando a guarda a algum tempo e eles estavam se aproximando muito rápido, não queria estragam isso que eles estavam construindo aos poucos. Era uma tortura ouvir sua risada, sentir sua pele na sua, mas não poder beija - lá, não senti-la retribuir seu carinho. Mas ele prometera para si mesmo que iria devagar, que iria conquistá-la, que não a pressionaria e que a teria para si. Chegaram lá e Lily se sentou e começou a trabalhar, mas James apenas deitara a cabeça sobre as mãos que estavam espalmadas na mesa e ficou a observando. Ela era perfeita; os cabelos lisos e ruivos porem um pouco ondulados nas pontas caia pelos ombros contrastavam com sua pele pálida e seus olhos verdes, dando para ela um ar angelical. Os lábios eram atrativos e vermelhos, e pareciam chamá-lo, convidando a se aproximar, ou talvez ele estivesse louco. Como se percebesse que estava sendo observada Lily levantou os olhos para James e ele teve a visão completa de seu rosto e teve uma súbita vontade de passar a mão por sua bochecha, mas controlou o impulso.

-O que foi? Algum problema? –ela perguntou inocentemente.

-Não, estou só te olhando.

-Uau, realmente deve ser muito interessante, mas como foi que você disse mesmo –ela disse divertida e fez uma cara de como estivesse tentando se lembrar de algo, franzindo a testa –Ah, me lembrei! –ela sorriu – "Qual é Lils? Você sabe que nenhum de nós faz isso e eu também sou monitor chefe, tenho que te ajudar, oras!"

-Ei! Esse tipo de ajuda se chama "Apoio Psicológico", Senhorita Evans. –disse maroto.

-Ah, ok então Capitão! –e ela já ia voltar ao seu trabalho quando ouviu a voz dele, quase em um sussurro.

-Não me chame assim.

-E por que não? Você é o Capitão do time de Quadribol, não é? Então qual o problema?

-Não há nenhum problema.

-Já que não há, por que não posso te chamar assim? –ele hesitou em responder, mas quando o fez, sua resposta fê-lá, arrepiar-se.

-Porque, hm... Porque quando estou com você, Lily posso ser eu mesmo, não sou o capitão dedicado que da tudo pelo seu time, não sou o Potter para aqueles que admiram minhas travessuras inofensivas –ela o olhou divertida, -com os marotos, eu não sou o Prongs para os meus amigos, quando estou com você, Lily, eu posso ser o James... Só James.

-Tudo bem, então. –Ele a olhava penetrante e ela não desviava, um arrepio passou por seu corpo e ela continuava a olhá-lo até ele quebrar o contato.

-Já terminou?

-Sim, na verdade só estava revisando, vamos para o Salão Comunal da Grifinória? Talvez nossos amigos já tenham voltado. –James confirmou com a cabeça e sorriu de lado, e ela não pode deixar de retribuir.

Eles seguiram para o Salão e encontraram todos os seus amigos reunidos em volta da lareira. Os meninos já estavam saindo, apenas esperando por James, que logo que chegou teve que ir, ele deu tchau breve para todos e um beijo para mim, que sorri. Lene reparou, assim como as outras meninas e disse:

-Lily, você pensou? –ah não!, gemi involuntariamente.

-Sério? Isso de novo?

-Meninas –disse Dorcas –precisamos conversar não? Acho que todas precisamos desabafar com nossas melhores amigas. E ah! Eu queria ensaiar, o que vocês acham? Não fazemos mais muito isso e eu estou com saudades.

Quando chegara em Hogwarts e conheceu suas amigas, Lily apresentou a elas um violão, e elas se apaixonaram e então as ensinou a tocar. Logo depois Lily descobriu que todas tinham vozes magníficas e então montaram um grupo. Não era nada serio, algo para matar o tédio e passar o tempo, mas desde então virara como um hobbie e elas ensaiavam a quase todo momento.

Não entendi o que ela quis dizer com a primeira parte mas todas pareceram concordar então subimos. Ao chegarmos lá em cima, sentei na minha cama, Emme e Dorcas sentaram na de Tonks junto com a própria, Mary se postou em minha frente e Lene encostou na porta, cruzou os braços no peito e me encarou.

-Começando por você, Lily! Como vai o James?

Gemi novamente. A noite ia ser bem longa.


¹, Elfoliana: Eu inventei esse termo, ok?

², Enchendo seu caldeirão: Foi como um "enchendo meu saco" ou "enchendo minha paciência".

³, Ninphadora Tonks: Sei que Tonks não é dessa época, mas desculpem, não resisti em colocá-la.