O sol se apagou trazendo a escuridão para todo o sistema solar. A escura Terra se encontrava em trevas sem nenhum resquício do calor que até momentos antes exalava, existia porém uma única exceção em um pequeno ponto no céu. Uma figura com uma aura em chamas flutuava sobre o santuário de Athena, encarando a estátua da deusa enquanto trajava uma imponente armadura avermelhada. Seu rosto estava escondido pelo seu elmo e apenas a sua boca podia ser vista. Um grande sorriso era mostrado para a Deusa da Guerra.
Ela então despertou, sentando-se sem fôlego em sua cama de mármore. Olhou pela janela e notou que ainda era noite e que a luz da lua brilhava e iluminava seus domínios. Respirou fundo e refletiu sobre o que havia passado. Não era um simples sonho, ou pesadelo, era um presságio. Se levantou e caminhou até a parte exterior de seu templo, em uma espécie de sacada, apoiando os braços na proteção enquanto se deixava levar por pensamentos ruins.
— Os tempos de paz chegaram ao fim, Athena.— Ouviu a voz vinda de seu lado esquerdo, no canto da sacada.
Ela olhou assustada enquanto dava passos para trás, mas não demorou a relaxar e sorrir perante a presença de um de seus mais leais servos. Seus olhos brilhavam quase tanto quanto a armadura dourada trajada pelo homem que estava sentado em cima da proteção de concreto.
— Ikki. Que bom que está de volta.
— Eu me encontrei com alguns inimigos suspeitos.— Apesar de tantos anos, continuava pouco sociável e direto.
— Suspeitos? O que quer dizer?
— Eles... Me lembravam Radamanthys. Seu cosmo, sua aura... Suas vestimentas...
— Onde os encontrou?
— ...
— Ikki!
— Eles estavam atrás de Poseidon... Sorento foi morto.
Levou a mão até sua boca e arregalou os olhos surpreendida. Sorento, o mais leal marina de Poseidon, tão poderoso quanto seus cavaleiros de ouro fora... Morto?
— E Julian, como está?
— Se isolou em seu templo após a batalha. Eu estava na trilha desses malditos há alguns meses. Se eu tivesse sido um pouco mais rápido... Foram três contra um. Eu consegui ajuda-lo e afugenta-los, mas já era tarde... Seus ferimentos eram graves... Maldição...
— Não se culpe, meu bravo Leão. Ele morreu de forma digna ao proteger seu Deus enquanto lutava ao lado de um querido amigo. Sorento de Sirene fora um grande homem.
Os dois se entreolharam por algum tempo, mas logo dirigiram suas atenções para as doze casas que se encontravam abaixo do templo. A sacada tinha uma ótima vista delas, com exceção de algumas poucas casas.
Os olhos de Ikki se mantiveram na casa de Virgem por alguns momentos.
— Notícias de Shun?
— Ele estava com June no oriente médio em nosso último contato.
— Entendo...— Apesar de tudo ainda se preocupava com seu irmão mais novo — Acha que os deuses se cansaram de nós humanos e nossas guerras imbecis?
— Independente de guerras, eles não tem o direito de interferir. Hades tentou e acabou daquela forma. O próprio Julian... Poseidon entendeu isso.
— Então... O que acha que o nosso inimigo quer?
— Se for quem eu estou pensando... Talvez até mesmo meu pai corra perigo.
— Z-Zeus? ... Quem você acha que está por trás disso, Saori?
— Apolo...
Ikki a olhou espantado. Dirigiu seu olhar para o leste observando o horizonte enquanto aguardava o nascer do sol. Seria Apolo o temível inimigo que está por trás do ataque a Poseidon e do sonho de Athena?
O quão cruel seria o destino dos cavaleiros ao enfrentarem Apolo, o Deus do Sol, aquele com o poder comparável à Zeus?
