Viva a Morte!

Por Rebeca

One-shot

Morte é uma palavra muito forte que ecoa dentro da mente, causando um torpor tão grande que o medo acaba se apossando de seu corpo sem você nem perceber. Eu nunca parei para pensar em como seria a morte em si e de que modo eu partiria. Era muito jovem e cheio de sonhos para realizar, colocando tijolo em cima de tijolo para protegê-los de modo que ninguém pudesse destruí-los. Ver a velhice chegar, construir uma família, deixar vários descendentes para levar o sobrenome Prewett a frente, correr pelo mundo, voar em um dragão, salvar o mundo das Trevas...

Pelo visto, não deu muito certo e eu via cada um desses sonhos se desmoronar perante mim. Como sair vivo de um duelo contra cinco Comensais loucos pela sua morte? Acho que ao menos dá para deixar minha marca no mundo, livrando-o de alguns deles. Será que ganharei algum tipo de mérito ou reconhecimento no futuro? Era outono, as folhas alaranjadas, levadas pelo brando vento que soprava para o norte, caiam morosamente no chão, cobrindo-o de maneira a formar um manto alaranjado. Encontrava-me ao lado de meu irmão Fabian e ele sorria para mim.

_ Como nos velhos tempos de Hogwarts, irmão. – Ele sussurrou para mim e um sorriso torto repuxado se abriu em meu rosto.

Aquelas palavras me trouxeram lembranças de um antigo passado, causando uma nostalgia perfeita. Eu sentia saudades daquele tempo em que eu e meus amigos éramos apenas jovens baderneiros aproveitando tudo o que a vida tinha de melhor. Espero que onde quer que Caradoc, Edgar e Benjamin estejam, que eles sobrevivam. Talvez nem tudo esteja perdido para mim, quem sabe a sorte não me permita viver mais um pouco para me divertir outra vez ao lado daqueles que invadiram minha vida, bagunçando-a. Na realidade é o contrário, eu quem baguncei a vida de todos.

Foi então que, naquele momento, eu decidi que lutaria mais por eles que por qualquer um. Cinco Comensais não são nada, derrubarei um a um como se fossem peças de um jogo de xadrez. Aquilo era tão irrisório que me chegava a causar gargalhadas. Minha coragem e força de vontade eram inexauríveis, lutaria até que minhas energias se esgotassem e eu fosse apagado. Não seria fácil, porque eu e Fabian éramos uma dupla extremamente forte, acreditava em nosso potencial.

_ Como nos velhos tempos irmão. – Falei, a varinha em mãos apontando para um dos Comensais.

Ele concordou comigo com um aceno de cabeça e então demos início ao duelo, os feitiços se ricocheteando no ar, causando verdadeiras explosões estrondosas. O fremir do vento já não podia mais ser escutado, entretanto as folhas ainda continuavam a cair da copa das árvores. Era uma árdua batalha, porém eu não me permitiria vergar perante aqueles idiotas, não seria derribado com facilidade, eu e Fabian éramos muito transcendentes a eles.

E foi com esses pensamentos que eu continuei em pé, lutando, determinado a sair vivo, mas novamente vi meus sonhos desmoronarem na minha frente ao ver meu irmão sendo abatido e caindo perante meus pés, atingido pela maldição imperdoável da morte. Eu nunca pensei que fosse presenciar tal cena. Eu senti meus olhos marejando e as lágrimas caindo impetuosamente de meus orbes negros. É, a guerra realmente é execrável e não perdoa ninguém.

Naquele momento eu soube que as folhas de outono nunca mais cairiam para mim e meus sonhos se transmutaram em apenas pó, levado com um singelo sopro do vento. Contudo, eu honraria meu irmão e já não sentindo mais medo, eu voltei a duelar, abraçando a morte de frente, porque a vida para mim nesse momento era apenas um borrão desconexo.

E viva a morte!

The End