Sorriu. Sentiu a brisa fria e leve lhe alcançar e estremeceu. Se virou na cama puxando as cobertas e correndo os olhos pelo quarto, já iluminado pela fraca claridade que passava pela janela, e encontrou um corpo idêntico ao seu na cama ao lado. Pulou para fora da cama e arrastando os pés descalços pelo chão pulou sobre o irmão.

- Mano, acorda! – bateu as pequenas mãos nas costas do irmão escutando seus resmungos.

- Sai. - se revirou na cama de modo que o irmão caiu ao seu lado, mas ainda sobre a cama.

- Sabe que dia é hoje? – O outro não desanimava, quase pulava de empolgação.

- Sei. Eu sei. – O que fora acordado coçou o olho com o pequeno punho e se sobressaltou levemente ao sentir os braços do irmão ao seu redor.

- Feliz Natal, mano. – O pequeno apertou ainda mais os bracinhos ao redor do irmão.

- Feliz Natal. – O, apenas alguns minutos, mais velho não pôde não sorrir ao sentir a alegria no irmão. Riu levemente ao ver o outro ficar ligeiramente vermelho devido ao esforço.

O, ligeiramente, menor desistiu de esmagar o irmão e pulou da cama arrancando as roupas do roupeiro de qualquer jeito e vestiu-as incentivando o irmão a fazer o mesmo. Este escorregou para fora da cama preguiçosamente enquanto o irmão corria pela casa berrando era natal. Sempre ficava eufórico nessa época do ano. Se ajoelhou embaixo da árvore e começou a remexeu nos pacotes.

Ao chegar na sala o maior encontrou o irmão sob a grande árvore enfeitada e remexendo as mãos ansiosamente, provavelmente nervoso para desembrulhar logo os presentes. O outro, percebendo a angústia do irmão, correu para perto dele já sentindo a mesma excitação. O menor lhe entregou um pacote, pegando um para si, olhou para o irmão recebendo um olhar, provavelmente, idêntico em troca. Sorriram ao mesmo tempo e rasgaram os pacotes que embrulhavam os presentes. Sorriram igualmente ao ver o que os pacotes escondiam, e o que se seguiu foi uma chuva de papel de presente criada pelos irmãos.

Logo os presentes foram esquecidos pelo menor quando ele colocou as duas mãos às costas e de lá retirou um embrulho com o papel abarrotado.

- Feliz Natal. – Estendeu o pacote para o irmão que sorriu e saiu correndo, logo desaparecendo nas escadas, mas logo em seguida retornou, também com um sorriso, novamente, idêntico ao do irmão, no rosto corado.

- Feliz Natal, mano.