Estava eu ouvindo Lost in Blue de Nightmare e sem nada para fazer decidi começar a escrever, e então não é que me sai uma One-Shot de pouco mais de duas páginas e que até nem acho que esteja mal? Bem por enquanto esta fic vai ser mesmo One-Shot mas se houver muita gente a pedir por uma continuaçãozinha eu TALVEZ, mas mesmo só TALVEZ continue. Até lá espero que gostem dela.

O Sol nasce mas não vai dormir.
Embrenhada neste frio de Inverno vagueio pelas ruas da minha zona sem saber que rumo tomar.
Está frio, muito frio, mas recuso-me a ir para casa, não depois daquilo.
O meu corpo pede calor e conforto, a minha mente prefere o frio para arrefecer as ideias.
Nesta tarde de Inverno tento acalmar os meus pensamentos tento perceber o que devo fazer para me libertar desta dor e desta… saudade?
Sim saudade.
Do seu sorriso, do seu calor, das suas doces palavras e da sua compreensão sem fim.
Sei que não passou sequer 48horas desde aquilo, mas não deixo de pensar no sucedido.
O facto de saber que nunca mais o verei, que nunca mais lhe tocarei, que nunca mais lhe falarei.
E o pior de tudo é que a culpa foi minha.
Se eu não lhe tivesse dito aquilo se calhar ele não teria corrido para a frente daquele carro.
Se calhar estaríamos naquele preciso momento de mãos dadas a beber cacau quente na sua casa.
Porquê? Porque é que lhe disse aquilo?
"Porque é que não desapareces de vez?"
Uma lágrima escorreu ao longo da minha face.
Sim. Se eu não lhe tivesse dito tal vil coisa ele talvez não teria ido a correr pela rua fora, não teria passado a estrada sem olhar para os dois lados, não teria sido atropelado por aquele veículo.
- A culpa foi minha… - murmurei entre dentes.
Mais lágrimas me vieram aos olhos.
Dou por mim caída no chão molhado devido à chuva da madrugada, as minhas pernas falharam, mas não tentei erguer-me, deixei-me estar ali durante um tempo a olhar para o meu reflexo numa das poças de água.
- Tu és um monstro – digo para o reflexo como que falando comigo mesma – A culpa é toda tua! Se não tivesses sido tão infantil ele ainda estaria aqui! – Suspiro e digo num tom mais alto e carregado de raiva e dor – Mereces arder no Inferno!
Deixei-me estar mais um bocado, o tempo de um jovem moço, mais ao menos da minha idade, me ver ali e me ajudar a levantar, perguntou-me onde é que eu vivia, demorei até responder, mas desta vez o meu corpo gelado falou mais alto e lá lhe disse. Ao longo do caminho esse rapaz disse-me que se chamava algo como Ângelo e mais não sei quantas coisas, lembro-me de palavras de conforto e amizade, nada que eu realmente merecesse. Ao chegarmos a minha casa os meus pais ocorreram mim e agradeceram ao Ângelo por me ter trazido, este me deixou o seu cartão para contactá-lo, ao olhar para ele apercebi-me de que Ângelo era psicólogo, antes de se ir embora ele disse algo como "Se precisares de desabafar vem falar comigo" e foi-se.
Aquela tarde incrivelmente longa acabara, mas a dor que povoava o meu coração não.
Será que algum dia desaparecerá?
Não me parece.
A única coisa que sei é que de alguma forma o rapaz chamado Ângelo me fez lembrar de certa forma ele.
Ou terá sido só minha imaginação?